Tag: J. D. Salinger

  • 10 Sequências de Best-Sellers

    10 Sequências de Best-Sellers

    É possível ressuscitar o detetive Hercule Poirot com toda a sua astúcia? O que dizer de reviver Drácula sem a pena sinistra de Bram Stoker? Criar um personagem de sucesso nos livros é um feito para poucos. Há alguns tão atraentes que nos sentimos miseráveis quando o último livro de uma série acaba, no caso de o autor original já não estar mais entre nós. Mas você sabia que há vários casos de livros famosos que ganharam sequências criadas por autores alternativos?

    Por mais estranho que pareça, a história está recheada de continuações para livros inesquecíveis, seja porque a obra caiu em domínio público ou os herdeiros dos direitos autorizaram uma retomada. Em alguns casos, as continuações são bem aceitas pela crítica e continuam a conquistar gerações de leitores. Em outros, são jogadas na sarjeta do esquecimento.

    A seguir, selecionamos 10 sequências que nasceram de um sucesso, mas escritas pelas mãos de segundos autores. Confira aí e diga qual você achou mais estranha.

    A Casa de seda - Anthony Horowitz

    1- A Casa de Seda – Anthony Horowitz

    O britânico Anthony Horowitz é um apaixonado confesso por Sherlock Holmes. Tem várias inserções na literatura policial e juvenil, além de onze episódios da série de TV Agatha Christie’s Poirot e também um romance para a franquia James Bond. Em A Casa da Seda (Zahar, 2012), Horowitz faz as vezes de Arthur Conan Doyle numa trama que se passa em Londres, em novembro de 1890. O livro foi o primeiro a ser oficialmente reconhecido pelo Conan Doyle Estate, que administra o legado do autor. Horowitz disse que levou longos três segundos para aceitar o convite da organização! Assim, “A casa da seda” foi lançado em homenagem aos 81 anos da morte de Conan Doyle.

    Morte em Pemberley - P. D. James

    2 – Morte em Pemberley – P. D. James

    Imagine uma das principais escritoras policiais sequenciando uma das maiores autoras clássicas inglesas. Pensou em P. D. James e Jane Austen? Acertou. A baronesa do crime retoma a atmosfera de Orgulho e Preconceito, avança um pouco no tempo, e nos oferece um enredo daqueles! Elizabeth Bennet e Fitzwilliam Darcy se casaram, tiveram dois filhos e têm tudo para viverem felizes para sempre em sua propriedade rural. Até que assassinam o cunhado de Elizabeth… Morte em Pemberley (Cia das Letras, 2013) traz a aristocracia, seu glamour e suas intrigas. Nossos amáveis personagens não estão apenas envolvidos em gravatas e echarpes, mas cobertos também por um manto de mistério.

    Scarlett - Alexandra Ripley

    3 – Scarlett – Rhett Butler

    “Francamente querida, eu não dou a mínima”. Será que Rhett Butler repetiria a clássica frase de E o Vento Levou… para Alexandra Ripley? Afinal, a romancista norte-americana escreveu a primeira sequência oficial do relato épico da Guerra de Secessão, originalmente criada em 1936 por Margaret Mitchell. O livro é a continuação da saga, mostrando como a vida seguiu para a temperamental Scarlett O’hara, Rhett Butler e Ashley Wilkes. Apesar de ter agradado o público – o livro vendeu 6 milhões de cópias -, a história foi rejeitada pela crítica. Scarlett saiu em 1991 pela Editora Record.

    images.livrariasaraiva.com.br

    4 – A Garota na Teia de Aranha – David Lagercrantz

    Fenômeno editorial da última década, a série Millennium vendeu cerca de 100 milhões de exemplares no mundo desde o primeiro volume, Os Homens que Não Amavam as Mulheres. O sueco Stieg Larsson, jornalista e ativista pelos direitos humanos, utilizava o tempo livre para criar as histórias com a alucinante Lisbeth Salander, expondo violências sofridas pelas mulheres e uma heroína disposta a lutar por elas. Larsson morreu antes da publicação do primeiro livro e sem imaginar o tamanho do sucesso que conquistaria. Em 2015, seus herdeiros autorizaram uma continuação para a até então trilogia, liberando o volume 4 com A Garota Na Teia de Aranha (Cia das Letras, 2015). A sequência foi escrita pelo também jornalista sueco David Lagercrantz, e causou polêmica principalmente por não ter tido o aval da viúva Eva Gabrielsson. Um dos lançamentos mais populares do ano – foram vendidos duzentos mil exemplares só na primeira semana nos Estados Unidos -, o livro deve ser adaptado para o cinema pela Sony Pictures.

