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  • Resenha | Batman: O Último Cavaleiro da Terra

    Resenha | Batman: O Último Cavaleiro da Terra

    Assim como Zack Snyder, Scott Snyder divide opiniões. Há quem goste e há quem não goste de seu trabalho à frente dos roteiros das histórias do Batman. A principal queixa é a de que falta fôlego nas suas histórias, que se desenvolvem bem, mas não entregam finais à altura do que foi contado. Pois bem, O Último Cavaleiro da Terra é alardeada como aquela que poderia ser a última história da vida do Morcegão.

    Publicada em três edições, a minissérie começa com um jovem Bruce Wayne despertando no Asilo Arkham e sendo informado por Alfred e por um psiquiatra de que toda a sua vida tinha sido uma grande ilusão provocada por um coma de vários anos resultado de um colapso nervoso que ocorreu após Bruce ter assassinado seus próprios pais. Logicamente que Bruce não acredita naquilo e promove uma revolta dentro do hospital, derrotando um a um que resolve ficar no seu caminho. Ao chegar no último andar, Alfred o informa de que estão alguns anos no futuro e que nada do que conhecia existe mais. Após um abraço emocionado, Bruce segue seu caminho busca da verdade. Saindo dali, o Morcegão se depara com o Coringa, na verdade, sua cabeça preservada em uma pequena redoma. O vilão acorda e dali partem em direção à Gotham. Bruce descobre que aquele mundo pós-apocalíptico é governado com mão de ferro por alguém chamado Ômega.

    A primeira edição da história estabelece muito bem as bases daquele mundo, introduzindo personagens e os contextualizando. Nenhum deles aparece ali somente pelo fan service, todos tem uma razão para estar ali e o mais importante, fazem a história andar. Snyder ainda inclui uma intrigante trama paralela ocorrida algum tempo antes do evento apocalíptico, trama essa que em nenhum momento tira a atenção do leitor, pelo contrário, o torna cada vez mais investido na história. Porém, a grande sacada fica no uso do Coringa como narrador. Tal qual como um Virgílio bem humorado acompanhando um Dante vestido de morcego, o Palhaço do Crime é o guia na viagem para aquele inferno.

    Entretanto, a partir da segunda edição as coisas vão ficando um tanto apressadas. O roteiro de Snyder começa a andar a passos largos para o final, o que faz com que fatos e locais que renderiam bons e bizarros momentos sejam mencionados de forma breve, o que frustra um pouco o leitor, tendo em vista que despertam tremenda curiosidade de ver tudo aquilo retratado de alguma maneira. Sem falar na Gotham City distópica com ares de mega prisão que merecia mais atenção e desenvolvimento. Essa pressa aumenta na terceira edição, tendo em vista que uma complexa operação é executada de forma quase que intuitiva pelos personagens envolvidos. Porém, o plot twist sobre o vilão Ômega e suas motivações, além da brutal batalha final entre Batman e ele satisfazem o leitor, fazendo com que a experiência seja bem positiva ao final.

    Um ponto muito interessante a ser destacado é o tratamento que Snyder dá a vários personagens que desfilam na história. Os rumos de Lex Luthor e Superman são bem melancólicos, principalmente o de Luthor. Ver um astuto vilão sucumbir à própria megalomania tal como acontece aqui chega a ser comovente. A Mulher-Maravilha também ganha um tratamento bem interessante e funciona como uma das peças centrais para a trama andar e a Corte das Corujas ganha contornos surpreendentes. Já o destino do Flash é um dos mais tristes e bizarros que já apareceram nas histórias em quadrinhos. Tudo isso mencionado acima é muito bem retratado pela arte de Greg Capullo, ainda auxiliado por FCO Plascencia e Jonathan Glapion. Percebe-se a sintonia entre o roteirista e a equipe de arte para deixar todo aquele mundo e os personagens visualmente chocantes, porém sem que haja distorção de suas principais características.

    Enfim, O Último Cavaleiro da Terra é uma saga muito boa com uma versão interessante do Batman. Entretanto, infelizmente fica a sensação de que após uma introdução das mais intrigantes, o miolo da história foi apressado para que o épico final chegasse logo. Antes que eu me esqueça, o epílogo pode parecer absurdo, mas é coerente dentro do que foi apresentado.

  • Resenha | Wytches

    Resenha | Wytches

    A família Rooks decide mudar de vida, deixar seu passado problemático para trás, e se mudam para um casa numa floresta para começarem do zero, em um cenário longe das memórias a que fogem. Original, não? Para a dupla Scott Snyder (Batman: A Corte das Corujas, O Despertar) e Jock (Os Perdedores, Arqueiro Verde: Ano Um), nenhuma história que tenha bruxas deixa de valer a pena, ainda mais se houver maldições que norteiam uma trama baseada na desconstrução de uma família adoravelmente disfuncional, cedendo a um sobrenatural irremediável que aos poucos se abate a mais cara, valiosa e frágil das instituições. Em Wytches, o destino ensina a jovem Sailor, seu pai Charlie e sua mãe Luce que fugir do passado pode ser a pior das ideias, em especial se ele dispor de garras letais, um faro apurado e uma onipresença, sob o sol ou sob a lua, pronto pra te devorar.

