Crítica | Enter the Battlefield
Não é novidade que Magic: The Gathering é o card game mais famoso do mundo. Se você mesmo não joga ou já jogou alguma vez na vida, pelo menos conhece alguém que joga ou já jogou o jogo. Fato é: a maioria das pessoas já teve acesso ao jogo de cartas de alguma forma. Porém, poucos sabem que o jogo possui uma dimensão tão grandiosa que movimenta um cenário competitivo riquíssimo e com diversos jogadores profissionais, que dedicam suas vidas ao jogo. Assim, 23 anos após seu lançamento, somos apresentados ao documentário Enter the Battlefield, que busca apresentar a vida de sete jogadores e sua relação dentro do cenário competitivo e profissional do jogo.
Reid Duke, Owen Turtenwald, William Jensen, Patrick Chapin, Shahar Shenhar, Melissa DeTora e Chris Pikula são os responsáveis por nos mostrar como é a vida de jogadores profissionais de Magic, alternando entre sua presença em campeonatos de nível profissional, suas relações familiares e pessoais. O foco do documentário não é o jogo em si, mas a vida desses jogadores profissionais tão diferentes. Ao mesmo tempo em que temos Shahar Shenhar, um jovem palestino de 22 anos, duas vezes campeão mundial de Magic, cuja família dá apoio total à sua carreira, temos Chris Pikula, jogador de 38 anos que teve que se afastar do jogo para focar em sua família e emprego, mas tenta mesmo assim entrar no Hall da Fama dos maiores jogadores de Magic do mundo.
As personalidades são muito interessantes, porém o maior problema do documentário em questão é exatamente o fato de querer explorar os sete jogadores diferentes. Ao invés de ter um menor número de jogadores para focar, acompanhar mais de perto e explorar ainda mais o lado pessoal deles, o documentário prefere não ir tão além. A conexão entre eles é o amor pelo jogo e a vontade de ser o melhor, nada mais.
Neste quesito, a superficialidade no tratamento da maioria destes personagens faz com que o espectador perca a chance de se envolver com a relação pessoal que o jogo criou dentro dessas pessoas, além de tentar compreende-los um pouco mais. Veja, por exemplo, Melissa DeTora, a primeira jogadora do gênero feminino a conquistar o top 8 de um Pro Tour. Para quem está inserido na comunidade de Magic, sabe-se que é uma jogadora de grande importância para a comunidade, cujas conquistas inspiraram centenas de milhares de mulheres do mundo todo em jogar o card game e, inclusive, galgar espaço no cenário competitivo deste jogo. Infelizmente, o documentário apenas arranha a história de Melissa no jogo, bem como suas influências e relação pessoal no cenário competitivo, deixando a desejar.
Independente da falta de uma profundidade maior na exploração dos personagens apresentados, Enter the Battlefield é um documentário excelente tanto para jogadores, quanto curiosos. Dirigido e produzido por Shawn Kornhauser e Nathan Holt, o documentário é uma forma diferenciada de apresentar um jogo tão famoso para um público mais amplo, aproveitando o contexto de uma sociedade que vem recebendo de braços abertos o caráter competitivo e profissional de outros jogos como League of Legends e Starcraft.
Enter the Battlefield foi disponibilizado na íntegra no canal do Youtube oficial do jogo e pode ser assistido gratuitamente abaixo.
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Texto de autoria de Pedro Lobato.