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  • Friamente Calculado | Nós temos a Bomba

    Friamente Calculado | Nós temos a Bomba

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    Recentemente, o “glorioso” país da Coréia do Norte declarou que conduziu com sucesso um teste militar com um dispositivo termonuclear. Isso mesmo: a Coréia do Norte tem uma bomba de hidrogênio. Repito: a Coréia do Norte tem uma bomba de hidrogênio.

    Kim Jong-unKim Jong-un: líder da Coréia do Norte e única pessoa gorda de todo o país.

    Depois dessa declaração eu considerei certas questões:
    1 – Sendo que a população norte-coreana é uma das mais pobres, alienadas, malnutridas e oprimidas do planeta, como é possível que eles tenham desenvolvido um artefato de alta tecnologia nuclear se nem sequer dominaram a tecnologia dos automóveis?

    2 – Porque os norte-coreanos são tão loucos?

    3 – Qual a intenção do Governo Norte-Coreano com esse tipo de declaração?

    4 – Seria esta uma estratégia do “querido líder”, Kim Jong-un, para aumentar a moral da sua população desnutrida e torturada?

    5 – Onde está Dennis Rodman?

    Após cinco minutos de profundas elucubrações geopolíticas, cheguei a conclusões chocantes:

    1 – Eles estão blefando. A Coréia do Norte não tem uma bomba de hidrogênio e dificilmente terá uma no futuro próximo. Se eles tiverem fogos para o São João desse ano já será um grande avanço.

    2 – O povo norte-coreano não tem culpa, eles são tão alienados quanto o governo quer que eles sejam. Ninguém contraria o que o “querido líder” diz, sabendo ou não que é um monte de bobagem. Se Kim Jong-un declarar amanhã que seu exército desenvolveu rifles que disparam raios de puro ódio concentrado para matar os imperialistas americanos, o povo vai acreditar e vai querer saber quando eles vão desenvolver rifles com mais ódio ainda.

    3 – Considerando que eles já fizeram isso no passado, inclusive ameaçando os EUA, o que eles querem realmente é abrir um diálogo com o Ocidente. E eles precisam de dinheiro para manter o “paraíso” que é aquele país… A Coréia do Norte é o equivalente internacional daquele nosso primo alcoólatra, que em uma reunião de família enche a cara, ofende todo mundo e começa uma briga, para depois, quando a festa termina, ficar em um canto chorando e pedindo dinheiro, porque as coisas estão complicadas na vida dele.

    4 – Claro que não. Kim Jong-un é um monstro e não se importa com o povo. Aliás, foda-de Kim Jong-un!

    5 – Eu não quero saber a resposta para isso.

    Dennis_RodmanDennis Rodman: fazendo o que ele faz (?).

    Mas isso é irrelevante. Porque depois dessa declaração incrível do Governo Norte-Coreano, ao invés do mundo todo se unir em uma longa e histérica risada, os membros do Conselho de Segurança da ONU se reuniram para discutir qual seria a abordagem mais segura para lidar com essa situação. Foi nesse momento que eu aprendi a parar de me preocupar e comecei a amar a bomba.

    Vamos analisar isso: se um país como a Coréia do Norte consegue deixar as potências mundiais preocupadas com um blefe vagabundo desses…. Qual país não poderia fazer o mesmo?

    Digamos, hipoteticamente, que a presidente Dilma em uma reunião da ONU, dissesse que os brasileiros desenvolveram uma arma nuclear… com a energia dos ventos. Seria ridículo, não é mesmo? Mas considerando a importância que deram a ameaça norte-coreana eu não ficaria surpreso se as Forças Armadas dos EUA entrassem imediatamente em DEFCON 2 e Donald Trump declarasse que os malditos mexicanos do Brasil deveriam ser deportados.

    Isso abre um precedente interessante na política internacional. Qualquer pessoa, empresa, ou país poderia fazer o mesmo tipo de ameaça idiota contando com o medo irracional do resto do mundo. Qualquer um poderia fazer isso, até mesmo um site… Hmm.

