É estranho pensar que uma das séries mais adultas dos últimos tempos é uma animação protagonizada por um homem-cavalo. A ideia parecia esdrúxula, mas felizmente se mostrou algo de muita qualidade e que, na medida do possível, foge do óbvio.
Se você está lendo este review, provavelmente assistiu às temporadas anteriores, então vamos pular a apresentação dos personagens centrais. Aproveite e leia os reviews da primeira, segunda e terceira temporadas.
A Netflix vinha mantendo uma boa qualidade da série, apesar de alguns deslizes no ritmo. Esta quarta temporada não foi muito diferente. Temos o Sr. Peanutbutter (Paul F. Tompkins) concorrendo ao cargo de governador da California, mostrando uma campanha bem “atrapalhada”. É a parte menos interessante da temporada, porém teve seu valor em satirizar as campanhas políticas e, principalmente, os eleitores que valorizam coisas bizarras. Todo esse envolvimento na política serviu, de forma inteligente, para desenvolver a relação de Peanutbutter e Diane (Alison Brie).
Curioso notar que Bojack (Will Arnett) simplesmente não aparece no primeiro episódio, deixando dúvidas se o cavalo perderia o foco nesta temporada. Pelo contrário, tivemos revelações importantes sobre o passado de Horseman.
O ponto central é a chegada de uma garota chamada Hollyhock (Aparna Nancherla) dizendo ser, talvez, filha de Bojack. Se no início o ex-astro de Horsin’ Around tem a postura babaca e indiferente de sempre, aos poucos ele se vê mudando seus pensamentos e se importando com a garota. O melhor de tudo é o desfecho dessa questão, algo até inusitado, um dos pontos mais fortes dessa temporada.
Outra questão é o passado familiar de Bojack, especialmente sua mãe (Wendie Malick), que tem uma história pesada. A relação de Bojack com sua mãe terá um espaço importante na história, e a série acertou em abordar certas coisas.
Em paralelo, Princess Carolyn (Amy Sedaris) parece conseguir um relacionamento sólido depois de muito tempo, e podemos acompanhar as inseguranças e questionamentos de uma mulher mais velha que permanece(ia) solteira. Os personagens da série são muito humanos, mesmo sendo animais antropomorfizados, algo irônico e genial.
Vale destacar a aparição de algumas vozes conhecidas, como Jessica Biel e Matthew Broderick.
Bojack Horseman é uma série fácil de recomendar. Se você gostou das temporadas anteriores, não pense duas vezes, assista à quarta. É uma série consistente que já ganhou seu espaço dentre as produções de qualidade da Netflix.
https://www.youtube.com/watch?v=v9yQv9YWFw4&t=9s
Acompanhe-nos pelo Twitter e Instagram, curta a fanpage Vortex Cultural no Facebook, e participe das discussões no nosso grupo no Facebook.
“A ideia parecia esdrúxula…”
A ideia É esdrúxula e, infelizmente, esse é o único diferencial que a série tem de verdade. Se o desenho fosse sobre um ator humano vivendo no ostracismo, a série não teria feito tanto sucesso. Seria somente mais um sitcom, no formato de desenho animado. Me impressiona que só foi necessário um elemento de estranheza (“e se nosso protagonista fosse um cavalo!?”) para a série se destacar.
Agora, imagine se ao invés de um cavalo, Bojack fosse um gatinho fofinho? Meu deus, a série renderia bilhões!