Tag: Andrew Steele

  • Critica | Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars

    Critica | Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars

    A trama de Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars começa em Husavik, na Islândia, no ano de 1974, onde uma família celebra alegremente uma reunião familiar, enquanto o pequeno Lars se sente sozinho, por conta da ausência de sua mãe. Aos poucos é mostrado que ele é um sujeito menosprezado pelos seus, exceção feita a jovem Sigrit. Aqui, se percebem rusgas com Erick Ericksson (Pierce Brosnan), seu pai, além do desejo de ser levado a sério e vencer a competição Eurovision Song Contest.

    O longa de David Dobkin é mais uma produção onde Will Ferrell vive seu personagem clássico, o homem ingênuo e subestimado que tenta ganhar notoriedade. Com menos de dez minutos se estabelecem os sonhos de grandeza e glamour do protagonista, além de uma parceria (e amor platônico) junto a bela e talentosa Sigrit, de Rachel McAdams, e como de costume, somos apresentados ao fracasso que ele é.

    O choque geracional é muito presente, Lars e Erick seguem tendo atritos quando adultos, muito por conta da natureza turrona da figura paterna, um homem simples, pescador, que tira seu sustento do trabalho duro, enquanto seu filho é mole e tenta seguir o sonho artístico juvenil que jamais foi rentável. A chance que a banda de Lars tem seria vencer o festival para que seu país fosse sede no ano seguinte.

    Dobkin junta sua experiência em conduzir comédias como Bater ou Correr Em Londres e Penetras Bons de Bico, além da tradição que tem como realizador de videoclipes para empregar um humor pastelão, preocupado em dar voz às minorias unido a elementos típico dos musicais.

    Toda a trajetória da dupla de protagonistas passa por percalços, desde o receio em ser encarados como piada, até a escolha de Lars pelo celibato por conta da dedicação à música. Mesmo que o filme não se leve a sério existe um número considerável de mensagens de aceitação e tolerância que não soam deslocadas do resto da obra.

    Há no filme um caráter semelhante a Zoolander, em especial no que toca a sexualidade de alguns personagens, como o Alexander Lemtov (Dan Stevens), o cantor russo que atravessa o caminho do quase casal Lars e Sigrit. Toda a cor, o glamour e as luzes denotam o quanto a dupla estava certa em insistir no sonho que nutriam ao longo da vida, apesar de todas as circunstâncias e bom gosto bradarem contra isso. Ferrell normalmente faz filmes bobos e toscos, e esse é mais um deles, mas ainda assim possui um diferencial, algo mais lúdico e mágico. O roteiro de Ferrell e Andrew Steele consegue variar bem entre a comédia rasgada e os momentos de celebração e aceitação soando como uma celebração dos frágeis e excluídos.

    https://www.youtube.com/watch?v=Dq30kOAJzzI

  • Crítica | Deadly Adoption

    Crítica | Deadly Adoption

    A Deadly Adoption 1

    Executado de maneira próxima ao formato de telefilme, Deadly Adoption é dirigido por Rachel Goldenberg (do jocoso Z Nation) com texto de Andrew Steele, que já havia trabalhado com Will Ferrell em Casa de Mi Padre. A premissa do filme é “séria”, apesar do protagonismo dos ex-astros do Saturday Night Live; na verdade tem o tom e paródia dos grandes dramas do próprio Lifetime.

    Sarah (Kristen Wiig) e Robert Benson (Ferrell) são um casal feliz no começo da fita, que vivem dos louros do marido best-seller, mas que se veem em um trauma enorme: um acidente caseiro que os faz perderem seu bebê ainda em gestação. A partir dali, dramas cotidianos seriam retratados sob cenas em ambientes abertos e de luz predominante, como nas novelas dos Estados Unidos, além de mostrar um script cheio de falas toscas que explicitam de modo óbvio a vida comum do subúrbio.

    A busca de um novo filho ocorre cinco anos após o fatídico acontecimento, e Robert se torna muito desconfiado, mesmo ao tentar adotar uma criança, somente melhorando sua visão a respeito ao conhecer Bridgette (Jessica Lowndes), uma linda moça grávida, que aos poucos passa a habitar o cotidiano da família, inclusive abraçando de modo terno a pequena Sully (Alyvia Alyn Lind ), filha do casal que é superprotegida pelo patriarca graças aos seus problemas com glicemia.

    Aos poucos, se desenvolve uma estranha relação da moça, a qual se dizia leitora de Benson e que tenta se aproximar lascivamente do pai da família, semelhante ao visto em A Mão Que Balança o Berço, ainda que de modo suave e pasteurizado, e supostamente sem ideais de assassinato – ao menos não tão escancarado quanto a versão com a babá. De maneira bem óbvia, há uma exploração do passado do escritor, explicitando de modo imbecil suas indiscrições no passado. Ainda que o tom de humor seja sutil demais em comparação com os demais filmes de Ferrell, é praticamente impossível não notar que os dramas apresentados possuem um tom de pastiche, mesmo para os desavisados.

    Uma trama de rapto logo se desenvolve, do modo mais sensacionalista e pífio possível, com um protagonista completamente engessado e sem capacidade de sentir qualquer coisa que não esteja previamente programado em sua rotina. As cenas que exigem maior talento dramatúrgico são feitas com coreografias e rotinas bastante patéticas, pois os criminosos são estúpidos, só perdendo em burrice para os personagens que fazem parte da mentalidade média americana.

    A irrealidade de Deadly Adoption se aproxima de ser engraçada, mas o tom ainda não vence. Claro como os olhos azuis de Ferrell, o filme guarda suas besteiras para um final em que o comediante banca Chuck Norris, pegando emprestado sua barba, sua pose de herói falido e uma trilha sonora tosca, que tenta ser edificante, tudo isso para remir seus pecados, traumas e afins, ao tentar achar sua filha e claro, exibir seu dublê – que nada tem a ver com o ator original.

    Os atos de bravura maniqueístas ganham ações de praticamente todos os membros do principal núcleo familiar, aumentando o nível de cafonice a camadas estratosféricas, que automaticamente tratam de fazer o clã vencer seus medos. Tudo a ponto de terminar o longa fazendo passinhos de dança, que explicitam o caráter de deboche que a obra teimava em não imprimir em toda sua extensão, o que faz causar lamentos, já que ela poderia ser bastante engraçada e apenas arranhar a superfície.