    Queridos leitores,

    Eu, The Nindja, amado e querido líder supremo do site vortexcultural.com.br, o maior portal de conteúdo inútil e ilegível da internet, venho declarar que nós possuímos uma bomba de hidrogênio. É verdade, e temos imagens incontestáveis para provar isso:

    FaggyPablo-minFaggy Pablo: a primeira bomba de hidrogênio do vortexcultural.com.br

    Carinhosamente apelidada de Faggy Pablo, nosso artefato termonuclear foi desenvolvido e projetado por mim mesmo. Para construí-lo eu só precisei de um elástico, dois clips de papel, um chiclete e minha vontade implacável de destruir os imperialistas americanos. O dispositivo tem o potencial destrutivo de três mil bombas atômicas, ou um quintilhão de rojões “cabeça-de-nego”.

    Nossas exigências são simples.

    Primeiro: queremos que nosso site receba o devido respeito. Não é porque só produzimos dois podcasts por ano e temos 4 ouvintes fiéis que devemos ser motivo de chacota para a podosfera internacional. Não é porque só falamos de filmes iranianos que ninguém assiste que devemos ser desconsiderados pelo resto da Internet. Aliás, deveríamos ter o mesmo reconhecimento (e lucros) que o jovemnerd.com!

    E chega dessa mania de tirar sarro do analfabetismo funcional do Filipe Pereira. Aquelas “críticas” são o melhor que ele consegue fazer, pessoal.

    Segundo: exigimos a completa e absoluta destruição dos Estados Unidos da América. Nós acreditamos firmemente que nenhuma espécie de progresso seja possível no Universo enquanto esse governo corrupto, genocida e cristão exista. Aceitamos a entrega da cabeça decepada de Barack Obama pelo correio (usem Fedex, se for possível).

    Terceiro: nós queremos um bilhão de dólares, trocados em moedas de dez centavos.

    Esperamos que nossas exigências sejam atendidas até a próxima sexta-feira. Lembrem-se: nós temos uma bomba H e não temos medo de usá-la. A qualquer momento Faggy Pablo pode explodir e ninguém vai gostar de ver isso.

    Isso é tudo. Obrigado.

    Texto de autoria de “The Nindja”.

  • Crítica | A Entrevista

    Crítica | A Entrevista

    A Entrevista 1

    O narcisismo da curiosa persona do ditador norte-coreano é cantado por uma simpática menininha, que destaca os feitos hostis de seu país, além de xingar largamente a política dos Estados Unidos. Kim Jong-un (Randall Park) mostra-se como uma figura controversa, um personagem semelhante à caricatura dos piores líderes políticos da história. O modo como a figura pública é exibida é jocoso e distorcido, como se espera de uma fita de humor explorada por um comunicólogo sensacionalista.

    Dave Skylark, vivido por James Franco, é um apresentador que faz da fofoca o principal plot de seu programa, tendo já nos primeiros minutos de exibição uma revelação bombástica relacionada a Eminem. Cada mexerico que ele consegue tirar dos artistas é louvado por seu produtor, Aaron Rapoport, interpretado pelo co-diretor Seth Rogen, que repete a parceria razoavelmente boa, depois de É o Fim, com Evan Goldberg. A valorização da faceta cinza do jornalismo é a tônica do trabalho dos citados, e é em meio a uma das demonstrações de segredos grotescos de artistas que vem a notícia de que a Coreia do Norte executou um ataque terrorista.

    A perda de audiência mexe com o complexo narcísico de Skylark, que em uma pequena investigação percebe que o político asiático é fã de seu trabalho, e dessa forma o jornalista abutrino resolve tentar explorar tal estratagema. Passando por cima de todas as improbabilidades, Aaron é chamado a conversar com os representantes do tirano. O encontro se dá em um local ermo, distante da civilização, e ocorre rapidamente unicamente para o humorista acima do peso zombar da dificuldade que o ditador tem em utilizar informação, uma vez que os termos discutidos poderiam ser enviados em um simples e-mail. O que Un chama de estilo, os americanos acreditam ser “atraso”. Logo, o comunicador vira a notícia, sendo alardeado por inúmeros colegas que o criticam por glorificar um assassino.

