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  • Do Terror aos Monstros: O Legado da Universal

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    Considerada a época mais favorável aos estúdios, a era de ouro dos anos 30 permitiu que uma grande quantidade de filmes de diversos temas fosse feita, como as aventuras de Errol Flynn, os filmes de máfia de James Cagney, os musicais de Deanna Derbin, os melodramas de Betty Davis e os filmes de monstros que a Universal produziu entre 1923, com O Corcunda de Notre Dame, e 1956, com À Caça do Monstro.

    Para se entender como atuavam os estúdios, é necessário compreender o período. Os primeiros anos após a Primeira Guerra Mundial acabou fazendo com que a Europa voltasse a si para a sua reconstrução e deixasse de lado a hegemonia mundial de diversas indústrias. Esse vácuo foi rapidamente preenchido pelos americanos, que passaram a liderar vários segmentos desde então. Para também passar a liderar o cinema, tiveram que acelerar o processo de verticalização da indústria dos anos 10, em que a mesma empresa produzia, distribuía e exibia os seus filmes. Este processo, aliado à rápida industrialização do país e ao vácuo europeu, permitiu o alcance mundial do cinema norte-americano nos anos 20.

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    Com a liderança em mãos, e cada vez mais contando com diversos profissionais europeus, a era de ouro dos estúdios passou a acontecer a partir dos anos 30, indo até o final dos anos 40 quando a legislação antitruste foi colocada em prática. Nesse período, os estúdios passaram a fazer o que foi chamado de “Studio System”, passando a lançar as estrelas de cinema e apresentar regras de comportamento. Boris Karloff e Bela Lugosi, por exemplo, não eram contratados por filme, mas sim assalariados da Universal.

    invisible_ray_67Bela Lugosi e Boris Karloff em O Raio Invisível (1936), um dos vários filmes em que atuaram juntos.

    Em tempos difíceis como a grande depressão, pode-se associar os filmes da Universal com a época: os monstros dialogam com os fantasmas do desemprego e uma inflação instável. Não à toa, uma das maiores influências para os monstros da Universal foi o expressionismo alemão, que, além do fascismo, também teve relação forte com a economia.

    fvLittle Europe, a cidade cenográfica usada em diversos filmes

    Os filmes alemães, responsáveis pela construção da narrativa e de uma estética de terror própria, foram decisivos para ajudar os diretores do estúdio a popularizar o gênero, como com O Fantasma da Ópera (1925), Drácula (1931), Frankenstein (1931), A Múmia (1932), O Homem Invisível (1933), A Noiva de Frankenstein (1935), O Lobisomen (1941) e O Monstro da Lagoa Negra (1954).

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    Os filmes sem monstros e que são igualmente interessantes são O Gato e o Canário (1927), A Casa Sinistra (1932), O Gato Preto (1934), O Raio Invisível (1936) e Sexta-Feira 13 (1940). O Homem Que Ri (1928) não sei se pode ser considerado filme de terror, no entanto entra como um dos mais importantes do período para a Universal devido principalmente à atuação de Conreid Veidt.

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    O Fantasma da Ópera (1925) recria a história de Gaston Leroux, trazendo Lon Chaney como o compositor maluco e desfigurado que se apaixona pela cantora Christine Daae. Apesar da narrativa simples, a impressionante atuação de Chaney é o grande diferencial.

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    Drácula (1931) eternizou o húngaro Bela Lugosi como o vampiro da adaptação de uma peça baseada no livro de Bram Stocker. O roteiro do filme, no entanto, poderia ter sido mais bem trabalhado.

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    Frankenstein (1931) consegue ser elevado a outro nível devido à direção de James Whale. A atuação do inglês Boris Karloff como o monstro é tão importante quanto o roteiro, igualmente baseado em uma peça de teatro inspirada na peça de Mary Shelley.

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    A Múmia (1932) traz de volta Boris Karloff como o sacerdote Imhotep, que é ressuscitado através de um pergaminho e vai atrás de uma jovem que ele crê ser a reencarnação do seu amor. A recriação do passado egípcio é um dos pontos altos do filme.

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    Em O Homem Invisível (1933) temos James Whale novamente na direção e com roteiro adaptado diretamente do livro de H.G. Wells. Claude Rains encarna o homem que descobre a invisibilidade e se torna louco, cometendo diversos crimes.

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    A Noiva de Frankenstein (1935) talvez seja um dos melhores filmes de monstros na continuação do filme de 1931. O cientista-médico Frankenstein é assediado pelo Dr. Pretorius para criar uma noiva para a criatura, interpretada pela inglesa Elsa Lanchester.

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    O Lobisomem (1941) tem o melhor roteiro dentro dos filmes de monstros, o único original dentre os grandes. A atuação de Lon Chaney Jr., filho de Lon Chaney, como Lawrence Talbot e o Lobisomem está em sintonia com a bela história de um homem cético mordido por um lobo e se transformando na figura folclórica do lobisomem.

