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  • Crítica | Tolkien

    Crítica | Tolkien

    O início de Tolkien, filme biográfico dirigido por Dome Karukoski se dá com uma cena fantástica, de luta dentro do contexto mitológico que o autor de Senhor dos Anéis escreveria alguns anos depois. Não demora a ser mostrado J.R.R. Tolkien, de Nicholas Holt, deitado em uma cama de uma das trincheiras da Primeira Guerra Mundial, ondeserve e tem até uma posição de prestígio. O filme da Fox Searchlight talvez seja uma das ultimas produções mais graúdas do estúdio, que está sob risco de acabar, graças as decisões comerciais da Disney, que comprou a Fox e  suas companhias secundarias.

    O filme não tem uma linha de tempo principal, varia muito entre o período adulto pré Guerra, durante o conflito e o pós, além de mostrar a infância do futuro escritor, que na época era conhecido com Ronald e era vivido por Harry Gilby, que aliás, tem um desempenho melhor e mais emocional que Hoult. É na fase infantil que o longa apresenta seus melhores momentos, pois a maior parte onde ele já é crescido, é envolto em alguns problemas narrativos sérios.

    A trilha é manipuladora e isso se percebe já nos primeiros momentos, pois há uma tentativa de encurtar o jogo de sentimentos em clichês muito gratuitos, e que irritam o espectador que tem qualquer senso crítico. A parte romântica piora a trama ainda mais, soando excessivamente melodramática. O casal formado por Holt e por Lily Collins também não tem funciona, não há química, fato que complica demais o espectador julgar bem a historia como um todo.

    A adaptação ganha ares de  uma cine biografia genérica, e que piora  por ter um início divertido e inventivo, misturando autor e obra em um som argumento. As idas e  voltas da narrativa, variando entre guerra, amor e infância cansam, não há um foco realmente certeiro em nenhum deles. O filme funciona fundamentalmente quando se permite ser onírico, nos sonhos do futuro autor, que se aventura por paisagens que lembram a Terra Média e o infortúnio de Frodo, em paralelo com a desolação de seu criador quando está no campo de batalha. Holt não segura bem o filme, é um protagonista com zero carisma. O final de Tolkien tenta evocar o lado escritor do protagonista, mas o faz de maneira tão piegas que boa parte do caráter épico de sua trajetória de vida e da sua obra são banalizadas. Karukoski tem uma mão pesada, e que não funciona na maior parte de seus longos 112 minutos.

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  • A Jornada do Leitor

    A Jornada do Leitor

    Todo herói tem um arco, uma jornada. Cada personagem – ao menos de escritores que sabem o que estão fazendo com as mãos num teclado – tem um papel dentro da trama principal. É o arco narrativo, sua jornada do início ao fim, sem importar quão frívolos sejam seus motivos ou abrupta sua morte. Ao analisar narrativas dos principais textos de diferentes religiões num brilhante estudo de mitologia comparada, Joseph Campbell notou avanços narrativos semelhantes, em que personagens diferentes preenchiam partes idênticas nos mecanismos internos dos contos, assim o próximo passo do protagonista invariavelmente seguia uma lógica. O Herói de Mil Faces, Campbell chamou seu livro, pois a trilha é seguida de novo e de novo e de novo.

    O autor desenvolve seus argumentos sobre o molde narrativo do qual partilham as mais diversas histórias, desde Pulp Fiction até a epopeia de Gilgamesh. Crucial, um dos pontos mais importantes dentro de uma história é a transformação dos personagens de um estado inicial até o ponto de chegada, quando retornam para uma normalidade, profundamente mudados pelo caminho, pelo percurso da Jornada. Harry Potter, Luke Skywalker e Rick Blaine atravessaram os mesmos passos: uma velha estrada de tijolos amarelos que já foi percorrido por Dorothy. Todos eles tinham um desejo, uma aspiração que dá o pontapé inicial de suas histórias. Na Jornada, é essencial que se deseje algo. Mesmo que seja um copo de água fresca, como disse Kurt Vonnegut. São nos passos identificados no “O Herói de Mil Faces” que as histórias se desenrolam, com ou sem variações, e a vontade de virar a página ganha contornos urgentes. Ao leitor desatento, pode parecer um tanto formulaico, mas a Jornada é algo sutil, uma trama em que mãos habilidosas podem bordar qualquer coisa maluca que se passa em sua mente.

    De forma resumida, cada personagem responde com hesitação antes de aceitar o Chamado da Aventura, o acontecimento surpreendente e muitas vezes surreal que inicia, de fato, o plot: Gandalf bate à porta de Bilbo Bolseiro logo no início de O Hobbit, e, anos mais tarde, Frodo herda um certo anel, dando os primeiros passos em uma das jornadas definidoras de todo um gênero, O Senhor dos Anéis. Tal Chamado gira todas as rodas dentadas que trabalham por trás das linhas e parágrafos que você deita os olhos, jogando os protagonistas num mundo desconhecido onde contam com um Mentor – palavra que vem do grego menos, que significa desde força, propósito, até mente, espírito ou lembrança -, em que o caminho até o próximo passo da Jornada, a Caverna Misteriosa, será permeado por aliados, inimigos e provações. No Hobbit, Bilbo encontra Gollum e Frodo chega até Mordor. O herói que perseverar no caminho, retornará ao velho mundo onde sua jornada começou e, com os tesouros e ensinamentos da estrada percorrida, faz o leitor respirar aliviado depois de Bilbo ter enfrentado os perigos de um dragão ganancioso e o fiel Sam empurrar seu amigo na direção certa, um dos momentos de maior carga emocional de “O Senhor dos Anéis”. Agora, o herói precisa enfrentar seu real perigo antes de prevalecer sobre o mal: a Batalha dos Cinco Exércitos e a Montanha da Perdição, para continuar com os exemplo de Tolkien.

    É a jornada do herói, com ou sem maiúsculas; o arco. Ainda me lembro de uma das cenas preferidas de Família Soprano, quando o jovem e explosivo Christopher Moltisanti pergunta ao mentor Paulie, um mafioso da velha guarda, onde estava o seu arco, pois nada de interessante acontecia em sua vida.

    “E daí,” Paulie responde, numa calma enervante, “eu estou vivo. Eu sobrevivo”.

