Em junho de 2018 a revista norte-americana Action Comics atingiu a incrível marca de mil edições além de completar 80 anos em que o Superman surgiu em suas páginas, já no primeiro número. a DC Comics então a publicou como uma edição especial comemorativa, com mais páginas e histórias que o habitual, com muitas capas variantes feitas por diversos artistas que trabalharam com o personagem ao longo dos anos. Pouco tempo depois, em dezembro do mesmo ano, a Panini lança no Brasil Superman 80 Anos: Action Comics Especial, que seria a versão nacional de Action Comics #1000.
Em 132 páginas e capa cartão com reserva em verniz, a edição embora histórica não apresenta nada muito importante ou novo. Logo de cara, vemos a republicação da primeira história história do herói, vista em 1938 na lendária Action Comics #1, que é um tanto confusa por começar da metade da história (apenas um ano depois, em Superman #1, a história seria reeditada de forma correta). A seguir começam as histórias inéditas do volume, sendo a primeira delas escrita e desenhada por Dan Jurgens – veterano do meio que vem trabalhando com o Azulão desde os anos 1990 – e mostra um evento em Metrópolis em homenagem ao Superman. É estranho ver a reação de Clark, que mesmo após tantos anos não se sente confortável nessa situação. Era de se supor que ele já estivesse acostumado e entendesse principalmente o quanto esse reconhecimento é importante para as pessoas de Metrópolis. Jurgens mantém seu belo traço, embora em alguns momentos pareça bastante apressado e cometa alguns deslizes, típico das vezes em que o autor acumula as funções de desenhista e roteirista.
A terceira história é interessante por se valer de diversos pin-ups de página inteira, retratando diferentes épocas e visões do Superman, para costurar uma história em que Kal-El enfrenta o vilão Vandal Savage através do Hipertempo. Peter J. Tomasi engana bem no fim das contas, e a miscelânea acaba parecendo uma história bem construída, mesmo quando as imagens não conversam entre si e dependem exclusivamente do texto para fazer algum sentido dentro da trama. Mesmo assim, os desenhos de Patrick Gleason são muito bonitos e conseguem emular de forma satisfatória os diferentes períodos que retratou.
Em seguida temos mais algumas histórias curtas, sendo que uma delas utiliza-se da arte de Curt Swan para uma remontagem inédita. Na história de Loise Simonson e Jerry Ordway temos o exato clima dos anos 1980, na fase logo após a saída de John Byrne do título do personagem. Temos também uma história sobre o carro verde que ilustra a icônica página da primeira edição e algumas histórias mais intimistas, que explora a psiquê do personagem e uma divertida aparição de Sr. Mxyzptlk de Paul Dini e José Luis García-López.
A parte mais esperada da edição é a estreia de Brian Michael Bendis no roteiro da última história, que pareceu bastante jogada na edição. Começa já no meio e termina antes do fim, mas deixa ao leitor um aperitivo do que há por vir na nova minissérie O Homem de Aço – que seria publicada nas revistas mensais do personagem por aqui.
Fechando a edição, uma galeria com todas as capas variantes lançadas nos Estados Unidos. Infelizmente, falta material adicional e a revista não parece estar ao alcance da importância da sua marca histórica. A redação brasileira da Panini se limitou a colocar um selo de 80 anos na capa. A edição vale mais pelos pin-ups e fac-símiles das capas do que pelas histórias em si, mas ainda é uma edição histórica que fãs e colecionadores não podem deixar de fora.