    Através de uma gama sem fim de livros (João e Maria), filmes (A Bruxa de Blair) e séries (Dark), aprendemos com essa ajudinha da cultura pop que as florestas americanas não são exatamente um bom lugar para ser vizinho, muito menos para se aventurar, sozinho ou com amigos. Pode ter sempre olhos à espreita… o que era para ser a história de uma menina amedrontada pela perseguição que sofre na escola, vira uma trama dupla com o pai de Sailor tendo que superar seus maiores medos para retirar suas filhas das garras da morte. Os autores demonstram seu esforço para transmitir um frescor a um velho clichês de bruxas e matas fechadas, ao passo que Wytches se revela uma grande (e aterrorizante) metáfora sobre o pior lado da paternidade: não poder mais proteger o seu bebê do mundo, lá fora.

    Sailor foi jurada e será perseguida, enquanto viver, por predadores do submundo que adoram cozinhar crianças no caldeirão, ou qualquer um que, a eles, é prometido. Ao descobrir isso, Charlie se debate contra o inevitável: a hora da filha chegou, junto de segredos devastadores que destroem sua família bem antes do perigo que existe debaixo daquelas árvores grossas, e ocas, que circulam a nova e bela residência dos Rooks, arrombar suas portas e janelas. As reviravoltas são o ponto alto, e quando chega a hora do leitor desvendar o real motivo da família ter se mudado, eis o grande momento que o livro se destaca entre outros contos banais por ai. Longe de ser uma leitura memorável, mas eletrizante até um fim surpreendente, o suspense aqui se apoia em excesso no estilo surrealista do traço e das cores do Jock, o que rende bons momentos perturbadores nos ambientes em geral, mas que às vezes subtrai o peso de diálogos importantes, ao invés de complementá-los visualmente.

    Como se sabe, o terror com inspiração em eventos reais é algo, digamos, irresistível. Atiça a nossa curiosidade com um charme quase que aromático, e assim somos levados para contos de gelar a espinha – ou que, pelo menos, nos prometem isso a partir de sua premissa. Com Wytches, a graphic novel que no Brasil é lançada pela editora Darkside num caprichado encadernado, com direito a cartas dos autores e seu processo de criação no final do livro, temos uma aventura com origem nas experiências de criança do escritor Scott Snyder dentro de uma sombria floresta, perto onde ele morava. Experiências essas que nunca abandonaram a sua fértil imaginação, e esperaram até ele crescer, até elas virarem algo mais: um bom livro ilustrado. Afinal, como bem disse o francês Victor Hugo (mesmo que a autoria da frase não seja até hoje comprovada a ele), “nenhum poder terrestre pode deter uma ideia cuja hora tenha chegado”. É isso.

    Compre: Wytches.

  • Agenda Cultural 69 | Nova Era, esquenta Pré-Oscar e mais Aquaman

    Agenda Cultural 69 | Nova Era, esquenta Pré-Oscar e mais Aquaman

    Bem-vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Filipe Pereira, Jackson Good (@jacksgood) e Rafael Moreira (@_rmc) se reúnem para a primeira Agenda Cultural da Nova Era, talkei? Nesta edição, comentamos um pouco sobre as novas polêmicas envolvendo Lars von Trier, o novo filme do Harry Potter sem Harry Potter (é golpe?), como se balançar com fluidez no novo jogo do Homem-Aranha e muito mais.

    Duração: 123 min.
    Edição: Julio Assano Junior
    Trilha Sonora: Flávio Vieira e Julio Assano Junior
    Arte do Banner: 
    Bruno Gaspar

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  • Resenha | Homem de Ferro Noir

    Resenha | Homem de Ferro Noir

    Homem de Ferro Noir

    Como seria se alguns de nossos heróis favoritos vivessem nos anos 1930? Algumas respostas para essa pergunta podemos encontrar na série Noir da Marvel. Criada em 2009 e de forma bastante desbalanceada, diga-se, conta com Demolidor, Homem-Aranha, Wolverine, JusticeiroX-Men, entre outros, que ganharam suas versões ambientadas no universo pulp-noir do período. Mas o resultado dividiu opiniões.

    No caso específico de Homem de Ferro Noir, seria possível dividir essa resenha para tipos diferentes de público: o fã iniciado no universo dos comics ou aquele que é iniciante ou que apenas admira o Homem de Ferro. E o motivo é muito simples: o roteiro.