    Christopher enterra os dedos no cabelo. Como ele pode não entender? “Não quero apenas sobreviver. Os manuais de roteiro dizem que cada personagem tem seu arco. Entende? Todo mundo começa em um lugar, e eles fazem algo. Algo acontece a eles. E isso muda suas vidas. Isso é um arco. Onde está o meu arco?”.

    Foi a angústia de Christopher, um personagem com o qual pouco me identifico, que tomou conta de meus pensamentos quando li as últimas linhas da A Roda do Tempo, uma série composta de catorze tijolos – e um tijolinho de prefácio -, totalizando algo em torno de doze mil páginas. Doze mil páginas. Milhões de palavras. E mais arcos de personagens do que eu poderia contar de cabeça. Claro, em (quase) todos os livros da série o leitor pode encontrar começo, meio e fim para as diversas histórias que se desgarraram da linha narrativa principal e acompanhar o crescimento das personagens que mais cativam ou detestam. A Roda do tempo é uma longa jornada, talvez a maior que já percorri – com grande chance de ser a maior que jamais percorrerei -, uma estrada esburacada, com altos e baixos, longas tempestades e mais paradas que o ideal, uma viagem que talvez exija uma ou outra pausa a fim de trocar pneus carecas e reabastecer a água do radiador. É uma história épica que envolve até mesmo o Tempo em si, com T maiúsculo, onde Luz e Escuridão duelam em grande escala e a existência do mundo depende de quem sairá vitorioso. É o maniqueísmo de Tolkien em maior escala.

    A Roda do Tempo e o leitor

    Não vou perder nosso tempo com um resumo do mundo ou da história quando dezenas de análises e críticas estão aparecendo aqui e ali, enquanto a série começa a fazer sucesso na Terra Brasilis. Basta dizer que há altos e baixos, defeitos e virtudes, grandes lições de escrita; Vale lembrar que a última porção da história foi escrita por Brandon Sanderson por causa da morte do criador, Robert Jordan, afinal é difícil escrever depois de morto. Sanderson fez um ótimo trabalho e o último volume é um clímax de novecentas páginas – o maior capítulo, A Última Batalha, tem mais de 180 páginas.

    Levei seis anos para ler “A Roda do Tempo”. Partindo do meu Chamado de Aventura – inspirado por uma música da banda alemã Blind Guardian – até o Retorno com o tesouro, anos se passaram e centenas de outros livros, sem exagero, foram lidos, tanto para trabalho quanto lazer. Nesse meio tempo, comecei e terminei outras séries e trilogias, mas a Roda do Tempo sempre esteve no fundo de minha mente, ganhando novos contornos enquanto eu me reabastecia com outros autores, escritas e gêneros diferentes.

    Em paralelo a narrativa, analisava minha jornada de leitor, sobre como os dias podem girar em torno do livro em suas mãos, sobre nosso próprio crescimento, mudanças, derrotas e vitórias enquanto vivenciamos tantas outras jornadas. Da mesma forma que nosso herói tem mil faces, também as temos, cada um de nós. Desejamos, buscamos e nos transformamos em algo… bem, em algo diferente. Pergunte ao Kafka, se quiser.

    Quando li o primeiro livro, O Olho do Mundo, estava deitado no meu quarto, sozinho, febril e em Lisboa, morando numa casa cheia de gatos. Eu era um mestrando em História da Expansão e dos Descobrimentos, dissertando com a ajuda de mapas antigos sobre a formação do Japão na mentalidade ocidental entre os séculos XV e XVIII. O primeiro volume de “A Roda do Tempo” segue uma estrutura fixada por Tolkien, com um protagonista seguindo o estereótipo Luke Skywalker, o jovem e ingênuo fazendeiro que se descobre envolvido em acontecimentos maiores e perigosos.  E não foi O chamado de aventura, mas foi UM chamado. É como nos livros da série: não há começos ou fins em “A Roda do Tempo”, mas esse foi um começo. Ao menos isso.

    Eu morava sozinho e seguia uma rotina bem definida. Acordava, engolia meio litro de café e tomava banho para, depois, mergulhar no submundo metroviário de Lisboa e percorrer os corredores úmidos da Faculdade de Letras, onde ficava o centro de pesquisa em que trabalhava. Escrever, pesquisar e realizar enfadonhas tarefas administrativas tomava quase todo o meu dia, além de conversas e risos com pessoas que marcaram minha vida. Eu vivia um arco, afinal. Recém-formado, mergulhado em arquivos de fama internacional, lendo e observando mapas, cartas ânuas de jesuítas que foram ao Japão, além de manifestos de embarcações. Tudo no passado. Todos, viajantes e religiosos, europeu e japoneses, de volta ao pó, uma grande bacia de cinzas e poeira onde eu tinha me enterrado até os cotovelos na mais pura – elétrica – euforia.

    Já no segundo livro da série, vaguei por Londres, onde estava pesquisando a sessão de mapas da British Library. Foi no café do British Museum – onde fui ver a A Grande Onda  – que terminei o livro e já tirei o terceiro da mochila. Antes, pedi outro café. Saí de lá quando me expulsaram, mais de sessenta páginas depois. Voltei para a casa da minha irmã no escuro, a cabeça perdida no mundo criado por Robert Jordan. No meu arco, hoje enxergo que estava numa fase que podia me permitir vagar por mundos imaginários sem prestar muita atenção nos problemas do mundo real. Morando sozinho na Europa, com poucas aulas na semana e um trabalho com horário flexível que me permitia trabalhar em casa, um quando que permitia o luxo de focar nos estudos, conhecer melhor Portugal e afundar meu nariz nos livros. Ler até derrubar o livro no meu rosto, até esfregar olhos queimando e resolver fazer café às quatro da manhã, para tentar extrair mais um capítulo, quem sabe dois. Olhando para trás, eu deveria ter saído mais de casa, pergunte à Rosa.

    Quando voltei ao Brasil e morei em Campinas, comecei a escrever ficção. Corria quase todos os dias. Li mais. Enrolei minha dissertação e fiquei noivo. O tempo passou e eu estraguei um dos joelhos, começando um lento caminho de volta ao sobrepeso, quando meus quilos perdidos na corrida voltaram com novos amigos e a ficção ganhou espaço no meu cotidiano e nas minhas ambições. Foi talvez no sexto livro de “A Roda do Tempo” que decidi – ou melhor, fui empurrado a aceitar o que estava diante do meu nariz – trocar de profissão. Adeus vida acadêmica, olá rotina de escrita e edição. E desespero, claro.

