Tag: TOP

  • 10 Melhores Filmes Clássicos e Épicos

    10 Melhores Filmes Clássicos e Épicos

    10 Melhores Filmes Clássicos e Épicos

    A definição de filme épico é ligada a grandiosidade, normalmente foca em algum personagem ou situação temporal específica, mostrada sobre um escopo abrangente e espetacular cuja duração é longa, os cenários são grandiosos e orçamentos são magnânimos. Não é propriamente um gênero ou sub gênero e sim um estilo de contar história. Seu auge ocorreu no alvorecer do cinema em cores.

    De tempos em tempos se resgata esse estilo, tanto em Gladiador , Coração Valente como em 300 e tantos outros produtos audiovisuais baseados especialmente em biografias históricas. Com o desenrolar dos anos, surgiram novas especificações de filmes épicos, tendo como principais vertentes os épicos de guerra, históricos, românticos e religiosos e posteriormente westerns, ficção científico e em animação, com exemplares destes últimos variando entre 2001 de Stanley Kubrick, Era Uma Vez no Oeste e grande parte da filmografia da Hayao Miyazaki.

    Para confeccionar esta lista, resolvi focar em filmes de guerra, históricos, românticos e religiosos, graças a refilmagem recente de Ben-Hur, que na história clássica, reúne praticamente todos esses fatores:

    10. Os Sete Samurais (1954), de Akira Kurosawa

    seven-samurai-1954-005-archer-and-fighters-in-the-rain

    Possivelmente o filme mais indiscutivelmente meritoso da lista, Os Sete Samurais serviu de base para inúmeros produtos americanos vindouros, não só por ser um drama de época que valoriza valores de fidelidade e bondade, mas também por ser um belo exemplar de como contar uma história por meio de imagens panorâmicas. O exercício que Kurosawa faz nesse também foi de Yojimbo (1961), onde recicla elementos dos westerns clássicos ambientando no Japão da Era Sengoku. A história acompanha um povo que é oprimido por ladrões e que decidem se rebelar contra os maus feitos, utilizando da força de desconhecidos, de sete samurais que se prontificam a protege-los. O filme ajudou a estabelecer a ideia de honraria entre os samurais e inspirou diretamente o belo filme de John Sturges Sete Homens e um Destino, fator que ocorreu com o mesmo Yojimbo de Akira, que por sua vez gerou Por Um Punhado de Dolares. Seu orçamento é bem pequeno perto das outras produções da lista, mas suas características seguiriam não só nos vindouros épicos, mas também em todo exploitation de ação dos anos 70 e 80.

    9. Quo Vadis (1951), de Mervyn Leroy

    quo vadis

    Baseado livro de Henryk Sienkiewicz e ambientado na Roma Antiga, Quo Vadis narra a volta de Marcus Vinicius (Robert Taylor) a sua terra, onde se apaixona pela criada romana Lygia (da belíssima Deborah Kerr), e não é correspondido num momento primário. O longa trata de questões como a manutenção de inimigos como reféns, conflitos entre o cristianismo e o império – liderado por Nero (Peter Ustinov) – e claro, estabelece o prevalecimento da religião sobre a opressão. O filme contém sérios problemas de continuísmo e conta com a participação dos ainda desconhecidos Bud Spencer, Liz Taylor e Sophia Loren, como meros figurantes e até então, era uma das melhores adaptações do período de ascensão e queda do império romano.

    8. Cleopatra (1963), de Joseph L. Mankiewicz

    cleoptra-1

    Mankiewicz tinha a tarefa de conduzir o filme símbolo da carreira de Elizabeth Taylor. O resultado final é um longa irregular, bastante criticado na época de seu lançamento, inclusive pelos estouros de orçamento, mas ainda assim é um belo exemplar de como funcionava a indústria cinematográfica da época onde a moda ditava os padrões cinematográficas mais até do que a fidelidade histórica, uma vez que os penteados de Liz Taylor e sua pele em nada se assemelhariam a figura da rainho do Egito. Ainda que contenha um número enorme de exageros, Cleopatra ainda é grandioso em tudo que se propõe e tem uma estrela de ego quase tão grande quanto o da biografada.

