Resenha | Batsuman: Ano Um (e dois também)
Paródias de super-heróis não são uma novidade, e vemos aos montes por aí. Mas o que faz Batsuman: Ano Um (e dois também) se destacar dentre as demais é a forma como foi concebida e finalizada pelo seu autor Thiago Yoshiharu Itice, no estúdio Lobo Limão. Originalmente, Batsuman era uma piada nas aulas de japonês do então adolescente autor, que rabiscava tirinhas no seu caderno ao fazer um trocadilho com o nome do Cavaleiro das Trevas e a palavra nipônica para “algo que está errado”. Desde então, Yoshi Itice não parou de desenhar essa brincadeira que acabou se tornando uma série de web-tirinhas em 2010, no site do estúdio, e quatro anos depois ganhou uma edição impressa através de financiamento coletivo pelo Catarse. Mas isso nunca seria possível se não fosse a qualidade do material e a genialidade por trás de piadas aparentemente simples, que brincam com todo o universo do Batman sem poupar ninguém.
Batsuman é nada mais nada menos que “um Batman errado”. Ele não dá trégua para o crime e espanca suspeitos pelas ruas – mesmo sem prova alguma – o que trás mais confusões do que ajuda para a polícia. Ao mesmo tempo, se der na telha, o vigilante mascarado abandona qualquer atividade para curtir uma viagem com a nova estagiária ou apenas ficar sentado vendo televisão. Sim, ele é instável, e essa volatilidade é justamente o que o torna interessante. Se num momento é o espancador de possíveis vilões, no outro resolve se tornar um herói “politicamente correto”, no outro deixa seu parceiro Robin à beira da morte por pura preguiça. Nada é certeza na série, nem mesmo se o herói permanecerá vivo até o fim!
A galeria de coadjuvantes do Batman se faz presente sem que os personagens tenham seus nomes alterados (como o do protagonista). Vemos o comissário Gordon, sua filha, o Coringa, o Charada, o fiel mordomo James (ou melhor, Alfred, em uma sacada hilária) e até o Bat-cão. Nada é sagrado e tudo pode virar motivo de chacota nesse universo, incluindo o título da revista, que parodia uma das mais influentes HQs de todos os tempos. O material extra conta com os nomes de todos os apoiadores da obra, esboços, um histórico da criação do personagem e arte dos pôsteres produzidos para a campanha de financiamento, que satirizam os mais clássicos momentos do Cruzado Encapuzado.
Batsuman: Ano Um (e dois também) é uma HQ divertida e despretensiosa, que garante boas risadas e instiga a curiosidade de saber um pouco mais sobre o universo desse heróis às avessas.
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