    Dracula - Morto Vivo - Drace Stoker

    5 – Drácula – O morto-vivo – Drace Stoker e Ian Holt

    Veja o sobrenome! Sim, Dacre Stoker é sobrinho-bisneto de Bram Stoker, o irlandês que publicou Drácula em 1897. Para dar sequência ao clássico gótico, Dacre pesquisou documentos e anotações não aproveitadas pelo bisavó, encontradas no Museu Rosenbach (Filadélfia). Também usou o título que Bram originalmente pensou para o clássico. Ambientada em 1912, a trama tem até uma aparição do “pai” do vampiro. Publicado em 2010 pela Ediouro, o livro vem com ilustrações de Ian Holt.

    James Bond Books

    6 – James Bond, a série

    O espião James Bond é uma criação do escritor e jornalista britânico Ian Fleming. O agente secreto mais famoso do mundo ganhou vida em 1953, com Cassino Royale, e todo ano Fleming escrevia uma nova história do personagem. Foi assim até 1966, quando o autor morreu de ataque cardíaco. Desde então, vários autores escreveram sequências para a franquia, como Kingsley Amis, John Edmund Gardner, Raymond Benson, Sebastian Falks, Jeffery Deaver e William Boyd. O cinema foi o terreno onde Bond mais brilhou e, após todas as tramas originais serem adaptadas, a série passou a produzir filmes com roteiristas que procuraram manter o estilo de Fleming. Parece que deu certo.

    Os Crimes da Monogamia - Sophie Hannah

    7 – Os Crimes do Monograma – Sophie Hannah

    Recolocar o detetive Hercule Poirot em cena e agradar aos milhões de fãs de Agatha Christie são tarefas que deveriam compor os doze trabalhos de Hércules! A inglesa Sophie Hannah aceitou o desafio em Os Crimes do Monograma, lançado em 2014 pela Nova Fronteira. Ao contrário do que se possa imaginar, o detetive não reaparece em tempos modernos mas sim em 1929, investigando crimes misteriosos no coração de Londres. Ao seu lado está o policial Edward Catchpool, o equivalente ao Capitão Hastings, o parceiro original. A sequência foi autorizada pelos herdeiros de Agatha mas dividiu opiniões entre os fãs, que não viam uma nova história com o detetive desde a morte da escritora, em 1976.

    A Volta do Poderoso Chefão -  Mark Winegardner

    8 – A Volta do Poderoso Chefão –  Mark Winegardner

    Quem não conhece os Corleone, essa família simpática, repleta de gente que não aceita quando as coisas contrariam seus interesses? Mario Puzo fez história ao trazer à tona mafiosos que não apenas matam e se livram dos corpos de seus desafetos. Eles se casam, têm filhos, são religiosos! É difícil não se apaixonar por personagens tão sanguíneos e sanguinários, que nos foram apresentados  nos anos setenta e chegaram às telonas nas décadas seguintes. Muitos fãs esperavam que Puzo retomasse a história, mas ele não mostrou interesse. Antes de morrer em 1999, ele autorizou Mark Winegardner a fazer a sequência, que saiu em 2005 pela Editora Record.

    60 anos depois - do outro lado do campo de centeio - Fredrik Colting

    9 – 60 Anos Depois – Do Outro Lado do Campo de Centeio – Fredrik Colting

    Em qualquer lista de livros obrigatórios do século 20, encontraremos O Apanhador no Campo de Centeio, um clássico de J.D.Salinger que ajudou a inventar a adolescência norte-americana. Criou fama pelo protagonista, o personalíssimo Holden Caulfield, e por levar o escritor ao seu completo isolamento. Salinger virou um bicho do mato, e isso alimentou uma série de lendas em torno dele. O fato é que, nesta sequência, Fredrik Colting junta criador e criatura num mesmo enredo. Imagine o sempre jovial e rebelde Holden na pele de um velhinho que simplesmente deixa pra trás o lar de idosos e parte atrás de mais uma aventura.

