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  • Review | Arquivo X – 10ª Temporada

    Review | Arquivo X – 10ª Temporada

    Arquivo X - 10a temporada - poster

    Arquixo X foi um dos fenômenos televisivos da década de 90. A série criada por Chris Carter, em 1993, ainda é referência para muitos seriados da TV americana que encontram material suficiente para se inspirar. Durante mais de 200 episódios, a série fez de tudo. Abordou a maioria das lendas urbanas existentes no planeta, trouxe à tela serial killers, desde os que iam somente atrás de mulheres até aqueles que raptavam crianças. Revisou o místico e o fantástico, seitas, viajou pelo tempo, além de apresentar ao espectador diversos episódios especiais, seja em preto e branco, noir, recheados de humor, fazendo sátiras ou episódios escritos e dirigidos pelo elenco principal. Mas, além de tais episódios, a série trazia um conceito interessante, qual seja, uma história principal conhecida entre os fãs como mitologia e que fez a série se sustentar por 9 temporadas graças às ótimas histórias, às performances de David Duchovny e Gillian Anderson e do ótimo time de coadjuvantes que completava o time.

    Fazendo um breve resumo da trama, o agente do FBI, Fox Mulder (Duchovny), quando criança, presenciou sua irmã sendo abduzida por alienígenas. Com a ideia de que um dia a encontraria, chegou ao bureau para trabalhar no Arquivos X, uma pequena e desacreditada divisão que investigava casos inexplicáveis. O trabalho de Mulder começou a chamar atenção e seus superiores recrutaram a novata agente e cientista Dana Scully (Anderson) para contestar o trabalho de Mulder, com a finalidade de por fim à divisão. Nesses quase 10 anos em que trabalharam juntos, a dupla se viu dentro de uma conspiração muito maior do que poderiam imaginar, envolvendo alienígenas, o próprio governo e uma possível colonização que consistia na alteração genética dos seres humanos. Mulder foi julgado militarmente por seus supostos crimes e terminou a série, em 2002, foragido ao lado de Scully.

    Com a onda de reboots e remakes que o cinema vem enfrentando, não demoraria muito para que a referida onda chegasse à televisão, reabrindo, assim, os Arquivos X. Apostando num formato bastante diferente ao qual estava acostumada, a série retornou com apenas 6 episódios, dividindo opiniões. Hoje, sem dúvida, parece que sim, foi pouco. De qualquer forma, o formato em poucos episódios foi adequado de acordo com Duchovny e Anderson, que são bem conhecidos por Californication e The Fall, respectivamente.

    Nessa temporada, a premissa da mitologia, além de envolver um Mulder enclausurado em sua casa e uma Scully que retornou ao seu ofício na medicina, apresenta Tad O’Malley (Joel McHale), um apresentador de TV que adora expor ao seu público as mais diversas conspirações. Aparentemente, O’Malley, descobriu aquela que seria a maior e mais letal das conspirações e que está em contato direto com a verdade que Mulder sempre buscou e que demonstra, na realidade, as reais intenções do governo ou de quem estaria por trás dela. Infelizmente, como dito, 6 episódios não foram suficientes para contar o que aconteceu, uma vez que essa premissa foi tratada em apenas 2 episódios, o primeiro, My Struggle, apresentando o ponto de vista de Mulder, e My Struggle II, o último episódio, mostrando o ponto de vista de Scully, que se encerra sem um ponto final (marca registrada dos finais de temporada da série), demonstrando que, de fato, a série poderá continuar.

    THE X-FILES: L-R: Mitch Pileggi, David Duchovny, Gillian Anderson and William B. Davis. The next mind-bending chapter of THE X-FILES debuts with a special two-night event beginning Sunday, Jan. 24 (10:00-11:00 PM ET/7:00-8:00 PM PT), following the NFC CHAMPIONSHIP GAME, and continuing with its time period premiere on Monday, Jan. 25 (8:00-9:00 PM ET/PT). ©2015 Fox Broadcasting Co. Cr: Frank Ockenfels/FOX

    Talvez essa 10ª temporada tenha se preocupado mais em mostrar aos fãs que a chama e o espírito da série ainda se mantêm, o que foi amplamente abordado nos outros quatro episódios. Por conta dos adventos do primeiro capítulo, não demorou para que o Diretor Assistente Skinner (novamente vivido por Mitch Pileggi) reabrisse os Arquivos X, colocando Mulder e Scully de volta à ativa. E o que vemos a partir disso é Arquivo X na sua pura essência. Embora os anos tenham se passado, Mulder tenha ganhado um pouco de peso (além de reconhecer que é um homem de meia-idade) e Scully, algumas rugas, a série parece que nunca deixou a televisão. A clássica abertura está presente, sem nenhuma alteração; os monstros da semana; as frases clássicas; as lanternas; os episódios confusos cujos desfechos não ficam muito claros; e a trilha sonora característica de Mark Snow. Tudo está lá. E, com isso, a urgência de Chris Carter em querer demonstrar nove temporadas em apenas seis episódios, tenha prejudicado um pouco o andamento dessa temporada, que aparentou ficar um pouco fora do compasso.

    Contudo, o saldo foi muito promissor, uma vez que podemos adicionar dois episódios para o hall de episódios clássicos da série, sendo um deles o terceiro episódio, Mulder & Scully Meet the Were-Monster, que remete ao lado lúdico e descarado (com uma homenagem ao falecido diretor Kim Manners) e o quarto episódio, Home Again, que mostra Scully lidando de forma emocionante com uma dura situação em sua vida pessoal. A temporada destaca mais Dana do que Mulder, uma vez que, em praticamente em todos os episódios, a agente precisa lidar com a falta de seu filho William. O arco de William, embora suspenso, esteve presente, inclusive no primeiro e segundo episódio da nova temporada, respondendo de forma sutil a uma dúvida que, por muito tempo, foi chave para as abduções e experiências genéticas envolvendo mulheres e seus bebês na série.

