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  • Crítica | O Conto

    Crítica | O Conto

    O Conto não é um filme comum. E nem fácil. A cineasta Jennifer Fox escreve e dirige sua própria história real de quando descobriu que ela foi vítima de abuso sexual aos 13 anos, o longa que é estrelado pela sempre boa Laura Dern, foi muito elogiado em Sundance e está sendo distribuído pela HBO. Esse primeiro filme fictício da diretora acaba se aproveitando da sua veia autobiográfica e traz uma perspectiva muito original da temática, é como presenciar as memórias mais íntimas de uma pessoa.

    Um dia a documentarista Jennifer Fox recebe uma ligação de sua mãe revelando que encontrou um conto que Jennifer escreveu aos 13 anos de idade, o qual narra em detalhes o abuso sexual sofrido pelo seu até então professor. Surpreendida pelo conteúdo do texto, a personagem de Dern sai em uma complexa busca por memórias escondidas que contrariam a versão da história que ela acreditava ser a verdadeira, enquanto compreende como teu presente fala tanto sobre seu passado.

    Extenso, o longa não denuncia sua duração por conta do ritmo balanceado do filme, Fox utiliza muito bem as peças que tem em mãos em seu favor, ficção e documentário se misturam homogeneamente para uma história autobiográfica muito dura. Aos poucos que a personagem central embarca nos questionamentos que a guiarão até o final, as primeiras reações dela são críveis e se beneficiam pela performance de Dern, a atriz reconhece a importância de seu papel e faz a altura, mas quem pega o filme pra si é quem encarna a jovem Jennifer de 13 anos, Isabelle Nélisse, é chocante para o espectador acreditar no absurdo das situações pelos olhares carregados de confusão da garota.

    O filme, inclusive, alterna entre as perspectivas de passado e presente de forma muito íntima, ficamos imersos nos pensamentos da personagem de maneira orgânica, tanto pelo roteiro quanto pelas escolhas fotográficas. Quando a jovem Jennifer conversa com a Jennifer já adulta, fica claro o sensível trabalho da diretora neste trabalho, o quão profunda é a dúvida? O que criamos pra deixar as coisas para trás? O Conto instiga e aponta exatamente onde deve, mesmo que algumas personagens permaneçam nebulosas, criando sobras no material final. Um filme pessoal e muito forte, e talvez uma das produções mais importantes na atual Hollywood do movimento #MeToo.

    Texto de autoria de Felipe Freitas.

    https://www.youtube.com/watch?v=e6Vi_K0M93c

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  • Crítica | Esqueceram de Mim 2: Perdido em Nova York

    Crítica | Esqueceram de Mim 2: Perdido em Nova York

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    Esqueceram de Mim 2 – Perdido em Nova York começa com os mesmos elementos que fizeram dar certo seu antecessor, Esqueceram de Mim, com roteiro e produção de John Hughes, direção de Chris Columbus e claro o retorno do astro mirim Macaulay Culkin como Kevin McAllister. Sua família se prepara para mais uma viagem de natal, dessa vez  os parentes estão ligeiramente mais atentos as crianças. Depois da cantata na igreja, e após uma briga com seu irmão, o menino novamente deseja passar a noite de natal sozinho, já que mais uma vez ele é tratado como o errado da situação, e para variar ele fica mais uma vez tendo seu desejo realizado.

    Há piadas resgatadas do primeiro filme, assim como também se demonstra que os vilões anteriores, Harry Lime (Joe Pesci) e Daniel Stern  (Marv Merchants) estão à solta novamente. O diferencial está apenas no fato que Kevin viaja em lugar de ficar preso em casa, pegando um voo para Nova York, após confundir um sujeito com seu pai enquanto o restante da família vai para Flórida.

    Mesmo sem fazer planos anteriormente, o garoto começa a fazer uso do cartão de crédito de seu pai, Peter (John Heard), aproveitando o gravador que teve de presente, pondo para rodar os áudios que tinha em suas pequenas fitas. No hotel onde se hospeda, o personagem de Tim Curry Hector, passa a desconfiar do jovem, pondo inclusive seu serviçal Cedric (Rob Schneider) para vigiá-lo. O menino mostra uma educação incrível, ao perguntar aos idosos que estão nas piscinas do hotel em que por hora reside, se pode dar um de seus mergulhos, preocupando-se em não ser um inconveniente para esses adultos.

    As gags cômica nesse episódio perderam muita força, principalmente por não ter mais o fator inédito ao seu lado, mas alguns pontos que antes eram defeitos são discutidos, como quando os McAllister interrogam os funcionários do hotel sobre como eles conseguiram ser ludibriados tão facilmente por uma criança, fato que ocorria sempre no filme original e nesse também.

    A continuação não acrescenta muito a ideia que o público tinha sobre Kevin e os McAllister, mas ainda assim é uma boa diversão natalina, contendo a mesma ingenuidade do episódio passado presente em Chicago, com praticamente o mesmo final relativo a família, trazendo até um tratado de paz do protagonista com seu irmão mais velho Buzz (Devin Ratray), e claro, a quebra de preconceito por parte do herói da jornada, que aprende enfim a não julgar as pessoas pela aparência, resultando em um filme bem mais inspirado que as terríveis continuações protagonizadas por Alex D. Linz e Mike Weinberg.