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  • Crítica | Trolls

    Crítica | Trolls

    Transformers, Lego, G.I. Joe (Comandos em Ação para os brazucas) são franquias de brinquedos que se tornaram filmes recentemente. Trolls é mais um desses exemplos. Lembram-se daqueles duendezinhos de cabelos arrepiados e coloridos que eram febre anos atrás? Pois é. Viraram filme pelas mãos do estúdio Dreamworks. Um filme bem bacana, por sinal.

    Na trama, os Trolls vivem alegres e saltitantes e tem três objetivos muito simples na vida: abraçar, cantar e dançar. Podemos dizer que eles vivem somente para ser estupidamente felizes. Porém, próximos a eles vivem os Bergens, monstros que são o oposto dos Trolls. Pra piorar, eles acreditam que a felicidade só vem ao transformar um troll em seu prato principal. Após um grupo dos duendes cabeludinhos fofos ser capturados pelos monstrengos depressivos, a princesa Poppy (voz original de Anna Kendrick) se junta ao amargurado Tronco (voz original de Justin Timberlake) – sim, ele é um troll triste – para resgatar a turma. Para conseguir a proeza, eles ainda vão buscar a ajuda de Bridget (dublada por Zooey Deschanel), uma assistente de cozinha bergen que é apaixonada pelo príncipe da tribo das estranhas criaturas tristonhas.

    O visual do filme é muito bonito. O colorido da tribo Troll em contraponto com a predominância de tons foscos e acinzentados da tribo Bergen provoca um interessante contraste. Mais ainda, enquanto os primeiros possuem traços fofinhos e arredondados, os últimos são bem tronchos, remetendo a algumas criaturas de animações de Tim Burton. É inegável o extremo apuro técnico dos estúdios Dreamworks.

    O roteiro de Jonathan Aibel e Glenn Berger baseado em uma história de Erica Rivinoja recicla algumas idéias dos filmes de Shrek, principalmente no que tange à busca da felicidade dentro de si mesmo e se aceitar da maneira que é. Não à toa, os diretores Mike Mitchell e Walt Dohrn já trabalharam na saga do ogro verde. Tal aspecto fica bem explícito pela personagem Bridget, a Bergen que funciona como uma espécie de antítese das personagens de conto de fadas. Ingênua em demasia, autodepreciativa e desajustada, a estranha cozinheira é de longe a personagem mais cativante de toda a história. A dublagem inspirada de Deschanel ajuda a acentuar o carisma dela. Os outros protagonistas do filme, o troll triste Tronco e a Princesa Poppy, são mais genéricos e sucumbem até a alguns maniqueísmos ao longo da projeção, mas nada que seja prejudicial à película.

    Talvez o grande acerto do filme esteja na escolha da trilha sonora. Composta por sucessos como “The Sound of Silence” de Simon e Garfunkel, “Move Your Feet” da banda Junior Senior, “September”, do Earth Wind and Fire; Cyndi Lauper e “True Colors”; e até mesmo a ultra melosa “Hello” de Lionel Richie, a trilha se incorpora ao filme pontuando várias cenas importantes e entrando até mesmo de forma imprevisível. Em alguns momentos, as músicas aparecem ao pé da letra, em outros aparecem com leves corruptelas, mostrando o ótimo trabalho de Justin Timberlake como produtor executivo musical e “Can’t Stop the Feeling!”, canção original composta pelo próprio Timberlake em parceria com Max Martin e Shellbeck e indicada ao Oscar de melhor canção original é uma música alto astral que capta bem a essência do filme.

    Trolls apesar de todas as qualidades que possui, soa infantil demais em alguns momentos, coisa que pode desagradar a alguns espectadores adultos. Entretanto, mostra-se uma ótima animação e um excelente divertimento para os pequenos.

  • Crítica | Bob Esponja: Um Herói Fora D’Água

    Crítica | Bob Esponja: Um Herói Fora D’Água

    Bob Esponja Um Herói Fora Dagua 1

    A animação Bob Esponja: Um Herói Fora d’Água é a segunda incursão, na grande tela, de Bob Esponja Calça Quadrada, série produzida pela Nickelodeon e criada pelo biólogo marinho Stephen Hillenburg originalmente como um programa educativo sobre os oceanos.

    Diferente do modesto primeiro longa de 2004, desta vez os diretores Mike Mitchell e Paul Tibbitt aproveitam-se do recurso 3D e da animação CGI para extrair todo o potencial comercial deste personagem, que conta inclusive com um clipe de Pharrel Willians como peça promocional. O resultado é uma bilheteria astronômica que foi capaz de desbancar o fenômeno Sniper Americano em solo americano.

    Sucesso desde sempre, a série é sobrevivente de uma outra época das animações por manter-se convicta de seu carisma e apelo cultural, e não à toa é produzida desde 1997. Nada muda. Não possui arcos ou desenvolvimento de personagens: é apenas uma comédia bem moldada nas bases do humor físico de caráter ingenuamente “vergonha alheia”.

    Um herói que deve consertar seu erro ingênuo é ingrediente essencial em qualquer aventura, porém na comédia o herói não aprende com seus erros, mas sim os repete à exaustão. Neste aspecto, as aventuras de Bob Esponja são precursoras do meme ao trabalhar aspectos recorrentes e esgarçar a piada no limite do incômodo, porém com a inserção de gags que trabalham a quebra da lógica, criando o efeito humorístico. Não seria diferente então nos cinemas. Aqui, vemos as mesmas piadas de sempre, com o Planck tentando roubar a fórmula do hambúrguer de siri  ̶  que é basicamente a sinopse do filme  ̶ , adicionada a uma excelente justificativa do porquê ninguém decorou essa fórmula ainda.

    Com um desenrolar mais lento que o de costume, os diretores conseguem acelerar o ritmo para o padrão alucinado que as animações têm hoje em dia ao fazer a troca periódica da ação e cenários como quem estivesse submetido a um metrônomo, e assim manter as crianças filhas da Ritalina entretidas.

    O resultado, porém, é um filme enfadonho em diversos momentos, por ser bem menos ousado que sua versão televisiva e pela necessidade de prender a atenção do público por mais tempo do que o tempo de piada, o que diminui a malemolência de sua comédia perante a imposição de um ritmo bem mais rígido que retira o prazer da surpresa e da subversão costumeira.

    Com bons momentos, como a participação do primo do Fliper na obra e uma ou outra piada, mas sem conseguir potencializar o que já conhecemos, Bob Esponja: Um Herói Fora d’Água é uma adaptação competente, mas bem distante de seu “verdadeiro eu” da TV. Há algum espaço para deixar claro que Bob esponja vem de outra mídia, tanto que, ao ir para o mundo real, a animação muda de técnica e tira sarro do melodrama heroico, daquilo que é nativo do cinema. Neste ponto, o filme mostra realmente a que veio, mas aí ele já está quase no final.

    Texto de autoria de Marcos Paulo Oliveira.