Em um extra que acompanha a segunda temporada de The Following, lançado somente em DVD no país, assistimos ao painel da série da Comic Con, famosa convenção realizada em San Diego, Califórnia. O autor Kevin Williason fala com empolgação sobre o segundo ano da série e a inevitável expansão dos argumentos iniciais com maior profundidade nas personagens centrais.
A afirmação é certeira no quesito modificação estrutural de sua narrativa. O segundo ano da série realiza um salto temporal de um ano após o desenlace visto na primeira temporada. Ryan Hardy (Kevin Bacon) está mais saudável do que sua postura entorpecida do primeiro ano, quando um assassinato ritualístico em um metro, realizado à memória de Joe Carroll, o coloca de novo na paranoia pelo serial killer.
Ao lado de Caroll, surge outro vilão e os desdobramentos dos argumentos explorados anteriormente. A adoração pelo serial killer é tamanha a ponto de surgir um novo grupo de apoio. Diferentemente de sua seita, o grupo forma uma família real. Embora Caroll reunisse seus súditos de maneira familiar, Lili Gray, de fato, compõe uma família assassina, adotando órfãos desajustados e com potencial assassino.
A estrutura narrativa mantém a vertente policial, porém voltada ao divertimento e ao uso excessivo de reviravoltas. A criação de uma personagem tão combativa como Caroll é interessante mas inverossímil, diminuindo a potência destruidora do assassino serial que, como o público nota desde a publicidade desta temporada, não só está vivo após sua simulada morte como desenvolveu um plano mirabolante para corroborar seu falecimento e viver no interior sem ser reconhecido.
Tentando sobreviver em um mundo que o considera morto, Caroll deixa a persona de assassino serial de lado para se revelar um psicopata além de seu método inicial. A configuração romântica dos assassinatos de Poe é deixada de lado ao compreender que sua missão era pouca para seu gigantesco carisma. A religião entra em cena como um argumento básico para levá-lo a liderança de uma seita religiosa, um grupo pré-disposto a aceitar um líder que conduza ações ideológicas.
Ao mesmo tempo que a série concerta problemas do ano anterior, melhorando a relação entre personagem, ela desenvolve outras situações críticas tão mal executadas como estas. Os erros e acertos se equilibram devido ao conflito maior, ainda centrado na perseguição de mocinho e bandido, porém a exploração da religiosidade beira a falta de criatividade temática. Ademais o grupo familiar de Gray é mais coeso e com maior base psicológica do que Caroll.
O renascimento da personagem é, por si só, um clichê bobo que Williason realizou com competência em seus filmes de terror mas que, no gênero policial, é patético. Mais ousado seria explorar o séquito de Joe melhorando as falhas de seu plano em contraposição ao grupo de Gray. A série amplifica sua violência e destaca melhor os personagens centrais sem a visão maniqueísta de bem e mal, porém, para isso, desenvolve personagens de apoio para Hardy, como uma sobrinha formada na academia, além do suporte a Mike Weston auxiliando a credibilidade à caçada dos assassinos.
Como na temporada anterior, o segundo ano é formado apenas por 16 episódios, um pedido de Kevin Bacon para não ficar longe da esposa Kyra Sedwick, a qual, na época, gravava a bem-sucedida The Closer. Talvez por um motivo um tanto egoísta, a produção de 16 episódios deu maior coesão para esta temporada que, mesmo entre erros e acertos, desenvolve uma boa progressão de expectativa e encerra mais um ciclo com um saldo mais positivo do que o ano anterior.
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