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  • Crítica | O Custo da Coragem

    Crítica | O Custo da Coragem

    O Custo da Coragem é uma obra de ficção supostamente baseada em fatos, dirigida por Joel Schumacher e protagonizado por Cate Blanchett, que faz Veronica Guerin, uma repórter investigativa que descobre um forte esquema de narcotráfico em Dublin, na Irlanda. O começo do filme produzido por Jerry Bruckheimer em parceria  com a Touchstone Pictures dá conta de cenários típicos da cidade, que podem ser vistos em tantas outras áreas urbanas, como igrejas católicas, tribunais de justiça etc.

    Nesse prólogo, a personagem-titulo é mostrada sendo julgada, também se estabelece que ela tem problemas com leis de transito, e em confrontar as forças criminais  locais. Os saltos temporais fazem a violência mostrada em tela piorar ainda mais quando Veronica adentra o antro os os jovens se drogam. A prostração do povo que faz uso contínuo das drogas assusta um bocado, mas há um cuidado enorme da parte da direção de Schumacher e da direção de arte de Patrick Lumb e Julie Ochipinti em não glamourizar aquilo, tampouco julgar essas pessoas como inferiores ou algo que o valha. A marginalização delas se dá por conta de desejos das próprias, e o modo como isso é demonstrado em tela é seco e pesado demais, um grande acerto do cineasta.

    Após muitas críticas aos seus filmes, seja nas suas versões do morcego em Batman Eternamente ou Batman e Robin, ou nas adaptações de John Grisham, O Cliente e Tempo de Matar, o diretor decidiu fazer seu filme todo baseado na sobriedade. O filme é econômico, e até marcas registradas do diretor são deixadas de lado, a cidade não tem tons alaranjados em sua iluminação, ou pichações com detalhes em neon, possivelmente por essa ser uma historia na Europa e não nos Estados Unidos como foram as outras. Mesmo na abordagem de sua personagem central, ele não registra Blanchett como o auge da beleza (por mais que ela seja muito bonita), não é como foi com Julia RobertsSandra Bullock ou Nicole Kidman aqui o que fala mais alto é o trabalho da repórter do Sunday Independent e não o seu corpo, e mesmo quando tentam objetifica-la, a câmera condena o ato.

    O diretor também rejeita qualquer tipo de estilização do estilo de vida junkie ou  de filmes de gangsters ditos cools, não se vê referencias a utilização de drogas como em Transpotting ou Kids, tampouco os vilões parecem os de Na Mira do Chefe ou Snatch – Porcos e Diamantes. Há no filme um charme inconfundível, que mistura elementos de séries policiais antigas como Nova York Contra o Crime e um bocado do cinismo dos filmes noir antigos. A ideia de mostrar uma historia real parecia bem viva na cabeça do realizador, e para isso, ele usa de pragmatismo visual e de um modo bem austero de filmar, sem que para isso, a violência seja aplacada, afinal a realidade é por vezes pior que a ficção e fantasia.

    A personagem de Guerin é muito profunda e realista, além de seu faro investigativo, elementos são incorporados ao seu comportamento, de maneira bem natural, como a admiração a Eric Cantona, jogador avançado de seu time, o Manchester United, que ficou conhecido para além do futebol, por ter dado uma voadora num torcedor que gritava palavras de ordem fascistas. Esse aspecto por menor que seja denota uma característica de humanidade bem básica, e isso é bem importante, já que é preciso que o público se identifique com a personagem.

    Após o final do filme, pesado para quem não conhece a historia real de Veronica Guerin, é de se lamentar o nome nacional para o filme, ainda que O Custo da Coragem tenha algum significado, deixa nele implícito um grau de culpa em cima de uma personagem fantástica, que não tinha receio em bater de frente com a opressão da cidade grande, tampouco se dobrava aos homens poderosos, mesmo que fossem eles super mal encarados. A ideia de resistir vive no legado da personagem real, e Schumacher utiliza seu filme para denunciar as centenas de casos de assassinatos a jornalistas e a covardia do femininístico. Nesse intuito, ele poderiam facilmente cair em uma abordagem piegas e demasiado sentimental, mas isso não ocorre, ao contrário, o que se percebe é uma obra certeira, contundente e crítica.

