Tag: Dan Abnett

  • Resenha | Homem de Ferro Comanda a Força-Tarefa

    Resenha | Homem de Ferro Comanda a Força-Tarefa

    Um dos fatores mais interessantes nas histórias em quadrinhos das duas grandes editoras americanas, Marvel e DC Comics, é que não há nenhuma estabilidade constante para seus personagens. O conflito é parte primordial das tramas, motivo que justifica mortes, renascimentos e outras ações costumeiras ao universo de super-heróis. O tempo se torna responsável por registrar quais mudanças foram bem realizadas, bem como quais ideias se tornaram presentes em outras histórias e quais foram esquecidas.

    Em 1994, a equipe dos Vingadores, mais uma vez, encontrava-se em crise. Após a dissolução do grupo, Homem de Ferro reúne uma nova equipe. Criado por Dan Abnett e Andy Lanning, a Força-Tarefa é a nova equipe de Tony Stark. Porém, basta observar que a série mensal durou apenas 22 números para concluir que o novo grupo não vingou (perdão pelo trocadilho).

    Na trama inicial, publicada no país na trimestral Grandes Heróis Marvel da Editora Abril, em março de 1997, o grupo recém formado por Feticeira Escarlate, Magnum, Mulher-Aranha e Agente Americano tem de lidar com uma invasão Kree. Em apenas três edições, os roteiristas provocam um excesso de informação.

    Parte dos vilões da trama foram criados especialmente para essa história. Dessa forma, há muita novidade na leitura sem nenhuma base narrativa coerente. Mesmo que consideremos que a dissolução dos Vingadores possibilitaria o surgimento de novos vilões, não há equilíbrio na história pela presença exagerada de novos personagens aliados a vilões antigos. Além do excesso, os novos personagens são semelhantes a outros vistos como, por exemplo, o Registrador, um observador Kree que age de maneira idêntica ao Vigia, um personagem cósmico que sempre surge em ameaças iminentes.

    O lançamento de uma nova revista sempre necessita de atenção especial. O primeiro número tem potencial para se tornar uma boa novidade. Porém, o que se lê nesta história é uma narrativa que exagera nos vilões e na ação para mascarar a falta de sustentação do roteiro. Aliado a personagens pouco conhecidos do público, salvo exceção de Stark e a Feiticeira, falta harmonia e carisma para esse início.

    Lembrado somente em uma história da saga Guerra Civil, a Força-Tarefa foi uma das tentativas da Marvel em promover mudanças breves em seus personagens, dentro do citado ciclo de instabilidade e conflitos constantes para os super-heróis. Nesse caso, falhou, figurando como um exemplo quase esquecido do público.

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  • Resenha | Universo DC Renascimento: Aquaman – Volume 1

    Resenha | Universo DC Renascimento: Aquaman – Volume 1

    Após o conturbado reboot do Universo DC batizado de Novos 52, a editora das lendas iniciou uma nova empreitada para corrigir desvios que ocorreram no meio do caminho e trazer de volta o clima heroico das histórias de seus personagens. Assim surgiu a linha Universo DC: Renascimento (cuja análise dos primeiros números você pode ler aqui e aqui), trazendo novos ares para os principais personagens da casa sem, contudo, reiniciar tudo novamente. Novas séries mensais foram lançadas para trazer de volta os leitores que se afastaram nos cinco anos de Novos 52. Aqui no Brasil, a editora Panini concentrou suas publicações mensais nos títulos do Batman e do Superman (cada um tendo, agora, dois títulos mensais com a metade do conteúdo das revistas anteriores), enquanto outros personagens tiveram suas histórias lançadas em encadernados contendo o correspondente a seis ou sete edições americanas. É o caso de Aquaman: Volume 01, que traz a primeira parte do arco O afogamento, de Dan Abnett.

    Aquaman – ou Arthur Curry – é retratado como rei de Atlântida nesse arco, onde vemos ressaltado o seu lado outsider em todos os sentidos: os seres da superfície o temem, os atlantes nutrem certa desconfiança e seus colegas da Liga da Justiça não lhe dão o devido valor (“E nem mesmo os peixes falam com ele”, diria o narrador da primeira história). Apesar disso, tenta exercer seu poder monárquico de forma diplomática ao estreitar os laços com o governo dos Estados Unidos, fundando uma embaixada atlante em solo americano. Claro que a desconfiança do governo norte-americano com as intenções do soberano dos mares (unida a um atentado terrorista na embaixada) não iria deixar que a diplomacia de Curry durasse muito tempo. Aquaman se vê em meio a um incidente diplomático de proporções épicas, que pode levar a uma terrível guerra.

    Abnett não foge das questões políticas na história, inclusive retratando o governo americano de forma bastante cínica e prepotente. As histórias anteriores ao Renascimento ainda valem, mas é possível entender a edição sem ter lido a fase anterior – afinal, é feita para ser um novo ponto de início para novos leitores. Toda informação relevante sobre os últimos cinco anos de cronologia é didaticamente explicado, seja em diálogos (como a “catástrofe de 2013”, da saga O trono de Atlântida) ou em flashbacks (como a questão da rivalidade entre Aquaman e Arraia Negra). O relacionamento de Arthur e Mera é um dos pontos fortes do arco: ambos se vêem como iguais, se amam, e ainda assim mantém diferenças políticas na forma de resolver os conflitos.

    Claro que uma ou outra piada de peixe surge aqui e ali, mas no momento certo, sem exageros e, principalmente, sem desmerecer o protagonista. Aquaman é um verdadeiro herói, páreo até mesmo para o Superman (que faz uma ponta necessária no enredo) e sua obstinação em unir seus dois mundos é o mote da hq. A edição da Panini segue os moldes da reedição encadernada americana, e contém apenas a primeira parte do arco – que continua no volume 02. A história tem envergadura o suficiente para segurar um possível título mensal do herói, caso sua popularidade cresça no país com o lançamento de seu filme solo no fim do ano. Enquanto isso, podemos esperar por mais encadernados de periodicidade eventual como esse, que faz justiça ao super-herói mais ridicularizado pelos bazingueiros nos últimos tempos (e pela própria Warner, com as recorrentes piadas em The Big Bang Theory).

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