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  • Review | Bioshock

    Review | Bioshock

    Bioshock, lançado em 2007, é um jogo narrativo que, por acaso, se valeu das mecânicas de FPS (first person shooter – vulgo “jogos tipo Doom”). Não por acaso, afinal ele é uma continuação espiritual de outro FPS com grande foco em narrativa, System Shock. Diversos aspectos em Bioshock impressionam, já outros tornaram-se falhos após uma década. Vou explicar, então por gentileza, me acompanhe.

    Andrew Ryan acreditava na máxima liberdade das pessoas, e resolveu criar uma sociedade nestes moldes. Para isso, fez o impossível (nas palavras do próprio) e construiu uma imensa cidade no fundo do mar batizada de Rapture. Ele convidou os mais notáveis intelectuais, artistas e profissionais do mundo inteiro para compor esta nova sociedade, e por certo tempo tudo correu bem.

    Dentre as várias inovações científicas desenvolvidas no local, a maior delas foi a descoberta de Adam, uma substância que permite modificações genéticas. Ao mesmo tempo que várias coisas foram inventadas, o Adam começou a degenerar a mente das pessoas, tornando-as viciadas e loucas. Este foi um dos vários estopins para a derrocada de Rapture, que mergulhou no absoluto caos e destruição.

    O jogo começa em 1960, com seu personagem, Jack, dentro de um avião sobrevoando o oceano. Porém, uma pane derruba a aeronave, e Jack se vê no oceano cercado de fogo e escombros do avião.  Por coincidência (?), à sua frente está um grande farol. Ele nada até lá e entra. Não é um farol qualquer. Ali dentro há uma grande estátua com os dizeres “NO GODS OR KINGS, ONLY MAN” (“sem deuses ou reis, apenas homem”, em tradução livre). Jack explora o lugar e encontra uma espécie de capsula. Ele entra, puxa uma alavanca dentro dela e então começa a descer. Durante a descida, um pequeno filme é passado, onde Andrew Ryan fala um pouco sobre seus pensamentos e apresenta sua grande criação: Rapture.

    Este início de jogo é fabuloso, tendo influências claras do estilo narrativo de Half-Life (outro início que fez história nos videogames). O acidente aéreo, a descoberta do farol, a primeira visão de Rapture com a voz de Andrew Ryan… continua primoroso uma década depois.

    Desde o primeiro contato, Rapture intriga. Todo aquele visual dos anos 1950, tecnologias steampunk, é muito interessante. Ao longo da jornada, Jack descobrirá mais sobre a causa de todo esse caos. Rapture está bagunçada, ensanguentada, quebrada. O cenário também contará muito da história, juntamente com arquivos de áudio, nos mesmos moldes de System Shock. Isso faz com que a compreensão das coisas não seja fácil, uma vez que as informações estão esparsadas e nem sempre tão diretas. É um longo quebra-cabeça que será montado ao longo das aproximadas 10 horas de jogo.

    Por se tratar de um FPS, é claro que haverão diversas armas, todas com visual retrô. As armas terão diversos tipos de munição, e será muito importante utilizar cada uma nos inimigos certos, caso contrário haverá gasto excessivo de munição.

    Para auxiliar suas armas de fogo, teremos os plasmids, poderes adquiridos pela tecnologia genética de Rapture. Eletricidade, fogo e insetos são apenas alguns exemplos desses poderes, que deverão ser utilizados com estratégia para facilitar os combates.

    Mas quem são os seus inimigos? Na maioria das vezes, serão os splicers, pessoas viciadas em Adam, uma espécie de crackudos de Rapture. Eles vão te atacar até a morte, então cuidado, os caras são nóia.

    Durante seu turismo por Rapture haverá duas figuras bem peculiares: as Little Sisters e os Big Daddys. As primeiras são garotinhas de aparência bisonha carregando uma espécie de seringa que extrairá Adam dos cadáveres espalhados por Rapture. Já os Big Daddys são pessoas vestidas com um escafandro e fortemente armados, pois o objetivo é proteger as Little Sisters dos splicers. É possível (e necessário) matar os Big Daddys para, com isso, extrair Adam das Little Sisters. Você poderá matar ou “exorcizar” as Little Sisters, sendo que a primeira lhe dá mais Adam. Isso influenciará no final do jogo.