    Atravessando a narrativa

    Conforme riscava os títulos de minha lista de leitura, meu próprio arco avançou. Aniversários, discussões, risadas, bebedeiras e jogatinas, tudo envolvido em muita escrita, leitura e edição. Eu me casei. Terminei meu primeiro livro, com mais de quatrocentas páginas, muitas delas desnecessárias e cortadas com um coração em prantos. Percebi depois que um livro de quatrocentas páginas é um erro se você ainda é um escritor desconhecido. Criei histórias menores, deixei outras depois de duzentas páginas. Meu filho nasceu. Páginas escritas dividiram espaço com mamadeiras e fraldas pedindo atenção. E então, alcancei a Última Batalha e, depois dela, o final de “A Roda do Tempo”. Bem, não O final, mas UM final. “A Roda do Tempo” não tem começos nem fins. Foram seis anos. Foram catorze livros.

    Claro, há relatos, principalmente no Reddit, de monstros que leem uma série deste tamanho em seis meses; outros estão na quinta, sexta, décima sexta – não é mentira – leitura da série. São arcos, tenho certeza: ninguém lê tantos livros – mesmo que seja uma só história – e fecha a última capa sem mudar, sem passar por uma transformação. Mesmo que a transformação seja pela necessidade de livros com fontes maiores para olhos cansados, essa pessoa mudou. No meu caso, a mudança foi gigantesca. Seis anos se passaram. Porcaria. Eu mudei, e muito. Do quarto escuro, iluminado apenas por um abajur amarelado, doente e trancado para deixar os gatos de outra pessoa fora do alcance de minha alergia, para um sofá confortável em nosso apartamento, numa cidade do interior de São Paulo; de minhas pretensões de conseguir ingressar num bom doutorado e viver de aulas e pesquisas, para a perspectiva de pagar contas com as mentiras que saem de minha cabeça e encontram caminho às pontas dos dedos; de namoro à distância – altos e baixos, altos e baixos – para a feliz paternidade dentro de um casamento estável, carinhoso e sincero. Eu cresci e, como um camaleão, minhas cores se transformaram em resposta ao ambiente em que agora vivo. Firmei convicções políticas e agora faço oposição a um governo que não me parece correto, brigo com unhas e dentes contra o monopólio dos veículos midiáticos, contra ambos analfabetismos, científico e político. Não sou apenas um historiador em outro país, cheio de perguntas sobre o que acontecia no passado, em ondas que banhavam o Japão tantos séculos atrás, enquanto o cenário atual me alcançava apenas como murmurinhos incômodos. De um historiador um tanto egoísta e recluso, tornei-me um escritor um pouco menos egoísta e recluso. Um pai, com sono e um sorriso bobo no rosto.

    Encontrei o final de “A Roda do Tempo” e dele passei. Pode apostar que me senti decepcionado com o final e tenho perguntas que nunca serão respondidas, mas estou satisfeito com a clareira no final do caminho. Quando se termina uma série, a sensação que se tem é um misto da nostalgia precoce e liberdade literária. O homem que sou hoje é bem diferente do estudante que ouviu uma música inspiradora e sentiu arrepios nos braços. Os livros da série tiveram pouco impacto nas minhas mudanças – Haruki Murakami, Carl Sagan, Yuval Noah Harari, Eric Hobsbawm e outros tantos tiveram mais importância -, mas servem de perfeito exemplo para o meu arco de herói. Afinal, sou o herói de minha história, assim como você é o personagem principal da sua.

    Minha jornada não é (nada) épica. A sua também não, até que você me prove o contrário. Mas é uma jornada e, caramba, ela é muito importante para quem está preso em seus quilômetros. Desejamos um emprego melhor, perder peso, que amanhã seja feriado e que, pelo amor de Deus, essa chuva dos infernos pare antes do sábado. Desejamos e buscamos, adaptamo-nos ao nosso próprio arco, nosso plot. Oras, estudamos para concursos públicos, brigamos contra chefes gananciosos e discutimos política; dançamos para a chuva parar e, como é um assunto que foge de nossa alçada, traçamos um plano alternativo para o sábado chuvoso, com pizza e jogos de tabuleiro. Talvez pedir meia frango com catupiry e meia calabresa não tenha o mesmo impacto que recuperar a Excalibur ou descobrir que o caminho para casa estava em você esse tempo todo, mas – por Crom! – essa pizza é o seu Chamado da Aventura e, se você não pisar na bola, será o herói de muita gente. São arcos diferentes. Nossa jornada é tediosa. Enfadonha. O oposto de épica. Mas, você sabe, é real.

    Quando Christopher Montisanti pergunta a Paulie onde está o seu arco, ele com certeza enfrentava a terrível angústia de não ser o que idealizava em outros tempos. Naquele fascinante mundo de violência, drogas e incertezas existenciais, Chris tentava se agarrar em algo para continuar sendo ele mesmo. Sem perceber, o jovem mafioso percorria um arco em si mesmo: o bloqueio, a desorientação. Quando chegasse na outra ponta do labirinto, ele seria – fatalmente – um mafioso mais forte. Um homem mudado. E outro arco teria início.

    Mas estou divagando e você já está se perguntando se realmente sou um escritor, tamanha verborragia. Você está lendo um texto sobre a passagem do tempo. Sobre como a saga de Robert Jordan me acompanhou em parte do caminho. Talvez você tenha sua própria Roda do Tempo e possa se identificar com o que exponho aqui. Talvez tenha crescido com Harry Potter e seus terríveis professores, ou tenha acompanhado Roland Deschain em cada passo no difícil caminho até a Torre Negra. Provavelmente sentiu os sóis de Tatooine queimando na pele. Minhas mudanças são acompanhadas de livros marcantes justamente porque sou um leitor antes de ser escritor. Filmes, músicas, relacionamentos, empregos… talvez até casamentos. Com toda certeza, o seu arco também tem um pano de fundo com variáveis e constantes.

    Agora que terminei uma série, meu arco continua. Talvez encontrou outras aventuras e chamados no meio do caminho. Quem sabe precise ir para um Mundo Especial e dele retornar com o Elixir do qual falou Campbell.

    Terminei de ler “A Roda do Tempo” muito, muito tempo depois de ter começado. E agora? Eu não sei para onde meu arco me levará, mas o próximo livro já está presente, com o marca páginas entre o final de um capítulo e o começo do próximo.