    A Loura de Olhos Negros - Benjamim Black

    10 – A Loura de Olhos Negros – Benjamim Black 

    Quem gosta de romances policiais certamente conhece o detetive Philip Marlowe, o mais durão da literatura (mais que Dirty Harry!). Marlowe é uma criação de Raymond Chandler, e no cinema foi vivido por Humphrey Bogart. Fato é que Chandler morreu em 1959, mas seu detetive continua vivíssimo. Benjamin Black é o nome, ou melhor, o pseudônimo do responsável pela volta de Marlowe. Em A Loura dos Olhos Negros (Rocco, 2014), o escritor irlandês recria a Los Angeles dos anos 1950, narrando a investigação de um misterioso desaparecimento. Tem clima noir, hipocrisia e femme fatale, combinação ao estilo de Marlowe & Chandler. Em tempo: Benjamin Black é, na verdade, John Banville, vencedor do prêmio Príncipe das Astúrias em 2014. Tem gabarito ou não para fazer um revival de Marlowe?

    Chris Lauxx

     Texto de autoria de Chris Lauxx, pseudônimo dos jornalistas Rogério  Christofoletti e Ana Paula Laux, autores da enciclopédia Os Maiores Detetives do Mundo e editores do site literaturapolicial.com

  • Crítica | Memórias de Salinger

    Crítica | Memórias de Salinger

    memorias de salinger

    J. D. Salinger é considerado um dos maiores escritores da contemporaneidade, além de figura muito controversa pelos eventos de sua vida pessoal. Autor do sucesso de público e crítica O Apanhador no Campo de Centeio (que vendeu aproximadamente 60 milhões de cópias e influenciou jovens no mundo todo), além de outros contos, Salinger ganhou notoriedade após se recusar a entrar no mundo da fama que seu best-seller lhe garantiu. Desde meados da década de 60 até sua morte, o autor viveu isolado em uma pequena cidade no interior de New Hampshire, EUA, escrevendo somente para si mesmo.

    É a partir dessa figura controversa que o filme Memórias de Salinger, de Shane Salerno, baseado na biografia também escrita por Salerno e David Shields, busca mergulhar. O filme inicia-se com uma sequência interessante de um repórter contando a história de como buscou e esperou Salinger dentro da cidade para poder tirar uma foto do recluso autor. A partir daí, se sucedem pequenas inserções de depoimentos de várias personalidades a respeito de como sua obra as influenciou, com destaque para Phillip Seymour Hoffman, Martin Sheen, John Cusack e Edward Norton.

    Após traçar um breve histórico da infância do autor, é destacado o potencial que o jovem escritor possuía, e como sua obsessão por ter sido publicado pela conceituada revista New Yorker moldaria parte de sua personalidade. Salinger escreve vários contos, rejeitados pela revista-alvo, mas publicados por outras menores. Porém, quando uma de suas histórias é aceita, os EUA entram na Segunda Guerra Mundial, e as histórias sobre frivolidades cotidianas são deixadas de lado frente a toda a atenção que a guerra iria receber, o que enfurece o autor.

    Membro do numeroso grupo de soldados que desembarcou na Normandia no Dia D,  já estava com boa parte da obra O Apanhador no Campo de Centeio pronta e pisou na areia da França portando o que tinha do livro para lhe dar uma motivação maior para viver. Porém, nada de fato o preparou para vivenciar os horrores da guerra quando ele localiza, junto ao exército americano, o campo de concentração de Dachau, vendo pessoalmente as vítimas do holocausto, algo que seria outra fonte de impacto para o autor.

    Após voltar da Europa, Salinger publica seu best-seller e obtém fama imediata. Tal sucesso o eleva a um status tamanho na sociedade que acaba por assustá-lo, e por isso decide viver afastado de todas as badalações e falsidades do mundo das celebridades, um ato cuja característica marca seu principal personagem, Holden Caulfield. O filme também aponta a visão de vários amigos e conhecidos de Salinger sobre como seus personagens tinham, para o escritor, significado de pessoas reais, tão ou mais importantes do que as próximas a ele. A preferência geraria enormes conflitos em sua casa, já que Salinger dava mais importância a sua família da ficção, os Glass – tema de outras publicações subsequentes ao Apanhador -, do que a seus filhos e esposa.

    Esse foco se apresenta também como o principal problema do filme, que vai deixando de lado, aos poucos, a figura do artista para analisá-lo psicologicamente, porém flertando com uma narrativa similar a de tabloides sensacionalistas, criando muitas vezes no espectador uma certa rejeição a Salinger, algo que um documentário deveria evitar ao máximo. Essas e outras escolhas, também estéticas, deixam o filme com um tom gratuito, inclusive ao se inserir um ator no papel do protagonista em conflito com sua escrita enquanto imagens aparecem em um telão. Um reforço desnecessário para mostrar o que já está estabelecido pela narrativa.