    7. Assim Caminha a Humanidade (1956), de George Stevens

    Giant

    Com elenco astronômico e duração enorme, Assim Caminha a Humanidade de George Stevens se passa no Texas e mostra as gerações dos nativos com questões éticas, políticas e sociais. Stevens teve uma carreira bastante prolífica, tendo realizado Os Brutos Também Amam e Um Lugar ao Sol, coube a si trabalhar a adaptação do texto de Edna Gerber. O primeiro momento é estrelado por Rocky Hudson e Elizabeth Taylor, e mais tarde, tem o advento de James Dean, que florescia para o grande cinema. Talvez o maior mérito do filme de 201 minutos são os planos panorâmicos do oeste dos Estados Unidos. O filme tem uma narrativa lenta se visto atualmente e até um pouco maniqueísta, mas contém uma linguagem pouco usual para os anos cinquenta.

    6. … E O Vento Levou (1939), de Victor Fleming

    gone-with-the-wind

    Considerado por muitos como a obra máxima do cinema até seu lançamento, o filme de Victor Fleming é grandioso desde o seu planejamento de produção. Adaptado a partir da obra literária de Margaret Mitchell, o romance histórico baseado na época da guerra de secessão dos Estados Unidos, no século XIX, na parte sul da América. Entre a exploração histórica, há também a exposição de um amor impossível, bem folhetinesco, envolvendo Scarlett O’Hara (Vivian Leigh) e Rhett Butler (Clark Gable), com direito a trama rocambolesca para a tão esperada união do casal, inclusive contendo o desejo incestuoso de outros personagens sobre Scarlett. Max Steiner faz uma trilha sonora primorosa em um trabalho que serviria de inspiração para inúmeros filmes românticos futuros e daria o tom para o drama envolvido. As quase quatro horas em sua duração foi duramente criticada à época, mas as atuações foram extremamente elogiadas e serviram de paradigma também para os derivados do gênero. Venceu oito das treze que disputou, incluindo Melhor Filme, Diretor, Atriz (para Leigh) e Edição.

    5. Spartacus (1960), de Stanley Kubrick

    spartacus1

    Produção conturbada, que fez com que Stanley Kubrick deixa-se de fazer filmes de estúdio por um longo tempo, Spartacus trazia a historia do escravo e gladiador que dá nome ao longa e era protagonizado pelo astro Kirk Douglas no auge de sua fama. Apesar de conter trama pueril para os olhos modernos, sua história é bastante inspiradora do ponto de vista da superação, Spartacus foi um homem que lutou pelos ideais seus e de todo um povo que era escravizado e oprimido por Roma. O roteiro de Dalton Trumbo ainda contém um sem número de referência a perseguição da Guerra Fria, ainda que de forma velada e menos inspirada que em seus outros filmes. Ainda assim, resulta em um produto interessante e digno de reverência.

    4. Intolerância (1916), de D.W. Griffith

    Pictured here is a scene still from the 1916 film "Intolerance." Restored by Nick & jane for Dr. Macro's High Quality Movie Scans Website: http:www.doctormacro.com. Enjoy!

    Épico mudo, de mais de três horas de duração, Intolerância visa fazer um mea culpa por parte do seu realizador D. W. Griffith, que organizou quatro histórias diferentes ao longo de mais de dois mil anos de intervalo entre uma e outra. As tramas envolvem um romance contemporâneo dos anos 1910, um conto bíblico, uma historia francesa a renascença e outra situada no império babilônico. O filme foi um fracasso orçamentário e seu intuito seria o de demonstrar o quão tacanha era a mentalidade dos personagens em O Nascimento da Nação, clássico anterior de Griffith que foi acusado fazer apologia ao racismo e a Klux Klux Khlan. Intolerância possui os mesmo maneirismos e inventividade que fariam de Griffith um revolucionário da sétima arte, tanto em closes quanto na montagem paralela do qual o realizador seria pioneiro. O filme influenciaria diretamente o expressionista alemão F.W.Murnau e o legado de seu diretor subsistiria na filmografia de Orson Welles, Charlie Chaplin e John Ford.

