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  • Crítica | Aviãozinho de Papel

    Crítica | Aviãozinho de Papel

    Paper Planes 2

    Trama infantil de Robert Connolly – diretor também de Balbo e Underground: A História de Julian AssangeAviãozinho de Papel é focado nas experiências de Dylan Webber (Ed Oxenbould, o mesmo de Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso), um menino deslocado dos colegas de mesma idade, graças ao anacronismo em que vive. A situação do rapaz muda após lançar um pequeno avião de papel diante de um professor, descobrindo assim um novo talento, que o credenciaria para uma competição.

    A atmosfera de despreocupação típica da escola, onde as cores vivas prevalecem, escondem a realidade do menino de 11 anos que vive em condições complicadas, quase sem dinheiro, inclusive para se inscrever nos campeonatos. Durante a noite, ele sonha com a figura materna, ausente por um motivo não dito no início do roteiro. O único a quem ele recorre é seu desatento pai, Jack, executado pelo igualmente péssimo Sam Warthington que basicamente não precisa atuar.

    Dylan prossegue em seus objetivos, sem apoio dos que o cercam, especialmente de seu pai, que além de não ajudar a financiá-lo ainda o atrapalha, pondo-o de castigo sem motivo plausível logo após passar para as finais do campeonato australiano. O fato serve de alegoria para a recusa que os parentes mais velhos tem em aceitar o destino que seus filhos escolhem.

    Aos poucos, o quadro dos Webber muda e eles partem em viagem, para tentar realizar o sonho do garoto, ainda que por vias tortas. Apesar de todo o efeito lúdico, típico da mentalidade infantil, há  forte carga subliminar. Além de uma discussão sobre abandono, orfandade e senilidade, a cargo de cada um dos homens da família Webber, reunindo nos personagens padrões as mesmas questões amplamente discutidas em consultórios psicanalíticos, com a grave diferença de não haver qualquer doutor para tratar das dores emocionais dos personagens, tampouco para enxugar suas lágrimas.

    Todo o esforço de Dylan é basicamente para que seu pai o note, como um grito desesperado por atenção, um clamor não atendido pelo homem graças a depressão causada pela precoce viuvez. Através de falas padrão, o menino consegue finalmente alcançar o emocional do patriarca, a quilômetros de distância, quando já está locado no Japão para o torneio internacional. Como era de se esperar, as palavras edificantes causam comoção no homem que se retira da inércia para enfim se lançar em direção ao seu rebento.

    A história termina de modo nada inédito como a trajetória de superação de inúmeros filmes da década de oitenta, emulando características desde Karatê Kid, até o recente e oscarizado O Discurso do Rei. Os poucos méritos de Aviãozinho de Papel estão em sua conjuntura infantil, já que vem de Dylan toda a força para realizar seus próprios sonhos, sem nenhuma figura de mentor indiscutível, semelhante ao visto na composição muitos dos heróis do faroeste, que só podiam contar consigo mesmo.

  • Crítica | A Visita

    Crítica | A Visita

    A Visita - Poster

    Dezesseis anos após sua ascensão no cenário internacional com O Sexto Sentido, o diretor indiano M. Night Shyamalan volta a se provar como diretor, trazendo nova ideias autorais e uma nova disposição, um renovado Shyamalan. A Visita pode não ser seu retorno triunfante, mas mostra que o diretor ainda tem muito a oferecer.

    No thriller, os irmãos Becca (Olivia DeJonge) e Tyler (Ed Oxenbould) vivem apenas com a mãe, depois que o pai os abandonou. Eles vão passar uma semana na casa dos avós, que nunca conheceram. Becca é uma aspirante a cineasta, e decide documentar a visita, que vai tomando traços cada vez mais estranhos conforme seus avós começam a agir de forma completamente sem sentido.

    Surpreendentemente, A Visita não é o filme de terror que todos esperavam que fosse. Ao invés de se afundar nos estereótipos e nos clichês do gênero, o diretor nos brinda com um tipo de comédia de terror, brincando sem medo com seu próprio filme, desde os sustos fáceis até a bizarrice dos movimentos corporais, usando até mesmo a estrutura em que a história nos é apresentada, como fosse o produto final do documentário de Becca.

    Ainda assim, se fazem presentes algumas das marcas do diretor. A tensão psicológica se faz presente, tornando qualquer comportamento do filme inesperado, além dos planos mais “complexos”, que elevam o espectador ao estado de observador das situações, além de seus clássicos plot twists.

    Se apresentando sem uma gota de pretensão, A Visita nos traz um renovado Shyamalan, com um apurado sentido (e senso) de humor autoconsciente, mostrando que aprendeu com os erros passados, e que o diretor já não tenta provar nada para ninguém, apenas deixando explícita sua originalidade, mesmo que ela nunca tenha saído de lá.

    Lentamente, Shyamalan aparece reconstruindo sua carreira.

    Texto de autoria de Matheus Mota.