Tag: André Mattos

  • Crítica | O Nome da Morte

    Crítica | O Nome da Morte

    Conduzido por Henrique Goldman, diretor de Jean Charles, O Nome da Morte é um filme sobre a história real de Julio Santana, baseada no livro homônimo de Klester Cavalcanti, A trama se inicia com o personagem Julio (Marco Pigossi) passando seus dias no interior, até receber a visita de seu querido tio, Cícero (André Mattos), um policial que mora na cidade grande, e o convida para ir conhecer a metrópole.

    O protagonista tem uma mira ótima e se especializou em tiro de longa distância quando morava no campo. Ele guarda um segredo com seu tio, e esse segredo é utilizado contra ele, para subornar o rapaz a fazer o que seu mentor precisa. Assim, ele se torna um assassino de fato, e em um de seus trabalhos, conhece Maria (Fabiula Nascimento), que se uniria a ele no futuro.

    O roteiro de George Moura abusa de clichês. Por mais que seja uma história baseada em fatos conhecidos popularmente falta sutileza na abordagem e em alguns momentos a trama soa tão falsa quanto as piores novelas da TV dos últimos tempos. As cenas ao menos de ação ao menos são bem construídas, e há uma certa tensão quando se toca em situações de perigo iminente, mas não há qualquer aprofundamento com os personagens, falta humanidade.

    O artigo mais inteligente de O Nome da Morte certamente é a sensação de inevitabilidade do destino e repetição de ciclo que essa pecha carrega, apesar de também ser um clichê, algo já bastante utilizado em outros filmes por meio da parábola do Escorpião e o Sapo. Goldman entrega um filme feito para atingir um público menos exigente e afeito a histórias misteriosas típicas dos filmes hollywoodianos, mas que em essência, quase não tem identidade dramática.

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  • Crítica | Pelé: O Nascimento de Uma Lenda

    Crítica | Pelé: O Nascimento de Uma Lenda

    O filme dos irmãos Michael  e Jeffrey “Jeff” Zimbalist começa com uma narração em inglês, a respeito de um jogo decisivo da Copa do Mundo de 1958, a primeira conquistada pelo escrete canarinho, em que um jogador de apenas 17 anos estava prestes a entrar, Edson Nascimento, interpretado por Kevin de Paula, e que viria a se tornar a lenda dos gramados Pelé, o eterno camisa dez do Santos e seleção.

    Os próximos momentos mostram uma sequência em Bauru, com garotinhos fazendo bagunça no meio de uma comunidade carente, onde os menininhos falavam inglês, enquanto se distraiam durante o dia da final entre Uruguai e Brasil em pleno Maracanã. A tentativa dos diretores é de reconstruir o passado do atleta do século por meio de pequenos contos que valorizam a humildade do povo pobre brasileiro, o problema é que isso tudo é extremamente caricatural. O jogo de várzea entre Kings x Shoeless Ones (sim, o nome dos times compostos por crianças é em inglês também) é mostrado de maneira bastante grosseiro e o pretexto de Waldermar de Brito (Milton Gonçalves) estar lá como olheiro do Santos Futebol Clube é explorado de maneira pouco realista. É nesse momento que o apelido pejorativo de Pelé pega no menino, que antes era chamado de Dico, executado por Leonardo Lima Carvalho.

    Há participações pontuais de atores brasileiros como Seu Jorge, Bruce Gomlevsky, André Mattos, Fernando Caruso, entre outros. Todos esses atores estão lá basicamente para acenar para a plateia, uma vez que suas participações na trama são bastante dispensáveis.

    Felipe Simas interpreta Mané Garrincha e tenta entregar um desempenho que passe além da caricatura, mas o texto entregue não colabora com o esforço interpretativo. Igualmente fraca é a causa pessoal que envolve a motivação do rapaz em substituir Mazzola (Diego Boneta), que na juventude humilhava o jovem, sendo ele o responsável pelo apelido de “Pelé”. Obviamente que essa cisma jamais ocorreu de fato, tampouco a presença de Pelé entre os suplentes, fato que é uma mentira tratada como fato tantas vezes que entrou nos anais históricos como se de fato tivesse ocorrido. Essa mudança não seria algo necessariamente ruim caso houvesse uma função narrativa minimamente inteligente para essas alterações, contudo não é o que acontece.

    Ao longo da projeção o filme passa uma mensagem de que a ginga brasileira seria o elemento catalisador do futebol arte que traria o êxito à seleção brasileira. Em uma sequência próxima dos minutos finais os jogadores do plantel de Vicente Feola dão vazão a alegria de jogar futebol, basicamente tabelando com os bastidores do hotel onde estão. Por mais ridícula que seja toda a sequência, incluindo aí uma aparição rápida do real Pelé, esse é um dos poucos momentos em que os atores parecem ter qualquer rastro de brasilidade, e infelizmente, esse momento é cortado por um discurso de Vincent D’Onofrio, que encarna Feola, para basicamente nos lembrarmos que se trata de um filme inteiramente americano sobre a maior lenda do futebol brasileiro.

    Os narradores estadunidenses chamam o craque de Nascimento, e é bem possível que ele fosse chamado assim pela audiência dos Estados Unidos. Essa forma de chamar o rei do futebol talvez seja o maior símbolo do quão equivocada é essa produção, que tenta faturar em cima de uma figura cara ao esporte mais popular do mundo. Pelé: O Nascimento de Uma Lenda falha como cinebiografia e também como registro histórico da final do primeiro título brasileiro, assim como as representações de Mauro, Didi, Garrincha, Bellini, Zito, Zagallo e companhia são nulas de qualquer carisma.

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