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  • Crítica | Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida

    Crítica | Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida

    O clássico que finalmente trouxe a parceria de George Lucas e Steven Spielberg a luz começa com um episódio corriqueiro e engraçado da vida do Indiana Jones vivido por Harrison Ford. Ao tentar pegar o artefato Ídolo da Fertilidade, o professor e arqueólogo enfrenta uma série de armadilhas no templo sarado que servia de esconderijo para o artefato. Toda a sequência de ação é muito competente em nos primeiros momentos de exibição mostrar qual é o espírito e o caráter de Caçadores da Arca Perdida, um filme ao estilo das matinês dos anos quarenta e cinqüenta, que conta com elementos de literatura pulp.

    John Williams é um icônico compositor e o tema de Indy deve ser ainda mais acertado e lembrado como icônico que o visto e ouvido em Star Wars: Uma Nova Esperança, Star Wars: O Império Contra Ataca, Superman e Tubarão, mesmo sendo bastante simples. A altura de 1981, Guerra nas Estrelas estava em hiato, a espera do terceiro capitulo da trilogia clássica, O Retorno de Jedi, mas semelhante ao que se fazia na história dos Skywalker, aqui o opositor escolhido por Lucas também é voltado para o avanço imperialista da extrema direita, dessa vez não disfarçando o causo com o Império Intergaláctico, mas sim chamando pelo nome, os alemães nazistas, que descobriram a localização um objeto religioso que muitos achavam ser só uma lenda.

    Ford está solto, diferente do que o mesmo comumente reclamava de Han Solo aqui ele pode mostrar algumas facetas a mais e não um predominante como é o do anti herói cafajeste super obvio. Ele é incrédulo de que a jornada que fará resultará em algo realmente no encontro com algo divino de fato, além de conseguir representar bem o professor por quem suas alunas suspiram, além é claro de reproduzir o clichê do amor proibido para alguém do passado, no caso, Marion, a personagem feminina e forte de Karen Allen, uma mulher que claramente não é uma donzela em perigo por tempo integral.

    A introdução dos personagens periféricos é muito boa, pois é preciso um momento curto deles para se entender como funciona seu modo de pensar e agir, e nisso, o roteiro de Lawrence Kasdan beira a perfeição, ao aparar boas partes do argumento de Lucas e Phill Kaufman. Há uma sensação constante de perigo com Indy e seus amigos, todo momento que a câmera os flagra há uma apreensão sobre como será o desenrolar da historia para eles, seja com Jones enfrentando sua fobia a cobras, ou Marion como refém de Belloq (Paul Freeman), um dos exploradores que se uniu (de certa forma) as forças nazistas, aliás, apesar de escapista a historia faz questão de não parecer tão maniqueísta, uma vez que os malfeitores não são só os soldados de Hitler.

    Para salvar a sua amada, Jones ameaça bombardear a arca perdida, mas é demovido por seu opositor, que retifica o fato obvio de que ele trabalhou a vida inteira para achar algo tão raro assim, mas o resultado final de quem contempla o que está dentro da Arca é trágico, em uma alusão obvia ao cristianismo e também a volúpia do homem por tentar superar o Divino e tentar resolver todos os problemas da humanidade com uma passe de mágica ou com um simples gesto. A conclusão que se chega é de que não há caminho fácil, tampouco soluções instantâneas.

    A discussão não é exatamente sobre evangelho ou sobre o poder de Jeová / Yhwh, sequer há menção de se debater o que foi construído em torno desses mitos. O poder que emana do objeto inanimado não é dito com todas as letras como sendo espiritual, e sim como um mistério que ao menos até aquele tempo, não é totalmente solucionável, e como trama que busca ser um retrato mais fantasioso que um arqueólogo faz, Caçadores da Arca Perdida beira a perfeição, pois mostra  que a busca acadêmica ou científico pode evidentemente resolver alguns mistérios, enquanto tantos outros aparentemente são instituídos para serem solucionados com tempo e investigações que durarão por vidas e gerações de muitos estudiosos, e essa sensação ganha ainda mais força com a cena que precede os créditos, onde se vê um galpão com inúmeros artefatos guardados, todos a espera de protagonizarem uma ou mais aventuras de Indiana e dos seus.

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  • Crítica | Os Fantasmas Contra-Atacam

    Crítica | Os Fantasmas Contra-Atacam

    Os Fantasmas Contra-Atacam, filme de Richard Donner, começa com inserções de comerciais natalinos nonsense, com os duendes e papai Noel se armando até os dentes contra opositores, junto ao personagem Lee Majors, de O Homem de Seis Bilhões de Dólares. Em meio a isso, o diretor da rede de televisão Frank Cross (Bill Murray) é apresentado, um homem egocêntrico e com poucos escrúpulos, que só pensa na audiência de sua emissora, não importando o preço a ser cobrado. Logo, ele é visitado pelo espírito de seu amigo morto, Lew Hayward (John Forsythe), que serve de prenúncio para o que virá.

    Por não pensar nos outros e ser frio, a vida e destino do protagonista está fadada a ser destruída, e para isso, três espíritos o visitarão, o do natal passado, natal presente e futuro. Em meio a essas visitas ele viaja pelo tempo e vê alternativas do que seria sua vida, normalmente envolvendo a bela Claire Phillips (Karen Allen, de Caçadores da Arca Perdida) como seu par.

    Essa versão de Um Conto de Natal, de Charles Dickens reúne menções mais modernas a situações de A Felicidade Não se Compra, embora o herói da jornada tenha um caráter bastante diferente do Bailey que James Stewart fazia. O cunho do longa obviamente é outro, a comédia, trabalhando de maneira irônica com alguns elementos referentes a hipocrisia do mundo corporativo e da vida adulta.

    O desfecho é irônico, e se vale muito do carisma de Murray, que estava bastante em alta principalmente por conta de Os Caça-Fantasmas – que inclusive é o motivo do nome brasileiro fazer referencia a fantasmas, e não a Scrooged ou ao conto de Dickens. Entre os coadjuvantes, vale lembrar de Carol Kane, que faz o fantasma do presente, misturando o arquétipo de aparição com o de fada, com uma abordagem bem lisérgica do mito. Sua performance casa à perfeição com a de Murray, e ajuda a engrandecer o escopo de Os Fantasmas Contra-Atacam, tornando-o um filme divertido apesar de seus clichês.

    https://www.youtube.com/watch?v=C3P8u2jXm9U

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