    3. Patton Rebelde ou Heroi? (1970), de Franklin J. Schaffner

    patton-rebelde-ou-heroi

    Patton é um filme bem menos venerado do que deveria, especialmente diante das novas plateias. George S. Patton é vivido pelo genial George S. Scott, que trabalharia com Kubrick em Doutor Fantástico. A primeira cena do filme de Franklin J. Schaffner (o mesmo de Planeta dos Macacos) é um discurso real do general que luto na Segunda Guerra, mas localizado na frente das câmeras, à frente da nadandeira de seu país. Patton era um sujeito arredio e incontrolável e a câmera registra esse espírito livre de maneira bastante profunda, deixando para o público o julgamento sobre a moral do protagonista. Mais do que um drama de guerra, esta é uma biografia emocional e muito bem urdida.

    2. Lawrence da Arábia (1962), de David Lean

    Lawrence da arabia

    Clássico de David Lean – um diretor especializado no tema – e protagonizado por Peter O’Toole, Lawrence da Arábia se notabilizou por retratar uma reflexão de um homem branco influente – o tenente Lawrence – em meio a um ambiente onde ele deveria simpatizar com o lado opressor. Em meio aos idos da Primeira Guerra Mundial, o roteiro se debruça sobre a disputa entre os rebeldes árabes e o Império Otomano, contando com o inesperado apoio do militar britânico. Lean conduz um filme de 222 minutos com um conjunto de imagens idílicas e éticas bastante dúbias, graças a um texto final tão ambíguo quanto a moral desses tempos.

    1. Ben-Hur (1959), de Willam Wyller

    ben-hur-heston

    Realizado em 1959, vencedor de 11 estatuetas da academia até hoje não superada (somente empatada com O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei e Titanic), o filme de Wyller conseguiu a façanha de ser um sucesso de crítica e de público, graças alguns fatores básicos, desde o protagonismo de Charlton Heston, acostumado a realizar filmes tipicamente épicos, como El Cid e Os Dez Mandamentos, até a condução de toda uma enorme estrutura que remonta o poderio da Era de Ouro de Roma, além de referenciar a Judeia dos tempos de Cristo. Apesar do título se referir ao personagem de Heston, há um cuidado em retratar a figura do Messias cristão com tanta reverência que a câmera nem se atreve a dar um rosto ao Filho de Deus, tendo neste simples gesto uma grandiosidade tremenda, que só não supera a grandiloquência da produção.

    Menção honrosa aos filmes que não se encacharam no viés estilístico da lista, além dos já citados no começo, há também Cidadão Kane, Rei dos Reis, Poderoso Chefão Parte 1 e 2, Planeta dos Macacos, Andrei Rublov, Apocalypse Now, Fitzcarraldo e tantos outros tem semelhanças mas que não couberam, como os filmes dirigidos por David Lean como A Ponte do Rio Kwai, de Cecil B. DeMille como Os Dez Mandamentos e a grande parte da filmografia de John Ford e Billy Wilder.

  • TOP 10 | Vilões de Um Cinema Recente

    TOP 10 | Vilões de Um Cinema Recente

    TOP 10 - Vilões de Um Cinema Recente

    Nossos malvados favoritos dos últimos anos. Alguns são vilões por acaso, mas outros amam compartilhar o mal por ai, parece que vivem para isso. Faltou algum(a), abaixo? Só denunciar os vacilos da lista nos comentários, e vamos lá:

    10. Sr. Deveraux (Bem-Vindo a Nova York, Abel Ferrara) – “Você sabe com quem está falando?”

    10

    Personificação do capitalismo e a doentia cultura highlight, do tipo mais cruel e injusto possível, incorporando corpo a ponto de não ter mais alma num magnata impiedoso com seus (des)semelhantes, todos apenas vivendo para servi-lo e ser julgados, lá do alto da pirâmide. Um asqueroso e realista senhor do mundo, vendo todos como objetos ou obstáculos.

