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  • Crítica | LEGO Batman: O Filme

    Crítica | LEGO Batman: O Filme

    O spin-off de Uma Aventura Lego começa com um Batman convencido que sua luta solitária contra ao crime é a única maneira de lidar com o manto de super-herói. Com muitas citações as aventuras do Homem-Morcego no cinema e a outros produtos da cultura pop, o roteiro de Seth Grahame-SmithChris McKennaErik SommersJared Stern e John Whittington apoia seu humor nessas referências e consegue divertir adultos e crianças. O texto tem também nos seus momentos emotivos, em que o Batman lida com a solidão do manto de herói e a falta que sente de uma família, alias, os melhores momentos do filme, já que as cenas de ação deixam um pouco a desejar.

    No começo da aventura, a aposentadoria do lendário Comissário Gordon abre caminho para Bárbara Gordon implementar uma nova política na polícia da violenta Gotham City: ela está decidida a não mais depender apenas do Batman, mas apoiar a luta contra o crime na união entre cada um de seus cidadãos e homens da lei. É claro que Bruce Wayne tem dificuldades em contar com a ajuda de nossa heroína, assim como teme a proximidade de um novo membro em sua família: Dick Grayson, um órfão que ele adota, meio sem perceber, após uma festa. Com a ajuda de Alfred, o fiel mordomo, que parece sempre ser o esteio do atormentado Bruce, Dick tenta participar ativamente da vida secreta de seu benfeitor, mesmo não conhecendo a identidade real do Batman.

    Mas nem só os heróis reconhecem o mérito da união de forças para otimizar seu poder, o Coringa, que clama seu lugar como arqui-inimigo do  morcego, também busca reforços para provar ao Batman que ele não é só mais um malfeitor em Gotham e, quando não consegue coordenar um ataque somente com os vilões do universo do Cavaleiro das Trevas, busca ajuda de outros grandes vilões que se encontravam presos na zona –fantasma : Voldemort, os Daleks, Godzilla são apenas alguns dos nomes de peso trazidos para ajudar no seu plano para dominar a sombria cidade.

    A já muito explorada relação de identificação e alteridade entre o Coringa e Batman rende boas sequências em que Bruce parece ter uma espécie de discussão de relacionamento com o palhaço do crime, culminando no momento onde ele declara apaixonado: “Eu te odeio!” a um Coringa que aparece a beira das lágrimas de emoção. Um pouco longa, a animação dirigida por Chris McKay perde o fôlego em alguns momentos, mas não deixa de nos fazer sorrir mesmo em suas sequências menos inspiradas.

    Texto de autoria de Mariana Guarilha, autora do blog Miss Bennet. Devota de George R. R. Martin, assiste a séries e filmes de maneira ininterrupta e vive entre o subconsciente e o real.

  • Crítica | Orgulho e Preconceito e Zumbis

    Crítica | Orgulho e Preconceito e Zumbis

    1Se o Orgulho e Preconceito de 2005 (filme de ‘inhos’: lindinho, certinho, e muito mais bobinho que o astuto livro de Jane Austen, mas acerta por não tentar ser o novo Barry Lyndon) aposta no poder do casamento entre palavra e visual clássicos e simbólicos, a soma de Austen, a escritora do belo romance de 1813, com The Walking Dead já avisa, tal em Sangue Negro, que a leveza dos campos ensolarados será inevitavelmente tingida de vermelho, cedo ou tarde*. O problema é que na sátira de 2016, sangue é jorrado tão vulgarmente quanto as influências de um dos filmes mais confusos do ano: Ao invés de se espelhar nos melhores exemplares de um sub-gênero que infecta tudo, hoje em dia, tal o ótimo A Noite dos Mortos Vivos, de 1968, deixa para se apoiar no grotesco e na banalidade da violência que a série da AMC tanto abusa, talvez para cativar um público que já não liga em assistir miolos e outras nojeiras explodindo. George Romero não queria isso, o rei dos zumbis não perderia seu valioso tempo com amálgamas que só tornam inferior seu legado de horror e terror artístico; qualidade essa que Orgulho e Preconceito e Zumbis, longa baseado na obra de humor de Seth Grahame-Smith, tenta bravamente ao menos cutucar, mas surpreende nem mesmo suas traças por não conseguir o mínimo alcance almejado.

    *nota-se a observação, acima, pois o “cedo ou tarde” simplesmente não existe, ou seja não há nenhuma busca pelo refinamento de uma trama que dialoga com conceitos ancestrais pré-globalização (a valorização da linhagem familiar) e atuais (a banalização violenta da vida humana, com pais matando filhos e vice-versa nos noticiários). Logo no começo, sente-se o paradoxo que esse paralelo não pode funcionar, numa época que não combina com a violência inevitável em torno de uma pandemia contra cavalheiros, donzelas e suas relações quase virginais. Assim, inserir zumbis nessa fórmula mais do que clássica (e clichê, de tanto que foi repetida) não revitaliza nada, e ao invés de passar verniz em mobília velha, acaba invalidando qualquer intenção de paródia ou antítese ao material original. Não à toa, o filme demorou demais para ser produzido, já que os produtores previam o desastre que estava a caminho.

