Crítica | Minha Vida em Marte
Mônica Martelli produziu e protagonizou em 2014 o filme Os Homens São de Marte e é Para Lá Que Eu Vou, que adaptava sua peça homônima. Em 2018, com a ajuda Susana Garcia, que dirige este e também a nova peça, Minha Vida em Marte mostra Fernanda (Martelli) com uma filha e um casamento em crise, já sem conseguir sentir tesão por seu parceiro, Tom (Marcos Palmeira). A maior parte do tempo, Fernanda passa com Aníbal (Paulo Gustavo), seu amigo e companheiro de organização de casamentos.
A crise conjugal da protagonista piora quando se verbaliza o desejo da mulher de se retirar desse relacionamento, e apesar de obviamente ter muitas tiradas cômicas, o caráter é bastante diferente do primeiro filme, mais sério e reflexivo sobre a questão do olhar feminino. Incrivelmente, o protagonismo é dividido, para muito além da arte do pôster. Os dois personagens se complementam. Outro ponto interesse é a forma como os personagens carregam o roteiro, as piadas não são tão histriônicas.
O filme foge de caretice, e se propõe a desconstruir a ideia de que o pensamento feminino em busca de um par é fútil, ainda que obviamente tanto Fernanda quanto Aníbal passem boa parte do filme tentando encontrar alguém especial. Próximo do final, o roteiro passa a ser mais quadrado, apela para clichês de separação e reconciliação, mas mostra uma Fernanda mais madura, menos dependente emocionalmente e mais dona de seu próprio destino.
Apesar da apelação a um discurso de auto-ajuda, Minha Vida em Marte é bem mais maduro e inteligente que o seu antecessor, e principalmente, menos machista. A mudança na direção funcionou e o tom do humor faz com que o longa soe melhor, além do fato de que o filme valoriza demais a parceria e a química entre Martelli e Gustavo, que funcionam muitíssimo bem como dupla cômica, e superam a cafonice do monólogo final.
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