Review | Bloodstained: Ritual of the Night
Castlevania: Symphony of the Night é um dos jogos mais importantes da geração Playstation. Duas décadas após seu lançamento, ainda é lembrado com muito carinho e apreço pelos fãs. Há algum tempo, o diretor do jogo, Koji Igarashi, iniciou um projeto de financiamento coletivo para desenvolver uma espécie de sucessor espiritual de Symphony of the Night. Após alguns contratempos e atrasos, finalmente o projeto foi concluído, e o resultado será analisado a seguir.
As inspirações de Igarashi são óbvias. Podemos dizer, sem medo de errar, que Bloodstained é praticamente um novo Symphony of the Night sem ser Castlevania. Estilo visual, temáticas, jogabilidade, tudo é muito familiar ao clássico do Playstation.
Optou-se pelo 2.5D, ou seja, gráficos 3D com jogabilidade do plano 2D. Mas isso não impediu que, em diversos momentos, a protagonista Mirian saia da ” linha reta” e ande circulando partes do cenário. O plano de movimento continua 2D enquanto que o cenário vai girando, dando a impressão de maior liberdade de exploração. Os gráficos são bonitos, e a direção de arte ajuda bastante.
Tanto cenários quanto inimigos lembram bastante a fonte inspiradora. Lobos gigantes que, ao serem mortos, uivam e se esvaem em fogo; cabeças flutuantes; sinos enormes; subterrâneo cheio de água. Estes são apenas alguns exemplos que deixarão o jogador nostálgico se sentindo em casa. E como se não bastasse, o mapa é praticamente IGUAL, tanto na estética quanto da cor.
A jogabilidade é bem semelhante ao clássico, com ataques, pulos, magias e esquiva para trás. Existe um vasto arsenal de armas, com forças, habilidades e manuseio variados. Algumas possuem habilidades ativadas por um comando. A grande novidade é a implementação de armas de fogo, o que traz mais variações nos combates (apesar de não ter visto muitas vantagens). Grande também é a variedade de equipamentos (armaduras, chapéus/capacetes, anéis etc), sendo importante escolher os melhores em cada situação. Também é possível fabricar itens a partir de coisas adquiridas ao longo da jornada (o famoso “craft”).
Um dos pontos mais fortes do jogo é a quantidade de magias e habilidades. São adquiridas por fragmentos deixados pelos inimigos ou encontrados ao longo da jornada. São diversos tipos, de acordo com a cor do fragmento. Os fragmentos vermelhos, por exemplo, são as magias “comuns”. Já os amarelos trazem habilidades passivas, geralmente aumentando algum atributo. Outros trazem magias direcionadas pela mão da personagem, utilizando o analógico da direita.
Não poderíamos deixar de pontuar mais alguns exemplos de referências diretas à Symphony of the Night. Vamos lá: magia que recupera energia com o sangue dos inimigos; familiares de suporte, dentre eles uma fada, uma cabeça flutuante e uma espada; uma armadura pesada que muda completamente o visual e a jogabilidade da personagem, que no clássico era o Axe Lord (e em Bloodstained temos uma grande homenagem a um jogo indie muito querido – deixo para vocês descobrirem qual); o super-pulo das Gravity Boots foi substituído por uma habilidade que faz jus ao nome do item e tem o mesmíssimo comando de ativação.
Além disso, alguns easter eggs bem interessantes. Existe uma determinada sala em que vários espinhos estão espalhados. Você precisa pular os espinhos até chegar ao final dela e adquirir uma Armadura de Espinhos. Quem é das antigas vai se lembrar que existia uma armadura para quebrar espinhos do cenário. Aqui o fã é levado a crer que esta armadura fará a mesma coisa. Esse Igarashi é um brincalhão.
Quando ouvir a trilha sonora, também soará familiar. Não por acaso, afinal a compositora é a talentosíssima Michiru Yamane, responsável por diversas trilhas de Castlevania, inclusive Symphony of the Night. A compositora seguiu o estilo que lhe é peculiar e realizou diversas músicas muito boas.
De uma forma geral, o jogo ficou excelente, um verdadeiro presente aos fãs de Symphony of the Night. Alguns problemas existem, como certas partes do level design e o combate frustrante em certos momentos (seja pela dificuldade excessiva de alguns chefes, seja pelo fato de o inimigo ser difícil de acertar com sua arma). Os diálogos também são cansativos e não me trouxeram nenhum ânimo para entender a história. Pelo menos as atuações de vozes são legais, e merece destaque a participação de David Hayter, a eterna voz de Solid Snake e Big Boss na série Metal Gear Solid (que por ironia do destino, também é da Konami, tal como Castlevania). Fãs do clássico, joguem sem medo. Novos jogadores, apreciem um belo metroidvania da nova geração com a essência da velha guarda.
Disponível para PC e consoles.