Tag: Rafinha Bastos

  • Crítica | Internet: O Filme

    Crítica | Internet: O Filme

    Exposição boba e vaidosa de sub celebridades da internet brasileira disfarçada de filme mashup – ou cinema de esquetes Internet: O Filme é o filme de estreia em longa duração Filippo Capuzi Lapietra, especialista em produtos de duração curta. A trama mostra oito situações distintas, que tem em comum a convenção de youtubers chamado Webmett, que ocorre em um hotel de luxo.

    As esquetes tem um conteúdo diferente para cada uma, algumas vezes levando em conta o conteúdo dos tais canais referenciados, em especial com Julio Cocielo (Canal Canalha) e Igão Underground, mas eventualmente trata de situações que nada tem a ver com o dito pelos trabalhos os presentes no elenco, em especial, Felipe Castanhari, que não ocorre em quase nada relacionado a nostalgia. Há uma bagunça geral no plots tencionados.

    O texto é de Rafinha Bastos, Dani Garuti e Mirna Nogueira abusa de piadas fracas e óbvias, desde cantadas datadas até diálogos que fazem lembrar o humor de Zorra Total e A Praça é Nossa, até tentativas tolas de lição de moral por quem claramente não está dentro do ambiente da internet. Há um desnecessário uso de pseudônimos por parte dos personagens, já que a maioria do elenco interpreta a si mesmo, praticamente.

    As situações mostradas em tela são degradantes, variando entre momentos constrangedores para cada uma das pessoas ali retratadas, misturando com citações banais do idioma internetês repleto de neologismos que abundam nas redes sociais. O único núcleo que de fato funciona é o entre Cesinha Matos (Rafinha) e seu stalker, Adagalmir (Paulinho Serra), que são exatamente os mais experientes em matéria de cinema e televisão. A mistura de gerações de geradores de conteúdo soa forçada e mesmo algumas participações que fazem rir destoam do todo, especialmente de Cauê Moura, próxima do fim do filme.

    O filme é basicamente uma reunião boba de celebridades de brilho solo discutível, excluindo claro Kéfera e Porta dos Fundos que conseguiram protagonizar seus próprios filmes (É Fada! e Contrato Vitalício). Mesmo as tomadas que Laprieta tenta usar para inovar soam frívolas e sem sentido diante do todo, o que é uma pena, uma vez que grande parte dos convidados consegue realmente fazer humor em seus canais, resultando nesse em mais uma fracassada transposição de mídia que soa apressada e caça-níquéis, apesar claro da boa intenção de seus realizadores.

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  • Crítica | Mais Forte Que o Mundo: A História de José Aldo

    Crítica | Mais Forte Que o Mundo: A História de José Aldo

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    Afonso Poyart surgiu como uma promessa de grande diretor do cinema blockbuster brasileiro. Seu primeiro longa metragem, Dois Coelhos, foi injustamente tratado como mera cópia do cinema estrangeiro. Três anos depois, o brasileiro foi chamado para conduzir Presságios de Um Crime, um filme americano que foi mal recebido por crítica e público. Após essa irregularidade, o projeto seguinte seria uma cinebiografia de um esportista manauara célebre, o campeão peso pena do UFC José Aldo, que ainda está em atividade e que acabaria por recuperar a boa forma logo após o lançamento do filme, vencendo novamente no circuito profissional.

    Mais Forte Que o Mundo: A História de José Aldo começa tão estilístico quanto o filme anterior do diretor, mostrando José Loreto no octógono, para logo depois retornar ao passado que construiu seu caráter, tendo de lidar com situação de violência doméstica que ocorre entre seus pais. A fase de crescimento rumo a vida adulta envolve um drama cheio de humilhações, brigas e rejeições, acompanhado de cenas que abusam do slow motion como manifesto de seu cinema.