    Totalmente inspirado em Indiana Jones, Tony Stark nos é apresentado praticamente da maneira que o conhecemos: um bon vivant, engenheiro, milionário, que herdou a herança do pai e que sofre de um problema crônico no coração, que precisa ser recarregado por uma bateria. Tony é um explorador, que assim como “o velho Indi”, busca encontrar os mais famosos tesouros mitológicos. Ocorre que essa busca desesperada de Tony, na verdade, é a busca para a cura de seu problema. O interessante é que Stark é uma espécie de Bear Grylls da década de 1930 e tem todas as suas expedições aventurescas publicadas numa revista serial chamada Marvels.

    E é aí que a trama começa.

    Numa espécie de prólogo, durante uma dessas expedições, os planos de Tony são frustrados quando a Dra. Gialetta Nefaria, amante de Tony, se revela uma nazista e o entrega ao Dr. Zemo e o Barão Strucker. Durante o conflito, Stark perde parte de sua equipe, sobrevivendo somente seu fiel amigo, Rhodes. Ao voltarem para a América somos apresentados a Jarvis, que volta a ser um mordomo, como nas histórias clássicas do ferroso, e à armadura do Homem de Ferro, que se assemelha à Mark I, porém, com um visual muito mais polido e agradável aos olhos. Vale destacar que o problema no coração de Tony, bem como os motivos que o levaram a construir a armadura, não é revelado. E não podemos colocar a culpa por preguiça de roteiro, uma vez que as histórias da série Noir são curtas, o que ajudou na omissão das origens do herói.

    Dando continuidade, o protagonista encontra na gaveta de Nefaria algumas pistas que fazem ele reunir uma nova equipe em busca de Atlântida, o assunto principal da trama que fica um pouco mais interessante, já que passamos a conhecer Pepper Pots e o navegador Namor, numa versão completamente diferente da que conhecemos.

    O problema é o que acontece daqui pra frente.

    O verdadeiro fã de quadrinhos provavelmente odiará a história, principalmente por ela ter sido escrita por Scott Snyder, uma vez que o conhecido roteirista foi duramente criticado por ter praticamente copiado um arco e os personagens de Mandrake. E para piorar a situação, ainda tirou uma cena de uma obra sua, o spin-off de Vampiro Americano. E ainda tem o fato de o coração de Tony ser ligado a uma bateria, recurso muito semelhante ao do filme Adrenalina 2: Alta Voltagem, lançado na mesma época.

    Porém, de um modo geral, Homem de Ferro Noir tem tudo que uma história em quadrinhos de aventuras precisa: locais exóticos, natureza, animais selvagens, nazistas, traições e o famoso resgate da mocinha no alto de um castelo. Um amontoado de clichês, mas que acaba por funcionar por tratar-se justamente daquilo que o público gosta.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

    iron man noir

  • Resenha | O Despertar: Parte Dois

    Resenha | O Despertar: Parte Dois

    O Despertar - Parte 2 - VertigoAlém de uma mera estratégia editorial ao lançar uma publicação dividida em duas partes, a série da Vertigo criada por Scott Snyder e Bryan Murphy se desenvolve em dois momentos narrativos distintos, justificativa para que a revista, lançada originalmente em dez partes nos Estados Unidos, tenha sido publicada em dois compilados pela Panini Comics.

    Na sequência de O Despertar : Parte Um, a trama sofre um salto temporal de 200 anos, apresentando um futuro distópico em que as calotas polares foram destruídas pela ação das entidades do mar. Este novo cenário foi apresentado brevemente durante a primeira parte da história, focada, em grande parte, em um crescendo atmosférico de tensão e claustrofobia nas profundezas do mar.

    Neste novo cenário, as entidades se tornaram parte do cotidiano mundial. São objeto de caça devido ao seu próprio sangue, que provoca poderes alucinatórios nos humanos, bem como fragmentaram a sociedade em uma nova estrutura, incluindo aqueles que são favoráveis ao despertar destes seres, sendo postos à margem pela política. A nova personagem central, Leeward, é apresentada como um pária nesta nova sociedade e, à semelhança da dra. Lee Archer, captura um chamado das profundezas e decide investigá-lo.

    A abordagem nesta parte se difere da inicial: a trama desenvolvida em ambiente fechado cede espaço para uma aventura distópica que intenta apresentar uma nova sociedade. Duzentos anos após o surgimento dos sereios, tem-se a impressão que não houve nenhuma evolução científica aparente, ainda que tal afirmação seja questionável. Mesmo com o despertar destas personagens do mar, seria natural que, antes da queda total da humanidade, houvesse uma tentativa de descobrir quem elas são. A trama, ao menos, não demonstra essa possibilidade.

