Em novembro de 2018 o camundongo mais famoso do mundo completa 90 anos de sua primeira exibição ao público norte-americano. Entre altos e baixos, com produções memoráveis e outras nem tanto, Mickey Mouse permanece como um símbolo da Walt Disney Company até hoje e influencia até mesmo as leis de direitos autorais através de lobby no governo dos EUA. Em homenagem a essas nove décadas, preparamos uma lista com os melhores momentos do ratinho na televisão, cinema e videogames!
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10. O Point do Mickey (2000)
Em último lugar nessa lista, o desenho animado House of Mouse ficou conhecido no Brasil por uma gíria que não sobreviveu à metade da primeira década do século 21. O tal “point” era uma espécie de clube ou casa noturna da qual Mickey era sócio junto ao Pato Donald na série. O clube era frequentado por praticamente todos os personagens animados Disney, desde os clássicos Pateta, Pluto, Minnie e Clarabela até personagens de filmes como O Rei Leão, Pinóquio e Dumbo. Era possível ver na mesma cena o urso Balu, a sereia Ariel e os Sete Anões. A maioria dos personagens não tinha fala, apenas faziam uma ponta – a não ser que o roteiro assim pedisse. No palco, Mickey apresentava segmentos de desenhos clássicos e novos, alternadamente, dando uma sobrevida ao programa anterior que havia sido cancelado, Mickey Mouse Works (no Brasil, com o péssimo nome OK Mundongo da Disney). A série seguiu esse formato por quatro temporadas e 52 episódios, sendo que os episódios de natal e halloween são até hoje reprisados com certa frequência. Embora a animação das cenas no “point” seja bastante limitada, a série merece entrar nesta lista por apresentar material antigo – e de qualidade – a um público novo.
09. A Casa do Mickey Mouse (2006)
Seguindo a linha de programas educativos para crianças bem pequenas, como Dora, a Aventureira, A Casa do Mickey Mouse fez um estrondoso sucesso também com os pais. Fofinho, colorido e mantendo o visual clássico dos icônicos personagens, era também uma novidade por ser um programa feito completamente em computação gráfica. Os roteiros são bem infantis e os personagens se envolvem em situações que só parecem problemas reais para crianças de cinco anos, mas isso é o suficiente para manter olhinhos atentos na tela. Para resolver os problemas, Mickey conversa com a câmera representando as crianças, e espera um tempo para que elas respondam em casa, num exercício de quebra da quarta parede pra pato nenhum botar defeito (“É mole?”, diria um certo penoso semi-famoso nas redes sociais). Para ajudá-lo a resolver os problemas, Toodles surgia com os Mickey Objetos – que sempre vinham a calhar e nunca eram inúteis.
A Casa do Mickey Mouse, embora não tenha um primor de roteiro para aqueles que já são alfabetizados, ganha lugar de destaque nessa lista pelos seus 125 episódios que, disputando com o fenômeno nacional Galinha Pintadinha, manteve o interesse da criançada no personagem.
08. Hora de viajar! (2013)
No final de 2013, uma “febre congelante” avassalou as crianças do mundo inteiro com o longa animado Frozen. O que poucos comentam, contudo, é que antes do lérigou foi apresentado nos cinemas um dos curta-metragens mais divertidos do Mickey desde a sua criação. Hora de viajar! mistura animação clássica em preto e branco com o que há de melhor em efeitos visuais 3D. Em uma sequência alucinante, a impressão que temos é que os personagens realmente saem da tela e interagem com a sala de cinema. Talvez por isso esse curta seja tão pouco lembrado, pois só quem assistiu no cinema e em 3D obteve a sensação de imersão necessária, nunca reproduzida totalmente em home video.
07. Castle of Illusion (1990/2013)
É impossível falar de Castle of Illusion sem citar suas duas versões: a clássica, de Mega Drive e Master System dos anos 90, e o excelente remake de 2013 para PlayStation e XBox. Ambas as versões seguem a mesma história: Minnie foi sequestrada pela bruxa Mizrabel. O jogo apresenta todos os clichês presentes em jogos de plataforma como Mario ou Sonic, mas aposta em um personagem igualmente carismático e imensamente mais popular.
