Crítica | Casal Improvável
A comedia de Jonathan Levine começa subvertendo expectativas, em uma reunião de supremacistas brancos, onde Fred Flarsky (Seth Rogen) é apresentado como novato do grupo, ainda que isso soe estranho, pois o seu interprete tem origem judaica e ele próprio também é. Fred é na verdade um jornalista,que se infiltra para conseguir uma matéria, que poderia lhe render uma boa repercussão. Ele é idealista e pede demissão ao perceber que seu novo empregador é um sujeito sujo, ao menos, ao seu ver.
A outra face de Casal Improvável é Charlotte Field, a mais nova secretária de Estado da historia, que é conhecida por ser tão bonita e competente, que as pessoas a chamam de gostosa sem cerimônia e sem ter receio em soar sexistas. A personagem de Charlize Theron busca apoio do Presidente Chambers (Bob Odenkirk) para uma possível candidatura a presidência. O que não se sabe, é que ambos já se conhecem, desde a infância, e inesperadamente se reencontram, em uma festa, e ela o chama para trabalhar na área de comunicação.
Os acontecimentos posteriores a contratação de Fred são hilários. O homem é contratado por ser engraçado, por ter um senso de justiça grande e coragem para falar o que pensa custe o que custar, mas também não sabe se vestir ou se portar em eventos profissionais e formais, e é obvio que isso causa rebuliços. A maneira como a comédia romântica lida com as diferenças entre os dois personagens principais é bem graciosa, assim como o choque de realidades pelos quais eles passam, e por mais que pareça improvável, eles tem química juntos, mesmo sendo pessoas distintas e bem diferentes.
Não há muita ambição no filme, o sub-texto é bem óbvio, lamenta o quanto a política dos Estados Unidos é movida por hipocrisia e por grandes conglomerados, mostra críticas ao modo como os poderosos movem as cartas marcadas e como as autoridades são alienadas e não se importam com os desejos e anseios do povo, ao mesmo tempo que mostra os protagonistas como pessoas bem humanizadas, que utilizam drogas, que vivem suas vidas com ambições pequenas como poder se divertir ou dar vazão a um amor novo. Não há nada muito grandioso, ou que fuja do trivial, por mais que o pano de fundo seja uma possível disputa presidencial, e envolva incidentes internacionais.
Toda a discussão sobre maturidade, sucesso, fracasso e sobre ceder é bem fraca, rasa e maniqueísta, e é uma pena que Casal Improvável termine tão convencional, com um discurso conveniente e bem fácil, mas que não consegue tornar o humor escrachado do começo do filme.
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