Crítica | Grass
Hong Sang-soo tem uma cinema normalmente encarado como refém de seus temas, e Grass repete isso de algumas formas, em especial, no que tange a discussão da arte e seu papel social dentro da atualidade. O filme é registrado em preto e branco, e se passa quase todo em um beco onde há um café e uma mercearia. Entre esses dois lugares acontecem conversas triviais e relações mundanas, a maior parte delas com absolutamente nada de especial. No café as pessoas conversam e na mercearia há o cultivo de pequenos vasos de plantas – daí o nome do filme, por conta da grama dos vasos – que inclusive sofrem o foco da câmera do cineasta a todo momento.
Há um certo clima de opereta na obra acompanhada pela trilha instrumental que embala a maior parte dos diálogos nonsenses e cotidianos que acontecem naquele micro-espaço. Ainda que tenha essa semelhança com obras mais elaboradas há uma simplicidade de linguagem muito grande com quase toda a gravação do filme, predominando uma única câmera de tão simples que o filme busca soar.
Os movimentos repetitivos denunciam a vontade do filme de denunciar ciclos que acontecem e re-acontecem, falando que a maior parte dos diálogos da vida giram em torno do nada, e Sang-soo propõe uma obra que discorre sobre ressentimento e divergências, sentimentos negativos e como as pessoas lidam com todos os tipos de rejeição. A riqueza dos diálogos mora na poesia do comum que mais uma vez o diretor apresenta, com o mesmo elenco que costuma utilizar e com clichês típicos do próprio universo que ele propõe, e mesmo com tantas repetições de conceito ainda sobra muita ternura e carinho.
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