Tag: Luana Piovani

  • Crítica | A Noite da Virada

    Crítica | A Noite da Virada

    A Noite da Virada é um longa-metragem brasileiro que tenta resgatar a tradição dos humorísticos típicos da época das chanchadas, por meio de uma comédia rasa, de costumes, unindo a esse aspecto uma tradição do cinema hollywoodiano de usar data festivas para fazer humor.

    O filme de Fábio Mendonça mostra Ana (Julia Rabello), casada com Duda (Paulo Tiefenthaler), e vizinha de Rosa (Luana Piovani), que por sua vez é casada com Mario (Marcos Palmeira). Ana acabou de se mudar, e para inaugurar sua casa nova, ela chama seus colegas de trabalho, apesar de não contar com nenhuma ajuda monetária de seu marido, que é incapaz até de ajudá-la a arrumar a casa.

    O maior senão do filme é achar que não tendo uma trama minimamente interessante (ou que provoque curiosidade em seu espectador), seria suficiente ter um elenco cheio de famosos da internet. Além dos já citados, João Vicente Castro, Daniel Furlan e Juliano Enrico interpretam os papéis de drogados super caricatos.

    O roteiro de Cláudia Jouvin e Pedro Vicente aposta em uma trama de traições e confusões, além de claramente referenciar a trilogia Se Beber Não Case! de Todd Phillips, mas aqui soa apenas como mais uma cópia de outros humorísticos que deram certo, já que não há muita ousadia nos eventos que deveriam acontecer. Quase toda a trama se passa no banheiro da tal festa de virada de ano, e as poucas piadas legais estão ali com Furlan e Enrico, que produzem conversas nonsense (aparentemente improvisadas), e se valem do entrosamento dos dois em O Último Programa da Mundo.

    Mendonça tem muitos elementos potencialmente hilários, mas não sabe explora-los, pelo contrário, sua aposta acaba sendo nas superstições típicas de virada de ano, que infelizmente não funcionam.

  • Crítica | Zuzu Angel

    Crítica | Zuzu Angel

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    A trilha sonora de Zuzu Angel começa com a eletrizante música Dê Um Rolê dos Novos Baianos, interpretada por Pedro Luís e a Parede junto a Roberta Sá. Após uma apresentação enérgica dos créditos iniciais, o filme de Sergio Rezende já se insere no escopo novelístico típico do longa. O drama baseado na história real da personagem título mostra uma mulher da elite brasileira que vê seu filho sendo capturado pelos militares.

    A estilista de classe média goza de uma influência grande da sociedade naquela época. Os detalhes de toda a questão envolvendo ela e seu filho Stuart Angel (Daniel Oliveira) são interessantes e um bom retrato dos martírios que a ditadura causava em seus opositores, mas fora alguns poucos momentos, a abordagem do filme é sensacionalista e pasteurizada, lembrando muito com Olga, de Jayme Monjardim outro filme que fez sucesso comercial em tempos recentes.

    As ligações entre Stuart e Carlos Lamarca fizeram com que Rezende trouxesse novamente Paulo Betti para representar o guerrilheiro, como ele havia feito com o filme Lamarca de 1994. É curioso porque o escopo de realidade forçada é reprisada neste filme, ainda que seja relativizada pela modernidade com que é conduzido o cinema. Quase todas as interações são extremamente artificiais e feitas sob uma ótica com linguagem bem mais televisiva do que cinematográfica.

    Patrícia Pillar tem um bom desempenho, como é esperado, mas a irrealidade do roteiro e da condução comprometem inclusive seu trabalho. As situações em que é posta com Stuart, seja na infância ou juventude dele são quase sempre exibidas de uma maneira forçada e nada natural. O filme carece de verossimilhança ou de qualquer intervenção mais enérgica por parte de seu realizador.

    Apesar de tratar um tema complicado o modo como o filme é realizado é bastante desequilibrado, confundindo momentos leves com pesados e registrando as torturas com uma complicada estilização, quase glamourizando os momentos de sofrimento. Ao final da exibição, Zuzu Angel soa pueril e até oportunista, por explorar um tema histórico em um um roteiro engessado, que suaviza uma história forte apresentando-a como se fosse algo genérico, apesar de tentar prestar reverências e homenagens.