    A condução de Poyart lembra demais a de Scott Spiegel em Um Drink no Inferno 2: Texas Sangrento, no sentido de usar ângulos diferenciados para exibir suas cenas, ainda que sejam executadas desse modo por pura gratuidade. Não há motivo ou causa para o registro desse modo. É curioso como essa imaturidade na condução dialoga com o crescimento de caráter de Júnior, nome pelo qual o personagem de Loreto é chamado nesse início. O futuro atleta é mostrado como um sujeito impulsivo, irascível e a beira do colapso o tempo inteiro e demora para finalmente atingir o seu lugar ao sol, claro, ao som da péssima música motivacional de Charlie Brown Júnior.

    A trajetória que o roteiro de Poyart (com auxílo de Marcelo Aleixo Machado e Marcelo Rubens Paiva) é piegas e repleto de personagens que mal exigem de seus atores, mesmo que estejam no elenco medalhões como Milhem Cortaz, Cléo Pires, Claudia Ohana, Jackson Antunes e Paloma Bernardi. Diante de todas essas performances mecânicas, surpreende o desempenho de Rafinha Bastos como Marcos Loro, o amigo de José que se dedica a abrir portas para o herói do longa, além de ajudar a pavimentar seu caminho rumo ao sucesso. O trabalho de corpo que Bastos faz é interessante, mas só entregue em uma parcela pequena do filme, logo sendo deixado de lado, desperdiçado para dar lugar a interpretações limitadas dos outros atores.

    Falta emoção, falta textura, os personagens estão prestes a conseguir um feito praticamente impossível, no entanto não há gravidade nas atitudes e sentimentos destas pessoas. Mais Forte Que o Mundo mira o retrato da superação via esporte, mas alcança apenas a tola crena de que a meritocracia é capaz de transformar a vida de um menino pobre na de um homem rico e bem sucedido.

    Não há inspiração, nem na feitoria e nem no inconsciente do espectador que termina de ver as enfadonhas duas horas de exibição, muito menos há a verve de transgressão que ocorreu em Dois Coelhos. Poyart que aparentava ser um cineasta diferenciado e pouco afeito a ideia de repedir paradigmas do cinema brasileiro faz seu produto ser ligeiramente superior aos recentes Tim Maia, Somos Tão Jovens e afins, sendo melhor que esses apenas no texto, que não soa tão oportunista quanto estes outros, mas ainda assim muito aquém da grande quantidade de elogios tecidos a respeito deste que é para muitos favorito a disputa do Brasil pelo Oscar e até da emocionante jornada de Aldo rumo ao cinturão de peso pena.

  • Review | A Vida de Rafinha Bastos

    Review | A Vida de Rafinha Bastos

    A Vida de Rafinha Basos

    Misturando ficção e realidade, A Vida de Rafinha Bastos foi uma série de oito episódios, produzida pela Fox, que acompanhava a imaginação da vida do comediante gaúcho que dá título ao programa. O drama começa com o humorista vivendo na cadeia, finalmente pagando pela montanha de processos e problemas com a lei que sempre teve. O conteúdo do folhetim é baseado em comédias de situação, repetindo aos montes as mesmas piadas que já fazia nos stand-ups.

    Os episódios passam por histórias que ocorreram com Bastos, a começar pelo evento politicamente incorreto com um cadeirante, um jornalista Washington Araújo (Adriano Petterman), um crítico de arte que persegue o protagonista, motivado pelas piadas que faz com deficientes. O capítulo faz troça com a relação do ator com Marcelo Rubens Paiva, dramaturgo, jornalista e que foi vizinho de Rafinha, e contém alguns poucos momentos engraçados, mesmo para sua época em 2013.

    O programa brinca com questões básicas, como fé ao estilo do que Fernanda Young tencionou em Os Normais, ainda que o roteiro e direção de Bastos seja muito menos inspirada do que a série global. Os episódios seguem discorrendo sobre os detalhes da vida do semi astro, inclusive em referência à polêmica de Wanessa Camargo, com uma versão análoga da cantora acertando suas diferenças com o protagonista, tendo inclusive uma fantasia presente no episódio, com ambos se beijando lascivamente, conseguindo ao final dar sequência à questão que o fez ser processado e demitido da Rede Bandeirantes.

