Tag: Lebron James

  • Crítica | Descompensada

    Crítica | Descompensada

    Descompensada começa na infância da personagem Amy Townsend. Ela ao lado da irmã conversam com o pai, um homem que tenta explicar a crise em seu casamento com uma comparação esdrúxula, contrapondo as brincadeiras com bonecas no mesmo pé de igualdade com as traições conjugais que cometeu. Isso a marca de tal forma que mesmo adulta, já vivida por Amy Schumer, segue desacreditando por completo na monogamia de modo que ela não consegue manter uma relação por muito tempo.

    Judd Apatow faz mais uma comédia de situações bizarras. Já havia abordado os celibatários veteranos em O Virgem de 40 Anos, a gravidez indesejada em Ligeiramente Grávidos, a crise de meia idade em Bem-Vindo aos 40 e aqui usa a figura desconstruída de Schumer (também roteirista do longa) para brincar com a inadequação que algumas mulheres tem em lidar com o sexo casual, embora para ela a melhor opção seja não ter um par fixo. Obviamente a condição muda com o tempo, afinal, cinema é conflito. Mas o modo como ela encontra Aaron Conners (Bill Hader) que pode ser seu “outro alguém” é bastante bizarro e curioso. Amy é escalada para escrever uma matéria com um médico esportivo. Mesmo considerando os esportes como um modo de entretenimento inferior, sua possível promoção depende dessa matéria.

    Por mais que Schumer não varie tanto seus papeis, Townsend é bem diferente dela. Uma personagem hilária, humana, espirituosa e de espírito indomável, passiva em vários momentos (sobretudo os que envolvem seus familiares) e com um senso de humor único. Ela está sempre entediada, e seu incômodo produz momentos ótimos. As cenas humorísticas variam entre a sua dificuldade em se relacionar e momentos peculiares de seu trabalho como quando ela vomita ao assistir uma operação. Boa parte dessas piadas são mudas, Apatow sabe utilizar bem os dotes da humorista.

    A relação entre Aaron e Amy se desenrola muito bem, por mais que tenham personalidades e modos de encarar a vida bem diferentes, eles formam um belo par, e se relacionam de maneira interdependente, em que ambos se doam, a sua maneira, para suprir a carência e as necessidades um do outro, mesmo que estarem juntos fosse algo improvável.

    Os personagens secundários, mesmo com pouco tempo de tela, tem algum destaque, como Kim, irmã da protagonista, interpretada por Brie Larson. Ou um sujeito fanático por alimentação saudável e malhação, interpretado por John Cena, que fica com Kim. Alias, envolvendo essa relação, as cenas de sexo são bem feitas, tão constrangedoras como as de O Virgem de 40 Anos e em outros momentos da filmografia do diretor.

    O filme possui a participação especial de LeBron James, o jogador de basquete à época no Cleveland Cavaliers, que interpreta a si mesmo, tal qual Kevin Garnett fez em Joias Brutas. Aqui ele é um paciente de Aaron e um amigo super protetor dele, sendo até conselheiro amoroso do médico, além de muito preocupado com o parceiro. Os momentos entre eles beiram o genial, os dois tem um bom entrosamento, seja nas discussões ou nas disputas dentro de quadra.

    Descompensada é uma boa comédia sobre inadequações e sobre a dificuldade em aceitar a si mesmo, em que seus personagens não tem qualquer receio em fazer piada de suas próprias tristes figuras, fundamentando-se bem na dupla de protagonistas, dois bons atores de comédia que estão bem entrosados.

  • Review | The Shop – 1ª Temporada

    Review | The Shop – 1ª Temporada

    Iniciativa da HBO Sports, The Shop é uma série bem curta, de apenas três episódios por temporada, cujos episódios de vinte e poucos minutos giram em torno de conversas em uma barbearia, essa “comandada” pelo astro do basquete LeBron James, o atleta que há pouco tempo se mudou para o Los Angeles Lakers entre outros motivos para ficar mais próximo de Hollywood e suas produções, pois boa parte da temporada passada ele passou gravando Space Jam 2.

    A primeira jornada foi gravada e exibida no ano de 2018, e se vale demais da tradição americana de ocorrer nesse cenário, as barbearias, conversas bastante francas. Essa tradição é muito vista nos filmes protagonizados por Eddie Murphy nos anos 80, ou por Samuel L. Jackson em suas adaptações de filme de ação entre os anos 90 e 2000. A tradição de diálogo hiper franco é muito bem traduzida nos três episódios.

    Há convidados como os rappers Snoop Dog , Vince Staples, Drake, Ice Cube e Nas, os jogadores da NFL (a liga nacional de futebol americano) Odell Beckham Jr.,  Michael Bennett e Todd Gurley, os comediantes Jerrod Carmichael e Jimmy Kimmel, a cantora Mary J. Blige e sua amiga a produtora e roteirista Lena Waithe, jogadoras de basquete como Candace Parker e Elena Delle Donne, o ex-jogador da NBA Chris Bosh, os colegas de James como Draymond Green do Golden State Warriors e Ben Simmons do Philadelphia 76ers, Victor Oladipo do Indiana Pacers, Mo Bamba do Orlando Magics e mais recorrentemente, o empresário Maverick Carter. Esse conjunto de convidados ajuda a produzir um sem número de conversas diferenciadas, que descontando algumas forçações, parecem ser casuais e íntimas mesmo.

    LeBron utiliza o espaço para abrir o coração, afirmando que se arrepende de dar o nome de Junior ao seu filho, achando que jogou uma desnecessária carga e expectativa sobre o menino, mas o foco emocional certamente é na historia que conta sobre sua família, e que o que o motivou a dar o nome ao seu rebento foi o fato dele mesmo não ter tido um pai. Ele quis se fazer presente a sua família e ao seu ver, pois a carroça na frente dos bois.

    A maior parte das conversas é mera discussão sobre intimidades, onde detalhes da vida dos participantes são discutidas, como o fato de LeBron ter crescido muito em meses, utilizando o mesmo casaco com 1,90m de altura que utilizava 1,78, ou detalhes de quando Drake foi pela primeira vez a uma barbearia, no Memphis, já que no Canadá esse tipo de ambiente não era tão comum.

    O ultimo capítulo começa meio incidental, mostrando um dos mini postes coloridos típicos do salões de barbeiro, para logo depois retornar ao formato usual do programa. The Shop não é um programa feito para ser apreciado em ritmo de maratona, uma vez que cada um dos capítulos é muito parecido com o anterior, e poucos momentos são realmente memoráveis além das falas de auto propaganda, como quando Ice Cube compara uma fala de Eazy-E com a condição de James em Cleveland, onde o ex-integrante do N.W.A. afirmava que foi ele que colocou Compton no mapa, assim como o jogador fez Cleveland ser conhecida nacional e internacionalmente. Para quem é aficionado pelo esporte ou pela figura de LeBron The King James, The Shop é de ato uma obra a ser apreciada, além de  trazer um bom retrato da elite negra dos Estados Unidos, além de discutir bastante sobre o mercado para artistas e esportistas negros.

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