Tag: Atividade Paranormal

  • Crítica | Atividade Paranormal: Marcados Pelo Mal

    Crítica | Atividade Paranormal: Marcados Pelo Mal

    Atividade Paranormal Marcados Pelo Mal 1

    Em “agradecimento” à boa recepção do público latino, os produtores Jason Blum e Oren Peli resolveram dedicar um spin-off voltado e protagonizado por descendentes de mexicanos, a exemplo do que houve com o episódio Atividade Paranormal: Tóquio . A câmera em primeira pessoa de Atividade Paranormal: Marcados Pelo Mal  é focada em Jessie Arista (Andrew Jacobs) e Hector (Jorge Diaz), dois amigos de longa data que se formaram há pouco no ensino médio.

    A curiosidade da dupla os faz começar a agir como stalkers de sua vizinha Anna (Gloria Sandoval), uma senhora que tem uma fama estranha, com boatos de que seria ela uma feiticeira. Quando a mulher falece, a curiosidade de ambos aumenta, a ponto de invadiram a casa já vazia para investigar o que há lá dentro, sempre acompanhados de sua câmera GoPro, o que justifica de certa forma a portabilidade das cenas – ainda que se levantem perguntas sobre como uma família de imigrantes teria verba para comprar uma câmera deste porte.

    A direção está a cargo de Christopher Landom, que auxiliou a feitoria do roteiro das partes dois, três e quatro da franquia, além de também escrever Paranoia. Após algumas cenas que fomentam arquétipos raciais e/ou xenófobos, há um mergulho um pouco mais profundo na origem dos fenômenos que ocorriam nos episódios anteriores, exibindo uma nova faceta da maldição, com práticas explícitas de ocultismo que aproximam esta obra muito mais de O Último Exorcismo do que de Atividade Paranormal, dadas as características mostradas.

    O protagonista parece ser enredado pelas estranhas aparições, demonstrando que brincar com jogos de espíritos não é algo tranquilo e que não se sai impune de um contato direto com essas entidades. Sua atitude passa a ser violenta, agressiva e descontrolada, como se estivesse ciente de suas próprias faculdades mentais. Os eventos começam a ocorrer após Jesse perceber um ferimento no braço, semelhante ao de Kristi em Atividade Paranormal 2, mostrado após sua possessão.

    O escopo imagético da fita é mais místico e colorido, tornando as tradições mexicanas em algo supérfluo e clichê, tratando os costumes estrangeiros de uma forma bastante debochada, o que agrava ainda mais a quantidade de defeitos do filme. Os fenômenos tornam-se ainda mais magnânimos e grandiloquentes, assim como o ritmo das perseguições. A passividade comum aos quatro filmes anteriores é abordada de modo diferente neste, com doses cavalares de revide, especialmente por parte de Arturo (Richard Cabral), personagem gangster que faz as conexões dos que se preocupam com o rapaz tomado pelas entidades e as personagens dos filmes anteriores.

    Mesmo com as mudanças, não há nenhum motivo que explique a insistência em montar mais e mais sequências para a franquia. Atividade Paranormal Marcados Pelo Mal tenta ser uma resposta às críticas sobre a mesmice que corria os outros quatro filmes, mas ao final, apela para a mesma causa, mostrando os eventos de filmes anteriores por outros ângulos, mas sem responder aos mistérios de qualquer um deles. A direção tenta ser diferenciada, mas segue risível em sua execução, realizando somente um ensaio do que seria uma evolução dos maus conceitos do primeiro.

  • Crítica | Atividade Paranormal: Tóquio

    Crítica | Atividade Paranormal: Tóquio

    Atividade-Paranormal-Tóquio-1

    Declaradamente uma versão asiática do filme de estreia de Oren Peli, Atividade Paranormal – Tóquio se inicia momentos após o primeiro filme, com a chegada de Haruka Yamano (Noriko Aoyama), uma estudante cadeirante que fez intercâmbio em San Diego e que voltaria a sua terra, o Japão. O filme, lançado em paralelo com o segundo, teve lançamento primeiro no oriente, e mostra um curioso irmão, chamado Koichi, vivido por Koi Nakamura, cujo hobby inclui filmar toda a rotina familiar.

