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  • Resenha | Os Novos Vingadores – Motim

    Resenha | Os Novos Vingadores – Motim

    Vingadores - Motim

    Após implodir a equipe dos Vingadores em A Queda, Brian Michael Bendis apresentou Os Novos Vingadores, um novo título que dá início ao seu projeto dos Heróis Mais Poderosos da Terra. Dividida em seis partes, a saga Motim se passa seis meses após os acontecimentos anteriores que encerraram o grupo.

    A trama tem início quando Matt Murdock e seu sócio, Foggy Nelson, visitam a prisão para uma consulta jurídica. Como nenhum civil pode entrar desacompanhado no local, Jessica Drew, a Mulher-Aranha, representando a S.H.I.E.L.D., acompanha-os ao lado de Luke Cage, contratado pelos advogados em caso de problemas. Quando um atentado liberta os prisioneiros, Homem-Aranha e o Capitão América, coincidentemente em uma viagem nos arredores, surgem para prestar apoio e ajudar na contenção.

    Como na primeira formação iniciada pela necessidade, Steve Rogers decide convocar oficialmente os heróis para uma nova organização dos Vingadores. Além de Capitão América, Homem de Ferro, Homem-Aranha, Mulher-Aranha e Luke Cage, dois outros membros são convocados: Wolverine e Sentinela, esse segundo em um momento posterior. A seleção de Bendis transita entre personagens da velha guarda, honorários ou não, e novos membros. Capitão América e Homem de Ferro representam a base que sustenta o histórico de aventuras. A inclusão do Homem-Aranha, além do natural apelo diante do público, compõe uma nova dimensão da personagem, que agora terá que interagir em equipe sem perder, claro, sua característica de falastrão. Trabalhando com a S. H. I. E. L. D., a Mulher-Aranha é o contato político para necessárias bases de apoio em missões. Luke Cage representa a força bruta, e Wolverine a violência pura. Um personagem selecionado para atitudes extremas mas que, sem dúvida, como o aracnídeo, foi selecionado para ser um atrativo popular.

    Observando a cronologia com o necessário espaço temporal, é perceptível que a queda dos Vingadores e sua nova organização eram apenas modificações necessárias para planos maiores. A participação de Peter Parker como membro ativo do grupo será responsável pela intimidade com outros heróis, determinando sua afinidade com Tony Stark – de quem ganha uma armadura futuramente – e um dos pontos chave de modificação de Guerra Civil. Os embates entre Stark e Rogers, por menor que sejam, como discordar em planos de ação ou demonstrar um leve descontentamento pela dissolução da equipe, são fundamentos para a eclosão dessa citada batalha.

    Esse primeiro arco de história desenvolve com cuidado a motivação necessária para trazer a equipe à tona ao mesmo tempo que cada edição recruta seus heróis para completar o grupo, culminando em uma viagem até a Ilha Selvagem, onde descobrem uma facção da S. H. I. E. L. D. O local habita a prática de escravizar locais no tráfico de vibranium, outra justificativa necessária para uma equipe de vigilantes. Novamente, é perceptível a intenção de ampliar a realidade do universo Marvel com camadas dramáticas que refletem parcialmente o contexto contemporâneo. A política é uma das camadas escolhidas para esta aproximação, desenvolvendo um viés que faz da equipe uma vigilante além das grandes batalhas com vilões superpoderosos.

    Em um primeiro momento, a corrupção da Superintendência é o contraponto que incomoda Steve Rogers, um personagem idealista que preza por uma política correta e o qual, mesmo trajando as cores da bandeira americana, demonstra que seu ideário é mais puro do que a maneira contemporânea de conduzir uma nação e seus trâmites políticos. Sem um apoio oficial do governo como anteriormente, a equipe permanece à margem da legalidade, e tem prestígio devido a seus integrantes de renome dentro do universo narrativo.

    A edição da Panini, lançada no selo Deluxe, compila o primeiro ano dos Novos Vingadores com doze edições, enquanto a edição da Salvat reúne apenas o primeiro arco. De qualquer maneira, Motim é um bom início, coerente com as modificações estruturais da Marvel, fundamentando com qualidade a necessidade de ter uma superequipe ativa em uma boa aventura.