    Um outro ponto destacável é que a dupla não é mais um casal, fato que dividiu opiniões, deixando parte dos fãs felizes, uma vez que a base da série sempre foi os dois atuando como parceiros, demonstrando por diversas vezes um carinho e uma preocupação intensa um pelo outro, algo sabiamente mantido nessa temporada. Possivelmente, é o porquê dos dois estarem separados: assim, a carga de dramaticidade foi ligeiramente maior, acusando de forma clara que aquele sentimento que sempre tiveram um pelo outro, muito antes de ficarem juntos, ainda existe.

    Arquivo X parece que voltou para ficar por mais algum tempo na TV e os fãs só têm a ganhar. A audiência tem dado essa chance à série, uma vez que os números nos EUA foram muito expressivos, sendo que, no Reino Unido, essa nova temporada foi a que mais deu audiência ao Channel 5 desde Celebrity Big Brother que foi ao ar em 2011. O primeiro passo foi dado, resta agora a série apresentar uma futura evolução.

    Texto de autoria de David Matheus Nunes.

  • Review | Arquivo X – 1ª Temporada

    Review | Arquivo X – 1ª Temporada

    X-Files-Season-1

    Lançada em setembro de 1993, Arquivo X foi testemunha ocular de uma década em que muitas séries televisivas foram consumidas pelo tempo enquanto poucas se tornaram fundamentais para uma nova era na década seguinte.

    Até mesmo os fãs mais agressivos da série são capazes de admitir a queda da qualidade nas últimas temporadas e o desfecho mediano. Porém, é inegável a competência do início do seriado que, em pleno horário nobre, apresentou uma estrutura ousada cuja temática envolvia uma trama central de conspiração entre governo americano e extraterrestres. Além de explorar tudo o que parecia inexplicável, apoiava-se no estranho e no bizarro através de roteiros bem conduzidos.

    Criado por Chris Carter – que nunca repetiu o mesmo sucesso – os arquivos do título são uma divisão do FBI alimentada pela crença de um único agente federal, Fox Mulder que, na infância, presenciou a abdução de sua irmã mais nova. Fato que modificou sua maneira de agir, transformando-o em um homem obsessivo em descobrir a verdade por trás de fenômenos inexplicáveis.

    Arquivo X surgiu em época analógica e, mesmo assim, produziu uma gama de fãs que consumiam revistas especializadas, escreviam suas próprias histórias dos agentes federais e participavam de fóruns virtuais sobre a série. No Brasil, a revista Sci-Fi News foi uma de suas  maiores fontes, ainda que o país sempre tenha assistido à série com atraso em relação aos Estados Unidos, com episódios dublados na Fox ou na Record. De qualquer maneira, não havia quem ficasse impassível diante dos casos semanais.

    A trama tem início quando a agente Dana Scully é convocada para acompanhar Mulder nas investigações do Arquivo X. Uma tentativa dos superiores de reprimir os impulsos do agente, tentando introduzir uma agente federal que possuísse fundamentos científicos e que fosse além das teorias pouco ortodoxas do parceiro. A discrepância entre a dupla produziu um dos grandes casais icônicos da televisão, com uma impressionante química entre uma personagem irreparavelmente crente no impossível e outra cuja base é a ciência.

    A primeira temporada introduz os elementos que consagraram a série. Os 24 episódios desta temporada equilibram-se na trama mitológica – que transforma o governo americano em uma máquina de produzir mentiras – e em investigações que, supostamente, não possuem solução. Episódios conduzidos com boas doses de mistério e investigação policial.

    Vinte anos após seu lançamento, alguns argumentos, demasiadamente apoiados em temas da década de 90, perderam a força e sentido aparente. Tais situações não caem no completo ridículo devido à química do casal e aos bons diálogos. Por outro lado, tramas ainda funcionais no presente e roteiros bem fundamentados resultam em episódios primorosos que ainda hoje mantêm um frescor assustador.

    A série se tornou tão grandiosa que, ainda hoje, mantém-se no ar com reprises em diversos canais pelo mundo. Tal é a sua importância que, das mãos de J. J. Abrams, originou-se Fringe, uma herdeira que bebe da fonte destas investigações e, a partir da segunda temporada, escancara suas homenagens ao original.

    No país, a Fox foi responsável pelo lançamento das nove temporadas da série. Na época, a chegada de uma temporada completa era novidade para o mercado brasileiro. Infelizmente, algumas legendas eram recheadas de erros – concordância, digitação –, além de traduções que se modificavam no decorrer dos episódios e omissões nos textos que não situavam o local em que ocorriam as ações. Problema que impossibilita a compreensão total do público que não é fluente em inglês.

    Apesar de tais erros, a primeira versão do box, que ilustra este texto, se tornou um belo lançamento de uma época em que não havia contenção de gastos, o que facilitava que boas edições especiais surgissem no país. O digipack com luva metálica cobrindo a embalagem não se compara com a edição atual, econômica, sem o disco de extras. Um incômodo para aqueles que, além do material, prezam também pelo conteúdo gráfico.

    Boatos dizem que a série está nos futuros planos do estúdio para um lançamento em alta definição. Um merecido box para uma série cultuada.