    O grande “vilão” do spin-off é a ausência paterna, já que os jovens são praticamente abandonados pelo patriarca, mesmo com a recuperação de sua filha, que somente conseguiria voltar a andar depois de seis meses. A perda maior em comparação com o original é a completa falta de química entre os pretensos irmãos, não havendo sequer a desculpa de assistir a um casal recém-unido como atrativo para prender a atenção do público.

    Toshikazu Nagae dirige o longa, que visaria o revide às muitas adaptações de terror que cruzam o mundo, entre Japão e América do Norte. Mas a ideia de revanchismo não passa da premissa e se apresenta fraca e repetitiva, com pouco a acrescentar além do original. O único aspecto realmente diferencial do filme executado no ano anterior é a utilização de uma segunda câmera, posta no quarto do rapaz, que ajuda a estabelecer uma bifurcação narrativa que se demonstra vergonhosa pela completa falta de nuances no comportamento dos personagens.

    Com o passar das horas, as cenas se repetem, aparentemente só sendo filmadas para ocupar o tempo mínimo de tela para ser considerado um longa-metragem. Logo Koichi se lança em pesquisas na internet a respeito do “diabo”, um conceito não presente no ideário japonês em praticamente nenhuma das religiões conhecidas entre o povo. A solução de arranjar uma cruz para executar uma espécie de expulsão das más influências é fácil, banal e estúpida, combinando em nada com a proposta de terror comumente vista nos filmes do país.

    Não há acréscimo de quase nenhum espectro de susto ou temor. Os vidros se estilhaçam sozinhos, madeiras entram em auto combustão, os corpos dos possuídos permanecem inertes, as câmeras são jogadas pelo chão. Não há perspectivas de novidade, tampouco de melhora do nível de qualidade tanto de trama quanto de direção. Ao que se assiste, é uma cópia ruim de um produto já enfraquecido, que não permite sequer atemorizar o espectador.

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  • Crítica | Atividade Paranormal 3

    Crítica | Atividade Paranormal 3

    Atividade Paranormal 3 A

    Localizado também em Carlsbad California, registrando os momentos antes do nascimento de Hunter, a câmera registra as irmãs Katie (Katie Featherston) e Kristi (Sprague Grayden) interagindo enquanto encontram fitas cassetes antigas, que revelariam partes importantes dos passados delas, inclusive sobre a origem de suas assombrações.

    É interessante como a premissa já incabível nos anos 2000 já era moda em 1988, inclusive com sextapes expositivas, que punham o casal Dennis (Christopher Nicholas Smith) e Julie (Lauren Bittner), que não são motivo de constrangimento para as irmãs que assistem juntas os VHS. O artefato de muito menos tecnologia consegue registrar detalhes como silhuetas de pseudo espíritos, coisas ainda não vistas nos filmes anteriores. A direção agora é por conta da dupla Henry Joost e Ariel Schulman, ainda iniciantes na feitoria de longas-metragens, sendo este seu segundo produto, logo após a adaptação de Catfish para o cinema.

    Apesar dos muitos rolos de filmes – artigo caríssimo mesmo para profissionais do ramo – serem gastos, há um avanço considerável em termos de novidade, especialmente quando mostra-se a pequena Katie (Chloe Csengery) conversando com as entidades, em claras alusões a tantos outros filmes de terror, que exploram a mediunidade infantil e a sensibilidade com relação a inocência com o mundo espiritual.

    O roteiro compreende fenômenos paranormais que variam de falsos sustos até sustos inexistentes, com atitudes primárias e figuras simbólicas envolvendo até lençóis, manipulando uma tentativa vã de reverenciar um clichê típico dos anos oitenta, mas sem qualquer impacto experimental.

    A entidade, chamada de Toby pelas crianças pouco faz, além de mover lençóis, puxar pés e deslocar móveis de maneira violenta, curiosamente se deixando letárgico quando lhe é conveniente, gerando a pergunta do porquê ele permaneceu sem agir por tanto tempo, como se a maldição adormecesse.

    Apesar de a premissa ser muito menos desagradável neste Atividade Paranormal 3, pouco se evolui, já que nenhuma drástica mudança de perspectiva ocorre. Os pontos de vista e neuroses são os mesmos, só mudando o tempo delas para se investigar o passado de personagens completamente desinteressantes. A formula de fazer filmes baratos em que o talento não é exigido da parte nem da produção e nem do elenco se mostra preguiçosa e restritiva, aparentando ser somente a cópia da cópia da cópia, que insiste em se repetir, o pânico é tão intenso que precisa ser registrado em lentes vivas, frutos de um bobo medo de forças ocultas, que jamais justificam em tela todo esse receio.

