Tag: Boardwalk Empire

  • Review | Boardwalk Empire – 4ª Temporada

    Review | Boardwalk Empire – 4ª Temporada

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    Os finais de temporada de Boardwalk Empire são sempre surpreendentes, repletos de mortes de personagens importantes e sem qualquer concessão quanto a violência e ao amoralismo. A Season 3 só não foi mais drástica que a segunda – onde Jim Darmody, personagem de Michael Pitt fora assassinado por seu antigo protetor – repleta de destinos aos personagens chaves que eram, em primeira análise, irreparáveis e irreversíveis. Mais uma vez os roteiristas da série provam seu valor como arquitetos de boas reviravoltas e de decisões de destino surpreendentes. Nelson Van Alden (Michael Shannon) – com a alcunha de George Muller – só reaparece no segundo episódio, tornando-se o braço forte de um criminoso chamado Mr. O’ Bannion. Fora de ação, ele é inseguro, sequer permite-se comprar móveis decentes para o seu novo lar, por receio e vontade de sair daquele estado em que se encontra – como um fora da lei.

    A questão dos negros prossegue, e torna-se um dos eventos mais importantes do ano. Como prometido por Nuck Thompson (Steve Buscemi), Chalky White (Michael Kenneth Williams) abre o seu clube no calçadão, mas graças a uma temível série de eventos ele ganha um rival. Valentin Narcisse (Jeffrey Wright) é tudo que White não é: culto, uma figura inspiradora, exímio negociador, um cavalheiro completo, que se comporta como o homem branco “domesticado” mas que fala com estes de igual pra igual, inclusive desafiando-os na altivez quando necessário. O ataque afoito de Chalky White a Narcisse mostra o porque deles serem tão subalternos quando comparados aos irlandeses e italianos, sua passionalidade faz com que sua afronta ao inimigo seja cega e com as consequências mal avaliadas.

    O clima de novelão prossegue, com desdobramentos de dramas radicais para personagens secundários. A fórmula já era usada assim em outra série da HBOTrue Blood – mas diferente desta, aqui é bem construída. A questão de Gilliam Darmody (Gretchen Mol, ainda deliciosa) é surreal e insana, Jim morreu há duas temporadas, no entanto sua presença ainda afeta muito sua mãe e Mister Harrow (Jack Huston), acirrando ainda mais os ânimos relativos a custódia do pequeno Tommy. Arnold Rothstein (Michael Stuhlbarg) aos poucos vai se isolando, gerando antipatia em Nuck e perdendo a parceria com Masseria, e qual não é sua surpresa quando se depara com Margaret (Kelly Macdonald) por acaso, onde vê a possibilidade de sua questão com o traficante irlandês possivelmente ganhar contornos mais sérios, claro, adiando-os para a quinta temporada.

    A morte de Frank Capone faz Alphonse (Stephen Graham) se revoltar com a polícia de Chicago, inclusive matando um guarda a céu aberto, a ideia de mostrar seu mal gênio é interessante, mas ele ainda é um bruto do que seria o grande gangster de Chicago. Esta crise desperta dos mortos outro personagem, justificando até a mudança de lado deste. Apesar de bem urdida visto que os motivos para esta metamorfose acontecer são plausíveis, não ignora o fato das investigações por parte dos federais ter perdido muito de sua graça com a saída de Nelson. O opositor legal tornou-se totalmente descartável e subalterno sem o fiscal duro na queda mesmo com as mudanças internas, incluindo até Edgar Hoover ao esquete. No nono episódio o quadro mudou para o personagem, pois finalmente Nelson parece ter saído da letargia que o acometia, dando fim aos seus antigos colegas que vieram atormentá-lo. Seu estouro com O’Bannion dá uma pequena mostra do quanto ele poderia ser psicótico e o põe na mira dos futuros poderosos da cidade. Alden permanece imprevisível e talvez agora faça jus à expectativa que se criou pelo personagem.

    A atuação de Shea Wigham é esplendorosa, papéis como o dele são largamente usados nos filmes de máfia, especialmente como na situação em que ele se põe, mas geralmente a reação ou é melodramática quando descobre-se sua culpabilidade ou de conduta extremamente moralista, de “estou fazendo o correto”, no entanto, Eli Thompson difere disto, efetivamente aparentando fazer um jogo duplo, ao contrário dos seus “pares semelhantes”. A coisa toda quase toda vai abaixo, mas as consequências de seus atos são bem piores do que o que poderia ter ocorrido com a sua vida – mas nada disso é mais arrebatador do que seu embate com o Agente Knox (Brian Geraghty). A situação se agiganta, suas proporções são alargadas de uma forma inimaginável.