    Ao longo dos episódios, é mostrado o drama de sua esposa Junia (Camila Raffanti), que está grávida desde o começo do programa. O derradeiro capítulo mostra o processo de nascimento do filho de Bastos e mais uma vez mostra o personagem/apresentador tendo de driblar adversidades para suplantar a falta da ginecologista – que por sua vez, tem um ataque de pânico – conseguindo um substituto que nada tinha a ver com a doutora que cuidava de seu par.

    A sensação ao terminar A Vida de Rafinha Bastos é de que o programa ousaria mais, teria piadas diferentes das comuns, tanto em programas globais quanto nos shows solo do comediante. Mas o que se vê é o exato contrário disso, com poucos momentos de humor realmente interessante e transgressor, sobrando obviedades e só um pouco de acidez nos momentos cômicos, além de um cenário de cadeia caricato, desnecessário e preciosista.

  • Crítica | Copa de Elite

    Crítica | Copa de Elite

    Copa de Elite

    Dirigido por Vítor Brandt, diretor da série Vida de Estagiário exibida pela Warner, esta comédia faz paródia com uma série de filmes nacionais, entre eles: Tropa de Elite, Bruna Surfistinha, Dois Filhos de Francisco, Se Eu Fosse Você, Nosso Lar, Minha Mãe é uma Peça De Pernas Para o Ar.

    O filme conta a história do capitão do BOPE Jorge Capitão (Marcos Veras), que passa de herói nacional a inimigo público número 1 após salvar o maior craque argentino de um sequestro às vésperas da Copa. Enquanto amarga a decepção por ter sido expulso da corporação e execrado pelo povo, fica sabendo por Bruno de Luca (ele mesmo) sobre a existência de um plano para assassinar o Papa durante a final da Copa. Para evitar o atentado, precisa reaprender a trabalhar em equipe e é auxiliado pela proprietária de um sex shop, Bia Alpinistinha (Julia Rabello); dois soldados, caricaturas de Matias e Neto de Tropa de Elite; um médium (Bento Ribeiro); além de sua mãe (Alexandre Frota).

    Impossível não pensar no personagem Frank Drebin, interpretado por Leslie Nielsen, tentando salvar a rainha da Inglaterra no primeiro Corra Que a Polícia Vem Aí. Mas a semelhança acaba aí, pois a qualidade do humor escrachado deste filme está anos-luz à frente de Copa de Elite, assim como o carisma tanto do protagonista quanto do ator que o interpreta. Os personagens secundários quase conseguem ser tão marcantes quanto o batalhão de Drebin, com destaque para Julia Rabello e Rafinha Bastos (Haters gona hate), lógico, mas se o espectador não tiver birra contra o humorista poderá se divertir bastante toda vez que seu personagem, René Rodrigues, estiver em cena.

    O roteiro nonsense consegue amarrar bem todas as referências aos filmes parodiados. Mesmo quem não assistiu a eles, entende as piadas. Logicamente que conhecê-los ou tê-los visto potencializa o efeito, apesar de não causar gargalhadas desbragadas no espectador. Em termos técnicos, a película não deixa nada a desejar para comédias americanas. Até mesmo os efeitos especiais conseguem não fazer (muito) feio.

    Talvez o filme seja um bom indício de uma aproximação entre a produção youtuber e o cinema, uma tentativa de colocar num formato mais extenso o humor rápido e conciso dos canais de esquetes, como o Porta dos Fundos. Mas ainda há muito chão pela frente até conseguir arrancar gargalhadas do público com a mesma eficiência dos vídeos da internet.

    Um parênteses: na cabine de imprensa, o único momento que fez a plateia rir para valer foi uma brincadeira com uma estatueta do Oscar “disfarçada” de Kikito. No restante do tempo, apenas uma ou outra risada esparsa.

    Texto de autoria de Cristine Tellier.