    O limiar entre nada mostrar e ser completamente expositivo quando se acomoda o terror demonstra visualmente o quão errôneo é o roteiro de Christopher Landom. O fato do público ter abraçado a franquia só demonstra o quão carente está o circuito para filmes de horror mainstream, onde se valorizam peças pobre e franqueadas em detrimento de propostas experimentais, que mesmo sendo trash, tem mais a acrescentar do que tantos objetos genéricos.

  • Crítica | Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma

    Crítica | Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma

    Atividade Paranormal Dimensão 1

    Começando sua história através dos flashbacks presentes na parte 3 da franquia, a partir do trecho que explorava a infância de Katie e Kristi, Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma se inicia, como a quinta parte de uma cinessérie muito rentável, tanto por seu caráter de cinema pobre em orçamento e proposta quanto pela popularidade enorme junto a público, em especial o latino-americano.

    A direção de Gregory Plotkin, estreante na feitoria de filmes (não que experiência seja necessária para um alvo tão fraco) é frouxa, enquanto a desculpa para registrar os fatos por câmera sequer é explicada, como de praxe. O tempo avança décadas à frente, até 2013, onde se mostra uma família recebendo um parente que acabou de terminar um relacionamento. O tempo previsto para ele sair da casa não foi discutido, o que gera mais um motivo de discórdia inútil e genérica, para ocupar mais tempo na duração que sequer chega a 90 minutos.

    A “detentora” das questões paranormais é Leila (Ivy George), uma inocente menina que é vigiada o tempo todo por seus parentes. O diferencial desta versão seria a câmera utilizada para fazer os registros, equipada para filmagens em três dimensões, fator já utilizado pelo videogame que gravava movimentações em infra-vermelho, quase igualando o recurso a este, o que demonstra que nem o pretenso aspecto que distinguiria Dimensão Fantasma consegue funcionar.

    A utilização de uma criança como figura de terror parecia uma boa ideia, dando prosseguimento a questões levantadas em outros episódios da série cinematográfica, mas ainda assim não é desenvolvida bem. Carpenter, Kubrick e tantos outros mestres do terror já fizeram de infantes figuras malévolas, e ambos já foram muito melhor imitados do que neste Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma.

    O filme não consegue funcionar nem como exploração fantasmagórica, nem como continuação para Marcados Pelo Mal – promessa antiga dos produtores – e muito menos como capítulo a finalizar a história, já que não amarra ponta nenhuma, nem mesmo em relação à criatura Toby, que incorre e se debruça sobre a quintologia anterior mal engendrada; nem às questões envolvendo o pequeno Hunter, Wiatt e Robbie ou a Atividade Paranormal 4. O resultado final se assemelha demais a uma versão spin-off, ainda menos ligada aos episódios anteriores que a versão latina, sendo a pior das encarnações por não conseguir atemorizar ou assustar o seu público, sendo mais uma prova cabal da decadência da franquia.

  • Crítica | Amizade Desfeita

    Crítica | Amizade Desfeita

    Amizade Desfeita 1

    Começando como um arquivo em vídeo em formato web que parece não estar totalmente funcional, Amizade Desfeita é um longa-metragem de terror dirigido pelo cineasta da Georgia Leo Gabriadze, que depende bastante do seu formato como conversa da internet para funcionar. O mote do roteiro se baseia na invasão de privacidade e evasão de informação pela Internet.

    O início do filme mostra conversas de adolescentes via skype, primeiro de um casal se desnudando na frente um do outro, para depois tornar-se uma vídeo-chamada em grupo, onde seis adolescentes falam sobre as bizarrices escolares, focando especialmente no caso de Laura Barns, uma menina que teve um vídeo íntimo vazado e que se matou após isso. Aparentemente os perfis de redes sociais dela foram hackeados, o que causa furor em meio aos adolescentes, piorando quando percebem que seu avatar no Skype está na conversa, e quando fotos privadas dos mesmos começam a cair nas redes sociais abertas.

    Aos poucos a situação se agrava, com o desaparecimento dos jovens um a um, e um mistério que consegue driblar inclusive a vigilâncias das webcams que estão sempre ligadas. Problemas técnicos de má conexão ajudam a manter a aura de suspense acesa e cenas grotescas e violentas ocorrem, vitimando os juvenis bem ao estilo dos slasher movies.

