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  • Crítica | Missão: Impossível

    Crítica | Missão: Impossível

    mission-impossibleEm 1996, estourou nos cinemas a adaptação da série homônima da década de 60 e 70. Estrelado pelo super astro Tom Cruise e dirigido por Brian DePalma, Missão: Impossível foi um sucesso de bilheteria, mas foi totalmente execrado pelo elenco original da série, que detestou o tratamento dado aos personagens que interpretou e também o fato de o filme concentrar todas as atenções em Cruise em vez de focar na equipe, assim como o seriado fazia. Entretanto, este foi o início de uma das cinesséries de maior sucesso recente e uma das mais queridas do grande público.

    Na trama, a equipe liderada por Ethan Hunt (Cruise) e Jim Phelps (Jon Voight) é quase totalmente dizimada após uma emboscada em uma missão que visava recuperar um disco com a identidade de todos os agentes secretos ativos no mundo, com Hunt e a esposa de Jim Phelps sendo os únicos sobreviventes. Porém, Ethan acaba por ser acusado de ser um agente duplo que traiu a equipe e passa a ser perseguido pela própria agência. Só que Hunt junta um grupo de espiões renegados para poder rastrear e encontrar o verdadeiro responsável pela traição.

    Missão: Impossível foi escrito por roteiristas badalados. Sydney Pollack cunhou o esboço original que depois foi trabalhando por David Koepp, Steve Zaillian e Robert Towne. Brian DePalma quando assumiu, planejava um filme de orçamento em torno de 40 milhões de dólares com enfoque maior na espionagem. Entretanto, Tom Cruise (também produtor da película) pensou em uma obra mais voltada para ação e conseguiu uma verba de 80 milhões de dólares para gastar em sequências grandiosas. Porém, isso acabou resultando em um filme que não sabe exatamente o que é, uma vez que vive de freio de mão puxado. Nem descamba pra ação descarada e nem pra uma intrincada trama de espionagem à moda antiga. Esse problema prejudica o desenvolvimento do roteiro na tela, pois somos apresentados a situações que acabam se resolvendo de maneira genérica (exceto a cena do cofre da CIA) e a personagens que não têm personalidade alguma, ainda que sejam importantes dentro do plot.

    DePalma consegue imprimir sua marca em algumas sequências bem interessantes, principalmente nas de maior suspense. A já mencionada cena do cofre é uma aula do diretor sobre como fazer uma cena de tensão. Outro momento em que ele vai muito bem é na sequência final que acontece no trem bala. Toda a preparação e desenvolvimento da cena no interior dos vagões têm um quê de Alfred Hitchcock, sua declarada inspiração-mor. O único senão é que assistindo ao filme hoje, os efeitos especiais da parte exterior do trem, onde se desenvolve todo o clímax do filme, parecem datados e entregam a idade da película. Ainda assim, é uma ótima cena. DePalma filma como poucos as expressões faciais de seus atores, sempre com ênfase em seus olhares. Porém, o roteiro hesitante não permite que ele desenvolva bem os personagens e suas relações interpessoais.

    Em relação às atuações, Tom Cruise está carismático como sempre e defende seu Ethan Hunt com competência. Jon Voight segue a mesma linha interpretando Jim Phelps, mentor do personagem de Cruise. A linda Emmanuélle Béart não compromete, mas a sua personagem não gera apelo nenhum. Ving Rhames se sai bem como Luther e Jean Reno termina por fazer o papel de “europeu genérico”. Vale ainda o destaque da ponta não creditada de Emilio Estevez como membro da equipe dizimada de Cruise no início do filme.

    Mesmo não tendo envelhecido muito bem e sendo hesitante em se assumir como filme de espionagem ou de ação, Missão: Impossível é uma boa obra que possui qualidade superior a muitas que são lançadas e costumam ser bem elogiadas por crítica e público.

  • Crítica | Fogo Contra Fogo (1995)

    Crítica | Fogo Contra Fogo (1995)

    fogo contra fogo - poster

    Sobre filmes que tentamos assistir por diversas vezes, mas sempre falhamos: nunca assisti inteiramente Fogo Contra Fogo. Admiro a obra de Michael Mann, mas sempre tive problema com essa produção. Ciente de que um filme necessita mais do que atenção, mas também vontade para vê-lo e abertura para compreendê-lo, dei mais uma chance para mim e o reassisti em Blu Ray. E o filme é excelente.

    Escrito e dirigido por Michael Mann, a trama desenvolve o embate entre duas personagens díspares, tanto em profissão, quanto em caráter. Não há a preocupação em julgá-las. Mann desenvolve os dois pólos da mesma história sem dar validade para nenhum dos dois. Promove um jogo em que se mostra as personagens lentamente, compreendendo aos poucos suas intenções.

    O diretor roteirista sempre se preocupa com a motivação de suas personagens. Chega a desenvolver antes do roteiro uma história completa de fatos e acontecimentos, para ter ciência de como suas personagens chegaram até a situação apresentada em sua história. O trabalho obsessivo tem valor na tela. Suas personagens são carregadas de minúcias que explicitam suas angústias internas.

    Além dos detalhes do roteiro, a maneira com que Mann trabalha a direção é única. Sempre integra suas cenas com o ambiente. Os ângulos não são em close nem em panorâmica. Ficam em um meio termo, que mostra tanto as personagens, como parte do cenário que vivem. Como se o ambiente também interagisse com naturalidade na cena. Os planos levemente colocados para cima equilibram a luz natural com a fotografia, parecendo um retrato de uma vida real.

    O trabalho cuidadoso em roteiro, filmagem, concepção de personagens, resultam em uma história densa. Não é um exagero afirmar que Mann faz um western urbano. Colocando dois personagens com objetivos diferentes em uma luta tensa em que, provavelmente, só haverá um vencedor. O duelo é lento, mas existe.

    Ampliando a credibilidade da história estão Al Pacino e Robert De Niro, como policial e bandido dentro desse jogo sutil. Em boa forma, os atores demonstram seu talento, promovendo uma cena memorável, localizada em um café, em que ambos improvisaram suas falas para gerar a estranheza de dois desconhecidos conversando.

    Diretor experiente, Mann é um obsessivo detalhista. O sutil trabalho de composição carrega dentro de si pequenas história épicas, primorosas narrativas consagradoras impressionantes.