    Os passos da Jornada do Herói

    A Jornada do Herói

    Ato 1

    Mundo comum
    Chamado à Aventura
    Recusa do Chamado
    Encontro com o Mentor
    Travessia do Primeiro Limiar

    Ato 2

    Provas, Aliados e Inimigos
    Aproximação da Caverna Secreta
    Provação
    Recompensa

    Ato 3

    O caminho de Volta
    Ressurreição
    Retorno com o Elixir

    Livros para levar na estrada

    Trilogia dos Espinhos – Mark Lawrence (Darkside)

    Série Os Cavalheiros Bastardos – Scott Lynch (Arqueiro)

    Os livros da Cosmere – Brandon Sanderson (Leya)

    A Roda do Tempo – Robert Jordan (Intrínseca)

    A Torre Negra – Stephen King (Suma de Letras)

    Livros da Terra Média – J. R. R. Tolkien (Martins Fontes)

    Crônicas de Gelo e Fogo – George R. R. Martin (Leya)

    Série A Companhia Negra – Glen Cook (Record) – Resenha

    Série O Livro Malazanos dos Caídos – Steven Erikson (Arqueiro)

    Discworld – Terry Pratchett (Conrad/Bertrand) – Resenha

    – The Dresden Files – Jim Butcher

    – Traitor Son Cycle – Miles Cameron

    Série Revelações de Riyria – Michael J. Sullivan (Record)

    Série Ciclo das Trevas – Peter V. Brett (Darkside)

    A Saga de Ender – Orson Scott Card

    A Guerra do Velho – Jon Scalzi (Aleph)

    Elric de Melniboné – Michael Moorcock (Generale)

    Crônica do Matador do Rei – Patrick Rothfuss (Arqueiro)

    – The Expanse – James S. A. Corey

    – The Rain Wild Chronicles – Robin Hobb

    Trilogia Oryx e Crake – Margaret Atwood (Rocco)

    Maurício Ieiri é um historiador que não faz História. Atualmente, tentando descobrir o que fazer com sua vida, partindo deste exato momento até o dia em que morrer. No meio tempo, escreve ficções. Participou do blog coletivo Os Caras do Clube.

  • Crítica | O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos

    Crítica | O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos

    A “beleza” da Cidade do Lago em chamas é a síntese do que funcionou na “nova” trilogia de Peter Jackson, cujos aspectos visuais superam, e muito, o conteúdo da adaptação. A Batalha dos Cinco Exércitos encerra, enfim, a enfadonha trajetória da prequência de Senhor do Anéis, começando pelo que deveria ter sido o encerramento: a morte do Dragão pelas mãos de Bard (Luke Evans), o herói resignado. Ainda neste início, a primeira das (muitas) cenas lamentáveis ocorre mostrando os cidadãos tentando se redimir pela honra do guerreiro, que combateu uma única vez e que é o único lúcido o suficiente para saber que não merece louros.

    A trama se divide em núcleos, como em uma novela. Da parte da Montanha, Thorin (Richard Armitage) se mostra entorpecido pelo ouro e pela Joia Real, a Pedra de Arken. O presságio da guerra inicia-se, mas a multiplicidade de  núcleos, que funcionou perfeitamente nos outros filmes, não repete seu êxito, sendo esta parte a menos interessante no início, especialmente pela proximidade da luta dos que protagonizam a alta classe dos personagens da outra trilogia.

    Apesar do ótimo começo, a batalha para salvar Gandalf (Ian McKellen) termina mal. Até o exagero de poder da parte de Galadriel (Cate Blanchett) e a boa luta de Elrond (Hugo Weaving) e Saruman (Christopher Lee) contra os fantasmas não têm qualquer conteúdo redentório se comparados ao desdobramento da aparição de Sauron, um acinte que já se mostrou errado em A Desolação de Smaug e que se repete desnecessariamente neste.

    O núcleo dos anões torna-se novamente interessante quando os elfos chegam, postados para a guerra. Como no livro, Thorin tem seus motivos justos para não querer dialogar com ninguém, mas sua postura voltada a um comportamento egoísta e maquiavélico empobrece o personagem, e especialmente a sua causa. O torpor do ouro causa uma febre no personagem, uma doença maligna mal apresentada e que facilmente convence os outros 12 anões a seguirem por tal caminho.

    O filme começa a mudar de caráter a partir da apresentação dos exércitos, em bravatas ditas pelo núcleo dos anões de Dain (Billy Connolly) e pelos elfos de Thranduil (Lee Pace), tão  logo esquecidas quando o ódio em comum pelos orcs de Azog se manifesta. Os efeitos especiais são postos à prova, não decepcionando quem os espera. A batalha é sanguinária, com mais figuras lutando entre si do que em um jogo de MMO RPG, fazendo com que os fanboys fiquem liberados a ter orgasmos múltiplos.

    O confronto ganha um caráter ainda mais épico ao finalmente apelar para o guerreiro mais esperado de toda a fita entrar em ação. Após uma reflexão do rei anão, Thorin finalmente vai à luta. Sua armada cavalga em cima de seus bodes montanheses, em busca do antigo rival.  Apesar de serem poucos, o apoio moral dado após a entrada do Rei e de seus próximos ao combate é incomensurável, e até empolgante.

    A postura que Legolas (Orlando Bloom) assume é vergonhosa. O romance não concebido de Tauriel (Evangeline Lily) e Kili (Aidan Turner) joga toda a parceria do arqueiro com Gimli em um tremendo mar de irrelevância. A comicidade excede seus limites na demonstração da velocidade de Legolas, tal como no combate mais esperado da minissaga, que se deu entre o rei anão e o Orc, que feriu seus antepassados.

    Mesmo com tantos defeitos, o embate é bastante épico. O engrossamento do caráter importante de batalhas, fodacidades pensadas por Jackson, finalmente logrou algum êxito, não o suficiente para justificar toda a embromação anterior, nem a banalização dos três maiores sucessos de sua carreira, que certamente não possuem qualquer semelhança com esta obra, graças à presunção, cafonice e ganância de seu feitor, é claro.

