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  • Resenha | Homem-Aranha Superior: Mal Necessário

    Resenha | Homem-Aranha Superior: Mal Necessário

    Lançado em Outubro de 2017 em formato encadernado pela Panini Comics, Homem-Aranha Superior – Mal Necessário, compilando as edições #17 a #21 de Superior Spider Man, é o quinto volume dedicado a fase Nova Marvel em que o aracnídeo é, na verdade, o arqui-inimigo Otto Octavius.

    A essa fase da leitura, em que a revista está consolidada e com dez números de seu final, é perceptível que a saga de Dan Slott foi bem-sucedida. Mesmo parecendo improvável em seu argumento inicial, ao colocar um outro personagem para viver como Peter Parker e Homem-Aranha, novas dinâmicas entraram em cena promovendo naturais evoluções para o teioso. Ações negadas pelo Aranha original foram desenvolvidas pelo Aranha Oquinho. Como um homem mais egocêntrico, Octavius focou ainda mais na evolução de Parker, tanto como ser humano como herói.  No âmbito pessoal, finalmente defendeu um doutorado, oficializando-se como um Doutor de fato. No escopo heroico, investiu em verba para novas armaduras e invenções que tanto melhoraram a ação do herói como trouxeram novas maneiras de lutar com os vilões de sempre.

    Dessa forma, como nos volumes anteriores, esse encadernado compila duas histórias em apenas seis edições. A escolha por apresentar tramas menores, no batido menos é mais, evita qualquer prolongamento desnecessário da ação. A história que abre o encadernado, De Volta Para o Presente, traz novamente em cena a versão futurista do Aranha, criada em 1992 por Peter David e Rick Leonardi. Miguel O´Hara, o Homem-Aranha 2099, retorna ao nosso presente para evitar um desmembramento temporal que destruirá o futuro.

    A personagem não aparecia em uma edição da Marvel há tempos. Em 2009, uma edição especial intitulada Timestorm 2099 – publicada no Brasil em Marvel Especial n° 18 – Marvel 2099 – apresentava mais uma aventura dos heróis de 2099 com breves modificações narrativas. Uma daquelas edições homenagem que o enfoque de vendas é tão alto que a trama é irrisória, apenas para ativar a nostalgia dos leitores. De qualquer maneira, o mesmo conflito temporal é visto na nova aventura, promovendo não só o encontro dos dois aracnídeos como dando prosseguimento a fase do Oquinho-Aranha com a destruição dos Laboratórios Horizonte após o restabelecimento da anomalia cronal.

    As histórias seguintes, Aranha Ainda Avança! e Damas Fatais tem uma aparição relâmpago da Gata Negra, tratada como bandida pelo novo Aranha. Após o crossover, a trama é apoiada na evolução de Peter Octavius que não só defende o doutorado como decide abrir a própria empresa para criar novas patentes e experimentos. Em que situação o azarado Parker pensaria em dar um passo tão grande se não fosse ele Otto Octavius?

    Slott não tem medo de deslocar certas bases da personagem, bem como tem conhecimento sobre o herói para reconhecer quais modificações podem se adequar as tramas. Como qualquer leitor reconhece que Peter Parker retornará cedo ou tarde, as evoluções são positivas tanto para o novo Aranha quanto para estruturar problemas futuros que o original terá de lidar.

    Assim como nos encadernados anteriores, há pequenas cenas que configuram um arco futuro envolvendo o Duende Verde, bem como apresentam a investigação da ex-namorada Carlie Cooper sobre o novo Aranha, uma intriga que virá à tona em um futuro próximo. Nesse encadernado, dois desenhistas assinam os traços: Ryan Stegman e Giuseppe Camuncoli. Um alívio se comparado ao sempre – deformado – difícil traço de Humberto Ramos presente em edições anteriores.

     Homem-Aranha Superior – Mal Necessário mantém com qualidade a divertida nova fase do Aracnídeo entre tramas enxutas e um bom equilibro entre personagens eargumentos clássicos e boas novidades em cena.