    9. Rosa (O Lobo Atrás da Porta, Fernando Coimbra) – “Ninguém vai fazer mal pra ela.”

    9

    A amiga querida, a vizinha que já é de casa, a falsa próxima e íntima demais para fazer mal a uma mosca, só que não. Incapaz de amar como uma verdadeira femme fatale faria, Rosa é o avesso das musas dos filmes noir americanos, é a mocinha que dorme com atestado de sociopatia debaixo do travesseiro e pior: Não reconhece sua própria loucura.

    8. Anton Chigurn (Onde os Fracos Não Têm Vez, Joel e Ethan Coen) – “Você está me vendo?”

    8

    É a cobra que mata sem fazer barulho, e mesmo sob pele humana, é aquém de sentir o peso do mal que acomete tal vivesse pra isso. Anton Chigurn, tal no livro de Cormac McCarthy, serve ao destino sem qualquer carga emocional sobre o bem e o mal além do instinto cavernoso de autopreservação; tudo sem prazer ou remorso nenhum… Será, mesmo?

    7. Coronel Hans Landa (Bastardos Inglórios, Quentin Tarantino) – “Bingo! Não é assim que vocês falam, bingo?”

    7

    Quando o poder ri dos seus próprios abusos cometidos, idolatrando a possibilidade de se auto-idolatrar. Hans Landa é a caricatura bilateral do poder que rege o mundo, ontem e hoje, sem prestar contas a ninguém, exceto ao destino que ajuda a conduzir, sem ao menos perceber, muito além da política que torna politicagem ao morder, risonho, sua própria cauda.

    6. Capitão Vidal (O Labirinto do Fauno, Guillermo Del Toro) – “É melhor você dizer a verdade…”

    6

    E se o outro abusa do poder, este é consciente da moral e ética que seu posto embute, e as estupra mesmo assim, sem dó nem piedade. Vidal não é caricatura: É a realidade filtrada pela ficção, tão desalmada quanto, às vezes, tratando de uma vilania em forma de unidade, soberba e totalitarismo como qualquer ditadura que se preze neste ou qualquer mundo.

    5. Daniel Plainview (Sangue Negro, Paul Thomas Anderson) – “Eu detesto a maioria das pessoas.”

    5

    Eis o predador que cai neste mundo para caçar, aproveitando dos recursos e da ambição humana naturais para erguer seu império de petróleo, negro e vermelho-sangue. Plainview é o Cidadão Kane sem medo de matar a anaconda e mostrar a árvore milenar que precisou destronar pra talhar seu arco e flecha. Casamento inevitável do mal com o poder.

    4. Kyung-Chul (Eu Vi o Diabo, Kim Jee-woont) – “Acho que vocês estão bem azarados.”

    4

    Típico personagem de Sergio Leone, sem passado nem futuro, inserido no reino asiático donde jorra o sangue sul-coreano, num vigor satânico para vingar uma vida de rancores, para enfrentar as mortes que o espreitam a cada vítima sequestrada… Para acalmar um espírito sujo pelo sangue coagulado que já o afogou num abismo existencial eterno.

    3. Mary (Preciosa, Lee Daniels) – “Quem mais iria me amar?”

    3

    A figura materna, segundo Freud e muitos por ai, motivo para tantos distúrbios a quem se submete à sua figura… Aqui, Preciosa teria tudo para se tornar a próxima Rosa dessa lista. Mary, sua adorável mamãe, sente uma fome insaciável de vingança do bebê que nutriu, indo além: Sangue do seu sangue, pra ela, é a pior danação que uma mulher pode carregar.

    2. Mad Dog (Operação Invasão, Gareth Evans) – “Não gosto de revólveres, essas são minhas armas. Minhas mãos… meus punhos!”

    2

    Quando você olha para ele, suado, machucado e olhos negros, vocês sabe que coisa boa não é. Quando ele prova em 3 segundos o que é capaz, um Jet-Li demoníaco vindo das profundezas, você entende porque o pequeno é chamado de Mad Dog. Com seu coração certamente retirado a sangue-frio do peito, quase imortal, sua perversidade chega a ser indecente.

