A 1ª referência é óbvia, pois o guião tem em seu esqueleto a estrutura narrativa presente em O Problema Final. Watson volta ao cenário visto somente em A Study in Pink – o consultório da psicanalista. John tem enorme dificuldade em verbalizar o fato que o levou a procurar de novo a ajuda da doutora. A direção da obra ficou a cargo de Toby Haynes, pródigo em reger episódios de séries, entre elas, Doctor Who, Being Human, etc.
A figura do Detetive ganhara muita fama, graças ao caso denominado Reichenbach, ultrapassando os limites da web, sendo noticiado nos grandes jornais e revistas impressas e nas redes de televisão. Os feitos de Holmes ganharam o público, e o público tornou-o uma figura popular, para desespero do recluso herói.
Jim Moriarty se mostra um exibicionista, seu ego se eleva tanto que ele precisa ser espalhafatoso, hackeando a ponte de Londres, arrombando o museu de Londres para roubar as joias da coroa e claro, tomar seu “lugar de direito” no trono britânico, antes claro, mandando uma mensagem para Holmes, tornando-o parte integrante de seus “lunáticos” planos.
O julgamento do criminoso é semelhante ao mostrado na peça Sherlock Holmes, de William Gillette, mas obviamente atualizada. As causas são diferentes, Moriarty quer um embate na frente de todos, por vaidade, e busca também a comprovação de qual dos dois é superior em intelecto, planejamento, raciocínio e dedução. Até o chá após o veredicto de inocência é semelhante ao mostrado no espetáculo teatral, demonstrando que apesar da rivalidade, os dois senhores são impecáveis cavalheiros.
Andrew Scott é brilhante em sua atuação, e rouba a cena toda vez que a câmera o enquadra. Seu vilão egocêntrico é cômico, sem apelar para piadas, e consegue ser sexy sem afetação ou menção a nudez, muito por causa dos seus trejeitos andrógenos. Para o público, é impossível não simpatizar com ele, vide a decisão do júri. Ele é genial, inteligente, influente: em suma, o resumo do que todo ser humano gostaria de ser.
A personagem Molly evidencia com toda a sua típica simplicidade como Sherlock está temeroso ao sentir que o seu fim está próximo. As coisas só pioram com a reação de uma das crianças sequestradas pelos capangas de Jim. A possibilidade dele estar envolvido com o rapto dos menores leva as autoridades superiores a Lestrade efetuarem o cárcere do investigador amador. Ao tentar defender a honra do amigo, John vai às vias de fato com um chefe da inteligência britânica, para logo após isso, fugir dos policiais com Sherlock a tira colo.
A manobra Richard Brooks é um ardil perfeito: inverter o jogo para culpar Sherlock é brilhante. A possibilidade de envolvimento de Mycroft torna tudo ainda mais dramático. Sherlock não tem medo de se sujar, e afirma veementemente a Moriarty que, mesmo estando do lado dos anjos, ele não é um deles. A despedida de John ao amigo e cúmplice é a mais emocionante já registrada em vídeo de toda a historiografia audiovisual da dupla Holmes/Watson. É arrepiante, carregada de sentimento, e tem em si um desfecho fascinante, para poucos instantes antes dos créditos finais, apresentar um fio de esperança.