  • Crítica | Os Bad Boys

    Crítica | Os Bad Boys

    Produção de Don Simpson e Jerry Bruckheimer, com direção de Michael Bay, Os Bad Boys é uma comédia de ação policial, protagonizado por Will Smith, recém saído de Um Maluco no Pedaço, e por Martin Lawrence mais conhecido por seus shows de Stand Up Comedy nos idos de 1995, além é claro da série Martin, que protagonizava. O filme brinca com clichês de programas e seriados policiais, munido é claro de uma linguagem mais adulta e sacana, aproveitando o carisma de seus astros.

    O filme se passa em Miami, e em pouco tempo a câmera trata de utilizar o lugar como um dos personagens centrais da trama, com tomadas aéreas que correm o por do sol, mostrando a beleza das cores alaranjadas sobre as praias, baia e prédios. Tudo que envolve a historia prima por um descompromisso com a seriedade, os vilões que são apresentados são caricatos e repletos de clichês, ao mesmo tempo, a ultra violência é bastante utilizada aqui, com assassinatos e tiros ocorrendo já nos primeiros momentos do longa. É como se a obra de Bay fosse uma continuação espiritual dos filmes de ação dos anos 80, como Máquina Mortífera ou Duro de Matar, mas com um estilo bem diferente.

    Marcus Burnett (Lawrence) e Mike Lowrey (Smith) tem vidas bem diferentes, um é casado e outro um bon vivant solteiro e com receio de ter compromisso, possivelmente com diferenças cabais de rotina para compensar o fato de serem dois negros agindo como os tiras clássicos dos filmes de brucutu, como não há a química inter racial.

    Como o roteiro de Michael Barrie, Jim Mulholland e Doug Richardson (com argumento de George Gallo) não é um primor e nem busca reinventar nada, a personalidade dos personagens acaba sendo muito básica, Lowrey lembra muito o Will da série que ainda não havia acabado, principalmente por ser um mulherengo muito charmoso, e Burnett é o típico negro inseguro

    A música é um elemento importante no filme, tanto a trilha composta por Mark Mancina, que dá o tom para as andanças de Mark e Mike, quanto o tema do Inner Circle, que era utilizado como abertura da série COPS, e é cantarolado pelos dois tiras enquanto seguem o rastro dos traficantes de heroína. Não há muita complexidade nos vilões e opositores, eles são basicamente amontoados de clichês e visualmente assustadores, não apresentam muitas camadas, são mafiosos genéricos, assustados e violentos, como era bem típico dos programas como o já citado COPS, Miami Vice etc, e todo esse clima funciona, por causa no espectador uma sensação de familiaridade.

    Os personagens secundário ao menos são repletos de carisma, seja o capitão Howard, de Joe Pantoliano, um sujeito pilhado, engraçado e viciado em basquete, ou a família de Marcus, o porteiro de Milke ou a testemunha de um assassinato, Julie Mott, interpretada por sua vez por Tea Leoni inciante, mas ainda assim muito importante para toda a trama, graças entre outras cisas por sua forte presença. Alem deles, há o borracheiro Jojo, vivido por Michael Imperioli quatro anos antes de Família Soprano.

    Os momentos contem uma série de eventos frenético, e são fortificados pelas muitas explosões, pela edição e claro pelo slow motion. A essa altura estes não eram aspectos que determinavam a marca que Bay imprimiria em seu cinema, então não era uma formula desgastada, e dada toda a cafonice do filme, simplesmente funciona.

    Os Bad Boys é muito fruto do seu tempo, não tenta ser revolucionário, é apenas uma fita divertida, repleta de ação, humor e violência, uma nova versão do que seria o cinema brucutu, para um novo público, mas sem esquecer os fãs do sub gênero, mostrando os vigilantes e defensores da lei como pessoas de moral dúbia, com defeitos, reféns de seus sentimentos egoístas, mostrando dificuldades claras em ceder ou não a vaidade ou a vingança, em uma trama com múltiplas reviravoltas.

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