    1. O Coringa (O Cavaleiro das Trevas, Christophen Nolan) – “Eu sou um homem de palavra…”

    1

    Justiça, por favor. O vilão máximo da cultura pop, num uníssono opinativo de clamor por um simbolismo que comprime, mesmo após tantas revisões, um brilho ao maléfico que torna verossímil a presença de um mal absoluto, corrompendo todos os outros vilões desta e de tantas outras listas. O Coringa é a resposta do inferno ao tédio das harpas do paraíso.

  • Melhores Filmes de 2014, segundo Doug Olive

    Melhores Filmes de 2014, segundo Doug Olive

    melhores-2014

    Se o leitor ainda não conferiu os filmes abaixo, faça-se o favor.

    10 – Carvão Negro, Gelo Fino, de Yi’nan Diao

    carvão-negro-gelo-fino

    Inspirada versão chinesa, colorida e divertida do coreano Memórias de um Assassino. Misto de drama de ação com denúncia sócio-política dos tempos atuais no país, o filme, através de cenas filmadas em excelência total de consciência do poder de suas situações, sem medo de explorá-las no que diz respeito à concepção de cada plano, tratados aqui como se fossem muito mais que unidades de cena, se torna memorável em proposta, abordagem e resultado.

    9 – O Conto da Princesa Kaguya, de Isao Takahata

    o-conto-da-princesa-kaguya

    A animação do ano vem novamente, assim como Vidas ao Vento em 2013, do lendário estúdio Ghibli, fato que torna qualquer justificativa dispensável. A intensidade sentida no amor, na sutileza e ternura por cada imagem narrada na história é algo que em 2014 foi similar apenas com O Menino e o Mundo, pérola brasileira do gênero. Contudo, a adaptação e apropriação pelo Cinema de uma antiga lenda japonesa por Takahata impressiona e hipnotiza, graças a uma rara magia e sedução, raramente atingidas na década presente.

    8 – Norte, o Fim da História, de Lav Diaz

    norte-o-fim-da-história

    A brutalidade e a graça está sob o filtro de uma experiência, ou seja o treino demorado do olhar, da percepção, vibração emocional e a calma leitura fotográfica que o filme nos permite. De uma panorâmica aérea sobrevoando a aldeia que um prisioneiro deixou pra trás, até o fim do voo entre as grades da prisão: é por essas e por outras que o filme parece ter uma hora de duração (São 250 minutos a favor da liberdade de expressão, em terra de ditadura e insegurança civil, tudo traduzido em narrativa visual nas cores e costumes culturais da belíssima Filipinas). Lav Diaz também realizou em 2014 o ótimo Do Que Vem Antes, com 338 minutos quase tão fortes quanto.

    7 – O Expresso do Amanhã, de John-ho Bong

    o-expresso-do-amanhã

    Difícil imaginar outro cineasta no comando do filme. Entre cenas de ação impecáveis, a situação de um mundo antes dividido fora do trem se propaga em ritos e choques sociais condensados entre paredes opressoras e frias, onde pessoas de várias nacionalidades se unem e se separam para sobreviver. Filmaço de ação à moda dos anos 80, ambicioso e que extrai da ambição os seus maiores méritos, mas cuja falta de publicidade atrapalhou maior repercussão com o grande público. A ser descoberto sem perda de tempo!

    6 – Um Pombo Sentou num Galho e Refletiu Sobre a Existência, de Roy Andersson

    Um-pombo-sentou-num-galho-e-refletiu-sobre-a-existência

    O surrealismo em doses cavalares a serviço do cenário, da tragédia e da salvação; tudo junto e misturado numa mistura deliciosa. De influência literária total, Andersson corrói a leitura que lhe inspirou e transforma as migalhas numa peça sólida de Cinema do mais alto nível de humor, a ponto de, com certeza, inspirar outros em outras jornadas artísticas num breve futuro à frente. O impacto da imaginação de dois homens exaustos de suas vidas não ganhou concorrência em 2014, com resoluções expressionistas ímpares na memória do espectador.