    O roteiro de Snyder desenvolve uma boa base desta sociedade distópica, ainda que não trace uma ponte de ligação aceitável com a história anterior. A teoria que surge para sustentar as entidades se demonstra simplista, sem nenhuma revelação além do óbvio elo perdido com os humanos. O bom suspense da primeira parte se contrapõe a cenas de ação comum neste segundo ato, em um cenário que não parece urgente como ocorreu com a descoberta dos sereios.

    Conforme caminha para o desfecho, a trama se enfraquece também ao apresentar novos personagens, demasiadamente comuns e apoiados em estereótipos. Tons que simplificam os bons contornos narrativos iniciais, entregando um final que nada tem de revelador, mas parecendo despreparado em relação à tônica da história, como se o roteiro se prolongasse em demasia em certas partes anteriores e, ao se deparar com poucas páginas para finalizar, escolhesse a saída mais fácil para um fim que fosse confortável aos leitores mas, ainda assim, permanecesse incompleto de explicações.

    Ainda que a ficção científica tenha fundamentado um bom argumento inicial, a trama se dilui diante de uma sequência de alternativas narrativas fáceis, repetindo histórias anteriores sem uma boa sustentação. A leitura flui até o término da edição, porém, não o suficiente para se destacar como uma boa história por completo.

    O Despertar - Parte 2 - 01

  • Resenha | O Despertar: Parte Um

    Resenha | O Despertar: Parte Um

    O Despertar Parte Um 1

    Scott Snyder e Bryan Murphy dão à luz a um projeto quadrinístico muito semelhante à onda de filmes de ação que se popularizaram na década passada e nesta, a exemplo das películas de Paul Grenngrass, Christopher NolanNicolas Winding Refn e Joe Carnahan. Apesar da estética mais moderna, O Despertar possui um caráter dramático semelhante aos filmes-catástrofe que fizeram sucesso nos anos 50, e que foram regurgitados pelos cineastas dos anos 90 em suas epopeias catárticas, que foram bastante populares no cinema de ação desta época.

    Snyder consegue construir uma narrativa que se assemelha em espírito ao seu arco Morte da Família, à frente do Batman, ainda que as consequências nesta versão sejam mais bem pensadas. O viés ecológico é muito presente nesse cenário, bem pontuado pelo traço de Murphy, que aproveita sua experiência com Punk Rock Jesus para mostrar uma história cheia de mistérios que só funcionam graças ao visual idealizado por ele.

    Doutora Archer é a personagem cuja trajetória é acompanhada, uma estudante de grandes mamíferos marinhos que tem uma preocupação genuína em desconstruir o status quo, através de denúncias que começam pelo estudo que desenvolve. Logo, Archer é encontrada por  um agente governamental que a põe em uma trama envolvendo uma raça estranha, sub aquática, que teria dado origem a todo o folclore a respeito das múltiplas lendas sobre sereias, maximizando a vocação assassina da criatura.

    A estrutura da história faz lembrar demais da do filme O Enigma do Outro Mundo, de John Carpenter, bem como de seu original O Monstro do Ártico, ainda que a origem do “monstro” seja marinha. A predação da figura, até então desconhecida, se torna ainda mais grave graças a sua inteligência, primeiro aventando-se a possibilidade de ter o mesmo sistema de comunicação de mamíferos semi-inteligentes, como as baleias, para então se descobrir que sua mentalidade é bem mais próxima dos animais racionais.

    Os tons azuis fazem aumentar ainda mais o impacto do sangue se espalhando, dando vazão a uma das marcas interessantes do selo Vertigo, que permite aos seus autores mostrar violência extrema. Em O Despertar, essa abordagem ganha um cunho tradicional, já que a história viaja milhões e milhares de anos no passado. As cores de Matt Hollingsworth ajudam a compor um quadro bem mais adulto, se valendo de sua experiência com Hellboy e Hellblazer, casando em perfeição com a visão hachurada que Murphy tem sobre seus personagens.

    Apesar do encadernado não concluir sua história, o arco da personagem principal é bem fechado, aludindo à maternidade de Archer e à preocupação não só pessoal e familiar, mas também com o todo do cenário mundial, que aparentemente também é atacado pelas mesmas criaturas que o atemorizaram. Sendo este somente o início de uma história maior e mais catastrófica, O Despertar constitui-se em um belo prelúdio para uma hipótese mais trágica.

  • Resenha | Batman: A Morte da Família

    Resenha | Batman: A Morte da Família

    Batman - Morte da Familia

    Após a mega mini-saga A Noite das Corujas, Scott Snyder prosseguiu no título principal do Homem-Morcego e consequentemente fez o esboço da saga posterior, que envolveria o arquirrival e gênese oficial do Cruzado Encapuzado além dos títulos acessórios de Batman. O Coringa, que estava um pouco apagado após a estreia de Detective Comics, voltaria em grande estilo ao crime e à vilania de Gotham.

