Crítica | Eu Sou Mais Eu
Eu Sou Mais Eu é uma comédia brasileira que é fundamentada em cima de duas figuras marcantes , a primeira delas é a web celebridade Kéfera Buchman, que de uns tempos para cá voltou a atuar, ganhando destaque em especial nas novelas globais que compõe elenco, e claro o diretor Pedro Amorim, que tem se notabilizado por fazer comédias bem divertidas e que possuem roteiros com uma certa qualidade, como Divórcio. Desta vez a brincadeira que o humorístico faz envolve viagem no tempo e lições de moral a protagonista, Camila Mendes, que é uma popstar esnobe que no passado sofria bullying dos seus colegas de escola, sendo sempre chamada de bizarra.
No início do filme, se estabelece que Camila tem muita influência no cenário de música pop, mas é infeliz, desgostosa e entediada, além de claramente ter ciúmes e invejas de concorrentes suas, como Anitta. Ela é entrevistada por um jornalista, conhecido desde a adolescência como Cabeça (João Cortês), que estudou com ela no colégio e que era basicamente o único a conversar e conviver com a menina. Um encontro estranho com um fã a faz retornar a época do sarau de sua escola em 2004, e ela volta a ser uma menina estranha , de cabelo desgrenhado e de figurino bizarro, como é bem comum aos que passam pela puberdade.
O filme possui um humor bem básico, e que baseia nos moldes do besteirol típico das fitas de humor antigas, apesar de não ser tão sacana, com tímidas piadas sexuais e nenhuma menção a nudez. O mote da eterna busca por identidade faz do roteiro de Angelica Lopes e L.G. Bayão uma boa história para o formato de Sessão da Tarde, ainda que tenha um moralismo meio bobo em sua abordagem geral.
No entanto, o texto não trata o espectador como bobo. Kefera consegue fazer um bom papel, assim como João Cortês , os dois transbordam química em tela, e funcionam bem humoristicamente, especialmente quando fazem piadas com a diferença de gerações , ainda que 2004 não tenha sido há tanto tempo.
Depois de muitos tropeços pelo caminho, Camila consegue enfim entender como poderia voltar a sua zona de conforto, e o final.alternativo para o qual ela vai é um pouco decepcionante. Os últimos momentos ocorrem com uma trilha sonora especial, com a música de Pitty Máscara como sinônimo de transgressão, e isso é no mínimo engraçado pois na época em que foi lançada essa música, a roqueira baiana era considerada como expoente do pop rock que as crianças e adolescentes mais populares podiam consumir sem se sentirem underground. Independente desse contexto, a letra casa bem com a última lição que Eu Sou Mais Eu prega, resumindo neste ao a condição de filme careta para uma obra que busca ser meio contra cultura.