    É uma fase de definições, de assentamentos para a temporada final – a ser exibida ainda em 2014. Os fatos históricos apresentados ganham cada vez mais importância, exemplo disso é a ascensão de Alphonse Capone em Chicago. Nuck é impedido de concluir sua jornada conforme sua vontade, os “ares de Michael Corleone” sopram a sua vida em diversas situações. A vida pede o seu sangue, o caminho que ele escolheu não permite muitas alternativas não belicosas e ele parece até ter aceito isto de uma forma tranquila e resignada.

    O sonho de Richard Harrow fecha a temporada poeticamente, num devaneio de um dos personagens mais ricos apresentados pela série. Se a experiência careceu em surpresas, sobrou expectativa para a quinta e derradeira parte de Boardwalk Empire.

  • Review | Boardwalk Empire – 1ª Temporada

    Review | Boardwalk Empire – 1ª Temporada

    boardwalk-empireImaginem a expectativa para uma série que conta com o roteiro de Terence Winter, conhecido pelo seu trabalho em Família Soprano; Steve Buscemi como um dos grandes protagonistas e ninguém menos que Martin Scorsese como produtor; tudo isso a cargo de uma das grandes emissoras de canal pago, a HBO. Isso é motivo de sobra para deixar qualquer telespectador ansiosíssimo para conferir de perto o que Boardwalk Empire tem à oferecer.

    A história se passa em Atlantic City, em plena década de 20, logo após a chamada Lei Seca (1920-1933) entrar em vigor. Na época, o governo norte-americano julgou que os principais males vividos pela sociedade tinham como fator gerador o consumo do álcool, com isso, a Lei Seca passou a vigorar proibindo a fabricação, comércio, exportação, importação e transporte de bebidas. Logicamente, isso é o que foi vendido na época para os americanos.

    Durante a série conhecemos os bastidores por trás disso tudo e vamos descobrindo que há uma série de motivações políticas e econômicas para a proibição da venda de bebidas alcoólicas. Enoch Johnson (Buscemi), ou simplesmente Nucky, como é conhecido na cidade, é uma figura importante em Atlantic City e usa toda sua influência política para comandar o contrabando de bebida, além de suas casas de jogos e bordéis, tudo isso aprovado pelas principais figuras políticas e administrativas da época, é claro.

    A trama foi adaptada com base no livro Boardwalk Empire: The Birth, High Times e Corruption of Atlantic City (sem tradução brasileira), de Nelson Johnson. A adaptação encabeçada por Winter, faz questão de repetir alguns conceitos trazidos já em Sopranos, como a desconstrução do mafioso inabalável e impetuoso. Se em Família Soprano temos Anthony (James Gandolfini) expressando todo o seu descontentamento no divã de Jennifer Melfi (Lorraine Bracco), em Boardwalk Empire, décadas atrás, temos Nucky representando nós homens, acuados pelo papel que nos é imposto pela sociedade.

    A crise de identidade masculina tornou-se mais constante após a revolução sexual que ocorreu nos anos 1960, contudo, é um assunto muito pouco abordado, mesmo nos dias de hoje. O roteiro de Winter, mesmo sendo ambientando na década de 20 é extremamente atual, mostrando registros fiéis do homem contemporâneo e jogando por terra a figura do macho alfa, seguro e independente, e expondo sua insegurança e busca por quem é de verdade.

    Além disso, Boardwalk Empire faz uma reconstituição de época primorosa, destacando eventos importantes como a votação feminina, o preconceito racial, a ascensão de Al Capone, a eleição do próximo presidente americano, tudo isso de forma natural e competente. Esses detalhes de roteiro e direção de arte só enriquecem a trama.

    Falar da qualidade das atuações é bobagem, afinal um elenco que conta com Buscemi, Michael Pitt, Michael Shannon, Kelly Macdonald, entre tantos outros, não poderia dar errado. As personagens fazem questão de focar em todos os nuances de suas personalidades, dando credibilidade e enriquecendo toda a estória que nos é apresentada.

    Com uma primeira temporada impecável, Boardwalk Empire está muito acima de tudo o que vem sendo exibido na televisão no momento. Essa é uma daquelas séries que dá um passo à frente para estabelecer a televisão muito além de entretenimento barato. Que venha a segunda temporada!

  • Agenda Cultural 20 | Nostalgia, Possessões e muita Polêmica

    Agenda Cultural 20 | Nostalgia, Possessões e muita Polêmica

    Sincronizem suas agendas. Flávio Vieira, Felipe Morcelli, Mário Abbade e a estréia do nosso mais novo colaborador: Levi Pedroso (Johnny Depp). Zumbis e vampiros galhofeiros, uma volta do Oeste Selvagem à Fronteira Final e uma pitada de possessão demoníaca nesta edição. Have fun!

    Duração: 78 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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