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  • Resenha | Os Vingadores: A Queda

    Resenha | Os Vingadores: A Queda

    Vingadores - A Queda

    Após compor a releitura de Homem-Aranha para a linha Ultimate da Marvel e assumir uma passagem duradoura e bem-sucedida em Demolidor ao lado de Alex Maleev, Brian Michael Bendis foi convidado a escrever Os Vingadores, um dos grandes títulos da Casa das Ideias e que estava prestes a completar 500 edições lançadas.

    Quando autores assumem novas revistas, é comum que estabeleçam pontos de partida selecionando qual material e quais personagens irão trabalhar em sua passagem pelo título, e raramente se preocupam em fechar cronologias anteriores. A escolha de Bendis foi ainda mais definitiva neste aspecto. Em sua estreia, promoveu a saga A Queda (publicado no país em Vingadores #21 a #24, em um encadernado especial, em 2008, e pela Coleção Graphic Novels da Salvat #34), implodindo a equipe em uma história de despedida e encerramento do título, o qual existia desde a década de 60.

    Publicado em quatro partes, três delas nos títulos de The Avengers e o final em uma edição especial (além da repercussão dos fatos em cada mensal específico), a trama acrescenta um pouco da textura realista que seria desenvolvida posteriormente em diversas revistas Marvel através de ações cujo ponto máximo é a megassaga Guerra Civil, que colocou em lados opostos herói contra herói. Em A Queda, Os Vingadores começam a sofrer uma série de ataques consecutivos de seus maiores inimigos e não conseguem estabelecer um motivo ou quem está por trás destas ações com Skrulls, diversos Ultron, entre outros. O vingador Valete-de-Copas, morto em ação em uma aventura no espaço, retorna à mansão dos Vingadores para explodir o local, deixando a equipe sem sua tradicional base de operações. Simultaneamente, Tony Stark sofre um surto psicológico em um discurso como embaixador dos Estados Unidos, e o apoio da nação à equipe é retirado.

    Enquanto recebem visitas de consolação da vasta comunidade de heróis, reconhecendo o status dos Vingadores como um dos grandes grupos, as pequenas fissuras internas da equipe, com base em ideologias diferentes, serve de atrito para o grupo. O embate entre Tony Stark e Capitão América se apresenta desde este momento. Perdendo milhões com a destruição da mansão e sem o cargo de embaixador, Homem de Ferro abandona o grupo e se transforma no algoz culpado pela falta de esperança em recomeçar. De maneira honesta, cada vingador expõe sua insatisfação e decide temporariamente abandonar o posto, deixando Steve Rogers como a única chama resistente. Além da representação pública de cada herói, observamos pessoas normais vivendo conflitos naturais devido à convivência diária e à rotina.

    Mesmo sem uma trama brilhante, justificável pelo fato do roteirista estar iniciando sua obra com cada personagem, a dramaticidade é interessante para demonstrar o interior de cada herói e ousada ao destruir um grande grupo para reconstruí-lo de outra maneira. O roteirista foi criticado na época por tais modificações e por usar os ganchos usuais para sagas de modificação, como a morte de personagens importantes. Visto com distanciamento, é perceptível o plano a longo prazo desenvolvido nas histórias tanto dos Vingadores quanto do universo Marvel como um todo, criando uma coesão temporal entre acontecimentos. Afinal, (spoiler na próxima linha) a mesma vilã responsável pela destruição da mansão e dos ataques sucessivos, a Feiticeira Escarlate, também é personagem central da Dinastia M quando modifica a realidade matando a maioria dos mutantes do mundo.

    Bendis foi corajoso em encerrar um título longevo para reconstituir a equipe em uma outra direção. Após 503 títulos, a editora lançava um edição final com a participação de diversos desenhistas e roteiristas, que passaram pelo título com suas personagens relembrando grandes acontecimentos dos Vingadores. Uma homenagem que observava o passado escrito até então para, enfim, começar uma nova fase na equipe.

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