    Para você, o Adam servirá como moeda de troca por novos plasmids e habilidades. Além de uma extensa árvore de habilidades, o uso correto dos plasmids, dos tipos de munições, o hackeamento de robôs e câmeras de segurança, todos estes aspectos são essenciais para o sucesso. Esses elementos de RPG, atrelados ao aspecto mais narrativo, tornam Bioshock bem interessantes. Não é o melhor FPS do mundo, muito pelo contrário, as partes de ação possuem diversos problemas e não envelheceram tão bem.

    O grande trunfo de Bioshock está na construção de mundo e de história. Rapture é o personagem mais marcante do jogo, com seu visual único e história instigante. Quem conhece a história de System Shock 2 vai notar uma fórmula bem parecida, e talvez não tenha grandes surpresas nas reviravoltas. Pouco depois da metade, a história perde um pouco a qualidade, tornando-se não tão interessante assim.  Mas a grande diferença está na ambientação.

    Enquanto System Shock é um sci-fi no espaço, Bioshock é um sci-fi retro steampunk. A construção de Rapture é sensacional, e seus personagens igualmente interessantes. A ideologização radical de Andrew Ryan, com referências diretas a Ayn Rand (inclusive as letras de seu nome), mostraram a liberdade total gerando o caos. O desenvolvimento científico e genético não tiveram limites éticos, ocasionando na criação dos plasmids e, por consequência, o surgimento de splicers, que ficaram completamente loucos pela dependência insaciável de Adam. Mas o grande debate do jogo é sobre a sua própria liberdade de escolhas.

    Desde que você chega em Rapture, um tal de Atlas se comunica via áudio com você e lhe dá instruções. Você está jogando um jogo, então obviamente vai obedecer e fazer tudo. Afinal, queremos saber onde isso vai dar, certo? Mas ao longo do jogo, isso vai sendo questionado. Mas você continua seguindo as instruções. E existe um grande porquê disso tudo, que é a revelação mais bombástica do jogo. Uma pena que, em meio a tantas coisas boas, a reta final quebrou a qualidade e quase colocou tudo a perder.

    Estamos aqui, doze anos depois, falando de Bioshock, que já ganhou uma versão remasterizada e está disponível nas principais plataformas. Ele trouxe elementos interessantes e em geral é um bom jogo. Com a ótica atual, vemos problemas, especialmente nos combates e em algumas decisões de level design. Fora isso, é um jogo que instiga você a terminar, por mais que algumas partes sejam maçantes.

  • Resenha | Bioshock: Rapture – John Shirley

    Resenha | Bioshock: Rapture – John Shirley

    Livros baseados em franquias de games já são um nicho de mercado mais do que consolidado, inclusive no Brasil. São simples novelizações das histórias dos jogos, que potencialmente atraem um público novo, mas pouco oferecem aos jogadores. Uma ótima exceção é Bioshock: Rapture, escrito por John Shirley. O romance, publicado pela editora Novo Século, é uma prequel bastante reveladora para os games Bioshock e Bioshock 2.

    Logo após a Segunda Guerra Mundial, o cenário global não é dos mais animadores. A tensão entre as duas superpotências deixa o planeta temendo uma total aniquilação nuclear. Além disso, a necessidade de reconstrução econômica acarreta em mais impostos e maior intervenção do Estado nas instituições privadas. Diante disso tudo, o magnata Andrew Ryan decide buscar uma alternativa. Um empreendimento faraônico destinado a criar um lugar onde cada um terá direito àquilo que consquista com seu suor. Onde o progresso científico não será limitado por questões morais ou religiosas. Um lugar “sem deuses nem reis, somente homens”. Uma utópica cidade construída no fundo do mar, apropriadamente chamada de Rapture (arrebatamento, em inglês).

    Shirley é um experiente e premiado autor multimídia, que já escreveu livros, séries de TV e filmes. Com muita habilidade, ele constrói uma narrativa cativante e coesa, mesmo com inúmeros saltos temporais. O livro cobre um período de 14 anos, passando pela idealização, construção, e o progressivo declínio de Rapture. Alguns personagens, no game, são figuras um tanto aleatórias que cruzam o caminho do jogador, ou têm trechos de suas histórias vislumbrados através de gravações. Aqui, eles têm suas origens, motivações e papéis na história da cidade muito mais bem detalhadas e exploradas. Exemplos, além do próprio Ryan: Dra Tenembaum, Dr Suchong, Dr Steinman, Fontaine, Atlas e vários outros. Vale também mencionar Bill McDonagh, que pode ser apontado como o protagonista, já que nossa visão da trama é quase sempre a dele.