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  • Resenha | Homem-Aranha Superior: Meu Pior Inimigo

    Resenha | Homem-Aranha Superior: Meu Pior Inimigo

    Homem Aranha Superior - Meu Pior Inimigo

    A era Nova Marvel promoveu uma maciça modificação dentro do estúdio, fundamentando um novo ponto de partida para a leitura, sem a necessidade de um reboot oficial, desenvolvendo novos conceitos a partir das bases tradicionais. Diante deste cenário, Dan Slott foi um dos roteiristas que, devido a um bom trabalho editorial anterior iniciado em 2008, se manteve à frente do mesmo título nesta nova fase.

    Quando o roteirista assumiu as edições de Amazing Spider-Man, o aracnídeo passava por uma reestrutura editorial. Diversas revistas do herói foram canceladas para que Amazing ganhasse maior periodicidade, com três novos números ao mês. Enquanto, na trama, parte de acontecimentos recentes, como a revelação pública de Peter Parker na Guerra Civil e um atentado que vitimou Tia May, era anulada devido a um pacto com Mefisto, que em troca exigiu as memórias do casamento com Mary Jane Watson. O argumento controverso e simplista gerou um resultado eficiente, retomando parte da essência do Aranha em sua fase inicial e introduzindo novos dramas e personagens, além de vilões repaginados. Até uma nova reviravolta, cinco anos depois, iniciando a fase Nova Marvel.

    Neste novo início, há uma transformação radical em que o grande vilão Doutor Octopus, finalmente, vence o herói e transfere sua mente para o corpo de Parker, deixando-o em seu velho e doente corpo. Publicado originalmente no país pela Panini Comics na nova mensal Homem-Aranha Superior, a trama de Meu Pior Inimigo compila as edições #1 a #5 de Superior Spider-Man em edição encadernada em capa dura.

    A intenção primordial desta nova fase é proporcionar ao leitor uma nova visão de um universo conhecido. No arco anterior, Último Desejo, trama de transição entre uma fase e outra, havia a inferência de que, mesmo em corpos trocados, parte da consciência de Peter acompanhava Octavius. Dessa maneira, a personagem se mantém presente neste novo Homem-Aranha como um observador crítico dos passos de Oquinho em sua pele e, consequentemente, sendo a ligação explícita com o leitor.

    Neste novo ambiente, Slott mantém o mesmo estilo narrativo anterior, feito que demonstra que, apesar de uma modificação temática, estruturalmente a coerência se mantém. E, pela confiança de boas histórias anteriores, há maior chance desta fase ter credibilidade, ainda que neste primeiro momento não saibamos como o argumento será desenvolvido. A trama opta por inserir pequenas ações demonstrando as diferenças básicas entre o Aranha clássico e este superior. Desde aspectos íntimos sobre origens familiares, como também o comportamento em ação.

    Otto Octavius não é um herói tradicional como Peter Parker. Sem uma explícita emoção, trabalha de maneira técnica e científica. Desenvolvendo aparatos e sistemas para que possa monitorar remotamente a cidade inteira e, assim, dedicar tempo a situações que o aracnídeo negligenciava em detrimento do heroísmo: a família e as relações amorosas do alter-ego. Se um novo Homem-Aranha causa estranheza inicial, o roteiro ilumina outra faceta de Octavius, destruindo o senso de um vilão tradicional e plano, para um personagem com dramas internos que começa, a partir da vivência como herói, a ter uma nova visão sobre si mesmo, o conceito de vilania e o próprio Homem-Aranha.

    Ainda que o recurso de inserir Parker como um observador de sua própria história seja fantasioso, afinal as personagens trocaram de consciência e não deveriam existir reminiscências, as duas personalidades promovem um interessante contraste que corrobora a favor de Slott, evidenciando que esta nova fase faz parte de um planejamento bem realizado para causar impacto e boas vendas. Afinal, o público sabe que, em um futuro breve, o Homem-Aranha tradicional estará de volta.

    Mesmo sem uma grande primeira história, Homem-Aranha Superior se desenvolve com qualidade, e demonstra afinidade de um roteirista que conhece bem o universo da personagem a ponto de modificar certas bases sem retirar a essência.

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    Homem-Aranha Superior - 01