    A obra foi lançada após a edição número zero de Batman, cujas edições lançadas pela editora mostram histórias anteriores às apresentadas nos primeiros arcos do reboot, narrando os primeiros acontecimentos do retorno de Bruce Wayne à sua cidade natal quando infiltrado em meio à gangue do Capuz Vermelho. Ao final da edição, há uma reimaginação interessante da inspiração dos Robins Dick Grayson, Jason Todd e Tim Drake, mostrando um pouco a admiração que cada um teve pelo líder do Bat-Squad.

    A ausência do Coringa é sentida por praticamente doze meses em todo o primeiro ano após o reboot, exceto pela já citada história de Tony Salvador Daniels. Não à toa, a retomada viria por meio da revista do personagem que ele aleijou anos antes. Morte da Família tem seu primeiro episódio em Batgirl 13 – com o lápis do brasileiro Ed Benes (especialista em desenhar mulheres de corpos esculturais) -, uma história curiosa por mexer com os brios da moça, já que Barbara Gordon sofreu o diabo com o Palhaço Infernal. O período em que Coringa estava em hiato era obviamente ligado à sua possível morte, uma vez que um vilão estava com o seu rosto, uma face dilacerada que depois é roubada por seu antigo dono.

    O retorno triunfal do Bobo seria infectando toda a cidade, aterrorizando o Comissário Gordon, que, graças a esse fato, igualaria o seu comportamento ao de uma garotinha indefesa diante do maior apuro de sua vida inocente. A manipulação que o vilão exerce não influi somente nos cidadãos, mas também em alguns dos vilões de Gotham, especialmente nos estreitamente ligados ao bandido.

    A tática consiste em atacar o Morcego em nível pessoal, com uma das primeiras ações consistindo no rapto de Alfred Pennyworth para desestabilizar Bruce Wayne e irritar “você sabe quem“. É curioso como Coringa mostra saber a identidade secreta de Batman, mas não se importa com isso, não de um modo expositivo que demonstre uma vontade de contar a novidade ao mundo. É como se o cargo estivesse vazio, sem a mesma importância que qualquer outro membro da galeria de vilões daria ao descobrir, de fato, a identidade do Cruzado Encapuzado. Mas a circunstância não o impede de atacar seu rival. O golpe é baixo: exibir qual a contraparte do herói é irrelevante; a volúpia é por humilhar o paladino.

    Os ataques prosseguem. James Gordon cai, vítima de uma hemorragia causada pela intoxicação do Gás do Riso. O plano de minar as emoções do herói esbarram no sangue frio e na decisão de atacar o Coringa de modo planejado, mas ainda assim o bombardeio prossegue, e de modo sério. Dois momentos mostram o quão sério e assertivo é o modus operandi do insano palhaço. Primeiro, quando ele e o Pinguim são comparados, demonstrando a diferença do pensamento anárquico, em cometer delitos, e o do crime organizado, mostrando que o primeiro é muito mais exitoso do que o outro; o segundo momento é a disposição do vilão em atacar um a um dos membros da família do Morcego, já que, para ele, não são segredos as suas identidades e as suas rotinas pessoais.

    É uma pena que não haja uma unicidade de traços entre os desenhistas das revistas, que têm no visual do Coringa o avatar da incompetência. Alguns artistas dão um maior foco ao rosto disforme do personagem, enquanto outros tratam a sua face como algo semelhante a uma máscara de látex, o que diminui, e muito, o impacto que teriam as atitudes loucas do idealizador daquele estratagema. Mas tal defeito não consegue encobrir a principal qualidade de Coringa enquanto vilão, que é a imprevisibilidade. O palhaço, que mostra uma nova loucura sempre que aparece, relembra os bons momentos de Grant Morrison à frente do número – mais uma vez Snyder bebe da fonte deixada pelo roteirista escocês.

    Uma das histórias paralelas que mais atraem a atenção do leitor é o tie-in presente em Asa Noturna (Nightwing), com roteiro de Kyle Higgins e desenhos do brasileiro Eddie Barrows. Dick Grayson começa a namorar uma moça que mais tarde revela ser filha de Tony Zucco, o que reabre algumas feridas internas, escondidas após anos de vigilantismo, mas que ainda marcam a vida do primeiro parceiro-mirim do Morcego. O ataque do Coringa a ele é talvez o mais catastrófico das atitudes do vilão, pois ceifa as esperanças do ex-acrobata e prenuncia a sua mudança de atitude num futuro próximo.

    Batman se sente acuado. O vilão conseguiu tocar a psiquê do Cruzado. O megalomaníaco plano visa desmoralizar o guardião de Gotham. A tensão presente nas histórias contém muito mais elementos interessantes que os momentos pregressos, talvez por Snyder estar um pouco mais à vontade à frente do título. Por incrível que pareça, seus méritos não são todos fundamentados no gigantesco carisma do Coringa. As ações registradas são justificadas pela óbvia loucura e fazem sentido dentro do microuniverso da Bat-família.