    A longa espera pelo velório do rei ao menos encerra a visita do cinema a Terra Média, levando-se em conta que, por enquanto, nem O Silmarillion, nem outras obras tolkienianas estão licenciadas para os estúdios. Aos fãs ardorosos, a despedida pode ser dolorosa, e o é, desde que se decidiu esticar aos montes uma história de 300 páginas, cujas lágrimas não são plenamente justificáveis; nem mesmo ante o aviso do Mago a Bilbo Bolseiro (Martin Freeman), com ciência da guerra que está prestes a ocorrer, diante de um futuro sequencial que já tem seu espaço nos anais do cinema. A porta da casa de Baggins se abrindo, para receber, enfim, seu morador, retorna, Lá e de volta outra vez.

  • Crítica | O Hobbit: A Desolação de Smaug

    Crítica | O Hobbit: A Desolação de Smaug

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    Depois de dois filmes da nova trilogia de filmes de Peter Jackson-  baseada no livro O Hobbit, de J.R.R. Tolkien – totaliza-se, até agora, 343 minutos de filme, sendo que mais 150 estão a caminho. Após o imenso sucesso da trilogia O Senhor dos Anéis, a expectativa para O Hobbit era grande, e após um filme mediano na estreia, a segunda parte consegue decepcionar ainda mais.

    Apesar de se chamar O Hobbit, o personagem principal, Bilbo, vivido novamente pelo ótimo Martin Freeman, aparece menos tempo na tela do que deveria. Em grande parte do filme fica alheio aos acontecimentos, o que se agrava ainda mais quando os elfos entram em cena. Seu grande momento é a boa cena de diálogo com o dragão Smaug.

    O sucesso do personagem Legolas (e também do ator Orlando Bloom) na trilogia anterior fez Jackson trazê-lo de volta para protagonizar boa parte das também excessivas cenas de ação, que, apesar de bem feitas, soam desnecessárias pois repetem à exaustão movimentos rápidos e certeiros, mostrando o que já está mais do que estabelecido: elfos são excelentes guerreiros. Uma personagem nova, Tauriel (Evangeline Lily), também pouco acrescenta ao se engajar em um triângulo amoroso mal explicado e praticamente servir ao papel que Liv Tyler ocupou na trilogia original.

    Apesar de tanto tempo, também não conseguimos aprender o nome de metade dos anões. São muitos personagens e quase nenhum tempo de projeção é gasto para estabelecê-los e dar a eles alguma importância e personificação. Tudo o que vemos são eles correndo e ficando dependentes de alguém para salvá-los. Até mesmo Thorin, mostrado como líder no primeiro filme, tem seu papel reduzido neste. Cenas como a fuga dos barris na correnteza, apesar de divertidas, só acrescentam ao filme mais ação, não contribuindo em nada ao desenvolvimento da história.

    Gandalf também é imensamente diminuído na trama. O mago inicia uma investigação que destoa da proposta original do filme – de acompanhar Bilbo e os anões, os quais fazem questão de lembrarem a todo instante o quão incompetentes são sem a presença do mago, que acaba preso por Sauron em outra ponta solta para se resolver no terceiro filme. Aliás, outra explicação necessária é a de como Gandalf descobriu tudo sobre Sauron 60 anos antes dos eventos contados em Senhor dos Anéis e não fez absolutamente nada durante esse tempo.

    A sequência da cidade do lago conta com o maior excesso. Não havia motivos para entrarem escondidos no povoado. Não havia motivos para se esconderem. Não havia motivos para tentarem roubar armas. Ou seja, não havia motivo para essa parte do filme ser longa e ocupar tanto espaço na história. A população e seu governante ficam a favor dos anões desde o início, o que desmonta totalmente o fraco suspense construído anteriormente. Remetendo também à trilogia original, mais especificamente Theoden e Grima, se estabelece na relação entre o Mestre (Stephen Fry) e Alfrid (Ryan Gage) um pastiche da pior espécie.

    Jackson é um grande fã do universo criado por Tolkien, mas parece não dominar o básico em contar histórias. Suas tentativas de criar suspense raramente surgem efeito, e em momento algum conseguimos acreditar no risco que os personagens estão passando. Exemplo disso é quando os anões passam mais de um ano viajando e mostram desistir de tudo ao não conseguirem abrir o portão secreto após 5 minutos de tentativas, o que Bilbo consegue ridiculamente de forma fácil, rápida e conveniente.

    Ao entrar no castelo, Bilbo é encarregado de roubar a pedra, e uma boa sequência é mostrada com Smaug, caracterizado de forma tão imponente que sentimos o seu peso e tamanho a cada passo em um CGI que em poucas vezes é tão bem feito, mas que esconde através de efeitos a voz do excelente Benedict Cumberbatch. E mesmo assim, após toda essa meticulosa continuidade, tudo é transformado em outra cena de ação com os anões fugindo miraculosamente de Smaug sem nenhum arranhão e com um plano que soa ridículo: o de afogar em ouro um enorme dragão voador de pele grossa. Tudo isso para o filme acabar abruptamente e esperarmos mais um ano pelo final da história.

    Ao final da exibição, o que sobra, além do cansaço físico e mental, é uma sensação de que, apesar da longa duração, não entendemos muito bem por que Bilbo saiu em viagem, quem é cada anão, suas particularidades, sem entender muito bem o papel de cada um. Sobra também uma sensação incômoda de um amontoado de histórias e personagens aglutinados de forma artificial em algo que parece uma história, mas que na verdade é uma desesperada tentativa de um diretor voltar a ser falado no circuito comercial e no nicho de fãs que o lançou ao estrelato e que também o fez ganhar muito, mas muito dinheiro.

    Texto de autoria de Fábio Z. Candioto.

  • Agenda Cultural 48 | Adolescentes, Hobbits e Religiões

    Agenda Cultural 48 | Adolescentes, Hobbits e Religiões

    agenda48

    Bem vindos a bordo. Flávio Vieira (@flaviopvieira), Rafael Moreira (@_rmc), Pedro Lobato (@PedroLobato), Bruno Gaspar e Carlos Brito se reúnem para comentar os lançamentos do cinema, quadrinhos, séries e literatura. Não esqueça de deixar suas opiniões.