    Uma agente da CIA intercepta os protagonistas com uma missão árdua. A dificuldade que Aaron e Dave têm em se concentrar em algo que não seja os seios de Lizzy Caplan, e sua Agente Stacey, é mais uma crítica superficial ao machismo implícito no modo de pensar do americano médio, que não consegue se concentrar sequer no belicismo que é comum ao dia a dia imperialista. A espera por uma propaganda velada ao capitalismo é cerceada, até mesmo por causa do caráter absolutamente debochado da fita.

    O modo como a Coreia comunista é retratada não é uma versão ainda mais pobre de Cuba: até os personagens estadunidenses se surpreendem por não haver fome nas ruas ou miséria nas esquinas de Pyongiang. Logo, Kim Jong visita Dave para tietá-lo antes da famigerada gravação. Apesar de toda a valorização do ridículo via pastiche, o modo como o roteiro mostra o líder coreano é até leve, com poucos defeitos realmente lamentáveis. O que realmente é execrável é a postura de filho rejeitado, que dá prosseguimento aos planos do procriador em uma tentativa de compensação, além da inveja clara à política super-capitalista dos EUA, nada que não seja esperado vindo de uma produção hollywoodiana. A figura demasiada carismática de Kim faz o apresentador se confundir com relação a suas preferências, certezas, missão e abordagem midiática, claro que através de uma análise política rasa.

    Com a polarização errada no posicionamento, Skylark passa a agir lealmente ao seu novo amigo, dando as costas aos seus amigos e nação, com um comportamento à la síndrome de Estocolmo, e do modo mais cretino possível. No entanto, o patriotismo e senso de dever falam mais alto, realocando a mente do personagem de volta ao lugar onde jamais deveria ter saído, “coincidentemente” no momento em que o roteiro perde um pouco do seu fôlego.

    A mácula de desrespeito em relação à figura do soberano do filme não é justificada em momento algum. Como mencionado antes, a crítica ao partidário não é profunda: mesmo nas cenas em que ele é mostrado nu, não há qualquer piada fácil, como referências a um membro diminuto, ou algo que o valha. A reviravolta comportamental visa desconstruir a imagem divina do líder ante os seus conterrâneos, claro, levando em conta o julgamento ocidental sobre a sua figura, o que certamente motivaria em qualquer adepto do personagem biografado um incômodo atroz. Mas nada que chegue perto da completa humilhação vista em Team America, de dez anos antes, que julgou seu pai, Kim Jong-il, como um puppet master infernal.

    O discurso de Un, ao ser questionado sobre os alarmantes números de famintos, destaca o embargo dos EUA ao seu país, assim como a alta massa carcerária, formando uma incômoda alfinetada ao país que se julga dono do mundo. O decorrer da entrevista é catastrófico, para os dois distintos lados. A posição de fragilidade de Kim Jong colaborou, inclusive, para todo o alarde do ditador, assim como a cena em que ele é executado.

    A revolução tosca acabou sendo televisionada e tratada a sério, não condizendo em nada com seu gênero humorista. Um preço alto, presumindo-se que os ataques a Sony foram promulgados por agentes de Kim Jong-un. Não há qualquer justificativa para a transmutação do filme, de comédia dentro de tela, para o drama fora dela.

    O posicionamento radical do tirano parece ter ocorrido mais por este não crer que qualquer sanção legal aos envolvidos na produção fosse atrapalhar as vendas de ingressos ou a propagação do ideal do que uma ofensa verdadeira à sua moral. O desfecho feliz, com Aaron, Dave e seu cachorrinho embarcando em paz rumo a América, exibe para o público a ingenuidade da fita, presente em cada ação, e em cuja supervalorização e desnecessária seriedade por parte das autoridades norte-coreanas – e das forças “terroristas” – transformou A Entrevista em algo muito maior do que deveria ser, atraindo uma atenção que não existiria certamente sem este tipo de publicidade.