    Mas quem protagoniza de fato a história é a própria cidade de Rapture, uma utopia que fatalmente se torna uma distopia, à medida que a população descobre que o sonho vendido por Ryan não é tão belo assim. O discurso do magnata, de que trabalho duro conquista tudo, carrega a hipocrisia e ingenuidade típica dos bem-sucedidos. Estes não percebem que o sistema que funcionou pra eles não fucionará para todos, que a existência dos “derrotados” e explorados é algo intrínseco ao capitalismo. Principalmente nos moldes propostos por Ryan, de interferência e assistencialismo zero (ele abomina qualquer coisa que se aproxime de ideais comunistas). Logo surgem desempregados, favelas, inquietações sociais que abrem espaço para movimentos e pretensos líderes.

    Outro aspecto abordado pela trama são os perigos da ciência sem moral e controle. Pois só piorando a situação, surgem os plasmids, capazes não apenas de aumentar o potencial físico e mental das pessoas, como também de fornecer super-poderes tais como telecinese, eletricidade, fogo, etc. Algo tão perigoso certamente deveria ser controlado, talvez até proibido, mas os interesses econômicos falam mais alto e Rapture se transforma num verdadeiro inferno. Drogas extremamente viciantes e com efeitos colaterais que envolvem deformações físicas e mentais, os plasmids criam um marginalizado grupo de viciados insanos e superpoderosos, os splicers.

    Como ponto fraco, é preciso salientar que a obra traz uma história incompleta, já que ela acaba pouco antes do início do primeiro jogo. Ficam muitas pontas soltas, personagens que têm destaque e de repente somem, além da grande história central, a da cidade, não ter conclusão. Ironicamente, seriam necessárias novelizações dos dois primeiros games da franquia. Ou analisando mercadologicamente, a decisão foi perfeita, pois o leitor sem dúvida alguma fica tentado a ir atrás dos jogos. De qualquer forma, Bioshock: Rapture é uma obra riquíssima em conteúdo. Uma instigante trama que mistura estilos (policial noir, ficção científica de raiz, steampunk) e discute conceitos filosóficos, morais, sociais, político-econômicos. Recomendação máxima e absoluta.

    Texto de autoria de Jackson Good.

  • Agenda Cultural 07 | Zumbis, Gatos Cantantes e a Ilha “Psicodélica” de Lost

    Agenda Cultural 07 | Zumbis, Gatos Cantantes e a Ilha “Psicodélica” de Lost

    Sétima edição do nosso encontro cultural semanal. Dessa vez sem um dos integrantes habituais, mas de volta com o Carlos Voltor (@CarlosVoltor), juntamente com Amilton Brandão (@amiltonsena) e Mario Abbade (@fanaticc). Se reúnem para comentar tudo o que está rolando no circuito cultural dessa semana, com as principais dicas em cinema, teatro, seriados, quadrinhos e cenário musical.  Não perca tempo e ouça agora o seu guia da semana.

    Duração: 57 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Comentados na edição

    Literatura

    Duna – Frank Herbert

    Games

    Left 4 Dead 2
    Bioshock 2

    Séries

    Lost – Series Finale
    Mistérios Catalogados: Resolvidos/Pendentes
    Aloha to Lost – Especial Jimmy Kimmel (após o final da série)

    Música

    Cats: O Musical

    Cinema

    Carros Usados, Vendedores Pirados
    Em Teu Nome
    Crítica O Escritor Fantasma
    Godard, Truffaut e a Nouvelle Vague
    No Meio do Mundo
    Olhos Azuis
    Pânico na Neve
    Sex and the City 2

    Dica da Semana 

    Evento GLBT em SP

    Comentados na leitura de e-mails

    Flávio no Masmorra Cast (especial Dio)
    Amilton no PodMMO sobre Diablo
    Sextacast
    Mitografias – Podcast sobre Mitologia
    Farrazine