    É notório que as decisões em relação ao Palhaço do Crime passem muito pelo estilo diferente do personagem, primeiro com a decisão da retirada do seu rosto, pondo-o numa posição mais grotesca de sua história, mas também exagerando nas características da loucura. O que não pode ser associado à repetição da fórmula é o modo como o vilão trata os personagens acessórios, tocando de modo pessoal na rotina dos aliados do Morcego, especialmente em relação a Bartgirl (Barbara Gordon) e Asa Noturna, abalando, direta e indiretamente, a confiança dos dois em Batman.

    A conclusão da saga, presente em Batman 17, mostra toda a Bat-família capturada pelo Coringa, todos diante de uma mesa, em uma referência obscura à família de canibais de Massacre da Serra Elétrica, de Tobe Hooper. Todo o plano arquitetado e posto em prática vai bem, até esbarrar na decisão final, no modo como o Morcego resolve os mistérios e vence seu adversário, jogando com ele em um campo onde jamais gostaria de entrar.

    O Batman blefa, usa as mesmas artimanhas que seu inimigo, e isto até poderia ser uma boa saída, mas o modo como ela é construída é bastante preguiçosa, tendo muitos casos semelhantes em toda a trajetória do personagem. Durante setenta e cinco anos, o Morcego já usou artifícios semelhantes de enganação. Até mesmo no final de Batman Eternamente o modo como o Bat-Val Kilmer vence o Duas Caras de Tommy Lee Jones é muito semelhante ao caderno que contém a malfadada “identidade real” do Palhaço. A questão poderia ter sido melhor pensada, até pela pompa que a saga ganhou com o passar do tempo. A explicação que Bruce dá por não ter assassinado seu nêmese chega a ser plausível, e, aliada à separação do Bat-Squad, quase fez com que as soluções fáceis de Snyder fossem toleráveis. Contudo, elas não apagam o gosto ruim que fica após saborear o desfecho de Morte da Família, apesar dessa história ser muito mais bem urdida que as sagas anteriores.

    Compre: Batman – A Morte da Família.

  • Resenha | Batman: A Noite das Corujas

    Resenha | Batman: A Noite das Corujas

    Batman - A noite das Corujas - panini - capa

    A primeira saga pós-reboot da DC que envolve mais de um título surge através do herói mais popular (e caça-níqueis) da editora. A Noite das Corujas tem uma introdução presente nos primeiros sete números de Batman, de Scott Snyder e Greg Capullo, com o arco denominado A Corte das Corujas, que insere um culto secreto que influencia diretamente no curso da cidade, tomando para si os décimos-terceiros andares de todos os prédios da metrópole e liberando assassinos exímios que servem de capangas aos seus propósitos malignos, os Garras.

    A saga começa no número oito de Batman, mais uma vez capitaneada por Scott Snyder e, como já era previsto no arco primário, a Corte lançaria um ataque a Wayne. Tal investida é interessante e bem urdida, assim como toda a arquitetura dos assassinatos e a ordem das execuções dos grandes nomes de Gotham. As histórias extras, desenhadas pelo brasileiro Rafael Albuquerque – que já havia feito uma ótima parceira com Snyder em Vampiro Americano – dão um ar de urgência ao drama vivido pelo mordomo Alfred Pennyworth, verdadeiramente amedrontado pela presença dos Garras em sua casa.

    As revistas acessórias servem para mostrar como se alastrou a ameaça da Corte, especialmente em Asa Noturna – que mostra um Dick Grayson com uma causa pessoal – , desenhada magistralmente pelo brasileiro Eddy Barrows. Outras histórias paralelas servem como Tains da linha universal da trama. O checklist oficial inclui edições de Batwing, Batgirl, All Star Western, Batman e Robin, Mulher Gato, Detective Comics, Batman O Cavaleiro das Trevas, Capuz Vermelho e os Foras da Lei  e Aves de Rapina.

    Em Batman 9, a batalha dentro da mansão Wayne prossegue, com o Cruzado Encapuzado usando uma mega-armadura, a la Robocop, para combater o exército de capangas super-desenvolvidos. Em uma manobra semelhante a que fez em Ano Um, o herói se desvencilha dos opositores com seus companheiros mamíferos, para logo depois se enfiar em uma investigação pela cidade, em que chega atrasado para a execução de Lincoln March. Mais uma vez, a side-line envolvendo os Penyworths, ao final da edição, apresenta uma faceta mais interessante da saga. Os desenhos de Albuquerque abrilhantam demais as seções e tiram um pouco a sensação ruim deixada ao leitor ao ter de suportar a arte de Capullo. As origens explanadas incluem também tramas pretéritas do casal Thomas e Martha a respeito do que seria a Gotham do presente. A chamada Queda da Casa de Wayne é narrada por Jarvis Pennyworth, pai do fiel mordomo.

