Resenha | Justiceiro – Vol. 1
Após o reboot da DC Comics, a Marvel aproveitou o final de uma grande saga para realinhar os títulos, promovendo novas equipes criativas, fazendo modificações dentro da cronologia e outros processos para manter leitores, além de propor novos argumentos. Como mudanças sempre regem o mercado, uma novidade é sobreposta a outra em um curto período, motivo que proporcionou uma nova fase dentro da Nova Marvel intitulada Totalmente Nova Marvel. Nada de novo diante da anterior, somente um novo ponto de início normativo.
Com o fim da revista The Punisher lançada em 2011 e roteirizada por Greg Rucka, O Justiceiro estava em hiato de sua revista solo. A personagem participou da equipe dos Thunderbolts na Nova Marvel e retornou em uma série em 2014, a qual Justiceiro: Preto e Branco publica os seis primeiros números, com roteiro de Nathan Edmonston (também responsável por Viúva Negra e Deathlock) e desenhados por Mitch Gerards.
Frank Castle agora está em uma nova cidade, ainda mantendo a mesma visão de destruir qualquer um que não considera inocente, focado no tráfico de drogas como um dos grandes males da sociedade. Na história, Castle enfrenta a gangue dos Dos Sols aliada à I.M.A., mas também é um homem caçado pelo Comando Selvagem. A série tenta manter uma narrativa séria e adulta, na medida do possível, para está versão da personagem, ainda que não seja tão forte quando o Justiceiro da fase Marvel Knights, pré-Max, de Garth Ennis.
Duas narrativas se entrelaçam na história: a busca de Castle pelos traficantes e um grupo de elite cuja missão é matar o Justiceiro. Narrado pela própria personagem, Castle parece conhecer sua supremacia tática diante de outros. Não há nenhuma dúvida sobre sua falhas e ele mesmo parece se ver como um personagem mais destemido do que aquele de outrora. O início se mantém interessante ao pontuá-lo em Los Angeles, aproximando-se de uma visão mais realista de um homem que trabalha sozinho com planos bem delineados. Talvez pela necessidade de personagens de maior apelo, um vilão conhecido entra em cena parecendo mais uma obrigação do que um argumento inédito. Quando surge Electro, a história perde qualidade ao configurar o embate entre vilão e mocinho, ou vilão e um vilão maior.
Se Castle havia ganhado profundidade na passagem de Ennis na versão Max, mantida por Jason Aaron, aqui a personagem parece reduzida a um estereótipo com frases de efeito, reafirmando que não é um homem, mas um justiceiro, como se fosse mais que um humano. Uma visão equivocada desta personagem apoiada no conceito de um anti-herói. Talvez evitando a sombra de grandes roteiristas anteriores, como Ennis e Rucca, Edmonston escolheu explorar um lado oposto, dando um apelo mais popular e menos sombrio a seu personagem principal. Como este primeiro arco não se destaca, a sensação que permanece é de estranheza como se, de fato, este não fosse o Justiceiro conhecido. A ação parece burocrática, sem impacto e preocupante quando se trata de um personagem altamente bélico e violento.
Justiceiro é um início morto da nova fase da personagem, ainda que exista um bom gancho para a trama seguinte podendo melhorar significativamente a narrativa em geral. Considerando o destaque recente da personagem devido à série do Demolidor, sem dúvida, leitores que preferirem fases clássicas terão maior qualidade garantida.