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  • Crítica | Bad Boys: Para Sempre

    Crítica | Bad Boys: Para Sempre

    Por outras duas vezes, Michael Bay se juntou a Will Smith e Martin Lawrence para fazer os episódios cinematográficos da franquia Bad Boys, conseguindo muito sucesso em um e um enorme equívoco no outro. Demorou mais de uma década para que houvesse um terceiro tomo, dessa vez sem Bay. Em Bad Boys Para Sempre, os personagens estão mais velhos, mais falhos e sentimentais e não demora a demonstrar esses sentimentos e sensações.

    No início do filme há uma perseguição de carros, protagonizada obviamente por Mike e Marcus, pelas estradas de Miami, atrás dos malfeitores, e essa tradicional entrada apoteótica é seguida de um momento sentimental, com o nascimento do neto de Burnett, mostrando que para todos os efeitos, a direção de Adil El Arbi e Bilall Fallah emula o estilo do diretor antigo, mas há uma abordagem mais aprofundada do lado mais emocional.

    O problema do longa reside no roteiro mesmo, que se vale de vilões latinos, genéricos ao extremo e que supostamente teria ligação com os bad boys. Ao menos não se dá grande importância para eles, exceto quando tentam execuções e claro, no final. O modo como o texto lida com as dificuldades dos personagens em aceitar o peso da idade e experiência suaviza essas questões.

    O tom dramático ainda soa bobo, mas é mais acertado neste. As tentativas de parecer grave e nos conflitos entre Burnett e Lowrey fazem sentido, além das simples piadas. Eles são falhos, agora mais do que nunca, já que seus dias são mais lentos e mais difíceis de lidar graças ao peso dos anos de ação, e mesmo personagens secundários, como o chefe deles Conrad Howard (Joe Pantoliano) tem mais função aqui do que em Bad Boys II, por exemplo.

    Uma das boas mensagens do filme moram na sabedoria por trás da hora de saber parar, de como a natureza do trabalho do policial pode ser perigosa e de como e quando se deve perceber que o ciclo é finito e que é preciso deixar de lado questões de vaidade, de revanche e quando é o momento de desapego. Para a  dupla de amigos, é um misto de cada uma dessas sensações.

    Os momentos finais são carregados de pieguice, especialmente na questão de legado envolvendo Mike Lowrey. Esse assunto já havia sido levantado no recente Projeto Gemini de Ang Lee, e por mais que Bad Boys: Para Sempre não seja tão equivocado quanto o outro, há problemas sérios, de orçamento e condução do desfecho  no quesito ação, mas assim esse terceiro filme tem mais acertos que o anterior, consegue introduzir bem um novo núcleo de policiais especializados em tecnologia e ação de campo além de desenvolver bem o clima de aventura, fazendo valer o espírito dos personagens pela última vez.

  • Crítica | Bad Boys II

    Crítica | Bad Boys II

    De começo bastante apelativo, Bad Boys II retorna oito anos depois e se inicia com uma sequencia criminal muito elaborada, mostrando traficantes de drogas em Miami com um conjunto de ações submarinas, agindo sobre a maré e com apoio tático de todos os lados. O novo vilão, Johnny Tapia (Jordi Mollà) se assemelha aos vilões genéricos do  programa Miami Vice, mas é ainda mais canastrão e caricato, trata as mulheres mal como bom personagem maniqueísta dos bons exemplares da filmografia de Michael Bay.

    Os Bad Boys jamais foi um filme que tentava reinventar o gênero de ação/aventura, eles se valiam de clichês dos gêneros, unidos a marcas de filmes policiais, munidos de muito humor, e de certa forma, o roteiro de Ron Shelton e Jerry Stahl contempla isso também, mas toda a estética envolvida é evoluída, a linguagem cinematográfica condiz muito com o que se fazia em matéria de ação brucutu e introduz os heróis Marcus Burnett(Martin Lawrence) e Mike Lowry (Will Smith) invadindo uma ação de supremacistas brancos, que pegam emprestados até as indumentárias da Ku Klux Klan.

    Em menos de dez minutos se abrange temática racial, problemas com as drogas e cenas de ação genéricas, com direito a disparo de balas em câmera lenta com conseqüências cômicas. Fora isso, ainda há viagens de ácido mostradas de maneira literal, em boates com muito neon,contemplando as imagens com movimentos de câmera que vem dos pés até a cabeça dos personagens, em uma clara demonstração do cineasta de que ele sabe filmar dessa maneira.

    No meio de toda a bagunça da imbatível dupla há o acréscimo de Syd (Gabrielle Union), irmão de Marcus e que tem um caso secreto com Mike, e também um pedido de transferência de Burnett. Sai a simplicidade do texto anterior para um arremedo de script que junta dezenas de plots e não desenvolve minimamente nenhum, na falta de uma historia coesa ou pretensiosa, Bad Boys II apela para toda sorte de dilema, de situações genéricas e de violência super gratuita. Há semelhanças bizarras com Matrix Reloaded e Mais Velozes e Mais Furiosos, lançados no mesmo 2003, além  de referenciar outras fitas de ação recentes para a época, sendo que nenhuma era boa, e nenhuma é superada por esta.

    A câmera viaja demais pelos cenários, de um modo que quase causa náuseas no espectador. As situações são extremamente genéricas, mesmo que o trabalho da direção de arte tenha cuidado em mostrar detalhes incríveis. Há toda uma sequencia de tiroteio depois dos anti heróis passarem em uma loja de artigos religiosos. A troca de tiros é confusa na maioria das vezes, denegrindo ou dando pouca importância inclusive para a quantidade de entidades religiosas aludidas visualmente, entre santos católicos, orixás e entidades de credos afro-brasileiros.