    Incrivelmente as edições de Batgirl não estão mal escritas. Gail Silmone, que estava à frente há pouco tempo dos roteiros de Aves de Rapina até faz um bom começo, com aventuras pouco rebuscadas e de cunho escapista. Até a escolha em por Barbara Gordon tendo um embate contra uma mulher parece ser uma escolha acertada, mesmo que soe covarde. Já em Batman e Robin, a publicação se baseia inteira no carisma de Damian Wayne, que não é pouco. Sua popularidade segura muito bem o título e a violência gráfica também prende a atenção do leitor.

    Um dos elementos que deveria ser o diferencial positivo da série acaba por vezes sendo um flagrante defeito. A motivação da Corte das Corujas seria a de limpar a cidade, mas como dito pelos próprios membros, eles são um meio-termo entre a justiça e o crime, o meio-termo entre o bem e o mal, o cinza que converge entre preto e branco. Esse posicionamento pretensamente equilibrado parece mais com algo pouco engajado do que um movimento taxativo. Serve para justificar o sobrenome do Asa Noturna, pois ele seria o “filho do Cinza” – Gray Son – e este argumento não é uma piada. Essa máxima precisava ser melhor trabalhada, e a negligência não se justifica por falta de espaço, visto que muitos números da saga nada dizem, ou seja, havia espaço para fundamentar isso.

    Um dos desfechos da saga se dá em Batman Annual 1, com roteiros de Scott Snyder e James Tynion IV, com desenhos de Peter Steigerwald, em uma história que explica um pouco a origem de Victor Fries – o Senhor Frio – além de contar qual foi a sua participação na “ressurreição” dos Garras que atacaram os alvos propostos pela alta cúpula. A gênese do vilão é trágica igual ao seu background pós-Crise nas Infinitas Terras, mas neste é atrelada a Waynetech e (muito) pessoalmente a Bruce, que destitui o cientista de sua pesquisa para a cura de sua esposa, por este não estar desempenhando bem o seu ofício empregatício primário. O herdeiro de ouro de Gotham tem uma postura muito radical e até meio egoísta, especialmente em contraste com o que falava no início do arco, sobre esperança, amor e paz, negand0-se a solidariedade que viria junto a todos esses bons predicados.

    O plot twist abre mão de uma condição praticamente canônica relativa a Senhor Frio somente para justificar a motivação de uma sociedade secreta (nunca antes mencionada), um algoz que não faz jus a tais retcons. Toda a construção relacionada a isto é chocante, mas sem qualidade; um grito sem espírito, carente de alma, algo sensacionalista e baseado em nada. Evidente que, a partir disso, a questionável moral do playboy órfão e filantropo volta a ser algo inabalável.

    O sacramento da honra de Bruce é preservada; o mesmo não pode-se dizer da moral presente no clã Wayne. A solução escolhida por Snyder para finalmente derrubar a portentosa Corte é muito fácil, nada original, com um ar irritante de comida requentada, pois o roteirista se vale de máximas antes utilizadas por Morrison e por Jeph Loeb em Silêncio, que já havia aventado a possibilidade do irmão  Thomas Wayne Júnior retornar – mesmo como um mcguffin safado – de forma muito apelativa. O grave problema de Corte das Corujas é que ela termina de modo anticlimático e conservador. Todo o circo armado serviria para fortalecer a mensagem repleta de pieguice do homem que jurou proteger a cidade a todo custo.

    Compre: Batman – A Noite das Corujas.

  • Resenha | Batman: A Corte Das Corujas

    Resenha | Batman: A Corte Das Corujas

    Batman - A Corte das Corujas - Panini
    Scott Snyder havia se notabilizado com uma história no selo Vertigo, passando os roteiros de O Vampiro Americano para Stephen King no começo e depois fechando a saga sozinho. Após fazer dez números de Detective Comics, Snyder se tornaria um dos queridinhos de Dan DiDidio e de todo o editorial da DC Comics responsável por Superman Sem Limites e pelas primeiras histórias do Monstro do Pântano. A primeira mostra dessa predileção é o título do Batman, que conta com desenhos de Greg Capullo.

    A primeira história, O Truque da Faca, mostra uma Gotham desesperançosa, quase jogada às baratas e repleta de malfeitores. Semelhante a uma reunião mequetrefe, a história é mais condizente com as do Homem-Aranha do que com as do Morcego, com criaturas como Espantalho, Crocodilo, Duas Caras, Charada e outros, que atacam o Cruzado Encapuzado de modo afoito, num embate puramente físico, que mal dá chance a qualquer elaboração de um plano mais sofisticado. Tal ataque serve para a comparação textual que Batman faz, comparando seus antagonistas a adolescentes, refutando a ideia de que a cidade reflete os seus vilões.

