Crítica | Liga da Justiça Sombria: A Guerra de Apokolips
O universo DC animado baseado nos Novos 52 finalmente chegou ao seu fim. As próximas aventuras já tem até nome – o curta da DC Showcase Batman: Death in the Family e o longa Superman: Man of Tomorrow – e este décimo sexto filme é protagonizado por John Constantine (Matt Ryan), com um título sugestivo: Liga da Justiça Sombria: A Guerra de Apokolips.
O título do filme faz com que ele (teoricamente), devesse ter configuração semelhante ao visto em Liga da Justiça Sombria, mas a realidade o coloca mais ao lado do recente Constantine: Cidade dos Demônios, além de conversar bem demais com Ponto de Ignição, o primeiro dos filmes dessa iniciativa ou seja, esse é o filme mais apegado a cronologia estabelecida nesse universo compartilhado. Constantine namora Zatanna e está na torre da Liga, junto aos heróis clássicos, incluindo ai os Titãs e outros tantos super seres com Lex Luthor incluso.
Já se nota algo bem diferente neste início, pois na pretensa guerra que ocorrerá entre as forças do quarto mundo e as da Terra, o Super Homem não pensa duas vezes antes de lançar um ataque a Darkseid e Apokolips. Todo o período inicial é como um epílogo, um grande e épico preambulo que ambienta o espectado para a real e trágica narrativa, semelhante a todo o arco posterior ao estalar de dedos de Thanos visto em Vingadores: Guerra Infinita.
Surpreendente como todas essas sequencias são bem animadas, ainda mais em comparação com outros objetos da Warner Animation, e o que se vê após impressiona ainda mais. Claramente o orçamento foi aumentado, ou ao menos os produtores pararam de preguiça e saíram da zona de conforto para gerar algo realmente com dar um ar épico, e isso reforça a sensação de um cenário pós derrota dos heróis, mas a historia de Ernie Altbacker (roteiro) e Mairghread Scott (argumento) também é bem construído, especialmente ao repercutir o infortúnio de personagens clássicos como Batman, Asa Noturna, Superman etc.
Há muitas semelhanças narrativas entre esse e Vingadores Ultimato, especialmente na condição extrema que a maioria dos heróis e pessoas dos arredores estão, seja com destinos trágicos ou com instinto de sobrevivência falando mais alto. Alguns rumores dão conta de que idéias de Zack Snyder para o longa Liga da Justiça foram reimaginados aqui, como a questão envolvendo a derrocada dos heróis, ainda que a série de eventos ocorridas após a invasão de Apokolips fosse completamente diferente.
Os Paradooms – versões dos parademônios com DNA semelhantes ao do Apocalipse visto em A Morte do Superman e O Reino do Superman – também teriam inspiração no que Snyder, David S. Goyer e Cia queriam fazer famigerado Snydercut, ainda que não fosse exatamente uma mistura de Doomsday com os capangas de Darkseid. O que poderia melhorar este Guerra de Apokolips, seria um maior aprofundamento de como veio a ideia da construção dessa “arma biológica”, isso daria lastro para coadjuvantes do quarto mundo aparecerem, como Vovó Bondade, Sr. Milagre, Barda, Orion e tantos outros.
Em uma época de pandemia, causada por conta do Covid 19, a recepção da obra de Cristina Sotta e Matt Peters não poderia ser mais positiva, e dado que ele lida com destino de tantos personagens importantes do universo DC, e que não tiveram tanto destaque nos filmes – como Batwoman, Batgirl, Batwing, Shazam, Monstro do Pântano – são justos os elogios, mesmo que a maioria desses tenham somente uma pequena aparição, praticamente sem falas. Fora Constantine, Lois Lane, Super, Damian Wayne, Ravena e alguns membros do Esquadrão Suicida como Arlequina, Capitão Bumerangue e Tubarão Rei.
Liga da Justiça Sombria: A Guerra de Apokolips conversa bem com Esquadrão Suicida: Acerto de Contas no quesito violência, pois aqui não há pudor em mostrar sangue e desmembramentos de heróis, vilões e anti heróis. Alguns fãs mais ardorosos reclamaram do fato dos heróis terem níveis de poder diferente do que normalmente era mostrado, e de fato isso ocorre, ainda que nada ofensivo ocorra. Incomoda mais algumas conveniências narrativas, em especial no final, mas dada a mediocridade com que eram levados essa parte da franquia da DC dividida em 16 partes, o resultado é bem divertido e satisfatório, com gancho inclusive para retornar caso os produtores decidam optar por isso no futuro.