    Com o decorrer do longa, a confiança dos amigos começa a ser minada entre eles mesmos, através de uma temática baseada no falso moralismo e no conservadorismo que supostamente não deveria estar no comportamento deles, mas que se torna gritante diante dos segredos descobertos. O stress causado pelas revelações joga os rapazes  em um nível de passionalidade absurdo, algo que é agravado pela abordagem semelhante a de Jogos Mortais.

    Amizade Desfeita é um filme que depende fundamentalmente de seu formato para ser certeiro, se valendo de uma fórmula bastante barata, que se apropria de uma história simples e que não precisa sequer de muito aprofundamento nos personagens, já que se utiliza apenas de arquétipos.

    A gravidade não está no filme em si, mas na possibilidade de se tornar uma franquia como a de Atividade Paranormal, onde basicamente se reciclam os mesmos elementos rumo a eternidade, sem nada a acrescentar, nem a proposta e nem ao ideário de filmes de horror. A produção é um exercício de suspense interessante de Grabiadze, com um frescor que está bastante em falta no cenário de terror mainstream atual.

  • Crítica | Atividade Paranormal 2

    Crítica | Atividade Paranormal 2

    Atividade Paranormal 2 A

    Localizado em Calsbad na California, Atividade Paranormal 2 começa focando nas filmagens que Daniel (Brian Boland) faz para o seu recém nascido filho, como forma de documentar a vida da família antes do seu nascimento. O show de mostras do cotidiano absolutamente desnecessárias segue firme, com muitos detalhes em escadas, portas, porões e demais situações genéricas, pioradas ainda pela condição de um sistema de segurança, que de certa forma intensifica as possibilidades de sustos já que qualquer situação seria registrada pelos sistemas, mesmo as incessantes falhas de sistema elétrico e de iluminação.

    A mesmíssima rotina de Atividade Paranormal é vista entre o casal de protagonistas, exceção feita a presença de filhos de casamentos diferentes, gerando uma óbvia química diferenciada já que ocorre o drama com a família. Logo é mostrado que Katie (Katie Fatherston) é irmã da personagem que protagonizava a anterior, Kristi (Sprague Grayden), o que ratifica a obviedade do mal agouro que se aproxima.

    Como era esperado, o substituto de Oren Peli (agora produtor executivo), Tod Williams, repete os mesmos clichês do episódio original, emulando em tela os mesmos tropeços da produção, que até a escolha do cineasta, havia recebido algumas recusas. A estranha escolha pelo diretor não se faz justificada, uma vez que sua filmografia era mais focada em dramas do que em terror. A trama segue ressaltando as estranhezas que se assemelham a poltergeists, piorando as circunstâncias quando a empregada supersticiosa Martine (Vivis Cortez) é demitida, após assustar seus patrões com pequenos ritos que visavam expulsar a possibilidade de espíritos maléficos.

    A aleatoriedade das cenas faz perguntar se Williams realmente seguia o roteiro de Michael R. Perry ou se um robô apertava alt tab entre imagens de estúdio, reprisadas a todo momento, como se o público não tivesse capacidade cognitiva para identificar a intensa repetição de conceito, tanto no texto quanto no visual. O enfado se torna a sensação maior do público, uma vez que não há qualquer possibilidade de surpresas ou sustos.

    A tentativa de emular a realidade segue intensa, com passagens de tempo durante a fita sofrendo uma aceleração contínua para mostrar que a ação que ocorre com a família de Kristi e Katie há tanto tempo. A jovem Ali levanta uma teoria da possibilidade dos acontecimentos estranhos que ocorrem com sua madrasta, temendo pela segurança especialmente de Hunter, que é o primeiro herdeiro homem da família desde os anos 30, sendo o alvo perfeito para o sacrifício de um possível pacto satânico dos antepassados.

    A obstinação em seguir filmando o azar familiar só não é maior que a pretensa facilidade em encontrar exorcistas despreparados em meio ao cotidiano. O campo de superstições faz com que o patriarca apele para uma ação mais enérgica, que sofre uma ação externa extremamente ligada a o que ocorreu com Micah no primeiro filme, trazendo a tona a vilã possuída da primeira parte, para enfim seguir com o cumprimento da questão envolvendo a maldição ligada ao sangue, impulsionando o texto que já era fraco para algo ainda pior, que geraria ainda mais filhotes bastardos.

