Crítica | Vingadores: Era de Ultron

Vingadores - Era de Ultron - Poster

Três anos, quatro filmes e uma série (e meia). Isso é que separa as duas aventuras dos Maiores Heróis da Terra no já mais do que estabelecido Universo Marvel cinematográfico. Mas a sensação em A Era de Ultron é de que pouca coisa teve importância nessa pós-Batalha de NY. Para o bem e para o mal: as besteiras de Homem de Ferro 3 sumariamente ignoradas é de lavar a alma, não deixa de ser um desperdício os elementos de O Soldado Invernal e de Agentes da S. H. I. E. L. D. (fim da Shield, Hidra, Inumanos) na prática não fazerem muita diferença.

A Hidra está lá, claro, mas apenas como um gatilho para o início da trama. Após atacar a última base da organização terrorista, os heróis recuperam o cetro de Loki. Fazendo uso do imenso poder do artefato, Tony Stark coloca em prática um projeto de inteligência artificial que deveria ser a solução final em termos de paz mundial (e substituir os Vingadores). Como em qualquer história com esse tema, as coisas obviamente dão errado, e surge o vilão Ultron, uma ameaça que vai colocar à prova não somente a capacidade da super equipe de proteger o planeta, como também a confiança entre seus membros.

A força do filme, a exemplo do primeiro, está no equilíbrio que já virou marca registrada da Marvel no cinema. Há um passo além no desenvolvimento de personagens e no que se pode chamar de maior maturidade, mas as cenas de ação de encher os olhos e o bom humor (felizmente bem dosado e colocado) estão lá. E enquanto sequência, o longa habilmente se aproveita do universo e indivíduos já familiares para se concentrar em contar sua história em ritmo acelerado, sem qualquer enrolação ou preocupação com didatismo ao introduzir os vários novos personagens.

Wanda e Pietro são rapidamente estabelecidos como “vilões por engano”, e organicamente fazem a transição. Havia potencial para maior exploração de ambos, principalmente do velocista, mas como micro origem num contexto maior, a participação dos gêmeos foi satisfatória. Em relação ao vilão de fato, Ultron sofreu um pouco com a expectativa: os trailers sugeriam algo muito mais sinistro. Contudo, considerada a proposta Marvel de ser, ele desempenhou bem seu papel de ameaça da vez. Além de claramente servir muito mais como ferramenta para desenvolver outros personagens, como Stark e o Visão.

Visão, aliás, que foi a mais gratificante das novidades e talvez o grande acerto do filme. O conceito de um ser que está entre o artificial e o humano ficou bem representado, passando pela inteligente adaptação da origem do personagem e pela atuação precisa de Paul Betany. A dignidade semifilosófica e semimelancólica do herói foi transposta com perfeição dos quadrinhos para a telona.

Dentre os velhos conhecidos, é interessante notar as relações de afinidade entre os membros da equipe, moldada a partir dos ideais e visões de mundo de cada um. Capitão América e Thor aparecem bem entrosados em batalha, o soldado e o guerreiro, ambos confortáveis em continuar travando o bom combate em prol dos inocentes. Na contramão, claramente, Stark e Banner. Cientistas, não lutadores, ambos concordam que o foco deve ser o de acabar com a necessidade de lutar. E por sua vez, Clint e Natasha ficam num meio-termo, mostrando um certo cansaço dessa vida, mas cientes de seu papel. Os dois também se assemelham no sentido de que o roteiro busca humanizá-los ainda mais; só que enquanto o espaço maior dedicado ao Gavião Arqueiro surpreende e agrada muito, o romance da Viúva com o Hulk soa pouco convincente.

Em linhas gerais, A Era de Ultron sem dúvida entrega o que promete, perdendo talvez alguns pontos por não trazer nada efetivamente bombástico ou inovador. Como uma boa megassaga dos quadrinhos, o filme é divertido, grandioso, traz mudanças no status quo e entrega pistas do que vem por aí. Mas, como nos quadrinhos, há a sensação de mais do mesmo, ainda não um problema de fato, mas já perceptível. Fica a expectativa para as cenas dos próximos capítulos: a discordância entre Tony e Steve, Wakanda e mais uma vez as Joias do Infinito são elementos que até podem passar sem grande alarde para os não entendedores, mas mantêm aceso o interesse dos fãs.

Texto de autoria de Jackson Good.

Comentários

7 respostas para “Crítica | Vingadores: Era de Ultron”

  1. Avatar de Luciano
    Luciano

    Achei que “Vingadores 2” conseguiu ser mais fraco do que “Soldado Invernal”, pois o segundo soube dosar a ação e as piadas, coisa que pra mim em Vingadores 2 se perdeu, o Ultron é aquele vilão que não me passou medo, e a coisa mais sem sentido foi a parte da corpo que deixa pra trás do lado, e ai leva a Viúva pra nada, enfim é um filme divertido, mas com alguns erros que incomodaram bastante.

    1. Avatar de Flávio Vieira
      Flávio Vieira

      Achei fraco também, mas diferente de você eu já acho “Soldado Invernal” um puta filmaço!

      1. Avatar de Luciano
        Luciano

        Acho que me expressei mal Flávio, o que eu quis dizer e que “Era de Ultron” não conseguiu superar “Soldado Invernal”, não que “Soldado Invernal” tenha sido ruim, que aliás acho o melhor filme da Marvel Studios.

        1. Avatar de Jackson Good
          Jackson Good

          Na real acho que a diferença é a expectativa. Soldado Invernal poucos botavam fé, e surpreendeu. Pra Vingadores 2, querendo ou não a expectativa era MONSTRO. Aí o filme (pra mim) se mostrou corretinho, mas chegamos num ponto em que isso não basta, pura e simplesmente. Agora é ver como vão ser Guerra Civil e Infinita…

          1. Avatar de Herbert Elizondo
            Herbert Elizondo

            Não, o filme se mostrou foi uma bela merda

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  3. Avatar de Tharcy
    Tharcy

    Achei que seria mais sério,mas bem divertido.

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