    Duração: 100 min.
    Edição: Flávio Vieira
    Trilha Sonora: Rafael Moreira

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    Comentados na Edição

    Literatura

    Deixa Ela Entrar – Jon Ajvide LindqvistCompre aqui
    Como Andar no Labirinto – Affonso Romano de Sant’Anna – Compre aqui

    Séries

    Supernatural – 8ª Temporada – Compre aqui

    Quadrinhos

    Last RPG Fantasy – Lobo Limão

    Cinema

    Crítica Curvas da Vida
    Crítica O Homem da Máfia
    Crítica As Aventuras de Pi
    Crítica O Impossível
    Crítica O Hobbit – Uma Jornada Inesperada
    Crítica A Viagem
    Crítica As Vantagens de ser Invisível
    Crítica O Som ao Redor

  • Melhores filmes de 2012, por Pedro Lobato

    Melhores filmes de 2012, por Pedro Lobato

    melhores-de-2012

    Eis que 2012 chegou ao seu fim e pudemos conferir uma série de lançamentos para todos os gostos e estilos. Na minha lista de TOP 10 2012 de hoje, gostaria de compartilhar com vocês quais, em minha opinião — portanto, ignorando a opinião da crítica especializada —, foram os melhores filmes lançados no Brasil no ano em que o prometido apocalipse deveria ter chegado, mas não rolou. Desse modo, como os maias se associaram ao clube do “vocês também estavam errados”, vamos à minha lista:

    10. Mercenários 2

    Seria injustiça da minha parte não colocar esta obra-prima dos filmes de ação neste top 10. Assim como no primeiro filme, Sylvester Stallone volta com sua equipe de brucutus para simplesmente explodir e atirar em qualquer coisa que se mova (ou não, se for considerar as inúmeras construções que são simplesmente destruídas). E como não gostar de ver Arnold Schwarzenegger, Bruce Willis e, principalmente, Chuck Norris em ação? Mercenários é uma franquia divertida, que homenageia os clássicos filmes de ação dos anos 80/90 e que mostra que este tipo de filme ainda tem espaço no mercado cinematográfico atual. Mal posso esperar pelo terceiro filme desde já.

    9. Shame

    O filme dirigido por Steve McQueen nos apresenta um personagem obcecado por sexo (beirando um nível doentio), inserido em um mundo vazio, sem cores e sem sentido. O protagonista, interpretado por Michael Fassbender, domina este drama com uma atuação arrebatadora, enquadrando o ator como um dos mais promissores da atualidade. O fato de o diretor ter explorado tão bem os dramas psicológicos do protagonista e seu estado emocional vazio através de excelentes escolhas de planos de filmagens e capturando o melhor de Fassbender faz com que Shame seja um dos melhores filmes de 2012.

    8. As Aventuras de Tintin

    Sempre fui fã dos quadrinhos de Hergé e mais ainda da antiga animação. Juntos, ambos fizeram parte da minha infância de uma maneira muito boa. Quando vi o primeiro trailer da adaptação cinematográfica realizada por Steven Spielberg fiquei muito empolgado, e essa empolgação foi atendida de maneira muito satisfatória. Ver Tintin, o capitão Haddock, os inspetores Dupont e Dupond, além do cachorro Milu, foi uma experiência nostálgica e fantástica. Não apenas uma animação muito bem realizada, mas um filme de ação e aventura divertidíssimo.

    7. O Hobbit – Uma jornada inesperada

    Talvez um dos filmes mais esperados em 2012 e, mesmo sendo contra a decisão de Peter Jackson de fazer uma trilogia para o mesmo, fiquei extremamente satisfeito com a adaptação do meu livro favorito do J.R.R Tolkien. Temos uma atuação fantástica de Martin Freeman como Bilbo Bolseiro, embarcando em uma aventura épica junto de uma companhia de anões que querem tomar seu reino de volta de um temível dragão. A qualidade visual do filme é uma atração à parte, ainda mais ao se considerar a novidade trazida a nós por Jackson: o High Frame Rate (a filmagem a 48 frames por segundo). O HFR é excepcional e se mescla bem com a forma como a direção do filme foi conduzida, mostrando batalhas dinâmicas e muita empolgação.

    6. 13 Assassinos

    Takashi Miike é um ícone do cinema oriental. Conhecido principalmente por usar de violência gráfica extrema em seus filmes, em 13 Assassinos ele faz um remake de um filme clássico de samurais. Um filme marcado por diálogos ricos, atuações expressivas e uma violação bem feita. Influenciado fortemente por Akira Kurosawa, Takashi Miike consegue fazer um dos filmes de samurai mais significativos dos últimos anos.

    5. Vingadores

    A Marvel ao longo dos últimos anos foi produzindo filmes de seus heróis com o objetivo final de chegar no projeto Vingadores. Eu, particularmente, não coloquei muita fé no filme, pois acreditava ser impossível lidar com tantos heróis ao mesmo tempo. Minhas expectativas baixas foram colocadas por terra e o que vi foi um filme de super heróis de verdade, descontraído, com um humor bacana e ação frenética. Joss Whedon conseguiu fazer acontecer, dando destaque a todos os heróis de uma forma justa e mostrando que esse sonho era possível.

    4. Argo

    Se Michael Fassbender é um dos melhores atores, Ben Affleck tem se mostrado um dos melhores diretores atualmente. Affleck atinge um patamar acima em seu terceiro trabalho como diretor nos cinema em Argo. Explorando o conflito entre Irã e EUA no final dos anos 70, Affleck nos apresenta uma direção segura, criando uma tensão meticulosa no espectador e sem incorrer em um patriotismo gratuito, muito comum em filmes desse tipo. Até agora Ben Affleck tem acertado em todos os seus trabalhos como diretor, melhorando cada vez mais a qualidade de seu produto, portanto, o jeito é continuar torcendo para que ele continue com o bom trabalho.

    3. Indie Game: The Movie

    Por essa ninguém esperava, mas o terceiro lugar desta lista vai para este fantástico documentário que procurou mostrar um pouco de como funciona o universo dos jogos independentes. Focando principalmente em Edmund McMillen, Tommy Refenes (criadores de Super Meat Boy) e Phil Fish (criador de Fez), o documentário explora os diversos aspectos do processo produtivo e criativo de um jogo independente, que se aproxima mais de uma obra autoral, que reflete a personalidade, a história e os sentimentos de seus autores, em comparação ao mercado de jogos mainstream. Qualquer um que saiba o que é se dedicar a trabalhos artísticos (seja eles de qualquer natureza) vai se identificar com os entrevistados. Impossível não se emocionar, torcer e vibrar junto com os desenvolvedores ao saber que seu jogo virou um sucesso (mesmo sabendo que ele já tinha feito sucesso, antes de ver o filme). Com certeza um dos melhores e mais emocionantes documentários que vi em toda minha vida.