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  • Crítica | Atividade Paranormal

    Crítica | Atividade Paranormal

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    Com proposta humilde na direção, bem como no roteiro e dramaturgia, Oren Peli apresenta o primeiro episódio do que viria a ser uma franquia rentável, especialmente por todos os filmes terem orçamento ínfimo, condizentes com a proposta. Atividade Paranormal é somente mais uma produção que mistura dois tipos de clichês, primeiro o de casa mal assombrada, muito popularizado por Poltergeitst e Horror em Amityville, e depois pela temática de perseguição demoníaca, com uma estética em filmagem em primeira pessoa feita por amadores, ainda que os cortes entre cenas sejam semelhantes aos realizados por um editor experiente.

    Katie e Micah acabam de se mudar para uma nova casa, e o jovem interpretado por Micah Sloat resolve registrar as experiências como recém-casados através de uma inconveniente máquina filmadora, inclusive focando nas fartas carnes da personagem de Katie Featherston, subindo “sensualmente” pela escada. Os registros visuais são analisados em um programa qualquer de edição, até que o casal começa a observar acontecimentos estranhos durante o sono filmado.

    Os sinais esquisitos aumentam, com portas batendo sozinhas, lâmpadas queimando e outros mil aspectos frívolos e imbecis que não assustam nem o casal, conseguindo manter o público em absoluto tédio. A escolha por procurar um especialista ultrapassa a barreira do óbvio antes mesmo do fato ser concluído em ação, e a partir dali começa uma série de eventos bobos, que culminam em uma fórmula desgastada e infantil.

    O pouco nível de desafio intelectual proposto neste primeiro Atividade Paranormal serve para exemplificar dois aspectos interessantes, sendo o primeiro o já calejado conceito de que o cinema de horror está cada vez mais decadente; e o segundo mostra um público tão carente, que abraça qualquer besteira fílmica sem conteúdo, supervalorizando sustos genéricos, não notando que estão ingerindo refeições requentadas e sem inspiração, resvalando o nível intelectual da maioria dos que são aficionados pela franquia.

    A postura do homem é de brincadeira em relação a tal entidade espiritual, ao contrário do tremendo medo da sua esposa, razão pela qual é a vítima mais comum das ações incorpóreas: episódios com tábuas Ouija, bem como juramentos de não quebra de palavra, demonstram a total falta de confiança que a moça tem em seu cônjuge. Armadilhas semelhantes às realizadas nos filmes de Macaulay Culkin, tentando capturar as ações da zombeteira criatura através de manobras toscas.

    Incrível como mesmo após constatar o mau agouro, Micah ainda prossegue no intuito de documentar os fenômenos da vida do casal. Nem mesmo os conselhos de um pretenso padre servem para fazê-lo refletir sobre suas atitudes. Pior que toda a sequência de fatos é o exibicionismo da criatura maléfica, que faz questão de mostrar suas ações finais diante da lente da câmera. Quando lançado em home video, Atividade Paranormal tinha um final alternativo, tão ruim quanto o original, o que demonstra o quão sem criatividade e inspiração estavam Peli e seus produtores, que deram à luz uma fita mal feita e que gerou filhotes bastardos, prósperos até hoje.

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  • Crítica | Inatividade Paranormal 2

    Crítica | Inatividade Paranormal 2

    Ao contrário do que ocorria na outra saga paródica em que Marlon Wayans estava envolvido – Todo Mundo em Pânico – o começo do segundo filme de Michael Tiddes inicia-se após um acidente, que teria ocorrido logo após os acontecimentos mostrados nos instantes finais de Inatividade Paranormal, unicamente para ter todo o plot abandonado, minutos após, com um chancela de “passado um ano depois”. Malcolm (Wayans) aparece em outra vizinhança, capitaneando um família branca, novamente com seus registros videográficos engraçadinhos.

    O fato de Jaime Pressly interpretar Megan é somente um pretexto para existir uma gama cada vez mais crescente de piadas raciais, reforçando estereótipos que só não são mais incômodos do que o over-action de Wayans. São momentos de puro constrangimento, seja nos lamentos pela morte de seu cão, seja nas brincadeiras sexuais com uma versão de Annabelle que reprisa cenas do primeiro filme. Demonstra-se, assim, que o ineditismo passa longe da obra, pois não seria somente o formato que coincidiria, mas também algumas das piadas.