Cada fase do jogo apresenta um tema diferente do universo mágico da bruxa, sendo florestas sombrias, bibliotecas encantadas, casa de brinquedos e até doces e guloseimas os cenários que, magicamente, se escondem no castelo de ilusões de Mizrabel. Os chefões das fases não são muito difíceis de derrotar, apresentando uma certa lógica bastante previsível em seus movimentos. Diferente de DuckTales Remastered (que usou exatamente o mesmo jogo de NES com uma roupagem gráfica moderna), a nova versão reformulou completamente as fases, mecânicas e jogabilidade do cartucho original, e é ainda hoje uma excelente experiência tanto para o público mais novo quanto para os saudositas.
06. Epic Mickey (2010)
Epic Mickey é um marco não só nos videogames como também na história recente dos Estúdios Disney por reintroduzir na empresa o primeiro personagem de Walt Disney: Osvaldo, o Coelho Sortudo. Walt havia perdido os direitos do personagem pouco depois de criá-lo, e por muito tempo o coelho ficou nos estúdios de Walter Lantz, o mesmo da turma do Pica-Pau. O personagem faz nesse jogo seu retorno triunfal, antagonizando seu “irmão” Mickey numa terra de personagens esquecidos ou rejeitados que é uma paródia sombria aos parques temáticos da Disney, incluindo animatrônicos defeituosos de personagens como Pateta e Margarida. O jogo foi lançado para Nintendo Wii e utilizava-se da tecnologia de captura de movimentos que era novidade na época com o Wiimote, que servia para simular o pincel mágico que Mickey “emprestou” do feiticeiro Yen Sid (o mesmo de Fantasia).
O jogo tem um roteiro deslumbrante e gráficos espetaculares, mas apresenta alguns problemas de jogabilidade, principalmente com os ângulos de câmera, que ficaram ainda mais limitados na sua sequência direta, Epic Mickey 2: The Power of Two. O jogo ainda rendeu uma adaptação em quadrinhos roteirizada por Peter David (conhecido por sua longa fase no Hulk, da Marvel e pela revitalização do Aquaman na DC nos anos 90).
05. Mickey Mouse (2013)
Também chamada popularmente de Curtas do Mickey, essa série mantém o ritmo alucinante e o espírito aventureiro e jovial dos primeiros desenhos em preto e branco do camundongo. A série mistura design clássico com humor nonsense e a agilidade das mais modernas animações de comédia para revitalizar os personagens de forma estranha e hilária ao mesmo tempo. Os episódios são totalmente independentes entre si, e não mantém nenhum compromisso com cronologia ou mesmo tempo e espaço. Vemos Mickey e sua turma morando e trabalhando na França, na Rússia ou em qualquer parte do globo, e nesses episódios eles falam a língua local, sem precisar de dublagem localizada (com exceção dos episódios no Brasil que foram redublados, talvez para não causar estranheza ao ouvir o Mickey falando português com outra voz que não seja a do seu atual dublador, Guilherme Briggs).
Os roteiros também não se intimidam em fazer piada com nada. Em um episódio, Pateta é um zumbi em decomposição, rodeado por moscas. Em outro, descobrimos que Donald nunca foi marinheiro! Nos dois episódios ambientados no Brasil (o primeiro sobre futebol e o segundo, claro, carnaval) temos a aparição rápida, porém pontual, do nosso representante no Universo Disney, Zé Carioca, e são episódios muito divertidos. A série está, atualmente, em sua quinta temporada.
04. Runaway brain (1995)
Um dos melhores curtas já feito, Runaway Brain trouxe o Mickey dos anos 1940 para os anos 1990. Tudo nele lembra seus episódios clássicos, mas aqui ele come pizza e joga videogame. O roteiro é bastante sombrio para um desenho do Mickey, com referências a diversos filmes de terror – sendo os mais evidentes O Exorcista e Frankenstein. Mickey tem seu cérebro trocado com o de um monstro com a cara do Bafo de Onça ao tentar arrumar um jeito de agradar sua namorada Minnie. O curta apresenta vários easter eggs, desde um jogo de videogame estrelado pelo Dunga, de Branca de Neve e os Sete Anões, até a aparição de um certo mordomo real da Pedra do Rei. Apesar de esquecido do grande público, merece um lugar bem perto do topo na nossa lista de grandes momentos!