    2. Drive

    Aqui temos mais um ator que se mostra em destaque atualmente: Ryan Gosling. Um ator versátil e que faz um excelente trabalho neste filme, que é uma homenagem ao cinema clássico dos anos 80. Uma obra-prima envolvente e de qualidade é o que posso dizer a respeito deste filme. Interpretando o “driver”, Gosling consegue transmitir muitos sentimentos, mesmo falando apenas duas dúzias de palavras por toda a extensão do filme. Muitas vezes era apenas necessário visualizar seu olhar, iluminado pela iluminação das ruas de Los Angeles enquanto dirigia, para compreendermos um pouco mais dos sentimentos e aflições de um personagem de que sabemos tão pouco. Tanto o forte contraste utilizado nas filmagens e nas ambientações escolhidas quanto a trilha sonora retro-cult (contando principalmente com a participação de Kavinsky e College na contribuição desta ambientação) ajudam ainda mais no envolvimento com a trama e na especial relação com os filmes policiais da década de 80. O roteiro simples é compensado com sua execução muito bem realizada. Uma experiência que, por mais que olhe para o passado, apresenta muito de inovador e jovem. A combinação da direção de Refn com a atuação de Gosling é impecável e merece ser valorizada.

    1. Batman: The Dark Knight Rises

    Os marvecos que me perdoem, mas o terceiro filme da trilogia dirigida por Christopher Nolan foi algo grandioso e merece a primeira colocação dessa lista. De longe, de todos os filmes dessa lista — dos quais eu gostei bastante, cada um à sua maneira —, Batman TDKR foi o que me deixou mais empolgado. Eu vibrei como um fanboy das antigas assistindo ao filme, que possui uma história profunda, com referências históricas, críticas sociais e que se fecha muito bem nesta conclusão. Nolan mostrou ao mundo um novo modo de enxergar super heróis e foi esse seu maior mérito com sua trilogia do Batman.

    Enfim, esse foi o meu top 10. Espero que vocês tenham gostado de minhas escolhas. Deixem nos comentários o que vocês acham a respeito e o que acham que deveria estar aqui. Vamos esperar que 2013 nos agracie com filmes cada vez melhores.

    Texto de  autoria Pedro Lobato.

  • Top 10 – Melhores Filmes de 2012, por Rafael Moreira

    Top 10 – Melhores Filmes de 2012, por Rafael Moreira

    melhores-de-2012

    É isso aí rapaziada, ano começando, as listinhas de promessas já começam a falhar, retrospectivas, fatos que marcaram, e toda essa baboseira. Aqui no Vortex também somos adeptos de algumas delas, principalmente os melhores do ano. Então antes de falar sobre os melhores filmes, vamos aos critérios utilizados.

    Primeiro, não é uma votação, nem um consenso do site, é apenas uma lista pessoal. Além disso, pouco importa se o filme foi bem ou mal na crítica. O que vale é a experiência ao ver o filme. Tanto que filmes premiados ficam de fora, e outros ignorados podem entrar. Outro ponto a se ressaltar é que na minha lista, o filme tem que ter estreado no Brasil em 2012, independente da data de lançamento no país de origem.

    Fora os critérios, a lista segue ordem de preferência, e também é bom ressaltar que 2012 foi um ótimo ano tanto para o cinema Blockbuster, como para produções menores e o cinema autoral. Pensei inclusive ao invés de fazer TOP 10, colocar um TOP 15. Mas decidi manter os 10 e colocar alguns em menção honrosa. Chega de enrolação e vamos à lista (PS: Os links no nome vão para a crítica do filme).

    10. Mercenários 2
    Você sabe que o ano foi realmente FODA, quando montando uma lista, um dos filmes do ano que mais te agradou, ativou toda a nostalgia dos seus heróis da infância e o espírito massa véio, ficou apenas em décimo.

    A reunião dos brucutus dos anos 80 foi digna de palmas no cinema, emoção, choro. Tudo por causa da galhofada de explosões em que os heróis buscam por vingança e nunca são acertados por nenhum tiro. Reunindo Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Bruce Willis, Jet Li, Jason Statham, Terry Crews, Van Damme, e por último e não menos importante, o grande, o único, o mito, aquele que faz o filme parar só para fazer uma piadinha com a sua fama, Chuck Norris. Se você não assistiu Mercenários 2, pare de ler e vá ver agora.

    9. Polissia
    Polissia é mais um que eu gostaria de ver em uma posição mais alta, mais ainda assim seria injusto pelo que vem pela frente. Mas enfim, Polissia um filme francês dirigido pela Maïwen, é duro, cru que toca no amago de qualquer um, por lidar com um assunto tão delicado quanto a violência contra a criança. Além de toda a sua crítica social, o filme tem um ponto a mais, pois mesmo tratando de um tema tão complicado como esse, o longa toma algum distanciamento da situação, sem forçar a dramaticidade ou o tom, deixando a cargo da visão do espectador a carga dramática que ele carregará para o filme.

    8. O Hobbit
    Falando francamente, em uma brincadeira de pré-lista, eu tinha colocado ‘O Hobbit’ em segundo colocado, antes mesmo de tê-lo visto, tamanha era a expectativa e fichas apostadas nele. Eis que o filme chegou, e de modo nenhum pode-se falar que o filme é ruim, tanto é que figura na minha lista dos melhores do ano. Porém, o alongamento desnecessário da história, tornando o filme em muitos momentos enfadonho e sonolento, cheio de parenteses que no fim das contas são encheção de linguiça para conseguir fazer 3 filmes sobre a história, o fazem perder muito. Eu esperaria que tais problemas fossem solucionados no segundo filme, mas eu duvido muito.

    7. Millenium: Os homens Que Não Amavam as Mulheres
    Adaptação da obra de Stieg Larsson por David Fincher, um dos meus diretores favoritos. Millenium é um thriller policial forte, violento, que surpreende o espectador a todo momento, repleto de críticas sociais principalmente à nossa hipocrisia coletiva. De quebra ainda temos Lisbeth Salander, personagem construída de forma magistral pela Rooney Mara, protagonizando inclusive, uma das cenas em que mais pude sentir a dor física, apenas por ver uma imagem. O bônus final fica por conta da trilha sonora e o “videoclipe” de abertura, especialidade do David Fincher.

