Review | The Confession
A internet se tornou o maior veículo de divulgação de todos os tempos. Diariamente milhões de pessoas vomitam material na Grande Rede, desde músicas toscamente gravadas até curta-metragens bem produzidos. Toda essa facilidade de produzir audiovisual, unidos ao poder de distribuição barata e rápida via internet, criou um espaço favorável aos amantes da cultura – tanto quem consome quanto quem produz.
Nos últimos anos presenciamos um novo formato se expandindo: as webseries. Só para citar alguns exemplos: The Guild, que mostra um grupo de nerds jogadores de MMORPG; Web Terapy, onde Lisa Kudrow (a eterna Phoebe de Friends) faz terapias online com seus pacientes; The Cell, produzida pelo Canal FX; Mortal Kombat Legacy, entre outras. No meio de todas essas, temos The Confession, estrelada por Kiefer Sutherland e John Hurt.
Sutherland é um assassino que, certa vez, decide ir à igreja para se confessar – aparentemente por motivos óbvios. Lá, encontra o padre, Hurt, e para ele revela que matou uma pessoa no dia anterior.
Só para constar, os personagens principais – e a maioria dos demais – não tem seus nomes mencionados na série.
O que aconteceu no dia anterior: Sutherland, quando estava prestes a executar seu alvo, quando este pede um momento para rezar. O assassino concede este último ato benevolente, e, antes de atirar na cabeça do infeliz, recebe as palavras “Eu te perdoo”. Com isso, o assassino questiona o padre sobre os valores da religião, da fé, do significado dos diversos homicídios que cometeu e várias outras coisas. A conversa entre os dois vai tomando rumos cada vez mais inusitados, e os personagem, aos poucos, são construídos e desconstruídos.
Sutherland e Hurt merecem aplausos pelas excelentes interpretações; 90% da série é focada no diálogo entre eles, e cada um é muito competente em seu papel. No decorrer dos episódios, a trama sofre mudanças, e os personagens acompanham muito bem. A trilha sonora, apesar de genérica, é eficiente.
São apenas 10 episódios de, em média, 6 minutos cada. Esse formato funciona como um livro de capítulos curtos: você lê, e, chegando ao final, fica curioso para saber o que acontecerá em seguida. É impressionante a quantidade de desenvolvimento feito com tão pouco tempo. Apesar de curta, a série não é superficial. Tanto o roteiro quanto os personagens são bem trabalhados. Várias idéias já utilizadas em diversas outras séries e filmes são bem encaixadas em The Confession, que, apesar de não ser inovadora ou revolucionária, esbanja qualidade.