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  • Crítica | Meu Passado Me Condena: O Filme

    Crítica | Meu Passado Me Condena: O Filme

    Meu Passado Me Condena 1

    Começando pelo processo civil de casamento, entre as personagens Fábio e Miá, executados por Fábio Porchat e Miá Mello, Meu Passado Me Condena: O Filme emula as mesmíssimas características de outros filmes de derivados da programação da Multishow, como Cilada de Bruno Mazzeo, ao usar os nomes dos interpretes nas personagens e claro, se valendo também da mesma miscelânea de piadas  forçadas e reprisadas, provenientes da versão televisiva.

    A direção de Julia Rezende se vê diferenciada da abordagem televisiva, no tocante a fotografia e direção de arte, levemente superiores a maioria dos filmes da Globo Filmes. Ao contrário do descompromissado seriado, o background do casal é mostrado em intimidade, com revelações até sobre as profissões de ambos. O roteiro de Porchat, Tati Bernardi e Leonardo Muniz é levemente mais inspirado do que os produtos anteriores, se passando antes do visto na programação do canal, ainda que haja claras contradições entre um e outro, inclusive com reciclagem dos personagens de Suzana (Inez Viana) e Wilson (Marcelo Valle), que deixam de lado a funcionalidade na pensão da serra para exercer seus papéis no cruzeiro, que obviamente inclui uma amizade cheia de alto e baixos entre os quatro caracteres.

    O script recorre a piadas sobre trocas repetitivas de roupas, da parte da esposa e claro, a exploração do passado da mulher, repleto de surpresas por conta do total desconhecimento do casal recém enlaçado, com a presença do pomposo ex-namorado de Miá, Beto Assunção(Alejandro Claveaux), que concentra na sua atual mulher, Laura (Juliana Didone) um oásis de desejo e luxúria, que relembra o passado de Fábio também.

    Mesmo com os esforços de Rezende, toda a trama e abordagem faz lembrar os filmes de Roberto Santucci e demais outros diretores genéricos do estúdio. O romance bobo ao menos tem em sua base uma química que já se provou mais do que eficaz, e que sobrevive mesmo com as tiradas repetitivas e com os clichês de comédias de erros, exibindo uma interação que não abraça somente a docilidade típica dos romances engraçadinhos estadunidenses.

    Meu Passado Me Condena: O Filme é uma viagem a intimidade de um casal comum, sem nada de absolutamente novo, mas que consegue não reunir todos os terríveis defeitos dos últimos filmes humorísticos malfadados de Fábio Porchat, ainda que o final reúna mais uma quantidade grande de sequências bregas e soluções fáceis, artifícios típicos de filmes feitos a toque de caixa, para suprir a demanda de um público fútil e idiotizado.

  • Crítica | Colegas

    Crítica | Colegas

    “Eu quero ver o mar!”, “Eu quero voar!”, “Eu quero me casar!”.

    Sob o clima revolucionário da trilha sonora de Raul Seixas, a comédia de Marcelo Galvão traz à tona temas mais do que reais e sérios. Colegas acompanha os sonhos de Stallone (Ariel Goldberg), Márcio (Breno Viola) e Aninha (Rita Pook), três amigos com Síndrome de Down que fogem da instituição onde moravam desde crianças, em busca da realização seus maiores desejos, respectivamente: ver o mar, voar e se casar.

    Inspirados pelos seus filmes favoritos, eles vivem dias de Thelma & Louise, viajando até Buenos Aires enquanto são caçados por uma dupla de policiais bonachões e pela imprensa sensacionalista que os transforma em uma gangue de criminosos fortemente armados e perigosos.

    O filme é uma trama cheia de citações e referências a grandes clássicos do cinema, como Pulp Fiction, Cães de Aluguel, Homens de Preto, Exterminador do Futuro e A Vida é Bela. Para os colegas que trabalhavam na videoteca, esses filmes eram realmente inspiradores e sustentam um enredo tão surreal quanto as histórias que eles desejavam viver.

    A aventura de Stallone, Márcio e Aninha começa com a invasão a um circo abandonado, assaltos a restaurantes, uma pescaria em alto mar, um casamento, um show onde arrumam briga, um tango ao ar livre e um jantar francês sofisticado. Nesse meio tempo, os protagonistas, vividos por um elenco altamente talentoso e preparado, se deparam com questões comuns à vida das pessoas com e sem deficiências, como a sexualidade, a saudade e a independência.

    A produção aborda um tema de grande peso polêmico com a leveza da comédia e um sutil descompromisso com a verossimilhança, lembrando uma epopeia contada por um narrador (Lima Duarte) que brinca com a realidade em cenas improváveis na vida de um adolescente. A deficiência é abordada com poucos tabus, transformando o preconceito em algo risível.

    O tom pastel presente na fotografia de Rodrigo Tavares contribui para a ambientação do filme entre as décadas de 1970 e 1980, mostrando a alta qualidade da produção que teve reconhecimento internacional e levou sete prêmios no ano de 2012.

    O filme também alcançou grande notoriedade com a campanha #vemseanpenn, realizada pelo ator Adriel, que, inspirado pelo seu personagem, lutou pela realização de seu sonho: conhecer seu ídolo. Em Uma Lição de Amor (I Am Sam, 2001), Sean Penn viveu o papel de Sam Dawson em uma história de um deficiente intelectual que cria a filha com a ajuda dos amigos, filme que trouxe grande notoriedade para o tema. A abordagem da deficiência no cinema de forma pouco comum e estigmatizada como foi feita em Colegas, abre os olhos do público para a simplicidade e espontaneidade com que o assunto deve ser tratado.

    A atuação de Leonardo Miggiorin, Marco Luque, Juliana Didone, Otávio Mesquita e tantos outros nomes populares da televisão brasileira fica ofuscada diante do talento e da autenticidade da interpretação dos protagonistas, que mesmo enfrentando tantas adversidades, seguem inabaláveis em suas jornadas fictícia e real.

    Texto de autoria de Mayra Massuda.

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