    6. Argo
    Terceiro filme com a direção de Ben Affleck, que conta a história de uma operação da CIA mais parecida com um roteiro de cinema, ou um romance de espionagem, do que realidade. Affleck nos apresenta uma direção clássica, mesclando diversos momentos hilários quando a história permite, com também uma sequência de cenas das mais angustiantes que consigo me lembrar no cinema recente. Além disso o filme ganha ainda mais, por tratar de um assunto delicado como a relação diplomática entre EUA e Irã, sem colocar os iranianos no posto de vilões da história.

    5. Os vingadores
    Vingadores com certeza foi um “evento”. Não preciso falar nada sobre o filme em si, apenas que finalmente foi provado que é possível fazer um filme sobre reunião de heróis com uma boa cadência entre todos, sem se perder em uma história com tantos personagens. Além de ser ótimo ver que um filme de heróis fantásticos não precisa ficar preso na pegada realista que muitos querem adotar como regra para esse universo. Além disso, acho que todo mundo saiu do cinema sem fôlego depois da batalha final de quase 45 minutos, e por último, as sacadas e piadinhas de Tony Stark, como o personagem que dá boa parte da liga do grupo, é ótimo por que é o cara mais carismático do grupo, o Capitão América, o verdadeiro líder, é um escoteiro e ninguém gosta do escoteiro.

    4. As Aventuras de Tintim
    As Aventuras de Tintim, aposto que algumas pessoas vão me chamar de louco ao colocar um filme desses numa posição tão alta, à frente de filmes muito maiores e mais aclamados. O fato é que a nostalgia e a saudade dos bons tempos de infância falaram mais alto aqui. Tintim é a minha série de quadrinhos favorita, praticamente aprendi a ler com essas histórias. Além do próprio seriado que passava nos finais de tarde da TV Cultura. Assim, tudo que antes era receio para uma adaptação que não respeitasse o espírito de aventura e inocência de Tintim, se transformou em uma grande surpresa, nostálgica e emocionante.

    3. Drive
    É fácil definir Drive, um filmaço. Tensão do início ao fim, com uma bela releitura dos filmes de ação dos anos 80, praticamente subvertendo o gênero, colocando um “herói” falho, sujeito a morte em qualquer momento, buscando alguma felicidade em raros momentos em que consegue fugir da sua própria natureza, mas como na fábula, o escorpião sempre será escorpião. A trilha sonora fantástica dá ainda mais esse ar “new-retrô”, enfim nada do que eu fale aqui irá chegar aos pés da experiência de ver Drive.

    2. Hugo
    Hugo, uma grande homenagem de Martin Scorsese à Georges Meliès, mas que não se limita apenas a ele, e se estende a todo o cinema, principalmente aos pioneiros. Que com pouco, ou nenhum recurso, faziam milagres e absurdos com suas histórias, nos entregando mundos mágicos e fantásticos. E se eu senti que faltou alguma magia, um tempero especial ao Hobbit, em Hugo tudo isso tem de sobra.

    Scorsese faz seu primeiro filme em 3D, e com uma temática infantil. E com isso mostra porque é realmente um mestre, versátil, nos entregando uma obra passional, bela e tocante. Vida longa à Hugo e mais longa ainda ao sobrancelha.

    1. Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge
    Se você leu até aqui sem enganar a ordem, percebeu que faltava O grande filme de 2012. Batimá.

    Batemá é épico, grandioso, um filmaço de ação e que não se limita a ser apenas um filme de ação, deslocado da sua sociedade e do seu tempo. Com metáforas e críticas que vão desde os nossos sistemas políticos e de poder, até a grande desigualdade dos nossos tempos. Com paralelos referenciando a Revolução Francesa e o reino de terror, o filme continua com a sua crítica de como uma sociedade em frangalhos, não só pode, como tende a acreditar em grandes discursos inflamados, que se apropriam de pequenos fatos isolados para conseguir arquitetar uma grande mentira.

    Acredito que Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge, tenha sido a escolha mais fácil da lista, e provavelmente a mais polêmica, portanto, externem vossa raiva. 🙂

    0.5 – A Bomba do Ano. Battleship: A Batalha dos Mares

    Alienígenas capazes de viajar milhares de anos-luz em questão de dias, mas burros o suficiente para apanhar de um navio da Segunda Guerra Mundial, que mais parece com uma chaleira velha. Além é claro, de pousar no Hawaii, um lugar ultra ensolarado, uma boa escolha para quem sofre de foto-sensibilidade. Se não bastasse tudo isso, temos um elenco de primeira, contando com Brooklin Deckard, Rihanna, Liam NeLson (pagando o aluguel atrasado, só pode), e por último Taylor Kitsch nos sendo enfiado goela abaixo como protagonista e herói de ação, que não convence nem a mãe dele. E a cereja de merda fica por conta da refilmagem vexatória de um celebre vídeo de youtube em que o ladrão invade a loja de conveniência, se quebra todo e no final ainda é preso.

    Agora vamos para as menções honrosas do ano, que não seguem ordem de preferência, apenas como boas lembranças dos filmes que vieram ao cinema esse ano. 2 Coelhos, um bom filme de ação nacional. Os infiéis de Jean Dujardin, ótima comédia francesa recheada de ironia e polêmicas. Moonrise Kingdom de Wes Anderson, um filme leve que faz diversas brincadeiras com filmes de gênero, lhe deixará com o sorriso no rosto. Get the Gringo, último filme com a participação de Mel Gibson, filme de ação despretensioso, lembrando os anos 80, mas politicamente incorreto. Curvas da Vida, filme com atuação de Clint Eastwood, tem problemas, mas é uma história leve, bem contada, fará o seu dia melhor. O Espião que Sabia Demais, ótimo filme sobre a espionagem de verdade, com bela atuação de Gary Oldman. O Artista, ganhou o Oscar e tudo, mas não me pegou o suficiente para figurar na lista de melhores. Ruby Sparks, uma comédia romântica que não é uma comédia romântica, ótimo filme para ver como um gênero que produz tanto lixo, pode também trazer coisas interessantes.

    Fechamos por aqui. Deixem nos comentários a lista de vocês também, se concordam, discordam, acham que eu fiquei maluco. Enfim…