    5 – O Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson

    grande-hotel-budapeste

    É o Cinema de Jacques Tati e Stanley Kubrick feito para todas as idades e mentalidades. Uma viagem dinâmica por um museu de curiosidades à prova do tempo, por razões perceptíveis a olho nu, com ótimas decisões conceituais e um sabor agridoce (precisamente) irresistível dentro e fora do colorido hotel homônimo, apenas outra instância do sertão volátil e astuto de Anderson. A senti-lo e deixá-lo absorver na maior tela possível, de peito aberto.

    4 – Mapa Para as Estrelas, de David Cronenberg

    MTTS_00829.NEF

    Sátira amarga a Hollywood, celeiro de bizarrices às vezes normais, outras nem tanto, mas jamais naturais ao espírito humano que Cronenberg coloca em escanteio, no seu modo chocante de fazer Cinema. Não há espaço para pessoas de bem ou pessoas do mal, apenas criaturas fazendo o que é necessário à sobrevivência e à morte inerente, seja como ela venha a aparecer aos personagens no fim, meio ou começo. O filme de terror não oficial do ano, com Juliane Moore na pele da celebridade que todo paparazzi quer ter em suas lentes. Aqui, não usar máscaras ou maquiagem não é ser natural, mas um crime.

    3 – Era Uma Vez em Nova York, de James Gray

    era-uma-vez-em-nova-york

    Era uma vez, a esperança e um manifesto sobre suas facetas na pátria das promessas. No filme de Gray, o ouro é a ironia: A beleza da fotografia na feiura das condições que as prostitutas ainda são submetidas, os olhos da mocinha, a magia do showman, o bom mocismo do mocinho. Acima de tudo, o despertar da realidade em um liquidificador de causas e consequências apoiadas num primor de Cinema que só não transcende, por pouco, a tênue linha entre o certo e o errado num jogo trágico, e, ironicamente, lindo; imperdível.

    2 – Amar, Beber e Cantar, de Alain Resnais

    amar-beber-e-cantar

    A atuação coletiva de 2014, o último filme de Resnais, e outros marcos que o tempo nos irá revelar em relação ao filme. Grande homenagem humilde e profunda ao teatro, cinema, música e a qualquer forma de análise. O cineasta imita um pintor e injeta energia de principiante no verdadeiro cenário de seu epitáfio filmado: a nebulosa de seus atores, livres e soltos num frescor de renovação ideológica, se Fellini realmente estava certo ao dizer que “todo cineasta realiza o mesmo filme, sempre”. O canto de cisne do artista foi um trago da essência do que Resnais dedicou sua vida a aprimorar, desde os anos 40 até agora. Infelizmente, só até agora.

    1 – Bem-Vindo a Nova York, de Abel Ferrara

    bem-vindo-a-nova-york

    O cineasta pode ser o mais corajoso dos artistas quando quer ou precisa, e Ferrara, um dos maiores em atividade tanto na América quanto no mundo faz desconstruir estudos em prol da crueza, do escândalo, da denúncia e de tudo o que ainda é implacável, num mundo implacável. Retrato social nu e impressionante, totalmente artístico, totalmente real, atual, e 100% necessário em tempos que o Cinema tende a ser cada vez mais indolor, mostrando em Bem-Vindo a Nova York muito do que o público não gosta de ver, e por isso, merece exercer sua ética e lucidez ao desbravar o filme de maior impacto e especulação de 2014.

    Outras menções: O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese/ Ela Volta na Quinta, de André Novais de Oliveira/ Dois Dias, Uma Noite, de Jean-Pierre Dardenne/ Jersey Boys: Em Busca da Música, de Clint Eastwood/ Noites Brancas no Píer, de Paul Vecchiali/ Ventos de Agosto, de Gabriel Mascaro/ Relatos Selvagens, de Damián Szifron/ Adeus à Linguagem, de Jean-Luc Godard/ Sob a Pele, de  Jonathan Glazer/ e Ida, de Pawel Pawlikowski.