Crítica | Em Um Mundo Interior
Flavio Frederico e Mariana Pamplona trazem a luz o longa Um Mundo Interior, um filme que começa com cenas em preto e branco, acompanhado da música Bruta Flor do Querer, de Caetano Veloso, poetizando seu início para logo depois mostrar a rotina de crianças com transtorno do espectro do autismo, mostrando como as famílias dos meninos e meninas lidam com essa condição.
O documentário entrevista médicos, especialistas e principalmente quem lida com isso diariamente, e tem o cuidado de mostrar autistas com idades diferentes, inclusive adultos. Ele se aprofunda na explicação sobre as dificuldades de comunicação que a maioria dos que têm costumam sofrer. Também se explica a problemática com algumas texturas, e com sons mais extremos, assim como as repetições. Em especial a questão de se repetir dificulta muito o modo de lidar com outras pessoas, que normalmente se entendiam com uma rotina sem surpresa nenhuma.
O documentário mostra de maneira bastante didática como uma pessoa que sofre de autismo costuma se desenvolver, atrapalhando em graus diferentes em sua interação com o mundo externo, daí o nome do filme Em Um Mundo Interior passa a fazer maior sentido, porque o status quo de quem tem autismo é bem esse, de que se vive num universo próprio que tem que se colidir com um novo paradigma.
A curta duração do filme ajuda a não tornar o estudo algo repetitivo, e o fato dele explicitar tudo de forma muito detalhada, emulando o aprendizado dos rapazes e meninas biografadas, ao mesmo que, não se doura a pílula em volta do autismo. O filme tem responsabilidade de não romantizar a questão como algo super positivo, quando se é claramente difícil lidar com tudo isso – uma simples saída para o parque em um domingo tem que ser muito bem planejada, até para simples coisas como uma queda no banheiro. A mensagem final é que é preciso ter paciência com as pessoas, sejam com as que tem autismo, como com as que a cercam, e esse cuidado é muito bem exemplificado dentro de Um Mundo Interior.
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