    Gotham é a imagem e semelhança de seu protetor, tanto é que o único bandido que se diferencia da patuleia é o Coringa. Não há uma introdução da origem do personagem. A figura que (supostamente) sofreu pouco ou quase nada com o reboot, de modo que a história de sua origem é postergada. Voltando à máxima da definição da cidade, Bruce Wayne, em discurso, fala que Gotham é algo indefinido, entre lar, família e/ou propósito. Diante de toda essa esperança, Bruce é apresentado a Lincoln March, CEO da March Venture, magnata e homem de negócio de importância enorme para a cidade, visto que quer se tornar prefeito.

    O mistério de um assassinato leva Batman a investigar o que seria a ação de um serial killer, que, segundo testes de DNA, bateria com as descrições de Dick Grayson, seu primeiro parceiro, o que estabeleceria uma clara quebra de confiança. Paralelo a isto, Lincoln March se aproxima de Bruce, mas não para captar apoio público ou verba para sua campanha, mas sim para ganhar um único voto, o do herdeiro e reconstrutor de Gotham. Há uma tentativa clara de criar-se uma ponte entre os dois socialites de Gotham, até pelo passado semelhante de ambos, pois Lincoln também foi órfão muito cedo. Mas a bela discussão dos dois é interrompida por um assassino, com vestes de coruja, que esfaqueia o político na frente de um temporariamente inerte Wayne. A reação de Bruce é de parecer defender-se de modo legítimo, como se tivesse sorte, e, como era de se esperar, o alvo real era mesmo ele. A Corte das Corujas é revelada aos seus olhos, e ele reafirma a promessa de que a cidade só teria uma lenda: o Batman.

    Uma das coisas mais interessantes dessa nova abordagem é o uso que o detetive dá à tecnologia, com interfaces mais interativas e dispositivos de alto rendimento e fácil manuseio – ao menos para ele. Nas palavras de Alfred, é como se a Batcaverna fosse levada para qualquer lugar através de uma “simples” lente ocular. As ultrapassadas ideias de que um computador do tamanho de uma caverna seria mais eficiente que dispositivos portáteis repletos de memória foram finalmente deixadas de lado, evoluindo alguns dos conceitos apresentados na fase de Grant Morrison à frente do número.

    Os problemas do roteiro de Snyder não são grotescos, mas sim de concepção. A ideia de instalar uma sociedade secreta – formada por novos ricos, que tem em si um número grande de assassinos treinados, e que se vale dos décimos terceiros andares dos prédios da metrópole – é curiosa, mas inverossímil. Acreditar que todo aquele aparato ficou incógnito por décadas e só seria descoberto pelo maior detetive do mundo em pleno século XXI é contestável demais, além de exigir do leitor uma suspensão de descrença imensa. A vontade de emular a questão de que os ninhos de corujas são feitos em lugares escondidos, longe dos olhos humanos mas próximos de seus lares, tem uma intenção genuína, porém conta com uma execução fraca.

    Com o desenrolar da trama, Batman se recusa a acreditar na existência da Corte das Corujas, um pouco por falta de fé, mas também por deixar transparecer um pouco de preciosismo e egocentrismo, e tal erro lhe custa caro. O Morcego é convidado a enfrentar seus opositores em um labirinto soturno, um local que, mesmo que o personagem geralmente se sinta à vontade, torna-se amedrontador. O embate não é exatamente físico e varia entre delírios mentais envolvendo o passado de Gotham e a realidade perigosa e predatória que ataca o vigilante.

    A arte de Capullo tem uma qualidade que é no mínimo discutível, mas ganha bons momentos nas edições cinco e seis, onde ele decide usar o seu lápis de modo mais anárquico, fazendo o seu Batman ficar até mais parrudo, semelhante ao que ocorrera com o Cavaleiro das Trevas de Frank Miller.

    O oponente Garra é um combatente interessante no começo, mas logo se mostra um sujeito comum, sendo mais um vilão ordinário e pouco diferenciado da patuleia criminosa de Gotham. Uma caça que ocorre na cadeia alimentar natural das aves sobre os mamíferos voadores. A explicação de Bruce a Dick de que ele poderia ser um membro da tal corte é risível, graças ao famigerado soco cirúrgico de Batman, que consegue arrancar exatamente o dente com a inscrição da ave esculpida. A solução é fraquíssima e causa gargalhadas em quem acompanha as desventuras do Cruzado Encapuzado. Logo depois, a Corte manda seu “exército de Garras” cruzar o caminho de Bruce Wayne, no que seria a primeira mega saga envolvendo a batfamília, denominada Noite das Corujas. Apesar dos muitos tropeços, os primeiros sete números de Batman mostram uma aventura escapista até divertida, claro, levando-se em conta concessões às problemáticas infantis.

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