Tag: Miguel Falabella

  • Review | Que História é Essa, Porchat? – 1ª Temporada

    Review | Que História é Essa, Porchat? – 1ª Temporada

    Depois de apresentar um talk show na Rede Record – onde ele mesmo dizia ter dificuldade em encontrar bons momentos ou falas dos entrevistados, visto que havia um número limitado de pessoas disponíveis – Fábio Porchat finalmente traz a luz seu novo programa, no canal de televisão a cabo GNT, como parte do grupo Globo. Em Que História é Essa, Porchat? o que sobressai é um formato simples, onde ele tem três convidados famosos, normalmente de áreas culturais e de trabalho diferentes e que abarcam a arte, variando entre historias engraçadas deles, de conhecidos do próprio ancora e de pessoas anônimas, resumindo  em si a pecha clichê típica dos videos compilados do programa de Jô Soares, onde o convidado fazia o mesmo “morrer de rir”, apelando para que todas as historias tenham esse caráter.

    A primeira temporada tem um total de 20 episódios, e é constituído entre uma mesa redonda de discussão e entrevistas com a platéia, variando entre o círculo central, as laterais onde a família do apresentador e pessoas não famosas ficam, e o balcão de bar onde ocorre o tom mais confessional dos episódios. No começo de cada capítulo há uma clara dificuldade em quebrar o gelo, o trio de famosos ou semi famosos tenta se entrosar e na maioria das vezes tudo parece muito arquitetado para emular uma intimidade falsa, mas essa sensação muito típica dos programas da GNT – vide o as vezes forçado Papo de Segunda que também conta com Fábio – e é até driblada dependendo da espontaneidade dos que compõem a mesa.

    A introdução do programa é por si só curiosa, mostrando ele sob várias facetas, como personagem grego, como descobridor do Brasil Pedro Álvares Cabral ou como odalisca. Ela serve para ambientar a quantidade de mundos, lugares e tempos que serão visitados pelas falas dos que colaboram com Porchat. Os destaques entre os convidados são os que fogem da pecha de astro global, pois figuras  como Tony Ramos, Edson Celulari ou Regina Casé até tem boas historias, mas há muita preocupação em não se queimar ou não queimar algum colega, exceto Miguel Falabella, que consegue ser uma boa interseção entre o astro e o sujeito que não tem receio de contar suas vergonhas.

    As historias por sua vez de Silvero Pereira (de Bacurau), Paulo Vieira (que co-apresentou o Programa do Porchat e está atualmente no bom Fora de Hora), Kiko Mascarenhas (atualmente em Éramos Seis) são não só hilários como também muito palpáveis, e a escolha do canal GNT em disponibilizar as historias no Youtube ajuda a difundir o conteúdo legal do programa, além de ser uma saída inteligente, pois hoje o apresentador é mais associado ao que produz para a internet como o Porta dos Fundos do que pelo que faz para a TV.

    Há uma promessa de que esse misto de Talk Show e programa de variedades volte no ano de 2020, e certamente ainda haverão muitas figuras que orbitam a intimidade dos famosos globais ou não a serem expostas, mas certamente isso será melhor explorado caso não hajam grandes pudores por parte de quem participa deste Que História é Essa, Porchat?, pois da parte do âncora não há qualquer dificuldade de se adaptar ao ambiente de mesa de bar onde os amigos conversam sobre amenidades, dissabores e furadas.

    Facebook – Página e Grupo | TwitterInstagram | Spotify.
  • Crítica | Sai de Baixo: O Filme

    Crítica | Sai de Baixo: O Filme

    Sabe aquela piada velha contada por um tio bêbado num churrasco de domingo que teria sido engraçada vinte anos atrás, mas hoje em dia se torna apenas algo inapropriado e desconfortante? Pois é isso que Sai de Baixo: O Filme se parece. Um produto fora de sua época, tentando um suspiro de relevância após um tempo que já há muito se passou. O longa traz de volta os personagens centrais da sitcom noventista, adiciona alguns novos e omite outros importantes (ah, Cláudia Jimenez, como fez falta sua Edileuza!), tendo como personagem principal o trambiqueiro Caco Antibes (Miguel Falabella, confortável como sempre no papel).

    Após uma temporada na cadeia, Caco retorna ao Arouche para descobrir que sua família está ainda mais falida do que nunca, morando escondidos no velho apartamento de Vavá (Luís Gustavo, que por ordens médicas não pôde participar mais do que em uma ponta no filme) – que foi aberto à visitação pública para venda – e são obrigados a dividir o teto com o porteiro Ribamar (Tom Cavalcanti, ainda mais caricato que na série). Para conseguir melhorar sua situação financeira, tanto Caco como Magda (Marisa Orth) acabam aceitando uma missão secreta de contrabando de pedras preciosas para fora da fronteira do Brasil.

    O filme então descamba para uma road trip sem sentido,na qual uns poucos momentos podem arrancar um sorrisinho do espectador – em especial as quebras da quarta parede, quando Caco revela alguns problemas dos bastidores das filmagens. As interpretações estereotipadas e caricatas ao extremo de Tom Cavalcanti, principalmente ao retratar a tia nordestina de Ribamar, soam anacrônicas e sem graça. Por incrível que pareça, a única coisa antiga que continua atual é o horror de Caco Antibes a pobres e seu discurso altamente elitista, um reflexo de uma classe média falida que come ovo frito e arrota caviar, parecendo estar alheia de sua própria realidade sócio-econômica. Caco é trapaceiro, egoísta e hipócrita ao extremo, apresentando-se sempre como baluarte da honestidade, um “cidadão de bem” preconceituoso e rasteiro.

    Dos novos personagens, destaca-se a prima Angelita, interpretada brilhantemente por Lúcio Mauro Filho – que faz também o papel de seu irmão gêmeo, e Caquinho, que já foi um boneco animatrônico no palco e no longa é interpretado por Rafael Canedo. Já Cibalena, personagem de Cacau Protásio, não é nada lá muito original e apenas cobre o papel que seria de Edileuza.

    Muitas piadas se perdem para quem não era assíduo telespectador da série original, como alguns bordões e piadas internas – principalmente sobre o laquê de cabelo de Aracy Balabanian. No resto, a trama se perde em cenas sem sentido e tem um desfecho clichê , mas que ao menos nos dá o gosto de ver a película chegar ao fim. No final das contas, o longa é uma piada velha, que talvez fosse melhor não ter sido recontada.

    Facebook – Página e Grupo | Twitter Instagram | Spotify.