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    O Monstro da Lagoa Negra (1954) encerra os grandes filmes de monstros com uma equipe de cientistas americanos que visita a Amazônia e é assediads por uma criatura pré-histórica.

    frankenstein_meets_wolfmanExemplo de um dos vários crossovers entre os monstros: Frankenstein Encontra o Lobisomem (1943) com Bela Lugosi como o monstro

    house_of_frankenstein_poster_06E o maior dos crossovers entre os monstros em A Casa de Frankenstein (1944)

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    | Edição em formato de Caixão

    Livro: Universal Studios Monsters: A Legacy of Horror

    Texto de autoria de Pablo Grilo.

  • Crítica | Frankenstein: Entre Anjos e Demônios

    Crítica | Frankenstein: Entre Anjos e Demônios

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    Stuart Beattie, responsável pelos roteiro de Austrália e das franquias Piratas do Caribe, G.I. Joe, assume a direção desta versão moderna da história do monstro de Victor Frankenstein. A trama é baseada na HQ escrita por Kevin Grevioux, co-criador de Underworld: Anjos da Noite. Talvez por isso tem-se a impressão de que a história está ambientada num universo semelhante ao de Underworld. Ou seja, em vez de vampiros versus lobisomens, o embate é entre demônios e gárgulas.

    E, assim como na história de vampiros e lobos, a humanidade ignora totalmente a existência de tais criaturas e o confronto entre elas – apesar de ser difícil acreditar que sejam tão despercebidos a ponto de nenhum transeunte notar esses seres estranhos e assustadores com olhos vermelhos nos céus duma metrópole. Mas enfim, se é necessário ignorar esse fato para mergulhar no universo da história, que assim seja.

    Desse “mergulho” advém o principal problema do filme: a falta de profundidade tanto da história quanto dos personagens – não há “onde” mergulhar. A luta entre anjos e demônios é enfocada de modo tão superficial que o espectador sequer se sente compelido a tomar partido de um dos lados. Ambos são tão insossos em suas motivações que parece não fazer muita diferença quem leva a melhor na disputa. Soma-se a isso o fato de que temas centrais da história do monstro de Frankenstein – criatura versus criador, homens brincando de deus – são apenas ligeiramente pinceladas, sem nunca serem exploradas devidamente, o que enriqueceria bastante a trama.

    Nem a presença de alguns bons atores no elenco consegue prender o espectador. Bill Nighy não faz feio, como sempre, mas dá a impressão de ter atuado em modo automático. Miranda Otto, como líder dos gárgulas, dispara algumas das piores falas do filme. Aaron Eckhart até tenta dar mais peso a Adam, mas não há muito o que se fazer com um personagem mal construído.

    Ao menos, o filme não é longo – 93 minutos – e mantém o ritmo com sucessivas cenas de ação. Consegue entreter, se o público não for ao cinema esperando uma nova versão do personagem já que, do clássico personagem criado por Mary Shelley, sobrou apenas o nome no título.

    Texto de autoria de Cristine Tellier.

  • Crítica | Frankenweenie

    Crítica | Frankenweenie

    Baseado em seu curta metragem homônimo de 1984, Tim Burton retorna às suas raízes no remake de um dos seus primeiros trabalhos como diretor em uma homenagem aos clássicos filmes de terror cult da história do cinema (Veja aqui).

    Frankenweenie conta a história de Victor e seu cachorro Sparky, que após ser atropelado em um acidente de carro, é trazido de volta à vida pelo seu dono, que é aficionado por ciências. Desde 2005 Tim Burton não fazia mais animações em stop motion (Noiva Cadáver), porém volta com o diferencial de ser produzido inteiramente em preto e branco e

    Como de praxe, a trilha sonora de Danny Elfman é certeira ao se mesclar à atmosfera sombria característica dos filmes de Burton. Por outro lado, Johnny Depp e Helena Bonham Carter não estão no elenco das vozes do filme, para surpresa de todo um público já acostumado com a presença dos mesmos em “quase” todos os filmes do diretor.

    Burton se diverte com sua narrativa e as várias referências que implementa nela. Até mesmo o cinema japonês não ficou de fora das referências, sendo possível encontrar uma clara homenagem ao monstro Gamera, pertencente ao mesmo universo de Godzilla e um dos inimigos do monstro. Não apenas ele, mas a Múmia, Frankenstein, Drácula e tantos outros estão presentes para o deleite do espectador.

    O character design dos personagens não precisam de comentários, eis que é um dos pontos mais fortes do trabalho de Burton. Muitos dos que estão presentes no filme já foram vistos nas outras obras do diretor, cabendo ao público reconhece-los dentre os personagens.

    Frankenweenie é um filme simples, que não procura ser nada mais do que realmente é: um filme que busca a diversão em suas dezenas de referências e, por isso, acaba sendo tão bem realizado.

    Texto de autoria de Pedro Lobato.