    Logo, o roteiro de Wayans e Ricky Alvarez trata de inserir as inconfidências de Malcolm como catalizadores dos fantasmas que voltam a assombrá-lo, inserindo cenas em que ele literalmente explica os motivos de ter mais câmeras pela casa, para, caso algum dos espectadores não tenha notado, fazer perceber que, naquele momento, tudo está lá, direitinho. As paródias com Invocação do Mal revelam uma verdadeira obsessão com os filmes de James Wan, uma vez que Sobrenatural foi um dos principais alvos de paródia do primeiro filme.

    Os fantasmas emocionais do passado do protagonista retornam através de sequências fracas, cujo humor é de baixo nível mesmo para os acostumados a paródias de humor rasgado e a piadas com flatulências. Todas as desculpas possíveis para que os atores do primeiro filme retornem são utilizadas, cada uma com a sua justificativa esdrúxula, tendo em nenhuma delas o necessário para proporcionar um momento realmente hilariante.

    As cenas que focam monólogos são excessivas e até garantiriam alguma graça ao filme, caso as piadas fossem melhor pensadas. O freak show é ainda repleto de piadas racistas, especialmente as protagonizadas por Cedric the Entertainer. A fita não consegue acertar nem quando repete os mesmos elementos dos filmes mais antigos dos irmãos Wayans, nem as caretas de Marlon, tampouco as cenas da refilmagem dos momentos clássicos dos filmes de terror são bem filmadas. A falta de originalidade do roteiro – algo já esperado – consegue atormentar menos o público do que o péssimo modo de filmar de Tiddes.

    O temor pelos dias que virão se agrava, com o gancho, mostrado ao final do filme, cometendo um autoplágio tão desnecessário quanto a duração dos dois filmes até agora realizados pelo time Wayans/Alvarez/Tiddes. O preocupante é que filmes como este ainda possuem um público cativo, o que chama a atenção para o estado de saúde mental da população mundial.

  • Crítica | Inatividade Paranormal

    Crítica | Inatividade Paranormal

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    Populares na década de oitenta, principalmente por causa de David Zucker com Apertem Os Cintos… O Piloto Sumiu e Corra Que a Polícia Vem Aí, a comédia pastelão sempre foi um subgênero do humor que baseava-se em histórias anteriores para produzir o riso.

    A grande demanda de Terror na década de noventa gerou Todo Mundo em Pânico, uma comédia dos irmãos Wayans que satirizava uma quantidade vasta de filmes de assassinos e, até hoje, se mantém com suas continuações (a quinta delas, com Charlie Sheen no elenco, tem sido apontada como uma das piores produções deste ano).

    Retomando as sátiras de terror, Marlon Wayans roteirizou, ao lado de Rick Alvarez (produtor de outros filmes do Wayans como As Branquelas e O Pequenino), Inatividade Paranormal. Uma sátira dos filmes mais recentes do gênero, hoje calcados em espíritos, exorcismos e no baixo orçamento de  filmes produzidos com a câmera na mão.

    Se o primeiro Todo Mundo em Pânico fazia rir por certo ineditismo, pelo retorno de um tipo de humor escrachado que não se via na época, o mesmo não pode se dizer desta produção. Na trama, filmada em estilo documental com câmera na mão, Malcolm anuncia ao público que dividirá a casa com a namorada, Keisha, sem saber que, além dela, um espírito será também um novo morador.

    É o cenário ideal para que surjam diferentes tipos rasteiros de piadas como repetição de escatologias, diversas insinuações sexuais e uma ou outra piada que, pela entonação dos atores, pode gerar certo riso. Afinal, é quase impossível que em uma hora e meia de piadas não haja uma que produza ao menos um risinho frouxo.

    Como elemento comum nos filmes de sátira, o roteiro se desdobra pela paródia, enumerando cenas que representam filmes diversos. De Atividade Paranormal a trama se transforma na possessão de A Filha do Mal, outra produção em estilo documental. E prossegue pulando de referência em referência, exagerando em piadas sobre cheiros e fluidos corporais, estimulos sexuais e outras piadas que devem ter um público, já que há uma continuação anunciada.