03. Fantasia – O aprendiz de feiticeiro (1940)
Segmento de Fantasia, terceiro longa animado de Walt Disney, O aprendiz de feiticeiro é talvez o mais importante papel que Mickey já atuou em todos os tempos. Prova disso é a constante volta a essa história em outras mídias, como no especial de halloween Os vilões da Disney, ou em videogames, como o já citado Epic Mickey e o mundo aberto de Disney Infinity.
No curta, Mickey é ajudante do feiticeiro Yen Sid (nome digno de personagens de rpg pouco inspirados, como Namtab, Alucard ou Redav Htrad) e descobre poderes cósmicos fenomenais ao colocar o chapéu mágico de seu mestre. Claro que os grandes poderes a ele concedidos fogem ao seu controle e o ratinho precisa lidar com as consequências da magia ilimitada! A trilha sonora de Paul Dukas, baseada na obra de Johann Wolfgang von Goethe encaixa perfeitamente com a magistral animação e o primoroso roteiro de um dos maiores clássicos Disney.
O curta está entre os top 3 dessa lista por um motivo curioso: o Mickey roubou o papel que seria de outro personagem Disney famoso na época! A princípio, o aprendiz de feiticeiro seria interpretado por Dunga, de Branca de Neve e os Sete Anões. Aparentemente, o senhor Mouse deve ser um ator influente nos estúdios, roubando até mesmo alguns dos trejeitos e parte do figurino do anão para esse filme…
02. Uma cilada para Roger Rabbit (1988)
Uma cena épica no cinema aconteceu no longa de Robert Zemeckis Uma Cilada para Roger Rabbit: quando o detetive humano Eddie Valiant cai de um edifício em Toontown (ou Desenholândia, dependendo da dublagem), dois paraquedistas aparecem para ajudá-lo (mais ou menos). Trata-se do primeiro encontro entre Mickey Mouse e Pernalonga da história!
O filme em si já foi um marco, tanto pela técnica que misturava cenas reais com animação quanto pela quantidade absurda de personagens de estúdios diferentes em cena ao mesmo tempo. Mas a cena do paraquedismo com Mickey e Pernalonga é realmente icônica, pois ambos os personagens são considerados os maiores representantes de seus respectivos estúdios. Os estúdios Disney e Warner, após longa negociação, concordaram em ceder os dois personagens, desde que tivessem o mesmo tempo de tela. O resultado não poderia ter sido mais satisfatório, e merece o segundo lugar nessa lista!
01. Steamboat Willie (1928)
Em primeiríssimo lugar, não poderia ser diferente! O barco a vapor foi lançado em 18 de novembro de 1928 e é um marco da animação mundial! Aqui, vemos um Mickey muito diferente do que estamos acostumados nos dias de hoje: embora já fosse aventureiro e enfrentasse problemas muito maiores que ele mesmo, o Mickey desse curta é também atrapalhado como o Pateta seria mais tarde e se irritava com facilidade da mesma forma que o Pato Donald! Essas características seriam diluídas anos mais tarde entre seus dois co-protagonistas, e se perderiam com o tempo, dando espaço apenas ao bom-mocismo do personagem-símbolo da Disney. Mas em seu primeiro trabalho, Mickey se mostra mais disposto a burlar regras, como trazer sua namorada à bordo do barco com um anzol ou desrespeitar o comandante. O design do personagem também não era algo original , pois emprestava muitas características do Gato Félix e do Coelho Osvaldo. O desenho também não foi o primeiro a ser produzido com o ratinho: Plane Crazy surgiu antes, mas com o advento do cinema sonoro, O barco a vapor viu as telas e o público antes e fez história! Hoje, o segmento em que ele pilota o timão do barquinho enquanto assobia se tornou a vinheta de abertura dos longas animados do estúdio. E assim se vão 90 anos do camundongo mais famoso do mundo! Parabéns, Mickey Mouse!