Após a nossa análise da primeira parte de Rebirth – O Renascimento da DC Comics, com os volumes especiais com nome vinculado à saga, prosseguimos com os primeiros números de Liga da Justiça, Asa Noturna e Hal Jordan e os Lanternas Verdes, além de um interessante material extra de revistas mensais que corroboram este novo momento na editora.
Sem maiores delongas, vamos aos reviews:
Liga da Justiça – Renascimento #01
Esperada não só por ser a publicação do principal grupo de heróis da história, a publicação também era cercada de expectativas por ser escrita e desenhada por Bryan Hitch, que havia brilhado bastante nas publicações de Os Supremos e Authority. A história se passa em um ataque alienígena urbano, em que a equipe clássica – Flash, Batman, Mulher Maravilha, Cyborg – as exceções estão em missões paralelas, com Lanterna explorado na próxima revista e o Superman Clark Kent analisando a sua vida de casado com Lois Lane, estranhando sua atual rotina.
O grupo se vê em dúvida em aceitar a aposentadoria do Azulão e abraçar a nova versão do último kriptoniano, uma vez que não confiam nele. Há uma leve semelhança entre a ameaça alienígena vista nesta e a criatura de Ozymandias em Watchmen, mas não parecida o suficiente para associá-la a um easter egg.
Prós: Hitch desenha muito bem e consegue equilibrar texto e arte. O mesmo deverá deixar os desenhos a cargo de outrem, uma vez que tem um terrível histórico de atrasos. Interessante também é a utilização de Jessica Cruz e Simon Baz como os Lanternas Verdes da história.
Contras: A revista não possui muitas conclusões, o que torna o arco um pouco capenga, deixando uma grande dúvida de quais perspectivas serão traçadas na linha regular da Liga.
Hal Jordan e os Lanternas Verdes #01
A revista correspondente às aventuras do piloto que veste o manto do gladiador esmeralda começa mostrando a ação da Tropa Sinestro e de seu comandante, já bem idoso, variando entre o encantamento com a suposta vitória naquele setor espacial, já que a lanternas verde nada fazem, e a obsolescência programada que sofre, não aceitando qualquer mimo a si causado por sua saúde pouco abundante.
No roteiro de Robert Venditti há uma repetitiva, porém interessante recontagem da origem de Jordan, atrelando seu destino a cada um dos terráqueos detentores do poderoso anel, bem como aponta novos rumos de rivalidade com Sinestro e Parallax. Essa talvez seja a revista mais inspirada até aqui, e a química entre a equipe criativa é enorme.
Prós: Mais uma vez Ethan Van Sciver consegue êxito ao capturar um clima aventuresco e escapista mesmo em poucas páginas e em uma história introdutória. A chance que tem de destacar cada um dos representantes das tropas coloridas é plenamente cabível, e não se preocupa em termos de argumentos de explicar todas as ações.
Contras: Há poucos defeitos, talvez o maior é a necessidade de sempre precisar mostrar Hal recebendo o anel de Abin Sur, fato que rivaliza com a morte dos Wayne e a destruição de Kripton como clichê mais repetido da editora.
Asa Noturna – Renascimento #01
A história de Tim Seeley começa com uma explicação sobre a alcunha do herói, ligando esta a uma lenda de Kripton, dos heróis Asa Noturna e Flamejante, para, mais tarde, mostrar Dick Grayson retomando sua relação com Damian Wayne. Há um cuidado em lembrar-se das histórias do herói órfão como Agente 37, inclusive dando uma finalização deste arco transitando para outro. O reencontro do herói com seu mentor soa frio mas não burocrático, repleto de emoções conflitantes, como se houvesse emoções ali guardadas, de um vigilante que quer provar aos outros e a si mesmo seu valor.
Prós: A curiosidade em assistir a interação entre Grayson e o antigo análogo da Wildstorm para o Batman, e atualmente herói recorrente da DC, Meia-Noite, é bastante proveitosa, e gera no público a vontade de ver mais daquela interação. O desfecho dribla seus próprios defeitos e soa nostálgico ao finalmente retornar do herói ao seu clássico manto.
Contras: O link com a Noite das Corujas – com a diferenciação nominal de Planalto das Corujas – soa muito longínqua da historia de Scott Snyder, por mais que faça sentido se lembrado.
Aproveitando o hype, analisamos também algumas das revistas de linha, lançadas quinzenalmente. Abaixo, algumas opiniões sobre:
Aquaman #01
A história começa com uma conversa franca e íntima entre Arthur Curry e Mera, em terra, após uma noite de prazer. A discussão envolve o assumir dos atlantes aos habitantes da superfície. A publicação, com roteiros de Dann Abnett, consegue harmonizar bem a importância que o Aquaman deveria ter no universo DC, com as pitadas de humor e escapismo necessárias para a boa fruição de uma simples história em quadrinhos. Esse é o início do arco Afogamento e mostra consequências bastante adultas para um ingresso de uma nova raça/espécie no cenário político mundial, com o acréscimo surpresa de um dos maiores vilões do rei atlântico. Os prós envolvem os desenhos inspirados de Brad Walker e a cobertura midiática do Planeta Diário, ainda que grande parte do que é aventado seja apenas um despiste e, até este momento, haja poucos defeitos neste pontapé inicial.
Batman #01
Eu Sou Gotham começa na vista aérea da metrópole, observada por um infante, enquanto o Morcego se ocupa de tentar salvar um avião em chamas mesmo sem ter os poderes de seus companheiros de Liga, como o Lanterna Verde, Superman e afins. As tramas escolhidas pelo roteirista Tom King e desenhista David Finch soam harmoniosas com a historiografia do personagem, alem de contar com uma boa dose de heroísmo. O poder heroico do vigilante é emocionante, mas é interrompido por uma interferência externa que soa como o aspecto mais negativo da publicação, por utilizar um deus ex machina banalizado e que será trabalhado mais para frente.
Flash #01
Joshua Williamson retorna aos roteiros para descortinar as consequências no cotidiano de Barry Allen, após o retorno de seu velho amigo Wally West e a consequente descoberta da perda geral de dez anos, para todos que habitam aquele universo. Apesar de levar em conta essas novas informações, o decorrer da história é morno, exceto pelo final que guarda um mistério sobre o uso da força da aceleração.
Arqueiro Verde #01
A trama segue os eventos diretos de Arqueiro Verde – Renascimento #01, com a mesma equipe criativa – roteiro de Benjamin Percy e arte de Otto Schmidt – com o Arqueiro e Canário enfrentando um grupo de assalto misterioso. Uma das artes de capa variante é assinada por Neal Adams, que mostra ainda estar afiado, apesar da distância temporal em que desenhava as aventuras de Oliver Queen. A despeito de toda ação escapista, o evento mais digno de nota na revista é a discussão que Dinah propõe, de que todas as relações de Olliver tem a ver com seu dinheiro, inclusive dos bandidos que enfrentaram em Seattle, os quais estavam atrás dos materiais da Companhia Queen, usando uma discussão normalmente relegada ao Batman como possível fonte do desequilíbrio social de sua respectiva cidade. O desfecho contém um cliffhanger interessante, que inclusive põe personagens presentes na primeira temporada de Arrow para conviver com esta versão do vigilante.
Conclusão:
Rebirth ainda não consegue mostrar a que veio, em um limbo entre reboot e retorno às origens. Ao menos, vale o intuito de reprisar origens dos personagens, além de resgatar de maneira inteligente o tom heroico clássico, que sempre foi a marca registrada do corpo de personagens da DC Comics.