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  • Crítica | O Verão da Minha Vida

    Crítica | O Verão da Minha Vida

    o verão da minha vida

    Curiosidade: os produtores e o elenco são de filmes consagrados pela maioria do público, crítica e premiações. Indagação automática: por que esse filme não fez sucesso na temporada de prêmios entre 2013 e este ano? Resposta: O Verão da Minha Vida é uma aula de como desperdiçar um ótimo elenco com um rascunho que ousaram chamar de Cinema. Um mundo de aparências, afinal.

    O filme começa e termina feito uma cópia menos inspirada e mais broxante da modesta obra americana recente de Alexander PayneOs Descendentes, com ideias, cortejos e arranjos individuais bem semelhantes à película, mas que não consegue achar o adendo louvável que diretores, com o talento genuíno de Payne, trazem através de sua pegada no material, tratamento e calor aos produtos – os quais, mesmo que adaptados de livros, caso dos dois filmes, chegam nas mãos dos cineastas ainda em estado bruto, carentes de lapidação e fomento artístico. Os escritores de Descendentes, sob influência de fórmulas que também deram certo, como Pequena Miss Sunshine e Juno, conseguem a proeza de rodar um filme de contexto semi-inexistente e mostram que têm fogo de palha nas veias e não seguram por um segundo sequer o interesse e a evolução gradual do filme, jamais linear do começo ao fim; tão imaturo quanto os irritantes personagens adultos, que agem como adolescentes de quatorze anos, e os adolescentes, espécies de virgens melancólicos mimados que tentam amadurecer no fluxo de esquetes frias e gratuitas que forjam a vergonha de conter semelhante projeto no currículo de qualquer um.

    É justamente esta a razão de ser do filme: mostrar, sem densidades além da superfície, os contrastes de gerações. Uma quer ser igual à outra, com a primeira com mais vontade que a segunda, e por isso, corre para se modernizar, evitando ser esquecida pela modernidade, enquanto ela mesma esquece seu lugar de direito na vida dos filhos. Contudo, é de se louvar, em meio a uma incômoda disfuncionalidade crônica da história, as veredas que a trama ganha na narrativa regimental, mesclando as personagens idiotas com uma agradável leveza que aflora das doces intenções, na visível tentativa de tornar tudo menos unilateral do que é, nesta irreversível “quase-tragédia” anunciada após as primeiras sequências, cheias de risadas e piadas fúteis sobre uma sociedade fútil com problemas e dilemas fúteis – ainda que universais – no jogo imagético da eterna reprodução.

    Feel Good Movies são malditos: podem ser muito bons ou muito ruins, tiros no escuro. E esta não é a única maldição por aqui. Steve Carell tenta a todo custo nos fazer esquecer de seu marcante protagonista na série The Office, mas, à parte de seus esforços, sua veia cômica aflora nos momentos dramáticos – ou que tentam ser e nunca são, na verdade – na cadência fraca e apática de um filme inexpressivo em demasia, portanto exagerado em um sentido contrário e pouco usual no mural dos exageros, causados geralmente por abundâncias. A rasa crosta de existencialismo não aponta a aspectos surreais ou de propriedade na produção, todavia, quem disse que O Verão da Minha Vida desiste de nos fazer acreditar que tal vida e as condições nas quais a tocamos pra frente não são duas coisas completamente diferentes? Perdão aos envolvidos, mas… Errado! Como já sugere a imagem acima, nós estamos ligados uns aos outros pela esperança de ficarmos completos, nalgum dia de sol, talvez.

  • Crítica | Meu Namorado é um Zumbi

    Crítica | Meu Namorado é um Zumbi

    meu namorado é um zumbi

    Meu Namorado é um Zumbi começa com uma narração feita por um morto-vivo, que parece resgatar o raciocínio e algumas memórias. Apesar do público alvo ser a adolescente teenager assídua compradora de Capricho e afins, as cenas com os undeads não são farofa, ao contrário, são agressivas e com uma caracterização um pouco gore, ainda que seja uma versão amenizada da estética de zumbis. O filme se utiliza da mesma fórmula de Smallville e diversos sub-produtos: corpos sarados aliado a um tema canônico para a cultura pop.

    As incursões no modo de vida dos zumbis, que andam devagar e vão atrás de seu alimento constituem alguns dos pontos mais engraçadas do filme. Jonathan Levine utiliza-se muito do humor presente no seu filme anterior 50/50. A forma como “R” (Nicholas Hoult) recobra a consciência é curiosa e sua afeição por Julie – Teresa Palmer – é justificada, até porque o roteiro pouco se leva a sério (neste início somente), tornando todas as coincidências e clichês tragáveis.

    As piadas chupinhadas de Todo Mundo Quase Morto são reinterpretadas e até ridicularizadas, o filme é mais uma extrapolação do tema Fim do Mundo do que um filme de humor. A trama pega emprestado conceitos de Terra dos Mortos – quarto filme da antologia dead-alives de George Romero – como o aprimoramento dos infectados com o decorrer do tempo, o modo de vida dos sobreviventes se amontoando e formando cercos em volta dos acampamentos etc.

    Apesar de acertar no começo, a obra de Levine perde o fôlego com o desenrolar das tramas paralelas e cai nos mesmo problemas de seus primos da Saga Crepúsculo, torna-se sentimentalóide  e descerebrada, ignorando as boas coisas do começo. A motivação de Julie e a não existente contestação do cativeiro a que é submetida são demonstrações de como a história é mal construída. A empatia dela por R é automática e forçada demais, e sem nenhuma razão plausível. Para piorar a situação, a jornada do protagonista que deveria ser rumo ao alimento de carne humana torna-se moralista, R vira um zumbi sentimental, articulado e arrependido.

    O realizador não consegue decidir se este é uma pastiche dos filmes adolescentes açucarados, que se disfarçam com uma aura “dark” ou se é mais um fruto do meio. No desfecho, a união entre humanos e zumbis é muito forçada, e contradiz todo o enredo galhofa mostrado anteriormente. É uma ode ao amor e em como a vida desaparece sem a presença deste sentimento, a mensagem é piegas e genérica demais. Ainda assim, Meu Namorado é um Zumbi é bem menos constrangedor que Crepúsculo e suas crias, mas é igualmente irritante, principalmente devido ao começo ser muito superior ao desfecho do filme.