Tag: Nicolas Pesce

  • Crítica | The Eyes of My Mother

    Crítica | The Eyes of My Mother

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    Filmes de estréia podem marcar a carreira de um diretor, mostrando seus maneirismos, alguma temática que ele tem preferência por abordar e até mesmo a estética que ele irá desenvolver ao longo dos anos, e muitas vezes esse mesmo filme de estreia pode não mostrar nada disso na carreira de um realizador.

    Lançado simultaneamente nos cinemas americanos e digitalmente pela Amazon e Itunes Store, The Eyes of My Mother, filme de estreia de Nicolas Pesce, traça um poema de terror em preto e branco sobre a vida de Francisca, filha de uma cirurgiã portuguesa vivendo no interior dos Estados Unidos. Inspirado em clássicos do gênero como Psicose, Desafio do Além e Repulsa ao Sexo, o diretor centra todo o peso da trama em cima da atriz Kika Magalhães, que interpreta a personagem Francisca, entregando uma atuação pontual e convincente como uma psicopata, mas ao mesmo tempo trabalhando a ambivalência humana da personagem. São expressivos os momentos em que o contraste aparece pautado no medo da personagem em confrontar uma vida de solidão.

    Apesar das claras influências aos filmes citados, o longa quase recusa o uso de cenas gore ou de violência explícita dentro de suas passagens mais marcantes assim como nas viradas da trama, deixando que as lacunas sejam preenchidas pela imaginação do próprio espectador. De fato, essa é a joia na edição e decupagem do longa de Pesce. A fotografia preta e branca é sem dúvida manipulada com maestria por Zach Kuperstein (também seu longa de estreia), existindo momentos em que um simples tom de cinza mais próximo do branco causa um incômodo por trabalhar em função da narrativa, e ao mesmo tempo alguns enquadramentos em cenas noturnas são tão belamente iluminados que é difícil pensar que a mesma ideia já foi feita em outrora.

    Apesar de tudo isso o filme sofre de parecer muito pequeno em certos momentos, te fazendo pensar que aquela personagem poderia ter recebido mais tempo de tela pelo constante silêncio, mas por outro lado os poucos e pequenos diálogos de Francisca murmurando pensamentos em português são os mais assustadores e os que parecem mais distanciar a pessoa do monstro que vemos em tela.

    Eu me sinto mais que curioso agora para aguardar o novo longa do diretor e quem sabe descobrir o que The Eyes of My Mother vai dizer sobre a carreira de Nicolas Pesce. Parece promissor.

    Texto de autoria de Halan Everson.

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  • 10 Filmes de Terror em Preto e Branco, por Nicolas Pesce

    10 Filmes de Terror em Preto e Branco, por Nicolas Pesce

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    O filme “The Eyes of my mother” lançou seu segundo trailer há algumas semanas e parece apresentar uma trama interessante e mais uma vez um retorno por opção a fotográfia em Preto e Branco.

    É interessante que filmes como Frankenweenie, Blancanieves e Frances Ha vão na contramão do que parece o óbvio a se fazer hoje e apostam novamente na velha maneira de se fazer cinema. Até o diretor de Mad Max: Fury Road, George Miller está lançando esse mês em DVD/Blu-ray e cinemas nos EUA a versão em “Black and Chrome” de Estrada da Fúria (será que vem pro Brasil essa?) Pensando nisso talvez, o diretor estreante de Eyes of My Mother, Nicolas Pesce, lançou no facebook oficial de seu filme de estréia um top 10 filmes de terror preto e branco que foram influência para sua produção e com pequenos comentários. Confira abaixo:

    10 – Eraserhead – David Lynch (1977)

    “Não há ninguém melhor para manipular o clima de uma situação que David Lynch. E não há nada mais aterrorizante que sentir algo estranho e não saber porque”

    9 -Titicut Follies – Frederick Wiseman (1967)

    O Diretor Frederick Wiseman registrou em 67 um hospital para doentes mentais e o tipo de vivência diária que eles passavam, o documentário foi alvo de processos e sua exibição foi proibida até o inicio dos anos 90.

    8 – Repulsa ao Sexo – Roman Polanski (1965)

    “Ele é impecavelmente simples mas faz uso de efeitos práticos de uma maneira bela e surreal. Não importa quão estranho a trama fica, no seu âmago tudo é sobre solidão e ansiedade. E sempre foi dessa maneira que eu absorvi ele.”

    7 – Almas Mortas – William Castle (1964) 

    “Um poster com Joan Crawford segurando um machado? Por favor né … O visual se encaixa entre um mundo hiper estilizado do cinema noir com todo o gótico que existe no expressionismo alemão, adoro esse filme!”

    6 – Desafio do Além – Robert Wise (1963)

    “Esse é aquele filme que eu vi adulto e me assustou de verdade. Você nunca vê nada assustador e essa é a melhor parte.”

    https://www.youtube.com/watch?v=YWU9zRb4RPY

    5 – Psicose – Alfred Hitchcock (1960)

    “Psicose é como uma cartilha pra mim. Além do seu mérito técnico e artesanal, eu amo como Hitchcock faz com que o público simpatize com um assassino. Acho que não existe nada mais assustador que isso.”

    4 – A Casa Mau Assombrada – William Castle (1959)

    “A voz de Vincent Price vai ecoar eternamente no meu cérebro sempre que pensar em horror gótico, e é por causa desse filme. A voz dele no monólogo de abertura é assustadora e e icônica. “

    3 – O Mensageiro do Diabo – Charles Laughton, Robert Mitchum (1955)

    “Esse é a maior influência para meu filme. Eu amo como o conto gótico minimalista se contrasta com as qualidades de uma fantasia com momentos de terror autênticos.”

    2 – O Solar das Almas perdidas – Lewis Allen (1944)

    “Vi esse filme com minha mãe quando ainda era criança. Foi minha primeira experiência com filmes de terror e foi a primeira vez que eu vi muitos maneirismos que viraram mais tarde trunfos de direção.”

    1 – A Sétima Vitima – Mark Robson (1943)

    “Com um clima pesado, luz atmosférica, e uma femme fatale gótica, é um conto pulp mas ao mesmo tempo um elegante cult de horror. Como não gostar?”

    Texto de autoria de Halan Everson.