Crítica | Resgate
Falar que a Netflix é uma empresa de sucesso é chover no molhado. Já tem alguns poucos anos que a gigante de streaming vem apresentando produções de extrema qualidade, seja no que diz respeito a filmes, seja no que diz respeito a seriados. Mas também, nem tudo são flores, já que, ainda assim, a quantidade de produções de qualidade duvidosa, supera facilmente as boas produções. Por exemplo, faltava à empresa uma produção de ação que fosse digna. E olha que não foi por falta de tentativa, mas foi difícil de acertar até Resgate ser lançado.
Pra quem gosta das produções mais recentes da Marvel, Resgate guarda muitas relações com o UCM – Universo Cinemático Marvel, a começar pelo protagonista Chris Hemstorth, o Thor. O filme tem o roteiro de Joe Russo, um dos diretores do melhor filme da Marvel, Capitão América 2: O Soldado Invernal, além dos clássicos Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato, sendo que temos a direção de Sam Hargrave, estreando em grande estilo nessa produção. Hargrave é o braço direito da Marvel Studios, sendo dublê, coordenador de dublês e diretor de segunda unidade de diversos filmes da casa. O filme ainda conta com uma participação de David Habour, que será o Guardião Vermelho no filme da Viúva Negra.
O filme conta a história de Tyler Rake (Hemsworth), um mercenário que recebe uma importante tarefa: resgatar o jovem Ovi Mahajan (Rudhraksh Jaiswal), filho de Ovi Mahajan Senior (Pankaj Tripathi), nada mais nada menos que o maior traficante da Índia e que está preso. O mandante do sequestro é Amir Asif (Priyanshu Painyuli), o maior rival de Nahajan Senior e o maior traficante de Bangladesh. Vale destacar que antes de Ovi ser levado, ele estava sob os cuidados de Saju (Randeep Hooda), que decide ir atrás do menino em troca da segurança de sua família, agora ameaçada.
Não demora muito para Resgate ter um jogo interessante de gato e rato, uma vez que temos a equipe de Tyler atrás do menino, enquanto o mercenário cuida da extração do jovem e paralelo a isso, podemos ver os capangas de Amir e Saju fazendo de tudo o que é possível para atrapalhar a vida do protagonista e é aí que podemos ver uma das cenas de ação mais sensacionais da história do cinema, em um plano sequência absurdo, que começa com uma perseguição a pé e combates violentos “mano a mano” pelas apertadas casas da região e que termina numa empolgante perseguição envolvendo carros, onde a câmera na mão, diversas vezes, entra e sai do carro com o máximo de destreza possível. Toda essa ousada sequência dura cerca de quinze minutos e mostra que o diretor não veio para brincar.
Aliás, o filme tem ação do começo ao fim e pouco desacelera, mas o suficiente para estabelecer relações entre os personagens, principalmente na relação de Tyler com Ovi e de Amir com um outro jovem rapaz que decide entrar para o tráfico numa cena bem forte envolvendo crianças.
Quanto ao roteiro de Joe Russo, cabe um detalhe: não tem nada de diferente de algo que o espectador já não tenha visto em filmes de sequestro e olha que Russo estava amparado pela história original, já que o filme é uma adaptação de uma graphic novel chamada Ciudad, de Ande Parks. Assim, o destaque fica mesmo totalmente voltado à ação que aqui, guarda semelhanças com duas ótimas franquias, como a de John Wick (coincidentemente uma franquia desenvolvida por coordenadores de cenas de ação) e Operação: Invasão.
Com isso, a Netflix emplaca seu primeiro grande filme de ação e os números não mentem, já que a produção deve alcançar noventa milhões de views em seu primeiro mês, batendo outra promessa da empresa, mas que não emplacou, Esquadrão 6, o que faz com que Joe Russo, possivelmente, tenha ganhado sinal verde para a produção de uma continuação.
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Texto de autoria de David Matheus Nunes.