    Não que o desastre profetizado (e ensaiado) de fato aconteça, posto que a diversão, pelo menos, é quase garantida para uma plateia que não se interessa no drama emocional de donzelas virgens assistindo o pôr-do-sol em pastos viçosos. Mesmo assim, tanto no belo filme de 2005 quanto neste, os discretos charmes e absurdos da burguesia sobrevivem, postulando uma seriedade que em Orgulho e Preconceito e Zumbis torna-se um tiro no pé para uma versão que tenta apostar na sátira, e é incapaz de fazê-la acontecer. Por exemplo: Se na história de origem, as cinco irmãs (a maioria insuportável) da família Bennet são cultivadas para se casar, unicamente, e assim viverem “felizes para sempre” com seus pretendentes, aqui elas vão à luta desde o começo, quase que perfeitas amazonas, matando seus mortos-vivos que, na melhor das hipóteses, podem representar suas gaiolas, seus donos e tradições crônicas que as enjaulavam, sob vestidos, silêncio e regras sociais britânicas ultra-rígidas. Metáfora bacana, mas super mal aproveitada.

    Mesmo esse empoderamento feminino, aqui, é subvertido pela deselegância que a violência, não apenas traz, mas sobretudo do jeito que é mostrada e até celebrada, cuja importância vital para (o fiapo d)’a trama gira em torno de momentos constrangedores, como os conflitos amorosos (ninguém liga, cadê os zumbis?!), ou a teoria do livro do apocalipse, quando o filme tenta nos fazer entender os motivos de uma pandemia zumbi no século XIX (oi?), e francamente: Esclarecimentos num filme satírico colam tanto quanto o desempenho do elenco; Sam Riley como Mr. Darcy vai atualizar sua concepção de ‘ridículo’, no mesmo ano que tivemos o palhaço do Jared Leto. Entenda como quiser… Salpicado por poucos momentos de honestidade sobre o que a obra, realmente, poderia vir a ser (sob a tutela de uma visão e condução melhores), uma saudade certamente se acentua e cresce quando percebemos o peso do equívoco na tela: Planeta Terror, de Robert Rodrigues. Foco na premissa, foco na abordagem, e de repente a soma dá certo. Não é mágica, mas um filme bom faz parecer que é.

    E dane-se a coerência do título com a obra, não é mesmo? O absurdo aqui não vem da situação, portanto, mas de como essa é desenvolvida, beirando o ofensivo; beirando a vergonha e a falta de bom-senso. E eu nem citei como tudo parece uma versão piorada dos terrores medievais do mestre Mario Bava… Mas, afinal, Orgulho e Preconceito e Zumbis é mais romance, mais drama ou terror estilo gore? Nenhuma das coisas, é lógico, e há até episódios superiores de The Walking Dead (da 1ª temporada, é lógico²). É, bem antes do final, uma reles salada mal-temperada de intenções irregulares que, inevitavelmente, só não irá direto para o inferno das paródias que saíram pela culatra de sua investida no Cinema, pois será alvejada no purgatório das ridicularizações de crítica e público, esse segundo cada vez mais atento e crítico, idem, já que aqui nem os figurinos deslumbram ninguém – o que é aquele tapa-olho na coitada da Lena Headey, diva de Game of Thrones? Conclusão: O preço do aluguel anda desumano.

     

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    https://www.youtube.com/watch?v=80hayqSVK-4

  • Resenha | Orgulho e Preconceito e Zumbis – Seth Grahame-Smith

    Resenha | Orgulho e Preconceito e Zumbis – Seth Grahame-Smith

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    É uma verdade universalmente reconhecida, que um homem solteiro na posse de uma boa fortuna deve estar em busca de uma esposa”. No entanto, para Seth Grahame-Smith também é uma verdade universalmente reconhecida que um zumbi que possua cérebros deve estar em busca de mais cérebros. E é assim, parodiando a famosa frase de abertura de um dos romances mais populares da história, que Grahame-Smith começa seu Orgulho e Preconceito e Zumbis.

    O livro segue mais ou menos a mesma trama, a história cheia de desintendimentos e acidentes da relação entre Lizzie Bennet, independente demais para uma mulher da sua época, e Mr. Darcy, jovem rico e orgulhoso, mas acontece em uma dimensão paralela em que a Inglaterra vitoriana é infestada por zumbis.

    A praga não tem qualquer explicação, mas é dado a entender que vem indo e voltando há séculos. A coroa inglesa a combate com seu exército oficial e guerreiros associados, entre eles as irmãs Bennet e Mr. Darcy. O treinamento é feito no oriente, China ou Japão, e a habilidade nas “artes letais” um grande sinal de distinção.

    O livro é cheio de detalhes divertidos, como o momento em que Elizabeth pondera que um mosquete é uma arma melhor que uma adaga, mas considerado “pouco feminino” e referência a katanas e ninjas. Como se espera de uma história zumbis a momentos nojentos e por alguns momentos chegamos mesmo a entrar na mente de um infectado em transformação.

    No fim, a adaptação mantém muito do espírito de Jane Austen, inclusive a ironia da autora, mas deixa o livro ainda mais divertido pelo nonsense e as cenas de aventura. Há boatos de uma adaptação cinematográfica produzida por Natalie Portman, daria mesmo um ótimo filme.

    Texto de autoria de Isadora Sinay.