    Pode-se considerar a tentativa de Marlon Wayans em tentar produzir um filme tão significativo quanto foi Todo Mundo Em Pânico. Mas, justamente pela popularização desta obra, tantas outras paródias pastelões surgiram – como Espartalhões, Saga Molusco: Anoitecer, que não há mais espaço nem criatividade para se produzir um filme no estilo sem soar mal feito, caindo no pior defeito que uma comédia pode ter: não fazer rir.

  • Crítica | Atividade Paranormal 4

    Crítica | Atividade Paranormal 4

    Atividade Paranormal 4

    Minha experiência cinematográfica vai desde filmes paspalhões como Loucademia de Polícia até filmes primorosos como Casablanca. Já assisti muito filme ruim, e não acho perda de tempo… me divirto muito até. O problema para mim é quando um filme ruim vira uma franquia de 4 filmes ou mais. É o caso da franquia Atividade Paranormal.

    Inspirando-se no sucesso de baixo orçamento A Bruxa de Blair, o primeiro Atividade Paranormal foi até bacana. Um susto aqui, um ali, e o uso da câmera até que compensava. Compensou muito para Oren Peli, roteirista e diretor que gastou 11 mil e ganhou milhões. Veio o Atividade Paranormal 2 e o negócio começou a degringolar… Enredo fraco, soluções que assumem o expectador como um semi-idiota, sustos nem tão bons assim…

    O Atividade Paranormal 3 deu uma pequena revigorada na franquia, com Henry Joost e Ariel Schulman (diretores de Catfish). Com a boa recepção do filme 3, os diretores se repetem no quarto filme.

    Atividade Paranormal 4 pega o gancho do filme número 2 da franquia. Não só o gancho aparentemente. Os pontos fracos também.

    O novo filme da franquia mostra a teenager Alex (Kathryn Newton), que é como todos os adolescentes atuais: meio rebelde, viciada em internet, facebook, chat roulette e afins. Mora em uma casa confortável com os pais e um irmão mais novo Wyatt (Aiden Lovekamp). Também tem um peguete/namorado chamado Ben (Matt Shivley) igualmente adolescente, viciado em internet… enfim, neste filme os personagens não precisam ser detalhados, já que o único propósito dele é dar sustinhos.

    Uma vizinha desta adolescente adoece e deixa o filho pequeno, Robbie (Brady Allen), com a família de Alex. Acontece que o garoto introvertido tem uma ligação com os personagens remanescentes do filme 2 (Katie, interpretada por Katie Featherston e Hunter interpretado por William Juan Prieto, respectivamente a tia maluca/endemoniada da maldição e o sobrinho raptado no segundo filme). Coisas estranhas começam a acontecer por conta da presença do garotinho, o que leva Alex a gravar tudo através de celular, webcam e etc. As ações de merchandising neste filme são gritantes e acharam uso até para um Kinect, com função de assustar os espectadores.

    Daí é o mesmo de sempre… movimentos bruscos, sombras, barulhos, levitação. Alguns sustos inesperados e numerosos esperados. Atuações sofríveis, mas agora com o recurso do “falso documentário” desgastado pelos 3 filmes anteriores e outros filmes fora da franquia.

    O final é aberto, o que possibilita um filme 5, 6, 7… até onde o orçamento (geralmente baixo) empatar ou perder para a bilheteria.

    Tem gente que vai curtir. Existe mercado para tudo nesse mundão, mas acho que não compensa pegar carro, pagar estacionamento, pegar fila na bilheteria, pagar ingresso e perder tempo assistindo a uma produção de roteiro horroroso e pretensão de fazer pessoas pularem na cadeira de medo. Quase ninguém pula. Pra mim a pipoca foi mais interessante.

    Nada contra a diversão de um filme ruim, um filme B… o que pega é querer ser uma franquia de inúmeros filmes ruins. Isso já é masoquismo, não dos envolvidos no filme (que estão ganhando a graninha esperta), mas dos espectadores que não se cansam de gastar um dinheiro pra levar uns sustinhos.

    Acho que terror tem de ser mais que o pulo do gato que está escondido que assusta ou ficar procurando sombra nos cantos da tela. O mal nos filmes de terror são maléficos é com os espectadores, que são cozinhados em banho-maria durante 2 horas e dorme tranquilo quando chega em casa. Aonde estão aqueles filmes que as namoradas ficam com medo de dormir sozinhas? Pois é…

    Texto de autoria de Robson Rossi.