Resenha | Homem de Ferro Noir
Como seria se alguns de nossos heróis favoritos vivessem nos anos 1930? Algumas respostas para essa pergunta podemos encontrar na série Noir da Marvel. Criada em 2009 e de forma bastante desbalanceada, diga-se, conta com Demolidor, Homem-Aranha, Wolverine, Justiceiro, X-Men, entre outros, que ganharam suas versões ambientadas no universo pulp-noir do período. Mas o resultado dividiu opiniões.
No caso específico de Homem de Ferro Noir, seria possível dividir essa resenha para tipos diferentes de público: o fã iniciado no universo dos comics ou aquele que é iniciante ou que apenas admira o Homem de Ferro. E o motivo é muito simples: o roteiro.
Totalmente inspirado em Indiana Jones, Tony Stark nos é apresentado praticamente da maneira que o conhecemos: um bon vivant, engenheiro, milionário, que herdou a herança do pai e que sofre de um problema crônico no coração, que precisa ser recarregado por uma bateria. Tony é um explorador, que assim como “o velho Indi”, busca encontrar os mais famosos tesouros mitológicos. Ocorre que essa busca desesperada de Tony, na verdade, é a busca para a cura de seu problema. O interessante é que Stark é uma espécie de Bear Grylls da década de 1930 e tem todas as suas expedições aventurescas publicadas numa revista serial chamada Marvels.
E é aí que a trama começa.
Numa espécie de prólogo, durante uma dessas expedições, os planos de Tony são frustrados quando a Dra. Gialetta Nefaria, amante de Tony, se revela uma nazista e o entrega ao Dr. Zemo e o Barão Strucker. Durante o conflito, Stark perde parte de sua equipe, sobrevivendo somente seu fiel amigo, Rhodes. Ao voltarem para a América somos apresentados a Jarvis, que volta a ser um mordomo, como nas histórias clássicas do ferroso, e à armadura do Homem de Ferro, que se assemelha à Mark I, porém, com um visual muito mais polido e agradável aos olhos. Vale destacar que o problema no coração de Tony, bem como os motivos que o levaram a construir a armadura, não é revelado. E não podemos colocar a culpa por preguiça de roteiro, uma vez que as histórias da série Noir são curtas, o que ajudou na omissão das origens do herói.
Dando continuidade, o protagonista encontra na gaveta de Nefaria algumas pistas que fazem ele reunir uma nova equipe em busca de Atlântida, o assunto principal da trama que fica um pouco mais interessante, já que passamos a conhecer Pepper Pots e o navegador Namor, numa versão completamente diferente da que conhecemos.
O problema é o que acontece daqui pra frente.
O verdadeiro fã de quadrinhos provavelmente odiará a história, principalmente por ela ter sido escrita por Scott Snyder, uma vez que o conhecido roteirista foi duramente criticado por ter praticamente copiado um arco e os personagens de Mandrake. E para piorar a situação, ainda tirou uma cena de uma obra sua, o spin-off de Vampiro Americano. E ainda tem o fato de o coração de Tony ser ligado a uma bateria, recurso muito semelhante ao do filme Adrenalina 2: Alta Voltagem, lançado na mesma época.
Porém, de um modo geral, Homem de Ferro Noir tem tudo que uma história em quadrinhos de aventuras precisa: locais exóticos, natureza, animais selvagens, nazistas, traições e o famoso resgate da mocinha no alto de um castelo. Um amontoado de clichês, mas que acaba por funcionar por tratar-se justamente daquilo que o público gosta.
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Texto de autoria de David Matheus Nunes.