    É tudo muito confuso e forçado, um exemplo de quão mal pensado é o esquema visto no script é o modo como Marcus se veste. Ele era inseguro no outro filme, mas nesse, é também carente e insuportável, vive utilizando regatas e roupas de esporte, como se precisasse dos torcedores do Miami Heat para transpirar carisma, ele já causava simpatia no espectador, não precisava de nenhuma apelação.

    As minorias GLBT são mostradas de modo muito caricato, forçado e artificial. Quase tudo que funcionava no outro filme é mal replicado aqui, o Capitão Howard de Joe Pantoliano é uma sombra do que era, e o uso de Michael Shannon, como o bandido pé rapado Floyd Poteet não chega nem perto do que era o papel de Michael Imperioli, e claramente ambos fazem a mesma coisa, com algumas diferenças de pano de fundo. Nem a relação familiar dos Burnett segue semelhante. Nem mesmo a pieguice, que antes era charmosa, funciona, aqui é pura gratuidade mesmo.

    A meia hora final é  ainda mais constrangedora, onde se faz piada com necrofilia mais de uma vez, e em uma sequencia tão grande que faz perguntar quando ela acabaria. Os dois protagonistas não conseguem salvar o longa de soar um pastiche do que foi o primeiro, o que é lamentável, dado que havia grandes expectativas sobre os rumos dessa continuação, que já  demonstrava que o cinema de Bay estava desgastado e refém de suas próprias formulas.

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  • Crítica | Os Bad Boys

    Crítica | Os Bad Boys

    Produção de Don Simpson e Jerry Bruckheimer, com direção de Michael Bay, Os Bad Boys é uma comédia de ação policial, protagonizado por Will Smith, recém saído de Um Maluco no Pedaço, e por Martin Lawrence mais conhecido por seus shows de Stand Up Comedy nos idos de 1995, além é claro da série Martin, que protagonizava. O filme brinca com clichês de programas e seriados policiais, munido é claro de uma linguagem mais adulta e sacana, aproveitando o carisma de seus astros.

    O filme se passa em Miami, e em pouco tempo a câmera trata de utilizar o lugar como um dos personagens centrais da trama, com tomadas aéreas que correm o por do sol, mostrando a beleza das cores alaranjadas sobre as praias, baia e prédios. Tudo que envolve a historia prima por um descompromisso com a seriedade, os vilões que são apresentados são caricatos e repletos de clichês, ao mesmo tempo, a ultra violência é bastante utilizada aqui, com assassinatos e tiros ocorrendo já nos primeiros momentos do longa. É como se a obra de Bay fosse uma continuação espiritual dos filmes de ação dos anos 80, como Máquina Mortífera ou Duro de Matar, mas com um estilo bem diferente.

    Marcus Burnett (Lawrence) e Mike Lowrey (Smith) tem vidas bem diferentes, um é casado e outro um bon vivant solteiro e com receio de ter compromisso, possivelmente com diferenças cabais de rotina para compensar o fato de serem dois negros agindo como os tiras clássicos dos filmes de brucutu, como não há a química inter racial.

    Como o roteiro de Michael Barrie, Jim Mulholland e Doug Richardson (com argumento de George Gallo) não é um primor e nem busca reinventar nada, a personalidade dos personagens acaba sendo muito básica, Lowrey lembra muito o Will da série que ainda não havia acabado, principalmente por ser um mulherengo muito charmoso, e Burnett é o típico negro inseguro

    A música é um elemento importante no filme, tanto a trilha composta por Mark Mancina, que dá o tom para as andanças de Mark e Mike, quanto o tema do Inner Circle, que era utilizado como abertura da série COPS, e é cantarolado pelos dois tiras enquanto seguem o rastro dos traficantes de heroína. Não há muita complexidade nos vilões e opositores, eles são basicamente amontoados de clichês e visualmente assustadores, não apresentam muitas camadas, são mafiosos genéricos, assustados e violentos, como era bem típico dos programas como o já citado COPS, Miami Vice etc, e todo esse clima funciona, por causa no espectador uma sensação de familiaridade.

    Os personagens secundário ao menos são repletos de carisma, seja o capitão Howard, de Joe Pantoliano, um sujeito pilhado, engraçado e viciado em basquete, ou a família de Marcus, o porteiro de Milke ou a testemunha de um assassinato, Julie Mott, interpretada por sua vez por Tea Leoni inciante, mas ainda assim muito importante para toda a trama, graças entre outras cisas por sua forte presença. Alem deles, há o borracheiro Jojo, vivido por Michael Imperioli quatro anos antes de Família Soprano.

    Os momentos contem uma série de eventos frenético, e são fortificados pelas muitas explosões, pela edição e claro pelo slow motion. A essa altura estes não eram aspectos que determinavam a marca que Bay imprimiria em seu cinema, então não era uma formula desgastada, e dada toda a cafonice do filme, simplesmente funciona.

    Os Bad Boys é muito fruto do seu tempo, não tenta ser revolucionário, é apenas uma fita divertida, repleta de ação, humor e violência, uma nova versão do que seria o cinema brucutu, para um novo público, mas sem esquecer os fãs do sub gênero, mostrando os vigilantes e defensores da lei como pessoas de moral dúbia, com defeitos, reféns de seus sentimentos egoístas, mostrando dificuldades claras em ceder ou não a vaidade ou a vingança, em uma trama com múltiplas reviravoltas.

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