    Várias histórias controversas sobre o escritor são revividas: sua preferência por meninas adolescentes e os casos que teve com algumas delas; além da influência de seu maior livro sobre o assassino de John Lennon e o homem que tentou matar Ronald Reagan. Porém, nada no filme é problematizado como deveria. A película enfatiza, a todo momento, que a reclusão de Salinger é mais uma jogada para chamar a atenção por tentar desviá-la do que qualquer outra coisa, fazendo nenhuma outra análise sobre o autor, que não parecia querer se isolar de todo o contato humano, mas somente de algumas pessoas, e são exatamente estas que parecem sempre voltar para atormentá-lo.

    O que sobra, então, para o filme é digladiar em cima de sua pouca substância e tentar capturar o espectador nessa aura de mistério com ar sombrio que atrai todos nós. Uma figura como Salinger merecia uma análise mais madura e melhor documentada. Apesar de seu início promissor, Memórias de Salinger acaba descambando para uma investigação sensacionalista, pautada em fotógrafos e pessoas comuns intentando obter algum contato com o escritor, além de utilizar depoimentos direcionados que não fazem jus à complexidade emocional e icônica do protagonista. Todas as histórias polêmicas em torno de Salinger são muito controversas, e por isso era necessário um rigor metodológico maior ao se escolher as fontes e entrevistados, além de seu direcionamento.

    Portanto, o que se segue é um documentário que tenta jogar luz em uma figura obscura, mas patina no senso comum da difícil análise. Após tentar manipular o espectador com depoimentos de pessoas que conviveram com Salinger, o filme tenta suavizar o toque ao mostrá-lo em seus dias finais, feliz e tranquilo, algo que a inserção de letreiros com músicas tensas – avisando que há várias obras a serem publicadas e sobre o que elas serão – termina por ir abaixo. Com tal confusão, o espectador mais atento termina de assistir ao filme sem ter informações relevantes o suficiente para formar uma opinião sólida, enquanto aquele, mais facilmente impressionável, pode ser levado a formar uma opinião negativa sobre o biografado, praticamente justificando toda a sua escolha em preferir se isolar do que lidar com o mundo.

    Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.

    Ouça nosso podcast sobre O Apanhador no Campo de Centeio.

  • VortCast 23 | O Apanhador no Campo de Centeio

    VortCast 23 | O Apanhador no Campo de Centeio

    vortcast-23

    Bem-vindos à bordo. Nesta edição, Flávio Vieira (@flaviopvieira), Rafael Moreira (@_rmc), Isa Sinay (@isasinay), Pedro Lobato (@pedrolobato) e Thiago Augusto (@tdmundomente) se reúnem para comentar sobre uma das mais importantes obras literárias do século 20: O Apanhador no Campo de Centeio. O romance de J. D. Salinger influenciou gerações e foi um dos primeiros livros a retratar um universo e uma linguagem voltada para o jovem, lidando com temas como rebeldia, incertezas, angústias, entre tantos outros.

    Duração: 97 mins.
    Edição: Rafael Moreira
    Trilha Sonora: Flávio Vieira

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    Comentados na edição

    Podcast sobre “Admirável Mundo Novo”
    Podcast onde comentamos sobre “As Vantagens de Ser Invisível”
    Podcast sobre Brett Easton Ellis
    Podcast sobre James Dean (Juventude Transviada)

    Bibliografia do autor (em português)

    O Apanhador no Campo de Centeio
    Nove Histórias
    Franny e Zooey
    Carpinteiros, Levantem Bem Alto a Cumeeira e Seymour, uma Introdução
    Slight Rebellion off Madison (short story que deu origem ao “Apanhador no Campo de Centeio”)

    Dicas de Materiais Relacionados

    Juventude Transviada – Compre Aqui
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    Com Licença, Eu Vou a Luta
    As Vantagens de Ser Invisível – Stephen Chbosky – Compre Aqui
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    Algumas obras que reverenciam:

    Teoria da Conspiração – Compre Aqui
    Encontrando Forrester
    Greenday – Who wrote Holden Caulfield?
    Guns N’ Roses – Catcher in the Rye
    Pearl Jam – In Hiding
    Bill Halley – Rockin Through The Rye

    Tema do Próximo Podcast de Literatura

    Vestido de Noiva (Nelson Rodrigues) – Compre Aqui